Dossiê Dna escrita por Mirian Rosa


Capítulo 7
6- Descobrindo a História


Notas iniciais do capítulo

Novos personagens e muita confusão neste novo capítulo da saga de Jefferson e Cia!



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         Assim, dois dias depois já tinham o resultado: Todas as crianças que processavam Jefferson foram geradas na mesma clínica de fertilização. As outra nove golpistas/oportunistas (palavras usadas por João Paulo para qualificá-las), contaram basicamente a mesma história que Leandra.

         Então, Jefferson foi chamado para aparecer na delegacia, o que fez tão logo recebeu o aviso, claro, acompanhado de Victor Castilho. Assim que entrou no distrito foi para a sala de interrogatórios com Paula, a agente encarregada do mesmo.

         — Bem, Jefferson.— começou a investigadora.— Já sabemos como você se tornou pai dessas crianças.

         — Duvido que seja eu.— interrompeu Jefferson.

         — Vai devagar com o andor, Jefferson. A pergunta que vou fazer é meio delicada, mas tenho de fazê-la. Alguma vez na sua vida você foi doador de sêmen?

         — O quê? Como? Nunca tive essa ideia... De onde foi que você tirou essa ideia maluca?

         — Jefferson, acalme-se.— pediu Victor, seco.— Agora, investigadora, refaço a pergunta dele: de onde veio essa hipótese?

         — Entrevistamos as mulheres que ingressaram com as ações de paternidade. Todas elas confessaram, por assim dizer terem feito fertilização in vitro. E que funcionários da clínica disseram ser o seu cliente o doador do material.

         — Doutor Victor, eu nunca cogitei a ideia de ser doador de sêmen. Aí está algo que eu nunca faria.

         — Jefferson, agora é hora de falar a verdade. Tem certeza de que você nunca doou sêmen na vida?

         — Tenho. Isso deve ter dedo do inescrupuloso do Davi...— disse Jefferson irritado.

—X—X—X—X—X—

         Do lado de fora da sala...

         — Davi de novo?— resmungou Yuri ao ouvir Jefferson citar o nome de seu antigo empresário.— Vendo meu rim, meu fígado e até minha alma pro capeta, mas com ele eu não falo de novo.

         — Calminha, Yuri, tem muita gente pra botar na parede. Ele, a Lara, de novo, se o Jeff falar algo que a comprometa e, também, o pessoal da clínica. Você a Lillian vão “prensar” a Lara, a Gabriela e a Paula vão falar com o Davi e o Nery vai à clínica do Roger.— disse João Paulo.

—X—X—X—X—X—

         De volta à sala de interrogatório...

         — Jefferson, escave a fundo sua memória aí e veja de descubra alguma coisa que possa ajudar no caso.

         — Hum...— disse Jefferson apertando os olhos.

—X—X—X—X—X—

         Lara. Aquela mulher era maravilhosa. A noite fora ótima. Mas...

         — Jeff, vou sair. Tem uma amiga minha hospedada aqui, vou falar com ela.— disse ela com uma ligeira apreensão na voz.

         — Tudo bem, mas, às duas e meia da madrugada?

         — É... Fui,

         — Ok...— Jefferson estava intrigado. E a moça carregava um envelope pardo visivelmente molhado. Tentou pensar no que poderia ter acontecido com o envelope, mas nada lhe veio à mente.

—X—X—X—X—X—

         — Tem ideia do que poderia haver dentro do envelope?— perguntou-lhe Paula.

         — Só uma coisa, mas acho que é um tanto absurda a ideia.— respondeu Jefferson.

         — Não importa, diga.— tranquilizou-o Paula.

         — O preservativo usado.— disse Jefferson com cara de nojo.

—X—X—X—X—X—

         — Já pra agência da Lara, Lillian; o Yuri vai com você.— ordenou João Paulo.— Nery, vá ao hotel e tente descobrir quem mais esteve hospedado por lá naquele dia. Paula e Gabriela, vão lá falar com o empresário metido a Don Juan do Davi...

         — Sim senhor. E pra clínica, ninguém vai?— perguntou Paula despretensiosamente.

         — Depois eu decido, Paula.— disse João Paulo.— Vamos, turma, circulando!

         — Delegado, preciso conversar com você sobre o caso!— disse Victor Castilho.

         — Ah, pode falar, Doutor.

         — Seguinte... Tem como me arrumar os depoimentos das mães? Preciso juntar provas nos autos... Só tenho mais dois dias de prazo...

         — Ê Vitinho, Você, como sempre perdendo prazos.

         — Ainda não perdi, Jotapê! Tenho quarenta e oito horas ainda... Aliás, só falta esse papel. E eu protocolo as contestações na secretaria da 3ª Vara de Família do Fórum...

         — Ok, Fale com a Clarissa ali... Dispersei o resto da equipe pra interrogar o pessoal.

—X—X—X—X—X—

         Várias garotas de quinze a dezoito anos se acumulavam nos corredores da agência Master Models de Lara Franco. Um rosto já conhecido de Yuri é visto no local coordenando o grupo de meninas.

         — Calma, garotas!— dizia a mulher que Lillian e Yuri procuravam, a dona da tal agência.— Opa, Luiza, cuide do serviço aqui e ligue pro Horácio... O manézão esqueceu que tinha que vir aqui hoje. Estão procurando por mim na porta. Qualquer coisa, estou no meu escritório.

         — Beleza.— disse Luiza, também ex-modelo de Davi que tornara-se sócia de Lara na agência...

         Lara deixou as candidatas a cargo de sua assistente quando um homem entrou de supetão na agência com uma mochila preta em mãos.

         — Estou atrasado, Lara?— perguntou beijando a modelo.

         — Um pouquinho, Hora... A Luiza está cuidando das garotas, preciso falar com esse casal aqui.

         — Oi, tudo bem?— disse Horácio Fialho Júnior para os agentes.— Ok, Depois a gente se fala então. Até mais. Tenho muito que arrumar antes de começar as sessões de fotos...

         — Certo. Até.— disse Lara despachando Horácio para o interior da agência.

         — Pois não? É algo relacionado ao caso do Jefferson, por acaso?

         — Adivinhona! Isso mesmo! Por que razão você quis levar a camisinha usada para um quarto onde supostamente estava uma “amiga” sua em vez de simplesmente jogá-la no lixo?— perguntou Gabriela.

         — Quê? Mas que absurdo! Que coisa nojenta! Nem encostei a mão naquele negócio.

         — Então, por que o envelope estava molhado?— agora era Yuri.

         — Ah! Eu sou uma desastrada de marca maior! Derrubei água no dito-cujo. Isso é crime, por acaso?

         — Isso é o que você diz... Mas... Iremos averiguar... Ah, tem outra... Levar o envelope pra ela no meio da madrugada? Não dava pra esperar o dia clarear?

         — Era urgência...— disse Lara após uma breve hesitação.

         Yuri sabia que Lara estava mentindo. Tinha de descobrir um jeito de desmascarar a ex-modelo rápido. Respirou fundo e arriscou:

         — Quanto te pagaram pra fazer isso?

         — Como?— perguntou Lara mostrando ligeira irritação.

         — Foi o que você ouviu... Quanto te pagaram pra você ir pra cama com o Jefferson e guardar o preservativo usado?

         O rosto de Lara tornou-se rubro e sua respiração pesada. O sangue da ex-modelo parecia querer sair pelos poros de tão quente.

         — Escuta aqui seu investigadorzinho de merda! Está me achando com cara de prostituta, é?— gritou Lara.

         Luiza impediu que as modelos saíssem da sala para ver porque Lara gritara.

         Yuri não perdeu a empáfia:

         — Prostituta? Não!— disse em tom cínico.— Estou te achando com cara de quem faria qualquer coisa pra encher o bolso. Inclusive o que fez: transar com um cara que nunca havia visto antes na vida.

         — Eu sei que eu transei com ele, aliás, me arrependo disso a cada segundo de minha vida. Mas o que entreguei para minha amiga não era a camisinha usada. Era dinheiro. A coitada vivia apertada e eu havia conseguido um bom contrato. Emprestei um pouco de dinheiro a ela. Nada muito grande. Duzentos reais só.

         — Como se chama essa sua amiga, Lara?— perguntou Lillian.

         Ah, perdi o contato com ela... Era Ana, se não me engano...

         — Ela era modelo do Davi também?— perguntou Yuri.

         — Não.

         — Ok. Vamos checar essa história de amiga sua...— disse Yuri.— Aguarde nossa volta, Larinha.— debochou.

         — Vão perder seu tempo. Não tenho nada com esse caso. Só vi esse infeliz uma vez na minha vida!

         — Ok, tchau!— disse Lillian.

—X—X—X—X—X—

         — Ô mulherzinha nervosa!— irritou-se Lillian.

         — Verdade. Está precisando de um calmante.— brincou Yuri.

         — Verdade...

—X—X—X—X—X—

         Na delegacia, Victor Castilho e João Paulo trocaram mais algumas palavras. Tinham sido colegas na faculdade de Direito, mas raramente se viam, já que Victor virara advogado da área cível, dificilmente precisando aparecer numa delegacia. Depois, quando Clarissa entregou os papéis, o advogado “666” saiu da delegacia com seu cliente. Ao observar os dois saindo do prédio João Paulo tinha um olhar cansado.

         — Estou ferrado.— disse o delegado para Clarissa.

         — Han? Por quê?— perguntou a perita.

         — A prova que tiraria Jefferson desse enrosco se perdeu. Ninguém vai...

         João Paulo não conseguiu concluir sua última frase. Rodrigo Nery, despachado para o hotel entrou como um foguete na sala onde estava o delegado:

         — Jotapê! Acertei na Megassena!— gritava o policial.

         — Ahn?— perguntou João Paulo.

         — Que susto, Nery!— exclamou Clarissa.

         — Desculpe, Cla.— disse Rodrigo ofegante.

         — O que você quis dizer com esse papo de acertei na megassena? Até onde sei você nem joga...— desdenhou João Paulo.

         — Meu caro Jotapê, reconhece esses nomes?— perguntou Nery exibindo um papel para o Delegado.

         — Leandra... Clarissa, cadê o inquérito?— perguntou João Paulo atônito.— Eu vi esses nomes no depoimento dela...

         Clarissa trouxe o inquérito, e João Paulo o folheou freneticamente.

         — Achei!— disse mostrando um dos nomes.— Nery, quer visitar a clínica do Roger?

         — Com todo o prazer.— animou-se ainda mais o detetive que, meia hora depois, saiu da delegacia rumo à clinica de Roger.

—X—X—X—X—X—

         Paula e Gabriela voltaram ao escritório de Davi.

         — Olá, garotas! Vocês aqui de novo?— recebeu-as Davi.

         Gabriela revirou os olhos. “Ô sujeitinho impertinente”. Pensou, irritada, a “Kat Miller” da equipe.

         — Sem piadinhas, seu sem-vergonha.— cortou Gabriela antes que o velhaco viesse com mais cantadas à Joey Tribbiani.

         — Por acaso eu contei alguma piada?— perguntou Davi estranhando a hostilidade da agente.

         — Havia mais alguém no hotel, além da Lara, ligado a você que pudesse ou quisesse receber uma camisinha usada?— perguntou Paula.

         O rosto de Davi torceu-se de nojo:

         — O quê? Você acha que vou ter ligações com alguém que... Meu Deus! Que nojeira! E... O que eu faria com um preservativo usado?

         — Você? Nada, mas talvez alguém que você conheça...— insinuou Gabriela.

         — Desculpe, mas não conheço ninguém que veja utilidade em camisinhas usadas. A não ser alguém que queira guardar de souvenir...

         — Olha, Davi, vou te poupar de mais perguntas por hoje, mas saiba que voltaremos.— disse Gabriela.

         — Ok. Voltem quando quiser! Serão sempre bem-vindas!— disse Davi acenando para as duas, que já saíam de sua sala.

—X—X—X—X—X—

         — Atiradinho esse Davi, não?— comentou Paula.

         — Isso foi só uma amostra grátis.— disse Gabriela.

—X—X—X—X—X—

         CLINICA FERTILIZAE: DOUTOR ROGER PONTES 13 ANOS DE TRADIÇÃO. O letreiro na fachada da clínica denunciava o tempo de existência da mesma. Rodrigo Nery observada tal fachada. Diversas crianças foram geradas naquele laboratório. Dez delas eram supostamente filhas de Jefferson Lipreri. Sentindo-se desconfortável, respirou fundo e entrou. No balcão da recepção da clínica, encontrou uma moça de trinta e poucos anos, cabelos escuros e lisos cortados na altura do queixo, usando um jaleco branco no qual vinha bordado seu nome em preto: Anne. Ao lado dela estava um rapaz que também usava um jaleco branco com seu nome escrito: Amanto. “Anne”, pensou Nery, “Foi esse nome que a Leandra falou.” Por conta disso decidiu abordá-la.

         — Polícia.— começou Nery com sua típica “sutileza”, mostrando seu distintivo.— Preciso dos registros dos doadores de sêmen da clínica desde a fundação.

         — Ah... Um minuto.— pediu Anne, nervosa, chamando Amanto para acompanhá-la.— E agora, cara o que a gente faz?

         — Entrega os registros pra ele, oras. Não deve ser nada demais.— Amanto fazia pouco caso da história.

         — O que um policial iria querer com esses registros! Descobriram algo!— Anne tinha uma crise histérica.

         — Relaxa Aninha... Como o Doutor Roger está viajando, vamos falar com a Júlia, que ficou no cargo dele durante essa viagem.

         — Ok. Ah, cuidado com o Deyvis. Ele não pode ouvir nem uma sílaba dessa conversa, senão estamos fritos!

         — Beleza.— disse Amanto puxando Anne pelo braço até a sala de Júlia. Simplesmente deixando Rodrigo Nery sozinho na recepção.

         — Pode entrar.— disse Júlia ao ouvir batidas na porta.

         — Júlia tem um policial ali fora querendo o registro dos doadores de sêmen da clínica desde o primeiro dia de funcionamento.— contou Anne num fôlego só, completamente nervosa.

         — E o que tem demais nisso? Vai tomar um rivotril, Anne!— mandou Júlia. Amanto caiu na gargalhada.

         — O que a polícia iria querer com o registro de doadores de Sêmen de uma clínica? Coisa boa é que não é.— provocou Anne.

         — Relaxa e goza, Anne. Aqui, sua nervosinha, entregue isso pro tira lá.— disse Júlia imprimindo e organizando em uma pasta a lista dos doadores.

         — Se isso der problemas pra clínica, quero ver o que você vai falar!— disse Anne, ofendida.

         — Ah, vamos lá. Quero ver a cara do dito-cujo agora.— decidiu Júlia indo com Anne e Amanto para a recepção da clínica. Os três demoraram tempo o suficiente para que Nery lesse metade das revistas disponíveis.

         — Boa tarde, você é o policial que veio buscar os registros?— perguntou Júlia cordialmente.

         — Eu mesmo. Oficial Nery.

         — Aqui estão eles. Posso saber o motivo, pelo menos?

         — Investigação confidencial, por enquanto.— atalhou Nery.

         — Ok.

         — Beleza. Ah, Anne, venha comigo. Meu chefe quer falar com você.

         — Como? Eu vou pra delegacia?— Anne perguntou num fio de voz e prestes a chorar.

         — Sim senhora, venha comigo antes que eu precise fazer uso de força.

         Tremendo, Anne acompanhou Nery até o carro do agente.

—X—X—X—X—X—

         — Quem era esse cara que saiu daqui com a Anne?— perguntou outro funcionário da clínica.

         — Um policial, Deyvis. Só não sei porque...— respondeu Júlia.— Ele também pediu registros dos doadores de sêmen da clínica.

         — Também não explicou por que, confere?— era Deyvis.

         — Exato.

—X—X—X—X—X—

         Na delegacia, Anne tremia como vara verde ao ser interrogada por João Paulo. Paula e Gabriela acompanhavam o interrogatório do lado de fora da sala, prontas para interferirem e Paula, óbvio, não agüentou:

         — Alguém tem um Lorax pra dar pra criatura ali? Ela está a beira de um colapso nervoso!

         — Ai!— disse Gabriela.

         — Ei, duas, quem é essa mulher aí?— perguntou Yuri.

         — Anne não-sei-o-quê. Trabalha na clínica que usou o sêmen do Jefferson. Aliás, aqui está a lista dos doadores de sêmen da mesma. Faça bom proveito.— respondeu Paula atirando a pasta contra o peito de Yuri.

         — Sim senhora, dona Paula Rush.

         — Vai nessa, Yuri Valens...

         — Ai...— Yuri revirou os olhos e saiu do local com a pasta. Levaria até Clarissa para que ela procurasse o nome de Jefferson lá.


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Notas finais do capítulo

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