Os Peixes não São Todos Iguais escrita por Eica


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Capítulo final!!!



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Danny estava em seu quarto em companhia de Jayne. A moça estava deitada em sua cama, e o rapaz acabara de despir a camisa.

- Como estão as coisas entre você e Maurice?

- Perfeitas. – disse ele, jogando a camisa sobre a cama.

            Jayne levantou o corpo e disse:

- Posso dizer uma coisa que há tempos quero dizer?

- Pode.

- Viu? Não falei pra você? Não te falei? – riu ela. – Bobo! Podia ter sentido essa felicidade muito antes se não fosse teimoso.

            O rapaz sentou na cama ao lado da amiga.

- Ele é tão educado e prestativo. Lindo... A boca dele é deliciosa de beijar!

            Danny suspirou e derrubou o corpo no colchão.

- Você me faz sentir inveja, sabia?

- Maurice é muito diferente dos caras com quem já fiquei. Acho, não, tenho certeza de que ele é o mais bonito dentre todos.

- Concordo. O mais educado, o mais respeitoso e com certeza o mais bonito. E, me fale: sobre o que vocês conversam?

- Sobre muitas coisas. Mas quando tenho a oportunidade, não o deixo falar.

- Por que?

- Porque eu o beijo.

- Safado!

            Riram.

            Danny sentou-se.

- O que me preocupa é a narcolepsia dele. Ele usa as proteções que lhe dei, mas mesmo assim tenho medo de um dia ele cair em algum lugar perigoso.

- Hm.

            Uma pausa.

- Ai! Estou tão feliz por você!

            Jayne o abraçou forte.

- Vou à casa de Maurice agora a tarde. Quer vir junto?

- Não, não quero atrapalhá-los.

            Mais tarde, Danny bateu na porta do apartamento de Maurice.

- Desculpe a demora. Estava no banho. Sequei-me o mais rápido possível. – disse o rapaz.

            Os cabelos do alemão estavam molhados. Usava uma bermuda azul e nada lhe cobria o peito molhado. Trazia uma toalha branca na mão. Foi impossível a Danny não admirar seu corpo.

            O rapaz entrou na sala e colocou a bolsa sobre um canto do sofá. Maurice aproximou-se dele. Jogou os cabelos para o lado e passou a toalha neles para secá-los.

- Pode ligar a TV se quiser. – disse.

- Tá.

            Danny pegou o controle remoto sobre o hack e ligou a TV.

- O que quer fazer hoje?

- Qualquer coisa. Com você do meu lado, o resto não importa. – disse o alemão, com naturalidade.

            Danny viu-o ir ao banheiro. Acomodou-se no sofá e esperou-o regressar. Quando Maurice voltou à sala, vestia agora uma camisa social branca e uma calça preta. O rapaz sentou do lado de Danny e colocou um braço em volta do ombro do namorado.

- Está cheiroso. – disse Danny.

            Maurice sorriu.

            Danny aconchegou-se em seus braços. Depois, não suportando mais a aproximação, beijou Maurice na boca. Afastou um pouco o rosto dele e então o beijou de novo.

- Você também era perfeito deste jeito com seus ex?

- Não sei. Terá de perguntar a eles.

            Danny riu. Afastou-se, cruzou as pernas sobre o sofá e perguntou:

- Não, vamos falar sério. Você era tão perfeito assim com seus ex?

- Não sou perfeito.

- É sim.

- O que o faz pensar que eu sou?

- Ora! Você todinho! É tão educado e... Certinho.

- Ninguém é perfeito e eu sei que não sou.

- E é modesto também... Sabe, somos muito diferentes. Como por exemplo, eu sou boca suja e sei que você não é.

- De fato nunca falei um palavrão em minha vida.

- Você também assiste a documentários mais do que eu. Eu não tenho paciência.

            Maurice conservou um sorriso nos lábios. Danny continuou:

- E confesso que eu sou um pouquinho safado.

            Maurice riu.

- Safado?

- Sim, sou safado. Gosto de uma safadeza.

- Posso confirmar isso pela rapidez com que você tirou minha roupa naquele dia.

            Danny, encabulado, riu e cobriu o rosto com uma almofada. Depois destapou o rosto e disse:

- Você me obrigou a isso. Se não fosse tão lindo, eu não sentiria desejo em fazer amor com você.

- Fico feliz em ouvir isso.

- E... Por falar neste assunto, quando vamos...

- Faz um mês que estamos namorando. Não pode esperar um pouco?

- Esperar? Não vou agüentar! Preciso te agarrar e apertar.

            Maurice tornou a rir.

- Posso te fazer uma pergunta íntima?

- Pode. – respondeu Danny.

- Há quanto tempo não tem intimidade?

- Alguns meses.

- Me parece que você é o tipo de pessoa que não consegue ficar muito tempo sem intimidade, estou certo?

- Bem, sim, mas a questão não é essa. Você me atrai. Está certo que gosto de sexo, mas você me faz querer ter mais sexo do que o normal.

            Maurice riu outra vez.

- Ri de mim, mas e você? Há quanto tempo não transa?

- Talvez um ano.

- Um? – surpreendeu-se. – Um ano inteiro? Como consegue?

- Como você mesmo disse, somos muito diferentes.

- Você é perfeito até nisso. – disse o rapaz, fazendo uma careta.

            Cinco horas depois, os dois foram jantar. Pediram por comida chinesa desta vez. Comeram na sala.

- Amanhã vai chover. Leve guarda-chuva quando for ao trabalho. – disse Danny.

- Minha mãe me ensinou a nunca tirar o guarda-chuva da bolsa. Por isso, sempre o tenho em mãos quando preciso.

- Então suponho que eu tenha tomado chuva mais vezes do que você.

- Talvez eu tenha levado mais que você. Já dormi na chuva algumas vezes.

- Isso me preocupa.

- O que?

- Seu problema. Sua narcolepsia. Não tem como você trabalhar em casa? Vai cair do mesmo jeito, mas pelo menos estará dentro de casa.

- Não penso em largar meu emprego.

            Danny encarou-o. Depois passou a mão em seu rosto e o beijou rapidamente.

- Não vai pôr seu capacete?

- Estou esperando meu cabelo secar.

- Está esperando quebrar a cabeça? – disse Danny, com sarcasmo. – Me fale onde está o capacete que eu pego.

            Passou-se um mês depois destas coisas. Chegou uma manhã em que Danny levantou-se cedo para levar Algodão para um passeio no parque. Depois, quando chegou em casa, tomou um banho e foi para o serviço.

- Como vai o rapaz mais feliz e mais sortudo deste mundo? – disse Jayne.

            Ambos se encontraram em frente ao pet shop. Cumprimentaram-se com um abraço e um beijo.

- Maurice é sortudo também ou acha que eu não valho nada?

- Claro que vale.

            Quando o gerente abriu o pet shop, ambos puderam se acomodar na recepção. Sozinhos, conversaram.

- Maurice está me matando.

- Como assim?

- Toda vez que o encontro, sinto vontade de fazer amor com ele.

            Jayne precisou controlar a risada.

- Danado! Mas não tiro sua razão. Com um namorado desses... Mas você não pega no pé dele, pega?

- Bem que queria pegar, mas...

            A risada de Jayne interrompeu-o.

- Maurice quer esperar um tempo para isso. Uma vez, quando começamos o relacionamento, íamos fazer amor, mas ele acabou pegando no sono.

- Ai, Dan! Que história!

            A moça finalmente conseguiu parar de rir.

- Não vai incomodá-lo com perguntas ou insistir feito um maníaco por sexo.

- Não vou.

            Danny apoiou os braços no balcão.

 É que... Ele é tão lindo! Fica me fitando com aqueles olhos azuis! Sorri com aqueles lábios deliciosos! É difícil não pensar em bobagens quando estou com ele. Ele é fofo demais.

- Pode apostar que é. Veja.

            Quando Danny olhou para frente, deu-se com Maurice parado em frente à porta de vidro do pet shop. Nas mãos, o rapaz alemão trazia cinco balões: um deles era vermelho, o outro era rosa com bolinhas vermelhas, outro tinha formato de coração. Todos vinham enfeitados com fitinhas vermelhas e brancas.

            Hoje Maurice vestia um casaco preto com botões. Os cabelos longos estavam soltos como sempre. Na cabeça usava o capacete. Também usava as joelheiras e as cotoveleiras.

            Danny foi até ele e recebeu os balões.

- Devia estar na editora agora.

- Dormi pelo caminho. Já estou atrasado mesmo.

            Danny olhou para os balões e depois beijou o lindo rapaz nos lábios.

            Houve um dia em que choveu horrores. Mas isto não impediu Danny de ir à casa do namorado. Quando chegou lá, viu Maurice lindo como sempre era. Usava uma camisa branca e uma calça preta que não lhe cobria os tornozelos.

- O que é esta bagunça toda?

- Estou organizando minhas coisas.

            Havia caixas de papelão por toda a sala e a estante de livros e cds estava remexida, como se alguém tivesse bagunçado tudo.

- Quer ajuda?

- Não, não precisa.

- Bem, acho melhor eu não ajudar mesmo. Você vai querer organizar tudo do seu jeito. – disse Danny.

- Se quiser pegar um livro para ler, fique à vontade.

            Depois de Danny colocar sua bolsa sobre o sofá, foi até a estante. Um título de um livro chamou sua atenção. “Dias de tempestade?”, pensou. Tirou o livro da estante e olhou para a capa do livro. A capa do livro trazia a imagem de um chão molhado. Uma imagem bem bonita, que mostrava os detalhes do chão, as folhas, as gotas d’água... No topo da capa, havia o título. Depois de apreciá-lo, Danny folheou o livro. Parou de folhear quando uma foto na orelha do livro chamou sua atenção.

            Era a foto de Maurice e embaixo de sua foto, sua biografia. Danny surpreendeu-se imensamente.

- Foi você? – exclamou, olhando para Maurice.

            O rapaz alemão, que estava sentado no chão, ergueu os olhos para ele.

- Você escreveu este livro? Por que não me disse, senhor Schlesinger? – disse Danny, de bom humor.

- Oh.

- Você me veio com todo aquele papo sobre o escritor, quando na verdade Schlesinger era seu pseudônimo! Mentiroso!

            Danny começou a rir.

- Posso lê-lo?

- Claro.

- Que danado você, ham?

            Danny foi até o sofá, empolgadíssimo com o livro. Ainda fez alguns comentários a respeito de Maurice, que omitiu tal coisa.

- Só escreveu este livro?

- Sim.

- Danado!

            Maurice sorriu.

            Passou-se dois meses. Maurice e Danny já estavam no quarto mês de namoro. Tudo era maravilhoso para ambos. Houve um dia em que Danny levou Maurice e Algodão para o parque. O rapaz alemão empurrava a bicicleta de Danny.

- Quando foi a última vez em que andou de bicicleta?

- Na infância. – respondeu Maurice.

- Quer mesmo andar? E se cair?

- Só quero andar um pouco.

- Você é quem sabe.

            A bicicleta de Danny era um pouco pequena para Maurice, que era bastante alto. No entanto, o rapaz subiu na bicicleta – usando sua proteção – e deu as primeiras pedaladas desajeitadas. Em pouco tempo, conseguiu manter o equilíbrio e pedalou com bastante graça pelo parque.

- Veja só, Algodão. Parece uma criança.

            Danny admirou o namorado, que de tão feliz pela atividade, distanciou-se bastante, percorrendo uma grande distância. Danny soltou Algodão da coleira e imediatamente o cãozinho peludo correu na direção de Maurice. Acabou por acompanhá-lo na pedalada ao seu lado.

            Sem o rapaz esperar, o alemão caiu da bicicleta, quase acertando Algodão. Danny correu em sua direção. Algumas pessoas que passeavam pelo parque, acorreram a Maurice.

- Tudo bem. Está tudo bem. – disse Danny, quando se aproximou da multidão que tentava reanimar Maurice. – Ele só dormiu.

- Como é?

- Ele tem narcolepsia. Logo acordará.

            Danny sentou no chão e pegou Maurice em seu colo.

- Acontece sempre? – perguntou um homem.

- Sim.

- Veja se ele se machucou. – disse uma mulher.

            Danny examinou o namorado.

- Parece que não. – disse.

            Quando a multidão percebeu que não havia perigo, afastou-se dos rapazes. Danny tirou o capacete da cabeça de Maurice e fez carinho em seus cabelos. Encarou o rosto do namorado. “Como é lindo”, pensou. “Se eu beijá-lo agora, será que desperta?”. De bom humor, Danny beijou os lábios de Maurice para ver se ele acordaria como a bela adormecida. Após o beijo, Maurice nem se mexeu.

- Não custa nada tentar. – disse Danny, risonho.

            O rapaz esperou quarenta minutos e, por fim, Maurice abriu os olhos. Danny recebeu-o de volta com um sorriso.

- Dormiu bem?

            Maurice sorriu.

            Cinco meses depois, Danny foi para o apartamento de Maurice. Hoje haviam comemorado os nove meses de namoro com um bolo cheio de cobertura e recheio. Ah, e também cerejas. Maurice adorava cerejas. Depois de comerem o bolo, foram se sentar no sofá.

- Me diz uma coisa: sua família sabe que você gosta de homens?

- Sabe.

- E o que eles dizem?

- Preferem não dizer. Ao contrário de minha mãe, o resto de minha família prefere fingir que não sabe de nada. Ou melhor, preferem fingir que eu não sou o que sou.

- E isto te chateia?

- Gostaria que me aceitassem, mas é melhor eles ignorarem o fato do que me magoarem com insultos ou me evitarem como se eu fosse altamente contagioso.

            Danny observou-o. Maurice não falava com mágoa. Na verdade aparentava levar a situação com tranqüilidade.

- Então... Você não me apresentaria a eles, apresentaria?

            Maurice olhou-o.

- Tem vontade de conhecê-los?

- Não, quero dizer, tenho vontade de conhecer sua terra natal, a cidade onde nasceu, e conhecer sua família seria conseqüência disto.

- Eu poderia apresentá-lo a eles, mas acho que seria mais prudente apresentá-lo como um amigo. Não quero que sejam rudes com você.

            Danny sorriu.

- Está falando sério?

- Estou.

- Então me levaria para a Alemanha?

- Claro.

            Danny, empolgado, pulou sobre Maurice e encheu-o de beijos.

- Estou confuso. Por que este interesse pela Alemanha?

- Na verdade me interesso por tudo o que lhe diz respeito. – disse Danny, com os braços em volta do pescoço do namorado. – Você é tão misterioso, embora sempre me fale sobre si mesmo e sobre suas origens. Mas ainda sinto com se tivesse que desvendá-lo.

- Nossa! Sou um enigma? – riu-se Maurice.

- Sim, um enigma maravilhoso!

            Danny passou os dedos entre as madeixas de Maurice e encarou-o.

- Você é lindo... E queria demonstrar o quanto gosto de você.

- De que maneira? – indagou Maurice.

            Danny desfez seu sorriso e disse de todo coração:

- Queria demonstrar dizendo que te amo. Não só com as palavras que vem da minha alma, mas com as palavras do meu corpo também.

            Fitaram-se longamente. Ambos sabiam o que ia acontecer e ficaram muito felizes por isso. Foram para o quarto. Demoraram-se longamente acariciando um ao outro. Maurice acabou dormindo num momento, mas logo acordou. Despiram-se e delicadamente puseram em cada gesto e em cada carícia, todo o amor que sentiam um pelo outro. Receber os carinhos de Maurice encheram Danny de excitação. O rapaz era maravilhoso e soube amá-lo da maneira mais perfeita e maravilhosa. De fato, Danny nunca se sentiu tão bem em sua vida e nunca sentiu tanto prazer ao se entregar nas mãos de um homem.

Após os momentos de amor entre ambos, Danny sentia como se as mãos de Maurice ainda deslizassem e passeassem por seu corpo com leveza. Ainda sentia seus lábios umedecerem sua pele em beijos apaixonados. Dormiu com Maurice e ficaram em sua mente todos os momentos com o namorado.

            Um mês passou-se. Jayne foi ao aeroporto na hora marcada. Lá, encontrou-se com Maurice e Danny de malas nas mãos. Deu um abraço e um beijo em cada um.

- Não se demorem muito. – disse ela, na despedida. - Façam boa viagem e tragam um alemão lindo pra mim também!

            Os rapazes riram. Afastaram-se da moça e entraram no avião.


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