Os Peixes não São Todos Iguais escrita por Eica
Notas iniciais do capítulo
Capítulo final!!!
Danny estava em seu quarto em companhia de Jayne. A moça estava deitada em sua cama, e o rapaz acabara de despir a camisa.
- Como estão as coisas entre você e Maurice?
- Perfeitas. – disse ele, jogando a camisa sobre a cama.
Jayne levantou o corpo e disse:
- Posso dizer uma coisa que há tempos quero dizer?
- Pode.
- Viu? Não falei pra você? Não te falei? – riu ela. – Bobo! Podia ter sentido essa felicidade muito antes se não fosse teimoso.
O rapaz sentou na cama ao lado da amiga.
- Ele é tão educado e prestativo. Lindo... A boca dele é deliciosa de beijar!
Danny suspirou e derrubou o corpo no colchão.
- Você me faz sentir inveja, sabia?
- Maurice é muito diferente dos caras com quem já fiquei. Acho, não, tenho certeza de que ele é o mais bonito dentre todos.
- Concordo. O mais educado, o mais respeitoso e com certeza o mais bonito. E, me fale: sobre o que vocês conversam?
- Sobre muitas coisas. Mas quando tenho a oportunidade, não o deixo falar.
- Por que?
- Porque eu o beijo.
- Safado!
Riram.
Danny sentou-se.
- O que me preocupa é a narcolepsia dele. Ele usa as proteções que lhe dei, mas mesmo assim tenho medo de um dia ele cair em algum lugar perigoso.
- Hm.
Uma pausa.
- Ai! Estou tão feliz por você!
Jayne o abraçou forte.
- Vou à casa de Maurice agora a tarde. Quer vir junto?
- Não, não quero atrapalhá-los.
Mais tarde, Danny bateu na porta do apartamento de Maurice.
- Desculpe a demora. Estava no banho. Sequei-me o mais rápido possível. – disse o rapaz.
Os cabelos do alemão estavam molhados. Usava uma bermuda azul e nada lhe cobria o peito molhado. Trazia uma toalha branca na mão. Foi impossível a Danny não admirar seu corpo.
O rapaz entrou na sala e colocou a bolsa sobre um canto do sofá. Maurice aproximou-se dele. Jogou os cabelos para o lado e passou a toalha neles para secá-los.
- Pode ligar a TV se quiser. – disse.
- Tá.
Danny pegou o controle remoto sobre o hack e ligou a TV.
- O que quer fazer hoje?
- Qualquer coisa. Com você do meu lado, o resto não importa. – disse o alemão, com naturalidade.
Danny viu-o ir ao banheiro. Acomodou-se no sofá e esperou-o regressar. Quando Maurice voltou à sala, vestia agora uma camisa social branca e uma calça preta. O rapaz sentou do lado de Danny e colocou um braço em volta do ombro do namorado.
- Está cheiroso. – disse Danny.
Maurice sorriu.
Danny aconchegou-se em seus braços. Depois, não suportando mais a aproximação, beijou Maurice na boca. Afastou um pouco o rosto dele e então o beijou de novo.
- Você também era perfeito deste jeito com seus ex?
- Não sei. Terá de perguntar a eles.
Danny riu. Afastou-se, cruzou as pernas sobre o sofá e perguntou:
- Não, vamos falar sério. Você era tão perfeito assim com seus ex?
- Não sou perfeito.
- É sim.
- O que o faz pensar que eu sou?
- Ora! Você todinho! É tão educado e... Certinho.
- Ninguém é perfeito e eu sei que não sou.
- E é modesto também... Sabe, somos muito diferentes. Como por exemplo, eu sou boca suja e sei que você não é.
- De fato nunca falei um palavrão em minha vida.
- Você também assiste a documentários mais do que eu. Eu não tenho paciência.
Maurice conservou um sorriso nos lábios. Danny continuou:
- E confesso que eu sou um pouquinho safado.
Maurice riu.
- Safado?
- Sim, sou safado. Gosto de uma safadeza.
- Posso confirmar isso pela rapidez com que você tirou minha roupa naquele dia.
Danny, encabulado, riu e cobriu o rosto com uma almofada. Depois destapou o rosto e disse:
- Você me obrigou a isso. Se não fosse tão lindo, eu não sentiria desejo em fazer amor com você.
- Fico feliz em ouvir isso.
- E... Por falar neste assunto, quando vamos...
- Faz um mês que estamos namorando. Não pode esperar um pouco?
- Esperar? Não vou agüentar! Preciso te agarrar e apertar.
Maurice tornou a rir.
- Posso te fazer uma pergunta íntima?
- Pode. – respondeu Danny.
- Há quanto tempo não tem intimidade?
- Alguns meses.
- Me parece que você é o tipo de pessoa que não consegue ficar muito tempo sem intimidade, estou certo?
- Bem, sim, mas a questão não é essa. Você me atrai. Está certo que gosto de sexo, mas você me faz querer ter mais sexo do que o normal.
Maurice riu outra vez.
- Ri de mim, mas e você? Há quanto tempo não transa?
- Talvez um ano.
- Um? – surpreendeu-se. – Um ano inteiro? Como consegue?
- Como você mesmo disse, somos muito diferentes.
- Você é perfeito até nisso. – disse o rapaz, fazendo uma careta.
Cinco horas depois, os dois foram jantar. Pediram por comida chinesa desta vez. Comeram na sala.
- Amanhã vai chover. Leve guarda-chuva quando for ao trabalho. – disse Danny.
- Minha mãe me ensinou a nunca tirar o guarda-chuva da bolsa. Por isso, sempre o tenho em mãos quando preciso.
- Então suponho que eu tenha tomado chuva mais vezes do que você.
- Talvez eu tenha levado mais que você. Já dormi na chuva algumas vezes.
- Isso me preocupa.
- O que?
- Seu problema. Sua narcolepsia. Não tem como você trabalhar em casa? Vai cair do mesmo jeito, mas pelo menos estará dentro de casa.
- Não penso em largar meu emprego.
Danny encarou-o. Depois passou a mão em seu rosto e o beijou rapidamente.
- Não vai pôr seu capacete?
- Estou esperando meu cabelo secar.
- Está esperando quebrar a cabeça? – disse Danny, com sarcasmo. – Me fale onde está o capacete que eu pego.
Passou-se um mês depois destas coisas. Chegou uma manhã em que Danny levantou-se cedo para levar Algodão para um passeio no parque. Depois, quando chegou em casa, tomou um banho e foi para o serviço.
- Como vai o rapaz mais feliz e mais sortudo deste mundo? – disse Jayne.
Ambos se encontraram em frente ao pet shop. Cumprimentaram-se com um abraço e um beijo.
- Maurice é sortudo também ou acha que eu não valho nada?
- Claro que vale.
Quando o gerente abriu o pet shop, ambos puderam se acomodar na recepção. Sozinhos, conversaram.
- Maurice está me matando.
- Como assim?
- Toda vez que o encontro, sinto vontade de fazer amor com ele.
Jayne precisou controlar a risada.
- Danado! Mas não tiro sua razão. Com um namorado desses... Mas você não pega no pé dele, pega?
- Bem que queria pegar, mas...
A risada de Jayne interrompeu-o.
- Maurice quer esperar um tempo para isso. Uma vez, quando começamos o relacionamento, íamos fazer amor, mas ele acabou pegando no sono.
- Ai, Dan! Que história!
A moça finalmente conseguiu parar de rir.
- Não vai incomodá-lo com perguntas ou insistir feito um maníaco por sexo.
- Não vou.
Danny apoiou os braços no balcão.
É que... Ele é tão lindo! Fica me fitando com aqueles olhos azuis! Sorri com aqueles lábios deliciosos! É difícil não pensar em bobagens quando estou com ele. Ele é fofo demais.
- Pode apostar que é. Veja.
Quando Danny olhou para frente, deu-se com Maurice parado em frente à porta de vidro do pet shop. Nas mãos, o rapaz alemão trazia cinco balões: um deles era vermelho, o outro era rosa com bolinhas vermelhas, outro tinha formato de coração. Todos vinham enfeitados com fitinhas vermelhas e brancas.
Hoje Maurice vestia um casaco preto com botões. Os cabelos longos estavam soltos como sempre. Na cabeça usava o capacete. Também usava as joelheiras e as cotoveleiras.
Danny foi até ele e recebeu os balões.
- Devia estar na editora agora.
- Dormi pelo caminho. Já estou atrasado mesmo.
Danny olhou para os balões e depois beijou o lindo rapaz nos lábios.
Houve um dia em que choveu horrores. Mas isto não impediu Danny de ir à casa do namorado. Quando chegou lá, viu Maurice lindo como sempre era. Usava uma camisa branca e uma calça preta que não lhe cobria os tornozelos.
- O que é esta bagunça toda?
- Estou organizando minhas coisas.
Havia caixas de papelão por toda a sala e a estante de livros e cds estava remexida, como se alguém tivesse bagunçado tudo.
- Quer ajuda?
- Não, não precisa.
- Bem, acho melhor eu não ajudar mesmo. Você vai querer organizar tudo do seu jeito. – disse Danny.
- Se quiser pegar um livro para ler, fique à vontade.
Depois de Danny colocar sua bolsa sobre o sofá, foi até a estante. Um título de um livro chamou sua atenção. “Dias de tempestade?”, pensou. Tirou o livro da estante e olhou para a capa do livro. A capa do livro trazia a imagem de um chão molhado. Uma imagem bem bonita, que mostrava os detalhes do chão, as folhas, as gotas d’água... No topo da capa, havia o título. Depois de apreciá-lo, Danny folheou o livro. Parou de folhear quando uma foto na orelha do livro chamou sua atenção.
Era a foto de Maurice e embaixo de sua foto, sua biografia. Danny surpreendeu-se imensamente.
- Foi você? – exclamou, olhando para Maurice.
O rapaz alemão, que estava sentado no chão, ergueu os olhos para ele.
- Você escreveu este livro? Por que não me disse, senhor Schlesinger? – disse Danny, de bom humor.
- Oh.
- Você me veio com todo aquele papo sobre o escritor, quando na verdade Schlesinger era seu pseudônimo! Mentiroso!
Danny começou a rir.
- Posso lê-lo?
- Claro.
- Que danado você, ham?
Danny foi até o sofá, empolgadíssimo com o livro. Ainda fez alguns comentários a respeito de Maurice, que omitiu tal coisa.
- Só escreveu este livro?
- Sim.
- Danado!
Maurice sorriu.
Passou-se dois meses. Maurice e Danny já estavam no quarto mês de namoro. Tudo era maravilhoso para ambos. Houve um dia em que Danny levou Maurice e Algodão para o parque. O rapaz alemão empurrava a bicicleta de Danny.
- Quando foi a última vez em que andou de bicicleta?
- Na infância. – respondeu Maurice.
- Quer mesmo andar? E se cair?
- Só quero andar um pouco.
- Você é quem sabe.
A bicicleta de Danny era um pouco pequena para Maurice, que era bastante alto. No entanto, o rapaz subiu na bicicleta – usando sua proteção – e deu as primeiras pedaladas desajeitadas. Em pouco tempo, conseguiu manter o equilíbrio e pedalou com bastante graça pelo parque.
- Veja só, Algodão. Parece uma criança.
Danny admirou o namorado, que de tão feliz pela atividade, distanciou-se bastante, percorrendo uma grande distância. Danny soltou Algodão da coleira e imediatamente o cãozinho peludo correu na direção de Maurice. Acabou por acompanhá-lo na pedalada ao seu lado.
Sem o rapaz esperar, o alemão caiu da bicicleta, quase acertando Algodão. Danny correu em sua direção. Algumas pessoas que passeavam pelo parque, acorreram a Maurice.
- Tudo bem. Está tudo bem. – disse Danny, quando se aproximou da multidão que tentava reanimar Maurice. – Ele só dormiu.
- Como é?
- Ele tem narcolepsia. Logo acordará.
Danny sentou no chão e pegou Maurice em seu colo.
- Acontece sempre? – perguntou um homem.
- Sim.
- Veja se ele se machucou. – disse uma mulher.
Danny examinou o namorado.
- Parece que não. – disse.
Quando a multidão percebeu que não havia perigo, afastou-se dos rapazes. Danny tirou o capacete da cabeça de Maurice e fez carinho em seus cabelos. Encarou o rosto do namorado. “Como é lindo”, pensou. “Se eu beijá-lo agora, será que desperta?”. De bom humor, Danny beijou os lábios de Maurice para ver se ele acordaria como a bela adormecida. Após o beijo, Maurice nem se mexeu.
- Não custa nada tentar. – disse Danny, risonho.
O rapaz esperou quarenta minutos e, por fim, Maurice abriu os olhos. Danny recebeu-o de volta com um sorriso.
- Dormiu bem?
Maurice sorriu.
Cinco meses depois, Danny foi para o apartamento de Maurice. Hoje haviam comemorado os nove meses de namoro com um bolo cheio de cobertura e recheio. Ah, e também cerejas. Maurice adorava cerejas. Depois de comerem o bolo, foram se sentar no sofá.
- Me diz uma coisa: sua família sabe que você gosta de homens?
- Sabe.
- E o que eles dizem?
- Preferem não dizer. Ao contrário de minha mãe, o resto de minha família prefere fingir que não sabe de nada. Ou melhor, preferem fingir que eu não sou o que sou.
- E isto te chateia?
- Gostaria que me aceitassem, mas é melhor eles ignorarem o fato do que me magoarem com insultos ou me evitarem como se eu fosse altamente contagioso.
Danny observou-o. Maurice não falava com mágoa. Na verdade aparentava levar a situação com tranqüilidade.
- Então... Você não me apresentaria a eles, apresentaria?
Maurice olhou-o.
- Tem vontade de conhecê-los?
- Não, quero dizer, tenho vontade de conhecer sua terra natal, a cidade onde nasceu, e conhecer sua família seria conseqüência disto.
- Eu poderia apresentá-lo a eles, mas acho que seria mais prudente apresentá-lo como um amigo. Não quero que sejam rudes com você.
Danny sorriu.
- Está falando sério?
- Estou.
- Então me levaria para a Alemanha?
- Claro.
Danny, empolgado, pulou sobre Maurice e encheu-o de beijos.
- Estou confuso. Por que este interesse pela Alemanha?
- Na verdade me interesso por tudo o que lhe diz respeito. – disse Danny, com os braços em volta do pescoço do namorado. – Você é tão misterioso, embora sempre me fale sobre si mesmo e sobre suas origens. Mas ainda sinto com se tivesse que desvendá-lo.
- Nossa! Sou um enigma? – riu-se Maurice.
- Sim, um enigma maravilhoso!
Danny passou os dedos entre as madeixas de Maurice e encarou-o.
- Você é lindo... E queria demonstrar o quanto gosto de você.
- De que maneira? – indagou Maurice.
Danny desfez seu sorriso e disse de todo coração:
- Queria demonstrar dizendo que te amo. Não só com as palavras que vem da minha alma, mas com as palavras do meu corpo também.
Fitaram-se longamente. Ambos sabiam o que ia acontecer e ficaram muito felizes por isso. Foram para o quarto. Demoraram-se longamente acariciando um ao outro. Maurice acabou dormindo num momento, mas logo acordou. Despiram-se e delicadamente puseram em cada gesto e em cada carícia, todo o amor que sentiam um pelo outro. Receber os carinhos de Maurice encheram Danny de excitação. O rapaz era maravilhoso e soube amá-lo da maneira mais perfeita e maravilhosa. De fato, Danny nunca se sentiu tão bem em sua vida e nunca sentiu tanto prazer ao se entregar nas mãos de um homem.
Após os momentos de amor entre ambos, Danny sentia como se as mãos de Maurice ainda deslizassem e passeassem por seu corpo com leveza. Ainda sentia seus lábios umedecerem sua pele em beijos apaixonados. Dormiu com Maurice e ficaram em sua mente todos os momentos com o namorado.
Um mês passou-se. Jayne foi ao aeroporto na hora marcada. Lá, encontrou-se com Maurice e Danny de malas nas mãos. Deu um abraço e um beijo em cada um.
- Não se demorem muito. – disse ela, na despedida. - Façam boa viagem e tragam um alemão lindo pra mim também!
Os rapazes riram. Afastaram-se da moça e entraram no avião.
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