Os Peixes não São Todos Iguais escrita por Eica


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/158064/chapter/7

 Ontem e hoje foram os dias em que Danny mais pensou. Sentiu-se extremamente idiota. Extremamente burro. Quando foi ao serviço, contou o que aconteceu a Jayne. Ela quase sentiu vontade de bater nele.

- Burro! – disse ela. – Quantas vezes Maurice demonstrou que é um homem decente? Não se encontra alguém como ele com tanta facilidade! Diz logo que gosta dele senão eu vou te obrigar a isso!

- Eu sei de tudo isso, mas acontece que, tem uma partinha de mim que ainda tem medo.

- Duas vezes burro! Não seja tolo e diga logo que gosta de Maurice!

Dany foi até a cafeteria em sua hora de almoço. Antes de entrar nela, olhou, através da parede de vidro, Maurice sentado numa mesa. Tomou coragem e entrou na cafeteria. Aproximou-se lentamente da mesa de Maurice. Encarou seu olhar quando este o fitou.

- Podemos conversar?

- Claro.

            Quando Maurice indicou-lhe a cadeira, Danny recusou-se sentar.

- Sobre ontem... Queria me desculpar. Sei que não gostou do que eu disse... Acontece que eu tenho medo que me enganem de novo...

- O que me deixou surpreso foi que, mesmo depois de todas as coisas que lhe disse, nada bastou pra você confiar em mim. Eu te entendo. De verdade. Ninguém gosta de ser enganado, mas queria que acreditasse que não tenho a intenção de enganar você.

- Eu sei, eu sei – disse Danny, sentando-se na cadeira em frente a Maurice. – Por isso estou aqui. Se ainda quiser... Se ainda quiser namorar comigo...

            Maurice sorriu.

- Tem certeza de que é isso o que quer?

- Sim, tenho.

            Maurice tornou a sorrir e disse:

- Está bem, então.

            Danny sorriu.

- Vai querer chocolate ou cappuccino?

- Chocolate.

            Danny colocou sua bolsa no encosto da cadeira enquanto Maurice foi até o balcão fazer um novo pedido. Em seguida, retornou à mesa. Tirou um livro da sua bolsa. Danny observou-o, sentindo algo extremamente forte no peito. De súbito, agindo por impulso, Danny levantou-se da cadeira, foi até Maurice – que o olhou curioso – e, delicadamente, tocou no rosto do outro e deu-lhe um beijo.

De dentro do seu apartamento, Danny ouvia os trovões. No entanto, não chovia. O rapaz estava na cozinha, terminando de preparar a janta. Quando Maurice bateu na porta, Danny recebeu-o com um abraço e um beijo. Foram comer na cozinha.

- E o serviço? – perguntou Danny, sentado ao lado de Maurice.

            O jovem alemão usava seu capacete, joelheiras e cotoveleiras.

- Terminei de avaliar aquele original que eu lhe disse ser promissor. Acho que a editora pretende publicá-lo.

- Como vocês publicam? Sempre tive essa curiosidade. Você aprova um original e aí o que se faz?

- Às vezes, nós, editores, passamos o original pra outro editor ler. Depois mandamos o original ao autor com algumas mudanças a serem feitas no texto.

- Que tipos de mudanças?

- Podemos sugerir trocas de palavras ou um corte. Uma vez mandamos que um terço de um original fosse cortado. Depois disto, o original passa para revisão no computador e é impresso. Duas cópias passam para a mão dos revisores. Enquanto isso, um ilustrador ou designer começa a bolar a capa do livro.

- É demorado?

- Naturalmente.

- Quantos originais vocês recebem?

- Hmm, em média cinqüenta por mês.

- Nossa! Ficam atolados em serviço, então.

- Com certeza. – riu Maurice.

- Seus dias não são nada tediosos. Sempre tem o que ler.

- Depende. Às vezes lemos originais bastante entediantes.

            Conversaram mais. Ao final da janta, os rapazes se sentaram no sofá da sala. Num momento em que assistiam TV, Danny aproximou-se de Maurice e beijou-o.

- Desculpe, mas acho que estou curioso.

- Sobre o que? – indagou Maurice.

- Você me faz ter pensamentos impuros.

            Maurice riu.

- E sobre o que quer saber?

- Na verdade não quero saber nada. Quero que me mostre.

- O que?

            Danny, cheio de ousadia, começou a desabotoar os botões da camisa de Maurice. Quando estava para desabotoar o quinto botão, Maurice segurou suas mãos.

- Se eu despontá-lo, o que pensará de mim?

- Algum dia faremos, não faremos? Por que não agora?

            Maurice olhou-o um pouco. Depois soltou suas mãos e deixou que o jovem lhe desabotoasse os botões restantes. Danny soltou o peso de seu corpo sobre o do outro e beijou-o. Como ele imaginava: beijar Maurice era bom demais. Danny tirou a camisa do outro e depois o levou para seu quarto. Ali, deitou Maurice e depois se ajoelhou ao seu lado. Debruçou sobre ele e continuou a beijá-lo e a receber carinhos. Três minutos depois, Danny tirou sua blusa e sua camisa. Cinco minutos depois, abaixou sua calça. Quando já estava nu, deixou que Maurice deitasse sobre seu corpo. De fato, o rapaz estava muito curioso e não conseguia conter a grande excitação. Maurice era maravilhoso e até agora tudo estava muito bom.

            No momento em que Maurice beijou-lhe no pescoço, Danny sentiu o rapaz derrubar todo o peso de seu corpo sobre o seu.

- Maurice? Maurice?

            Quando Danny olhou para o rosto de Maurice, pegou-o de olhos fechados.

- Oh, não! Agora não!

            O rapaz alemão estava dormindo. Danny, cuidadosamente, deitou Maurice ao seu lado e ficou olhando pra ele. Quando a espera tornou-se muito demorada, Danny acabou dormindo. Maurice acordou uma hora e meia após Danny ter pegado no sono. Olhou para ele, depois saiu do quarto, vestiu sua camisa, casaco e saiu.

            No dia seguinte, Danny e Maurice se viram na cafeteria. Quando Danny sentou-se à mesa, Maurice disse:

- Lamento por ontem.

            Danny riu brevemente.

- Não tem problema.

- O que quer fazer hoje?

- Não sei... Um jantar... Um cinema...

- Um cinema está bom. – sorriu Maurice. – Sabe os filmes que estão passando?

- Podemos assistir qualquer filme. Não prestarei atenção nele mesmo.

            Danny pegou sua cadeira e colocou-a ao lado de Maurice. Depois se sentou.

- Posso?

            O rapaz tirou o capacete da cabeça do outro, colocou o capacete no colo e passou a mão nos cabelos de Maurice. Ficou a afagá-lo. Ficaram a olhar um para o outro, com sorrisos nos olhos e nos lábios. No momento em que Maurice ia se inclinar para beijar Danny, este pegou no sono e bateu a cabeça na cabeça de Danny. Este teve que segurar Maurice até ele acordar.

            Pela noite, os rapazes foram ao cinema. Sentaram-se no fundo da sala onde Danny ficou a comer chocolates e Maurice ficou a tomar refrigerante. Houve dois momentos em que Maurice pegou no sono. Danny olhou para ele e sorriu.

            Danny estava radiante. Todos os dias ficava ansioso para ver Maurice na cafeteria. Também ficava ansioso para vê-lo nos finais de semana. Houve um dia em que ele, Maurice e Jayne viajaram até o museu de Londres. A visita ao museu foi muito animada e engraçada: Maurice chegou a dormir no meio do museu, fazendo todos ao redor olharem para ele.

Num momento, um grupo de moças aproximou-se de Maurice, que olhava esqueletos de velociraptors. Quando elas mexeram com ele, Danny pegou na mão de Maurice e afastou-o das moças. Jayne, que viu tudo, balançou a cabeça.

Um dia, no apartamento de Danny, Maurice estava deitado no sofá com Danny sobre ele. Às vezes Danny beijava-o de leve. Ficaram a se fitar longamente.

            Outro dia, na cafeteria, Danny tirou uma chave da bolsa e colocou-a sobre a mesa.

- É pra você.

- Para mim?

- É uma cópia da chave do meu apartamento.

            Maurice, surpreso, pegou a chave.

- Quer mesmo dá-la para mim?

- Sim, não só porque confio em você, mas também porque eu quero que você sinta que faz parte da minha vida.

            O rapaz alemão olhou para a chave e depois tornou a olhar para Danny. Disse:

- Não fiz cópia da minha chave pra você.

- Não precisa. – sorriu Danny. – Pode entrar em casa quando quiser.

            No dia seguinte a este, no sábado, pela manhã, Maurice foi até o hotel de Danny. Subiu a escada e chegou ao corredor do quinto andar. Ao parar em frente à porta do apartamento de Danny, agachou-se e olhou por debaixo da porta. Depois se levantou, colocou a chave na fechadura, girou-a e abriu a porta devagarzinho. Naquele instante, Algodão saiu do apartamento, fazendo Maurice recuar.

- Oh, Deus!

            Maurice espremeu-se contra a parede. Algodão ficou de frente para ele com uma bolinha colorida na boca. Jogou a bolinha no chão, depois olhou para Maurice. Maurice encarou-o com seu olhar temeroso. Depois de segundos de medo, Maurice pegou a bolinha do chão e rapidamente lançou-a longe. Algodão correu para pegá-la. Com o coração disparado, Maurice teve que agüentar o cãozinho voltar até ele com a bolinha na boca.

- Não espera que eu arremesse de novo, não? Uma vez já não é suficiente?

            Algodão inclinou a cabeça para o lado. Ficou esperando. Maurice, com a mão trêmula, tirou a bolinha da boca do cão e lançou-a de novo. Naquele momento, sem ele saber, Danny chegou ao corredor pela escada e viu-o. Quando Maurice foi inclinar-se para pegar a bolinha trazida por Algodão, viu Danny. Danny sorriu-lhe.

            Na segunda-feira, Danny continuou lendo o livro que Maurice lhe emprestara. Ele e Maurice ficaram a ler livros na cafeteria. Num momento em que Danny riu, Maurice olhou para ele e tampou sua boca com a mão.

            Na quarta-feira, Maurice fez cirurgia para corrigir a visão. Ficou dois dias no hospital, recebendo a visita de Danny. No sábado, foi até o apartamento do namorado. Assim que chegou ao corredor do quinto andar, viu um rapaz em frente à porta de Danny.

- Olá. – disse, ao se aproximar.

            O rapaz apenas cumprimentou-o com um balanço de cabeça.

- Você mora aqui? – perguntou o rapaz, quando viu Maurice abrir a porta do apartamento.

- Não.

- O Danny ainda mora aqui?

- Sim. Gostaria de falar com ele?

- Sim, ele está?

- Vou ver se está. Ah, como é mesmo o seu nome?

- Adam.

- Oh! Sim, claro.

            Maurice fechou a porta depois de entrar. Danny não estava em casa. O rapaz ficou um tempo parado em frente à porta e então a abriu. Adam continuava no corredor. Maurice disse a ele:

- Nunca fiz isto em minha vida, mas pelo menos uma vez, um homem é obrigado a partir para a violência.

- Que?

            Num átimo, Maurice chutou as partes íntimas de Adam com muita força. Depois gritou:

- ALGODÃO! PEGA!

            O cãozinho, que estava no quarto, correu até a sala e saltou sobre Adam, que se contorcia no chão do corredor, cheio de dor.

            Mais tarde, quando Danny almoçava com Maurice em seu apartamento, na sala, o jovem disse:

- Ouviram o que a vizinha disse? Falou que um cara do prédio foi levado ao hospital com altas dores nas partes íntimas. – riu. – Foi briga conjugal, com certeza.

            Maurice e Algodão (sentado no chão) se entreolharam.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Os Peixes não São Todos Iguais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.