Sekai no Piso escrita por Hina


Capítulo 2
Lili e Vash




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Em uma rua pouco movimentada da cidade, numa pequena casa, a cortina branca de um dos quartos balançava com o vento noturno sobre as delicadas flores que decoravam a janela. Já havia agum tempo que o quarto estava vazio, seu ocupante saíra discretamente no auge da noite e ainda não retornara.

Dentro da casa, uma luz acendeu-se no outro quarto. Um jovem rapaz de cabelos loiros bagunçados, na altura do ombros, saiu e caminhou, sonolento, em direção à cozinha. Lá bebeu um copo de água gelada enquanto esfregava os olhos para tentar manter-se um pouco desperto. Sentiu então uma corrente de ar frio atingir-lhe nas costas, vinda, provavelmente, do quarto da irmã.

Suspirou. Teria de lembrá-la mais uma vez de fechar a janela antes de dormir. Caminhou até o quarto da garota e abriu cuidadosamente a porta, temendo acordá-la. Não pode, entretanto, conter a surpresa ao se deparar com a cama vazia. Olhou imediatamente para a janela que ficava próxima ao chão, facilitando a fuga.

- Droga!- Murmurou irritado.

Correu para seu quarto e vestiu rapidamente um casaco verde sobre o pijama, calçando um par qualquer de sapatos. Depois saiu em disparada da casa para buscar sua irmã mais nova.

~~oOo~~

O movimento estava relativamente calmo naquela noite na Sekai no Piso. Vários clientes já entraram e partiram do estabelecimento, mas naquele momento sobrava apenas Antonio, e este se encontrava em uma situação um tanto deplorável. Estava "ligeiramente" embriagado, com a cabeça deitada na mesa de Feliciano e uma garrafa de vinho ao lado. Ocasionalmente, choramingava alguma coisa baixinho e o italiano respondia com um calmo "Vai passar" e fazia-lhe carinho.

- Caramba, Itália, olha a situação em que você deixou o cara!- Alfred ria histericamente, parado ao lado da mesa com Arthur e Francis.

- Ah, mas agora é que a diversão começa...- Acrescentou Francis com um sorriso um pouco assustador e muito pervertido.

- Pare de tentar se aproveitar dos clientes, bastardo bebedor de vinho!- Arthur gritou para o francês.

- Parece que eu não fui o único a beber vinho, não é Arthie?- Perguntou enquanto piscava, insinuante, para Antonio e para o próprio inglês.

- Cale a boca, foi o cliente que pediu que eu bebesse!

E os dois saíram no tapa novamente, enquanto Alfred observava sorrindo e fazia comentários ocasionais para colocar lenha na fogueira.

- Vocês três, parados nesse momento!- Berrou Ludwig, aparecendo da cozinha ao lado do italiano mais velho.- Não vou admitir insubordinação nesse estabelecimento e exijo que se afastem agora ou serão severamente punidos!

Um silêncio sepulcral se abateu sobre o Host Club, cortado apenas pelos soluços sem nexo de Antonio e consolos de Veneziano. Depois, ao contrário do que se poderia esperar, os três - Alfred, Arthur e Francis - se separaram a contra gosto e foram cada um sentar em sua mesa. O primeiro sorrindo, o segundo emburrado e o último dando olhares furtivos para Antonio.

Afinal, todos conheciam o modo militar como o alemão gerenciava as coisas, caso fosse necessário.

Enquanto isso, sentado no chão desajeitadamente, Matthew pensava se, por acaso, seria invísivel. Fora ignorado mais uma vez quando tentara falar com o irmão e, além do mais, derrubado no chão quando Lovino passara correndo para subir as escadas, assustado com o súbito grito de Ludwig.

- Canadá!- Ludwig falou, autoritário, ainda com a postura de "comandante".

- S-Sim, senhor!- Matthew levantou-se rapidamente e bateu continência, quase parando de respirar.

- Seu ursinho caiu ali.- Falou mais calmo, apontando para Kumajirou, que estava um pouco atrás do rapaz.- Aliás, qual é mesmo o nome dele?

- Kumagujou. Eu acho...- Respondeu baixinho, indo apanhar o urso polar de pelúcia do chão.

- E aonde o Lovino foi?- Perguntou Ludwig- Ele ainda precisa me ajudar a arrumar a dispensa...

- Ah! Ele subiu correndo e chorando quando você gritou, Doitsu!- Feliciano disse animadamente.- Você é muito assustador e o Nii-chan tem medo.

O alemão passou a mão pela cabeça, perguntando-se se Feliciano insistia em chamá-lo pelo antigo nome de Host para irritá-lo ou só porque era idiota. Acreditava mais na segunda opção.

- Com licença.- Kiku apareceu através da porta principal. Naquela noite ele havia ficado responsável pela recepção.- Uma senhorita deseja os serviços de Host.

- Ah, claro.- Falou Ludwig. E logo depois deu um olhar assustador para os Hosts do lugar, como se dissesse "Comportem-se ou pagarão depois."- Eu preciso ir atrás do Romano, cuidem dela, por favor.

- Sim, não se preocupe, Ludwig-san.- O nipônico repondeu educadamente. 

O dono da Sekai no Piso, então, subiu e Kiku abriu totalmente a porta, dando passagem a uma bela moça. Tinha uma aparência fofa e tímida, com cabelos loiros curtos e brilhantes olhos esmeralda. Vestia um vestido rosa escuro e calçava sapatilhas estilo boneca, no cabelo havia um delicado laço azul.

- Boa noite, bela senhorita. Pode me dizer seu nome? E permita-me mostrar-lhe nosso guia, para que escolha por qual de nossos Hosts deseja ser atendida.- Francis falou, caminhando até a jovem, com um sorriso galante.

Arthur teve que se segurar para não revirar os olhos com o jeito "Host" do francês e Alfred para não rir do mesmo e do modo como o rosto da moça ficou completamente corado. Kiku apenas deixou-a aos cuidados de Francis e voltou para a recepção.

- Meu nome é Lilly. E n-na verdade...- A jovem começou, inicialmente hesitante, mas aparecendo assumir uma determinação súbita.- Na verdade eu preciso da ajuda de vocês. 

- Oh. E para que?- Francis perguntou com um sorriso, que até mesmo o inglês tinha de admitir, era muito bonito.

- Eu quero ajuda para conquistar meu irmão!

~~oOo~~

O rapaz loiro corria afobado pelas ruas, com o casaco verde tremulando sobre seus ombros e a respiração já alterada pelo ritmo forte no qual seguia. Falava com cada pessoa por quem passava, perguntando se ela não tinha visto sua irmãzinha. Até agora não se saíra muito bem, poucos fora de sua rua tinham avistado "uma garota parecida com ele, mas de vestido e com um laço azul no cabelo" como a descrevera.

Assim seguia pela última direção que disseram que a garota fora. Parou novamente, pedindo mais informação, e deu sorte. O rapaz apontou para uma ruazinha em que a vira entrando e o loiro voltou à sua procura, perguntando consigo mesmo por que é que não havia trazido com ele uma arma. Nunca se podia saber se sua querida irmã estaria em apuros.

~~oOo~~

- Entendo.- Arthur disse, solidário com a garota loira sentada à sua frente.- Então esse tal de Vash não é seu irmão de verdade?

Estavam todos sentados na mesa de Inglaterra. Arthur de frente para a cliente e os outros três hosts - Alfred, Francis e Matthew - ao seu redor. Feliciano estava sentado ao lado de Antonio, um pouco afastados, e os dois prestavam atenção à conversa. Ludwig já havia feito Lovino descer e ambos estavam novamente na cozinha.

- Sim. Eu morava em um orfanato pobre e meu irmão foi com um amigo à uma lanchonete onde eu trabalhava para ganhar dinheiro. Lá nós nos conhecemos e algum tempo depois ele me adotou. Sempre foi gentil comigo e nunca pediu nada em troca e eu... - Ela ruborizou levemente.- Acho que gosto muito dele.

- Oh! Como é belo e inocente o amor de uma donzela!- Francis exclamou, emocionado.- Conte conosco, vamos ajudá-la.

- Obrigada!- Lili abriu um belo sorriso.

Arthur então soltou um baixo risinho e falou com uma voz convencida:

- Neste caso, serei eu a ensinar à senhorita a arte de cortejar. Vocês afastem-se e apenas observem.

- Sério mesmo, Artie? Essa eu quero ver.- Alfred falou com um sorriso malicioso que deixou o inglês um pouco constrangido.

- Tanto faz, vão logo.

- Claro, sinta-se a vontade.- Francis falou e completou mentalmente.- "E quando você não conseguir será minha hora, até lá vamos rir um pouco."

Os irmãos e o francês se afastaram e sentaram-se na mesa mais próxima, observando a atuação do inglês.

- Bem, senhorita Lili, vamos começar a lição. Eu irei ensiná-la como uma verdadeira dama inglesa se comporta ao beber chá.

- Verdade? Isso seria muito bom. Eu e meu irmão sempre bebemos chá juntos.- Falou com os olhinhos brilhando, cheia de expectativas.

Arthur sorriu e segurou um bule de chá que havia sobre a mesa.

- Para começar, uma dama é sempre graciosa e contida. Deve sentar com as costas retas e apoiadas no encosto da cadeira, com as mãos livres repousando sobre o colo.

Lili então se remexeu na cadeira e sentou-se de maneira estranha, tentando fazer como o host dizia.

- Ao servir o chá, o faça com cuidado.- Continuou o inglês.- Sem apressar-se ou derramar uma gota. Quando for pegar a xícara, leve também o pires para junto de você e segure a alça com aprenas os três dedos do meio. Mas sem levantar exageradamente o mindinho, isso é muito rude e desarmonioso. Agora, cuidado para não beber o chá quente demais e queimar a língua. Assopre de forma discreta para ajudar à esfriar o chá. Uma boa dica seria disfarçar o gesto com uma conversa. Mas não deixe esfriar muito, o segredo para tudo dar certo é ter um bom tempo e...

Arthur continuava a comentar sobre o assunto, enquanto Lili tentava fazer o que ele dizia. No entanto, ela parecia muito concentrada para lembrar de tudo e realizava as ações de modo tenso, fazendo com que Arthur tivesse de corrigí-la a todo momento. O resultado disso foi que a garota já estava um pouco tonta quando Francis resolveu que era hora de intervir.

- Inglaterra, pare com isso. Não vê que está sendo muito duro com esta doce donzela?- Francis comentou, indo para o lado de Lili e pegando sua mão.- Está tudo bem, mon ange. Não precisa levar tão a sério esse idiota.

O francês depositou um pequeno beijo na mão da garota, sob a risada alta de Alfred e a cara furiosa de Arthur.

- Ora, quem você está chamando de idiota, seu idiota?! E pare de dar em cima da senhorita Lili! Sabe que ela já é comprometida...

- Não fique mandando em mim, seu punk. Você se diz um cavalheiro, mas não é nada gentil com as mulheres...É só um ex-arruaceiro mesmo.

- O Inglaterra? Um punk arruaceiro?- Alfred, ainda rindo, entrou na conversa.- Não sabia desse seu lado, Iggy!

- Não se intometa nisso, seu devorador de hambúrgeres!- Arthur falou irritado, mas seu rosto adquiriu um discreto tom de vermelho.- E cale a boca, seu bastardo bebedor de vinho!

- Mas eu só estou dizendo a verdade, seu punk.

Francis provocou, iniciando um coro de "punk" junto com Alfred. O inglês ficava repetindo para eles pararem com aquilo e já estava quase partindo para cima dos dois loiros. Os três seguiam com a briga ignorando o espanto e as baixas tentativas de chamar a atenção de Lili, assim como os, ainda mais baixos, pedidos de Matthew. Este ainda agarrou o braço do irmão, mas acabou sendo jogado longe por Alfred e acabou caindo no chão, perto de Lili.

- Me desculpe pela confusão, senhorita.- Disse o canadense se sentando e com a mão na cabeça, que parecia rodar.- Meu irmão e os outros tem muita energia.

Matthew então se levantou e rearrumou seu uniforme. A garota olhou para ele parecendo um pouco espantada, quase como se não tivesse notado o canadense ali antes.

- Ah, tudo bem. Mas quem é você mesmo?- A moça perguntou, um pouco desconcertada.

- Eu sou o Canadá.- Ele repondeu sorrindo.

- Canadá, não deveríamos tentar separá-los?

Ela apontou para o trio, que ainda discutia quase aos gritos. Felizmente, o salão estava quase vazio a essa hora, já que eles atrairam a atenção até de um Antonio bêbado que parou de lamentar-se para observá-los, assim como Feliciano.

- Sim, mas eles provavelmente não vão me escutar se eu tentar impedí-los. Daqui a pouco o Ludwig deve aparecer por aqui para resolver isso. É o que sempre acontece...

Lili nada disse sobre aquilo, mas fez uma cara um pouco triste por ver seu "aprendizado para impressionar seu irmão" interrompido. Canadá percebeu isso.

- S-se quiser eu posso ajudá-la com...

Ele teve sua fala interrompida por um grito mais alto de Arthur.

- Ótimo! Se você acha que pode fazer melhor, vai lá Alfred! Eu quero só ver!

- Eu vou mesmo! Vou resolver o problema dessa senhorita! Pois eu sou um heroi!- Alfred declarou, aproximando dos dois.- Com licença, Matt. O herói vai agir!

Alfred disse, já tirando o irmão da cadeira e se sentando em seu lugar. O canadense ainda tentou protestar, mas foi ignorado, então só restou-lhe conformar-se e ir para o lado de Francis e Arthur assistir a cena.

- Bem, minha bela senhorita, eu sim vou lhe ensinar o que uma mulher de verdade deve fazer para conquistar um homem. Primeiro: deve ser bonita e gentil... Ah, e amável e doce, mas isso você já é!

Falou com o sorriso brilhante como o Sol que fez Lili corar até a raiz do cabelo e até mesmo Arthur piscar os olhos algumas vezes.

- Depois disso: cozinhar, lavar e passar roupa e fazer as tarefas da casa, mas isso não é algo que alguém como eu deva ensinar.- Fez um gesto displicente com a mão na direção dos outros três, fazendo Francis e Arthur se irritarem e Matthews suspirar.- E por fim o mais importante!

Alfred então se levantou da cadeira e cerrou os punhos ao lado do rosto, demonstrando sua empolgação, enquanto mantinha uma expressão de pura seriedade. A moça então percebeu que aquele poderia ser o fator principal para conquistar seu irmão e impertigou-se na cadeira, prestando total atenção e comprimindo os lábios em sinal de que compreendia a importância do momento.

- Uma heroína deve ser salva pelo heroi! Então ela precisa se deixar capturar pelo vilão e gritar por socorro, mas não pode morrer nem bagunçar o cabelo! E ela precisa falar coisas como: "Você nunca vai vencer, seu vilão!" e "Eu sei que meu amor irá me salvar!".

Alfred falava com tamanha empolgação que quase não respirava e tornava muito difícil a compreensão do que dizia.

- E então o heroi, que sou eu ou, no caso, seu irmão, vai te salvar e ai você agradece dizendo: "Meu herói...! Eu sempre soube que você viria!" E os protagonistas trocam um beijo ardente de pura paixão!

A essa altura os olhos do americano já pareciam pegar fogo e ele quase não percebia o que acontecia a sua volta, a cliente também parecia estar em uma dimensão paralela, provavelmente imaginando uma cena romântica com seu irmão. Uma veia latejou na testa de Arthur que tentava se controlar.

- Eu não acredito nisso, nunca ouvi tanta baboseira junta. Como exatamente você pretende colocar essa ideia insana em prática? Quer colocar nossa cliente em perigo?

- Claro que não, meu pequeno Arthie.- Disse como quem se dirigia para uma criança.- Mas se está assim tão preocupado com a segurança da senhorita Lili, você fará o vilão!

- O-o que? Eu nun-...

- Você será o repórter que noticia o sequestro, Francis! Itália fará o assistente do vilão, Antonio será o caixa do banco e eu, é claro, farei o herói!

- O repórter, hã? Parece um papel apropriado...- O francês disse enquanto cheirava uma rosa que parecia ter surgido do nada.

- Veee~~!- Veneziano abriu um enorme sorriso.

LUZ, CÂMERA... AÇÃO!!

Todos estavam escondidos e apenas Lili andava meio constrangida, embora animada, pelo salão da Sekai no Piso, em direção a mesa onde um bêbado Antonio estava com a cabeça deitada.

- C-C-Com licença... Gostaria de fazer um pedido...

-... Amor? É você? Já largou aquele loiro alto lá?- Antonio perguntou baixinho e meio sonolento.

-...- Dessa vez foi Lili que não soube o que responder.

- CORTA!- Alfred gritou.- Arthur, é a sua entrada!

- Eu me recuso a fazer algo tão ridículo!- Disse completamente constrangido o inglês.

- Você não tem essa opção. É a minha vez de ajudar nossa cliente e você, como host, tem a obrigação de colaborar.

Arthur apenas desviou o olhar, ciente de que o americano, dessa vez, estava com a razão.

- Muito bem... AÇÃO!

- I-Isso é um assalto...- Disse vacilante.

- Com mais emoção!- Gritou Alfred através do megafone que havia conseguido para desempenhar o papel de diretor, além do de herói.

- Isso é um assalto, droga!- Também berrou o britânico, irritado.

- Vee, passe toda a pasta!- Itália apareceu atrás de Arthur.

- Oh não!- Lili fez o seu melhor para parecer assustada.- Er... "Você nunca vai vencer, seu vilão!"

- É, tanto faz.- Arthur então puxou uma das mãos de Lili, delicadamente, e saiu de cena, sendo seguido pelo italiano e deixando apenas Antonio para trás.

- Certo, agora trocar para a segunda cena.- O americano comandou e então Francis foi para o meio do salão.

- Senhoras, senhores e senhoritas. Muito bem-vidos a mais um programa, agora vou apresentar as notícias do dia.- Disse, dando uma piscadela sedutora para a "câmera".- Ah sim, parece que mais uma donzela indefesa foi sequestrada pelo punk tarado, capitão Britanian, quem poderá salvá-la?! Agora Francis saí e o herói aparece...

O francês leu um script que estava sendo segurado por América.

- Mas já? Que pena, parece que me tempo já se encerrou. Para todos, au revoir!- Deixou a tal rosa vermelha para trás e saiu da cena.

Voltaram então um estressado Arthur com Feliciano e Lili ao seu lado. O inglês deixou a dama em um canto e colocou as mãos dela para trás, como se estivessem amarradas.

- "Eu sei que meu amor irá me salvar!".- Lili disse, lembrando das falas de Alfred.

- Me chamou, minha bela princesa!?

O americano apareceu com uma capa vermelha ao redor dos ombros que arrancou um revirar de olhos do britânico e uma aprovação do francês.

- Meu herói!- Disse a moça, com os olhinhos brilhando, provavelmente imaginando outra pessoa naquele lugar.

- Não se preocupe, eu irei te salvar!

Ele então se aproximou de Arthur e Feliciano. Este saiu correndo e choramingando, enquanto gritava que os americanos tinham chegado. já Arthur apenas suspirou e esperou para ver o que o mais alto faria, no entanto não podia imaginar que ele o pegaria no colo e diria: "Ha, eu capturei o vilão!" Enquanto o carregava rodopiando pelo salão.

Começou a se debater para sair dos braços do americano, mas, como este era mais forte, tudo o que conseguiu foi levar os dois para o chão junto com um pobre Matt que tentava parar o irmão.

-...- Lili ficou vendo a cena. Canadá, América e Inglaterra se socando no chão (Sim, até Matthews, afinal paciência tem limite, até a de um canadense). Veneziano e Antonio em uma mesa, o primeiro tentando se esconder de maneira muito ineficaz e o segundo parecendo começar a acordar, mas sem entender nada do que acontecia.

E, por fim, à sua frente estava Francis, que lhe estendia a mão e a puxou para perto de si dizendo: "Parece que eu mesmo terei que cuidar de você..."

- O que está acontecendo aqui!?!

O grito de Ludwig pareceu congelar toda a cena por alguns segundos, antes que todos voltassem a mesma confusão de antes. Passaram alguns minutos até que o germânico conseguisse colocar ordem no Host Club e voltasse para a cozinha, seguido por Romano, que dera uma bronca em seu irmão mais novo.

- Sua tentativa foi um fracasso.- Disse o ainda irritado Matthew para o irmão.

- É, mas a culpa é de vocês que não sabem desempenhar seus papeis.- O americano fez um bico teimoso, sem querer admitir a derrota.

- Deixando a lamúria dos perdedores de lado, é a hora de moi assumir o comando e colocar um fim definitivo nessa história. Venha comigo, bela flor do campo. - Francis guiou Lili pela mão.

- Isso não pode dar certo...- Disse Arthur, preocupado com sua cliente.

- Com certeza não!- Alfred concordou, sorrindo divertido.

- Nem pensar.- O canadense complementou, mais calmo.

Os três então decidiram segui-los para vistoriar o que o francês pretendia fazer. Francis sentou com a moça em sua própria mesa, com as cadeiras próximas (um pouco demais até).

- Bom, você já ouviu os conselhos desses dois idiotas.- O loiro apontou para Alfred e Arthur, que lhe lançaram olhares irritados.- E apesar de idiotas, até que tem razão em alguns pontos... Mas! Eles não falaram do principal!

Francis se aproximou de Lili com um sorriso charmoso até seus rostos quase se tocarem. O gesto fez com que a moça corasse fortemente recuando o rosto um pouco, e só não se afastou dele porque cairia da cadeira.

- Para se conquistar alguém, o mais importante é seduzir a pessoa.- Ele continuou, voltando a sentar-se direito e piscando.- Assim, com uma aparência linda como a sua, qualquer um pode cair de amores por você, mon ami.

- E c-como é que eu faço isso?

Lili perguntou, ainda um pouco abalada pelas investidas de Francis, mas com os olhos brilhando de expectativa. Se conseguisse dominar aquela técnica como o loiro, tinha certeza que conquistaria seu irmão!

- Isso é fácil, mon cheri. Você disse que seu irmão é muito sério, certo?

A garota confirmou com a cabeça. À essa altura, o francês tinha toda a atenção, não apenas dela, mas também dos outros cinco. Feliciano e Antonio tinham até se aproximado deles para ouvir melhor, sendo que o último estava meio cambaleante e tinha que se apoiar no italiano para não cair.

- Então, o melhor modo de atraí-lo seria fingir-se de magoada. Fale alguma coisa como: "Por que você faz isso? Não vê como eu me sinto?" ou então "O que eu preciso fazer para você me notar?"

Enquanto Francis falava, Lili foi ficando pensativa. Nunca tinha imaginado aquilo.

- Se você conseguir fazer uma cara triste enquanto fala isso, será melhor ainda. O segredo para uma boa sedução são os gestos. Mas se isso não der certo, parta para a agressividade mesmo. Declare-se para ele de modo a não deixar dúvida e não deixe-o esquivar-se até ele entender.

- M-mas como eu faria isso?

- Isso é fácil. Assim.

Francis se levantou, virando-se para Antonio.

- Antonio. Desde o momento em que eu olhei para você, não pude conter meu coração!

- Hã? O q...

Um confuso e tonto Antonio teve sua fala interrompida por Francis. O francês o puxou pela mão, encostando seus corpos e dando-lhe um ardente beijo. A ação deixou todos sem palavras ou reação. Antonio acabou se desequilibrando e quase foi ao chão, o que não aconteceu somente pois Francis o apoiou, passando os braços pelas suas costas, sem interromper o beijo.

A cena pareceu congelar-se por um momento, até ser repentinemente interrompida por um alto barulho e uma macaneta voadora acertando a cabeça de Francis.

- O. Que. Vocês. Estão. Fazendo. NA FRENTE DA MINHA IRMÃ, SEUS VAGABUNDOS!!!!!

O rapaz loiro finalmente chegara no Host Club. No início aparentara uma calma assustadora e depois uma raiva incomparavelmente mais assustadora. Os Hots mantiveram-se sem reação vendo-o colocar as mãos nos bolsos, à procura de algo que aparentemente não encontrara, e logo depois, partir enfurecidamente para cima de Antonio, visto que Francis já estava desmaiado no chão.

O Caos então começou. Kiku aparecera da recepção e tentou segurar o invasor, levando um soco deste e sendo jogado longe; Francis estava inconsiente e sendo carregado para longe da confusão por Matthew; Lili ainda estava sem reação e se perguntava como o irmão a tinha achado. Arthur tentou separar o rapaz loiro de Antonio, que na atual situação não tinha condição nenhuma de se defender, mas também acabou atigindo. O invasor, apesar de baixo, era bem forte e estava com tanta raiva que ninguém conseguia segurá-lo.

Pelo menos até Alfred se meter na briga. Ele amparou Arthur quando este foi acertado e depois partiu na direção do loiro, começando uma briga acirrada, mas em que o americano parecia levar vantagem. Alheio a tudo, Feliciano corria, desesperado, e gritava coisas como: "Salvem a pasta!" e "Os ingleses estão vindo!".

- AGORA JÁ CHEGA!!!

E para completar a cena, chegou Ludwig, que já tinha perdido totalmente a paciência com a situação. Lovino passou correndo pela porta da cozinha e uniu-se ao gêmeo na correria desesperada.

~~oOo~~

Muito tempo, socos e explicações depois...

Todos estavam sentados em volta de duas das mesas da Sekai no Piso, com exceção de Ludwig que estava andando de um lado para o outro na frente de todos, tentando mantê-los calmos e esclarescer as coisas.

- Vamos ver se todos entenderam.- Começou.- A senhorita Lili desapareceu do quarto à noite.- Olhou para Vash que confirmou com a cabeça, ainda aborrecido, porém bem mais calmo, com alguns curativos improvisados no rosto.- E depois veio para cá, pedindo para ser atendida pelos Hosts.

Essa foi a vez de Kiku assentir, ajudando a cuidar dos ferimentos de Alfred.

- E vocês causaram toda aquela confusão e barulho tentando atender aos pedidos dela.- Olhou então para Alfred, Arthur e Matthew. O primeiro também estava com alguns curativos. o segundo olhando emburrado para o chão e o terceiro tentando usar suas habilidades especiais e desaparecer. Todos confirmaram juntos, sabendo que seria mais fácil do que tentar discutir com o alemão.- Aí o França teve a brilhante ideia de BEIJAR o nosso outro cliente na frente da senhorita.

Francis ainda estava meio zonzo devido à "maçanetada" que levara na cabeça, então nem pôde responder.

- E o irmão dela chegou e atirou a maçaneta na cabeça dele. Isso foi tudo?

O dono do lugar não obteve respostas, então aceitou como uma afirmativa. Virou-se, finalmente, para Lili.

- A senhorita tem algo a dizer a respeito de tudo isso?

- E-Eu...- Ficou extremamente nervosa ao ver que todas as atenções eram para ela naquele momento. Em especial a atenção de seu irmão.- Eu tenho!- Decidiu que aquele era o momento de agir, não deixaria que toda aquela noite fosse perdida.- Onii-chan!

Virou-se para Vash que a olhou surpreso e interrogativo.

- Por favor, não culpe nenhum deles. A culpa foi toda minha por vir aqui pedir ajuda e eu fiz isso porque... Porque eu gosto muito de você Onii-chan!

Aquele momento pegou todos de supresa, fazendo um grande silêncio se abater sobre o local. À essa altura a moça já estava completamente vermelha, mas sabia que não poderia parar.

- O Onii-chan sempre foi muito bom para mim e eu sinto que nunca pude retribuir tudo isso. Então pensei que se viesse aqui, poderia aprender como ajudá-lo. Vim em segredo pois não queria preocupá-lo e achei que talvez não concordasse com a ideia, então achei melhor fazer uma surpresa, mas tudo deu errado. Perdoe-me, Onii-chan, a culpa é toda minha!

Lili então abaixou a cabeça, com os olhos lacrimejando. Os hosts acharam melhor não se meterem naquela conversa e ficaram apenas observando. A expressão do suiço se amenizou aos poucos e ele até mesmo abriu um sorriso muito bonito, mesmo que quase imperceptível, combinando com seu rosto levemente corado.

- Não se preocupe, Lili. Você não precisava ter feito isso, você também me ajuda sempre e...- Olhou para o outro lado e completou em uma voz quase inaudível.- Eu também gosto de você.

E em uma noite de tantos sorrisos bonitos, Lili, naquele momento, sorriu da maneira mais linda de todas e abraçou o seu irmão. Este ficou um pouco mais corado e, meio sem jeito, retribuiu o gesto.

Logo depois Lili se despediu dos hosts e os dois saíram do local, de mãos dadas e parecendo contentes. Os outros os observaram satisfeitos que, apesar de toda a confusão, haviam conseguido cumprir o trabalho pedido com sucesso e lucro. Mesmo que a cliente houvesse esquecido de pagar... pela maçaneta quebrada.

Bem, Ludwig decidiu deixar esse assunto para depois. Não estava com ânimo para encarar aquele loiro doido e mal-humorado outra vez.


~~oOo~~

- E o que fazemos com esse daqui, Ludwig-san?

Kiku perguntou, apontando para um Antonio desmaiado em cima de uma mesa. O alemão comprimiu os olhos e massageou a testa, prevendo uma futura dor de cabeça.

- Coloque-o no segundo andar por hoje. Ele não vai ter mesmo condições de ir para lugar nenhum agora. Mais tarde acertamos a contas com o sujeito.

O japones assentiu, começando a carregá-lo e, com a ajuda de Feliciano, levaram Antonio escada acima.


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Notas finais do capítulo

Yo! :-D
À quem por acaso estiver lendo isso... Peço perdão pela demora, eu sinceramente não tenho desculpas para isso, além de falta de tempo/criatividade mesmo. :-/
E espero que todos tenham gostado!
Até a próxima! o/