The Last Time escrita por sankdeepinside


Capítulo 34
I'm left in the wake of the mistake slow to react


Notas iniciais do capítulo

Ol´´aá´´aáá´! Mais uma vez, mil perdões pela demora gente! AInda nem respondi as reviews *passei a tarde namorando um livro e n deu pra vir responder elas, mas vou responder agora!*
Não vou enrolar aqui, só queria agradecer a vcs pelo carinho e por continuarem aqui, e pela quantidade de reviews tb UHU sério gente, tem capitulo aí pra trás q eu acho q se tiver uma review é muito, mas mesmo assim eu estou muito contente por estarem aqui hj. Estamos pertinho do fim, bem pertinho mesmo, ainda mais pq o Nyah vai excluir nossa categoria daqui há alguns dias e isso deixa um gosto melancólico slá. Mas vou postar a fanfic em outro site e deixar o link dela no meu perfil, caso alguém ainda queira matar a saudade dela.
Beijinhos pra minha beta Snow_Angel q teve q me aturar enchendo o saco dela durante esse fim de semana.
Enfim, espero que curtam o capítulo
Boa Leitura
Beeijos



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Anna corria o mais rápido que suas pernas conseguiam, não podia ser pega. Assim que avistou Luke Strauss saindo da viatura pela janela soube que estava acontecendo, era ele quem estava encarregado do caso de Talinda. Mike a denunciara. Enquanto fugia sentia as lágrimas de decepção e raiva escorrendo pelo seu rosto, devia ser culpa de Anita. No fundo tinha certeza que era culpa de Anita.

Conseguiu sair do prédio sem ser vista pela saída de emergência. Os policiais não imaginaram que ela os teria visto e vieram em pouca quantidade, escapar não havia sido muito difícil. Além disso, ela não pegara suas coisas da casa de Mike, eles pensariam que ela teria dado uma saída rápida e provavelmente a esperariam ali por algumas horas, antes de se darem conta da fuga.

Assim que desceu as escadas que davam para o estacionamento, jogou os cabelos para trás e colocou o capuz do casaco sobre a cabeça. Sua respiração estava acelerada pela corrida e pelo medo, podia ouvir a voz dos policiais começando a entrar pelo estacionamento. Apressadamente se jogou para dentro do carro e saiu dali, antes mesmo que os policiais pudessem vê-la.

Depois de dobrar a esquina, acelerou o carro quase que desesperadamente, não estava raciocinando direito, mas estava possuída de raiva. Enquanto o carro andava, enfiou uma das mãos na bolsa e sentiu o objeto metálico e pesado ali dentro que guardara por precaução há alguns meses. Era hora de colocar um fim naquilo.

**

Anita pagou a corrida ao taxista e ligou o número de Kady no interfone, não houve resposta, só então ela se lembrou de que a essa hora a amiga deveria estar na fábrica. Pensou em ir lá e matar a saudade de John e do restante da equipe, mas já estava cansada e não queria pegar mais nenhum táxi.

Caminhou até a portaria para que o porteiro abrisse o portão para ela, mas ele não estava ali, provavelmente tinha ido ao banheiro ou algo do tipo. Sua única opção era aguardar que ele voltasse.

A loira deu ombros e resolveu dar uma volta pelo quarteirão enquanto o porteiro não voltava. A tarde estava quente, mas isso não a incomodou logo a princípio, um pouco de sol lhe faria bem. Caminhou pela calçada e não avistou nada de especialmente belo, tudo era extremamente comum, as calçadas de concreto, a grama seca rente à parede do prédio, até mesmo os poucos cidadãos que circulavam a pé pelo bairro. Diferente dela, nenhum deles parecia muito satisfeito com o calor.

Anita fechou brevemente os olhos e voltou o rosto para o céu enquanto caminhava com as mãos nos bolsos da calça, era agradável sentir aquele sol morno formigando sobre a pele de seu rosto, fazia com que se lembrasse de sua casa no Arizona, lá era sempre quente.

Só então ela se deu conta de que não tinha um lar, há muito tempo não sabia o que era o aconchego de uma casa. Por mais que tivesse tido apartamentos e alugado uma porção de quartos, nenhum deles a fizera se sentir parte daquele ambiente. A estrada tinha sido sua casa por muito tempo, mas agora não tinha motivos para correr para lugar algum, e aquilo soava um pouco decepcionante. Sentia falta de andar com Charlotte pelas rodovias e fazer com que marmanjos ficassem meio desnorteados ao verem uma garota andando sozinha pelo país sobre duas rodas. Mas mesmo que ainda tivesse Charlotte, mesmo que ainda precisasse fugir de Drew, não o faria. Sua casa não era mais a estrada, não era mais um lugar, e sim um “alguém”.

Anita sorriu sozinha, mas seu sorriso durou apenas um milésimo de segundo antes de ter seus cabelos puxados para trás com força. Ia gritar quando algo gelado e metálico foi encostado à pele de suas costas por baixo de sua camiseta larga.

- Grite e eu deixo você caída para que os gatos bebam seu sangue de vadia.

A voz que soou rente à sua orelha era um sibilo entre dentes cheio de ódio e rancor, rouco e arrastado, mas terrivelmente familiar.

- Anna...

- Shhh... – Empurrou Anita para outra direção, fazendo com que ela voltasse alguns metros atrás. Anna abriu a porta do carro e ralhou. – Entra e passa para o banco do motorista. – Anita estava tremendo por completo, “Não, não, isso de novo não”, pensou. – Anda Bennington!

Anita engoliu seco, e então a obedeceu.

**

Cláudia chegou em casa e Anita não estava lá, suspeitou de que estivesse com Chester, ou com Mike, mas resolveu não ligar para ela por ora, Anita precisava de seu tempo, assim como ela também precisou.

Almoçou sozinha sentada no sofá, estava tentando não pensar na noite anterior, mas era impossível. Rob nunca lhe parecera tão humano quanto naquele breve instante em que irrompeu pela porta e beijou seus lábios, por um segundo foi como se tudo fizesse sentido outra vez, ele ali, tão perto. Mas foi apenas um segundo.

Kady se levantou e colocou o prato vazio sobre a pia, depois foi tomar um banho para ir para o trabalho. Enquanto a água morna escorria lânguida pelo seu corpo ela se pegou lembrando-se de Rob novamente. Os cabelos cor de chocolate, macios, se emaranhando por entre seus dedos, a barba curta roçando em seu pescoço e o som rouco daquela voz pronunciando seu nome.

Kady fechou a torneira imediatamente e passou as mãos pelo rosto.

- Para Cláudia, para! – Robert a magoara muito, além disso, ele não tinha mais interesse naquela relação. Talvez estivesse se sentindo culpado por tê-la magoado e não queria que ela continuasse assim, mas para Kady ele não precisava fazer nada disso, pelo contrário, isso só piorava as coisas.

Deixou um bilhete na geladeira, caso Anita aparecesse antes de chegar da fábrica ela saberia se virar, depois disso saiu.

- Parece bem hoje, Cláudia. – John bateu ponto logo depois dela.

- Ah obrigada John.

- Mas... Sua cabeça está bem longe, aconteceu alguma coisa?

- Oh, nada demais, mas acho que vai gostar de saber que a Anita está na cidade.

- Isso é sério? E aquela tratante nem veio dizer oi pros velhos amigos. – O asiático franziu o cenho emburrado, o que fez Kady rir.

- Ela está com alguns problemas Lee, mas acho que ela logo vem aqui pra te dar um beijo. Acho, aliás, que ela talvez até peça o emprego de volta...

- O quê? Isso é sério? Por que vocês nunca me contam nada?

- Estou contando agora!

Os dois entraram na fábrica e seguiram para seus devidos postos, um pouco de trabalho sempre era bom para preencher uma mente inquieta.

Ficou até um pouco depois de seu turno, só não ficou mais por que Anita talvez estivesse precisando dela. Tirou o jaleco branco e soltou os cabelos castanhos, levou um pequeno instante para chegar ao carro, estava caminhando devagar para sentir a brisa fria que corria e arrepiava levemente os pelos de seu corpo, era uma noite sem estrelas.

Dirigiu com calma de volta para casa, não estava muito cansada, assim que chegou percebeu uma movimentação estranha do lado de fora, mas não deu muita importância, deixou o carro na garagem e pegou o elevador para seu andar.

Entrou em casa, tirou os sapatos e se espreguiçou, mas logo um barulho de multidão vindo lá de baixo a deixou um pouco incomodada.

- Mas que merda é essa? – Foi em direção à janela, mas assim que chegou na varanda ficou ainda mais difícil de compreender o que estava acontecendo.

Uma porção de pessoas estava do outro lado da grade do prédio, se espremendo e gritando, só então ela notou o motivo do alvoroço, estavam do outro lado da grade Mike Shinoda, Brad Delson, Joe Hahn, Chester Bennington, David Farrell e... Os olhos dela procuraram curiosos por ele, mas não, ele não estava ali. Claro que não estaria, provavelmente aquilo era um pedido de desculpas de Mike para Anita.

Abriu um sorriso e acenou para os rapazes que só então notaram que ela estava ali. Rapidamente eles trocaram olhares e então começaram a tocar.

- Não! – Kady agitou os braços tentando fazer com que eles parassem, mas pareciam cegos. – Ela não está aqui seus idiotas! – Resmungou consigo mesma.

Mas eles continuaram mesmo assim, Kady não viu outra opção a não ser se escorar na varanda e apreciar a melodia, era uma música linda, uma das que mais gostava de ouvi-los cantando.

I woke up in a dream today

To the cold of the static

And put my cold feet on the floor

Forgot all about yesterday

Remembering I'm pretending to be where I'm not anymore

Acordei de um sonho hoje

Para o frio da atmosfera

E coloquei meu pé no chão frio

Esqueci tudo sobre ontem

Lembrando que estou fingindo estar onde não estou mais

Se pegou acompanhando a letra, assim como a pequena plateia atrás da grade, depois de tanto tempo ainda conhecia cada palavra daquela música. Era gostosa e tinha um conteúdo que soava familiar aos seus ouvidos. O amor da música era um amor que ela conhecia perfeitamente.

Fine line between this and that

When things go wrong

I pretend that the past isn't real

Now I'm trapped in this memory

And I'm left in the wake of the mistake slow to react

Uma trégua sobre isso e aquilo

Quando as coisas saem erradas

Eu finjo que o passado não é real

Agora, estou preso nessa memória

E estou na vigília do erro, lento para reagir

A campainha inesperadamente tocou e a despertou de seu transe, devia ser Anita. Correu para a porta animada.

- Até que enfim! Estava perdendo sua seren... – As palavras foram sumindo de sua boca à medida que abria mais a porta, sentiu o coração pulsar enlouquecido dentro do próprio peito.

Robert segurava um... Um... Um cano? Um sorriso incrédulo escapou de seus lábios. Ele esboçou um sorriso nervoso e passou a mão livre pelos cabelos longos.

- Oi – Disse um pouco embaraçado.

- Oi. – Ela retribuiu, mas já um pouco menos animada do que seu primeiro sorriso ao vê-lo ali. – O que veio fazer aqui?

- Ahm...,Não é óbvio? – Ele corou um pouco mais. – Oh, isto é pra você. – Estendeu o cano branco e comprido para Kady, em seu topo havia um buquê de gardênias.

Kady pegou o objeto com uma expressão engraçada em seu rosto.

- Um cano?

- Sim... Eu queria trazer só as flores, mas o Brad que teve a ideia então... Será que eu posso entrar?

- Claro.

Kady abriu espaço para que ele entrasse, Rob se sentou e sorriu para ela.

- Gosta da música? – Ele apontou para a janela.

- Bom, acho que está faltando alguma bateria nela, mas ainda assim é uma excelente música.

Robert riu pelo nariz.

 - Acho que o baterista tem algo mais importante a fazer hoje.

Kady estremeceu e sua voz falhou levemente.

- Importante tipo o quê?

- Importante tipo pedir desculpas por ter sido um cuzão com a mulher mais linda desse mundo. – Kady sorriu entristecida e abaixou os olhos. – Olha eu sei que eu estraguei tudo, eu fiz você duvidar muitas vezes do que eu sentia por você, eu fui um namorado desatencioso e ao invés de tentar melhorar, eu só continuei sendo um idiota sem nem me importar com você, e isso foi um erro terrível.

- É... – Kady não sabia o que dizer, nem esperava por aquilo, piscou várias vezes, sentia os olhos ardendo com as lágrimas querendo despontar. – Eu odiei você por isso.

- Eu sei. – Rob também estava nervoso suas mãos suavam e então ele se levantou, ficando de frente para ela, – Me desculpa?

Kady baixou a cabeça e sentiu as lágrimas descendo silenciosas pelo seu rosto.

- Qual a razão de tudo isso Robert? – Kady sacudiu o cano no ar. – Eu não entendo! Eu já me sinto mal o suficiente sem você aqui tentando forçar a barra. Eu não consigo ser só sua amiga. – A respiração dela ficou difícil. – Acho melhor ir lá pra baixo e tocar com seus amigos, Anita vai preferir que tenha um baterista na serenata dela.

- O QUÊ? – Rob agitou a cabeça tentando pensar com clareza. – Você não entendeu não é? – Ele tomou o cano das mãos dela quase com grosseria e o atirou para longe, depois pegou ambas as mãos dela, Kady já soluçava. – Olha pra mim Cláudia, olha, por favor... – Com um pouco de relutância ela levantou os olhos para ele. – Eu amo você, a serenata foi ideia do Brad ele achou que ficaria mais fácil de me perdoar se tivesse música. Isso não é pra Anita... Isso é pra você.

Os olhos de Kady se abriram surpresos, Rob não sabia direito como lidar com aquela situação, em sua mente o perdão tinha vindo mais fácil. Ele deu alguns passos nervoso pela sala.

Kady não conseguia dizer nada, chorava com tanta força que sua cabeça doía, isso tudo era real?

- Desculpa, isso foi idiota. – Rob chutou o cano para um canto e foi até a janela, fez um sinal com as mãos e a música cessou, em seguida atravessou a sala a passos rápidos, mas antes de sair parou na porta e olhou para trás, Kady ainda olhava para outra direção. – Me desculpe, não vou te perturbar mais.

Em seguida a porta bateu e Kady estava sozinha novamente. Um soluço alto escapou por sua garganta, não tinha certeza se aquilo tudo era real ou se era um sonho, Rob realmente fizera tudo aquilo para ela? Virou-se para trás e olhou para a porta por um longo instante, não havia mais nenhum som além dos soluços dela e da plateia de última hora lá embaixo. Kady então sentiu suas pernas começarem a se movimentar, seu corpo já estava agindo por si próprio, indo atrás do que mais amava. Abriu a porta e o avistou com a cabeça encostada na parede e os olhos fechados, esperando pelo elevador.

- ROBERT... – Ele imediatamente abriu os olhos e ergueu a cabeça, Kady correu até ele e o encarou direto nos olhos por um longo instante – Você... Você esqueceu seu cano.

Rob sorriu e suspirou com extremo alívio, deslizou as costas da mão pela maçã do rosto da morena e em seguida chocou seus lábios com os dela com tal força que Kady cambaleou um pouco para trás. Ela abraçou-o apertando as mãos em suas costas e vagarosamente a língua dele percorreu sua boca, ela já mal conseguia saber se estava mesmo viva. Estava entorpecida pelo sabor da boca dele, pelo toque macio dele em sua pele, pelo aroma dos cabelos cor de chocolate, por todo o turbilhão de sensações físicas e emocionais que acabaram de atropelá-la.

Rob a empurrou sem muita gentileza contra a parede e o beijo ficou ainda mais intenso, ele apertou a extensão da silhueta dela apenas para ter certeza de que realmente era ela ali. Quando o ar faltou se separam e Cláudia segurou o rosto dele entre as mãos.

- Eu te amo Rob, eu nunca parei de amar.

Trocaram outro beijo, menos feroz do que o primeiro, mas sem menos paixão. Dessa vez Rob não ia se permitir a estragar tudo novamente.

**

Chester voltou para casa depois da serenata de Rob para Kady, estava contente por tê-los ajudado a se reconciliarem. Mike parecia um pouco mais aliviado e pretendia ir até a casa dele no dia seguinte, hoje já estava cansado e pretendia escrever algo que estava em sua mente depois de colocar as crianças para dormir. Fazia algum tempo que não escrevia alguma canção.

Após estacionar o carro percebeu um movimento estranho dentro da casa e um arrepio lhe percorreu a espinha, da última vez que percebera algo assim na casa foi quando encontrara Talinda a beira da morte. Chester apertou os dentes e sentiu sua respiração pesar, de repente estava em pânico. Olhou para o espelho retrovisor por acaso e a viu novamente. Os cabelos longos, lisos e escuros vindo até abaixo dos seios, o nariz pontudo, os olhos escuros e um sorriso doce que parecia reluzir. Voltou-se rapidamente para trás, não havia nada ali.

- Ótimo Chester, agora você está vendo gente morta.

O som de algo se quebrando e um grito rapidamente abafado fizeram com que ele despertasse novamente. Havia mais alguém na casa. Discou rapidamente para o 911 pedindo ajuda para uma possível invasão domiciliar e em seguida saltou depressa do carro.

Ali na sala uma bagunça imensa estava feita, muitos objetos quebrados, o vidro de um dos discos de ouro havia sido trincado e uma sutil mancha de sangue estava ali, a mesa de centro estava tombada para um lado e só então notou que havia alguém escondido atrás dela.

- Quem está aí? – Chester disse baixo e foi surpreendido com Tyler, que ao reconhecer a voz do pai veio correndo visivelmente assustado.

- Papai! – O garoto ofegava.

Chester agachou e examinou a criança.

- Tyler, o que aconteceu aqui? Está machucado?

O garoto agitou negativamente a cabeça e começou a falar.

- Ele ainda está aqui... Com a Elle... Ele está machucando ela!

- Quem?

- Eu não sei quem ele é.

- E suas irmãs?

- A tia Sam as levou quando veio buscar Draven e Jaime.

- E a Elle?

- Acho que ainda está lá em cima

Chester apertou os dentes e agitou a cabeça nervoso, depois levou o menino até o banheiro.

- Tyler, olha pra mim, se esconda aqui okay? Vou trancar a porta, mas não fique com medo, a chave está comigo e assim ninguém entra aqui pra te machucar okay?

Tyler concordou nervoso com a cabeça e abraçou Chester com força, em seguida entrou no banheiro e se encolheu dentro da banheira vazia.

Chester passou a chave na porta e subiu os degraus a passos largos, ali em cima não havia ruído algum. Apurou os ouvidos e seguiu caminhando com cuidado pelo corredor. Abriu a porta do quarto de hóspedes e não havia nenhum sinal de Mirielle ali. Fez o mesmo com os demais cômodos dali de cima e o resultado foi o mesmo. Estava começando a se desesperar quando um soluço vindo de um dos armários denunciou aquilo que ele buscava descobrir. Abriu a porta rapidamente e o corpo de Mirielle foi jogado contra o seu e um homem alto saiu correndo.

- Você está bem? – Chester segurou Elle pelos ombros, ela não conseguiu responder. Estava muito machucada e uma ferida em sua testa fizera com que metade de sua face ficasse rubra de sangue, os cabelos ruivos estavam emaranhados e empapados de suor, estava apenas parcialmente lúcida.

Chester colocou-a sentada no chão e saiu correndo na mesma direção que o homem que saíra. Viu seu vulto correndo pelo jardim e o seguiu mesmo sem muitas esperanças de alcançá-lo. Por sorte, a polícia chegou assim que ele tentava escalar o portão e o homem foi apreendido, porém não sem certa relutância.

Os policiais tentaram fazê-lo falar, mas ele só falava em francês, esperneava e gritava palavras que eles desconheciam.

Os policiais entraram na casa para checar se não havia mais ninguém ali, Tyler foi destrancado e Elle recebeu os primeiros socorros ali mesmo. As lesões apesar de muitas, eram pequenas e poderiam ser tratadas na casa.

Chester deixou-a adormecida em sua cama e desceu para conversar com o delegado.

- Conseguiram identificar o tal cara? – Chester falou para o delegado enquanto pegava Tyler no colo e o abraçava.

- Sim, o nome dele é Louis Cabret, é um traficante de pessoas. O que ele estava fazendo aqui na sua casa Sr. Bennington?

- Eu não sei...

- E a sua amiga, por que ele machucou apenas a ela?

- Ela é minha prima Anita, é da família. E eu não faço ideia do que ele veio fazer aqui, talvez ele a confundiu com outra pessoa.

- Hum, pode ser. – O delegado arqueou uma sobrancelha e olhou rapidamente para toda a casa. – Bom, o resto nós demos uma olhada, não há mais ninguém aqui.  Acha que já podemos deixá-los?

Chester confirmou com a cabeça e depois disso os oficiais foram embora. Após colocar Tyler na cama, o garoto olhou bem para Chester e disse:

- Papai, por que disse que a Elle era a tia Anita?

- Pra proteger ela Ty... Agora é melhor dormir, teve uma hora difícil ali embaixo.

Depois de apagar a luz do quarto do garoto, Chaz ainda ficou ali na porta observando-o adormecer. Tyler estava crescendo rápido, talvez rápido demais para Chester.

Não conseguiu deixar de pensar na visão que tivera de Talinda, teria algo a ver com aquilo?

Chester agitou a cabeça, talvez estivesse ficando louco. Caminhou para o próprio quarto, mas se deparou com a porta do quarto de Elle aberta.

- Mirielle? – Chester a chamou.

- Estou aqui. – A voz dela veio do banheiro e Chaz seguiu até onde ela estava.

A jovem ruiva fitava a si mesma no espelho, estava fraca e parecia que ia cair a qualquer instante, mas recusou quando Chester se ofereceu para segurá-la. – Eu preciso ir embora daqui Chester, comigo aqui sua família inteira está em perigo. Eu não posso fazer isso com você, não depois de tudo que fez por mim.

- Quem era aquele cara?

- Ele é um dos homens que me trouxe aqui para a América, ele é muito perigoso.

- Eu não vou deixar que vá embora, pelo menos não assim, não agora.

- Eu não posso ficar aqui, e você sabe disso.

Chester mordeu o lábio.

- Eu não quero que você vá. Se você for eu provavelmente vou surtar de novo e...

Elle segurou uma das mãos dele e esboçou um sorriso, que mais pareceu com uma careta de dor.

- Não vai nada, você é mais forte do que pensa Chaz. Eu realmente estava gostando de ficar aqui sabe? O sol, as crianças, ver você caminhando seminu pela casa... – Chester riu. – A gente se acostuma com essas coisas boas sabe? Mas eu sou um ímã pra coisas ruins, não posso deixar que as coisas que eu atraio atinjam vocês também. - Chester balançou negativamente a cabeça, ele conhecia a sensação que ela estava sentindo. Ele acariciou a face machucada dela e sentiu uma atração muito intensa ali e logo chegou seu corpo para ainda mais perto dela.

- Você não vai a lugar algum.

O olhar de Mirielle o devorou sem piedade, era óbvio que ela também o desejava. Chester aproximou o rosto do dela, a boca de Elle se abriu em um convite que ele rapidamente aceitou. Chester sentiu-a sugando seus lábios e suas línguas se entrelaçando com luxúria. Ele a segurou pela cintura e ela correspondeu agarrando ambos os seus braços. Era bom sentir o sabor de uma mulher outra vez.

**

A cidade de Los Angeles tinha ficado para trás há quase três horas, o sol já se punha e a estrada era iluminada por postes e faróis apressados de outros carros. Anna estava tão apreensiva que chegava a soar paranóica às vezes e seu revólver tinha Anita na mira o tempo todo.

Anita estava com medo, mas não tanto medo quanto sabia que sentiria na hora em que aquela viagem terminasse, precisava pensar em algo.

- Anna...

- Cale a boca, odeio o som da sua voz.

Okay, a tentativa de confraternizar não daria certo com ela. Anita engoliu seco outra vez e tentou procurar na estrada algo que pudesse ajudá-la a fugir. Tantas pessoas na rodovia e ninguém poderia adivinhar que ela precisava de ajuda, não podia gritar e ninguém era vidente para compreender o que seus olhos castanhos arregalados significavam.

- O que vai fazer comigo? Já está sendo procurada por um assassinato...

- CALA A BOCA! CALA A BOCA! – Anna gritou tão repentinamente que Anita se assustou.

Anita já não estava aguentando mais, precisava encontrar uma saída. Em um determinado trecho da estrada, a saída veio.

Anita olhou apreensiva para Anna, os olhos da morena fitavam a estrada, mas seu pensamento parecia em outro lugar, àquela era a hora.

Em um movimento brusco, Anita puxou o volante do carro de uma única vez, levando o carro a girar na pista e derrapar no declive após o acostamento. O susto, a arma de Anna deu um disparo. O carro rolou completamente duas vezes até atingir a parte plana abaixo da pista.

Anita conseguiu abrir a porta e rastejar para longe do carro, virou de barriga para cima e uma dor excruciante tomou conta de seu corpo. Levou a mão ao ombro e esta voltou brilhante de sangue, a bala havia atravessado sua clavícula. Balbuciou palavras ininteligíveis por causa da dor e então se lembrou de Anna. Fez um esforço para se colocar de pé e cambaleou até o carro. Estava vazio. Anita começou a resfolegar de medo.

- Por favor, esteja morta, por favor, esteja morta, por favor... – Anita sussurrou para si mesma enquanto circulava o carro, mas logo o estalido da arma sendo engatilhada atrás de sua cabeça a fez ficar imóvel outra vez.

- Oh querida, você nunca desejou tanto que eu estivesse morta como vai desejar agora.


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Notas finais do capítulo

Não consegui pensar em nenhuma piadinha legal hoje gente, sei lá, mil tretas mano -q
O próximo capitulo ta vindo mais depressa do que imaginam!
Espero que tenham gostado
Beeijos!



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