The Last Time escrita por sankdeepinside


Capítulo 11
I'm about to break


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou enooooooorme LOLOLOLOL ***por favor não durmam no meio dele xD***
Eu me empolguei na hora de escrever e ai saiu essa coisa gigante.
Não me matem depois desse capitulo
Espero que gostem
BjBJ
PS: PASSEI NO VESTIBULAR LOL



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/157966/chapter/11

Eram 3h da manhã quando tocaram na campainha de Anita, ela colocou o travesseiro sobre a cabeça e ignorou o som agudo que vinha da entrada, quem sabe se ela fingisse ter um sono de pedra a pessoa desistia e ia embora sem que ela tivesse de levantar, mas a pessoa do outro lado era insistente. Ann se levantou emburrada, calçou umas chinelas, se enrolou no robe, e foi em direção à porta de entrada e logo em seguida a abriu.

– Espero não estar incomodando Ann

– Drew – ela quase cuspiu o nome dele – mas que caralhos você veio fazer na minha casa uma hora dessas?

Ele abriu um sorriso que ia de orelha a orelha

– Nada demais Ann, só vim buscar o que você me deve

– E você não podia fazer isso em horário comercial?

– Ah, eu sou um cara bem informado sabe, e fiquei sabendo que você vai viajar hoje bem cedo, e talvez eu não esteja mais aqui quando você voltar do seu passeio. Vai me deixar entrar ou não?

Ela revirou os olhos e abriu passagem para que ele entrasse

– E então, conseguiu o dinheiro? – Ele falava enquanto andava pela cozinha da casa, olhando ao redor e pegando uma maçã na fruteira sob o balcão

– Consegui

Drew arqueou uma das sobrancelhas

– Mesmo? Que ótimo

Anita pediu que ele aguardasse e logo ela voltou com a bolsa em mãos, tirando a quantia de 5 mil dólares devidamente enrolada e atada por uma liga de borracha

– Pode conferir se quiser

Ele analisou o rolo, sorriu e o colocou no bolso

– Se me permite a pergunta, como fez pra conseguir?

– Pedi um adiantamento no trabalho

– Hum, esperta. Achei que ia roubar um banco, ou no mínimo pedir pro priminho famoso

– Era isso que você queria que eu fizesse?

Ele abriu um meio sorriso debochado

– Esperava que tivesse um pouco mais de emoção

– Magnífico – a voz dela era carregada de ironia – agora se não me importa, eu gostaria de aproveitar o que me resta da minha uma hora de sono até ir pro aeroporto

– Tudo bem, os juros eu cobro depois

– Juros?

– Ah fique tranqüila, não terá que desembolsar nada

– O que você está armando, Drew?

– Armando? Mais que blasfêmia, eu não estou armando nada.

– Então seja mais específico

Ele então aproximou os lábios no ouvido dela e falou em um sussurro

– Você achou mesmo que ia me fazer de idiota sem ganhar o seu troco?

– O que você vai fazer Drew?

– Foi ótimo negociar com você Anita, a gente se esbarra por aí

– Drew, volta aqui, o que você fez seu filho da puta?

– Tchau Anita – ele ia saindo porta afora, quando pareceu se lembrar de algo e se virou para ela – só um conselho Ann, tome mais cuidado com as coisas que você quer esconder, se não forem bem encobertas elas podem te dar uma grande dor de cabeça

Dizendo isso ele deu uma piscadela para a loira estática no meio da sala e saiu.

Anita permanecia trêmula, tentando assimilar o que Drew acabara de dizer e então concluiu consigo mesma

– Oh meu deus, ele sabe do Chaz


**


Chester descia as escadas quase correndo, estava atrasado, se não fosse rápido acabaria perdendo o vôo. Quando estava próximo à porta ouviu uma voz rouca e doce chamá-lo, ele se virou e viu Talinda de camisola no pé da escada coçando os olhos

– Já está indo amor?

Ele correu para junto dela e lhe estalou um beijo apressado na testa

– Sim e já estou atrasado, te vejo a noite okay?

Ele ia saindo, mas ela segurou em seu pulso, o puxou para perto de si mais uma vez e segurou em seu rosto com as duas mãos e beijou seus lábios com mais calma

– Eu te amo okay? Não se esqueça disso.

Ele a abraçou forte

– Eu também te amo Tali, mas se eu não correr...

– Eu sei, me desculpe por te atrasar, eu só precisava dizer isso. Boa viagem meu amor, arrasa naquele palco pra mim okay?

– Pode deixar, agora eu vou indo

E então ele saiu correndo rumo ao carro, por sorte naquele horário o movimento nas ruas era quase nenhum e ele pode acelerar bastante, ao chegar ao aeroporto todos já esperam por ele.

– Wow, quase você fica pra traz Bennington – Dave o cumprimentou ainda com o rosto meio sonolento

– É me desculpe, mas consegui chegar não é?

Ele deu uma olhada em volta do salão de embarque e a viu, sentada em um dos bancos, encostada no peito de Mike, aparentemente cochilando. Ele segurou um sorriso, sua prima era realmente uma mulher muito bonita, mas logo ele desviou o olhar.

O cheiro da colônia de Mike era uma fragrância que Anita sabia que poderia inalar pro resto da vida que ela jamais enjoaria, estava com muito sono, depois que Drew saiu, ela não conseguiu dormir mais, mas ali encostada no peito de Mike era como se uma fortaleza fosse construída em torno dela e todos os seus problemas desaparecessem, ela estava quase cochilando quando a voz grave dele a despertou.

– O Chaz chegou

– Hum – ela apenas grunhiu

Ele sorriu

– Parece que alguém teve problemas em acordar cedo

– Nem me fale

Uma voz feminina e mecânica anunciava o embarque imediato do vôo deles, Mike encorajou Anita que parecia não querer sair do banco de tanto sono e a arrastou até a poltrona. Por um instante ela viu os olhos castanhos de Chester cruzarem com os seus e desviarem rapidamente, ela estremeceu, lembrou de alertá-lo sobre Drew, mas ela tinha medo do que aconteceria se tocasse no assunto com ele.

Chegaram por volta das 7h em Midland, a cidade era extremamente fria, totalmente diferente do clima ameno da Califórnia, assim que saíram do avião Anita abraçou o próprio corpo para se proteger do frio, Mike carregava alguns equipamentos nas mãos e acabou saindo na frente

– Com frio? – Ela olhou para o lado e viu Chester caminhando junto com ela em rumo à saída do aeroporto

– Sim, você não?

Ele abriu um sorriso sem encará-la

– Um pouco, mas já enfrentei piores. Quer meu casaco?

Ela pensou em dizer não, mas já estava quase ouvindo a vibração de suas articulações que tremiam involuntariamente por causa da baixa temperatura

– Se não for incomodar muito

Ele continuava sorrindo enquanto tirava a jaqueta preta, quando Anita colocou no corpo sentiu que ela estava extremamente quente e impregnada com o cheiro da colônia pós-barba dele, ela tinha se esquecido do quanto aquele cheiro era bom. Ele puxou o braço dela e passou pelo seu e continuou andando com ela, acabaram bem atrás de todo o restante da banda

– É melhor soltar meu braço Chaz

– Por quê? Eu ainda sou seu priminho esqueceu? Se o Spike ver você de braço dado comigo não vai achar nada demais

Ela mordeu o lábio inferior, estava mais preocupada com a própria reação junto ao corpo dele do que com o que Mike pensaria, mas ela tinha que conversar com ele e aquela parecia uma boa oportunidade

– Chaz

– Sim – ele continuava a olhar para frente

– Eu preciso falar com você

– Vai me mandar ir embora da sua vida outra vez? Porque você sabe que isso é meio impossível

– Não é nada disso – a voz dela estava saindo mais doce do que ela esperava, ela respirou fundo

– Então o que é?

– Eu não sei se devo falar aqui, é um pouco – ela mordeu o lábio novamente – particular

O olhar dele se voltou para ela junto com um enorme sorriso em seus lábios

– Você mudou de ideia?

– Não, eu continuo não querendo ter mais nenhum tipo de envolvimento com você, na verdade é outra coisa, que diz respeito a mim, a você e a sua família

– Isso soa meio redundante sabia? – ele abriu um meio sorriso – Tudo bem, quando chegarmos ao hotel eu procuro você

Logo chegaram à van que os levaria para o hotel e então Chester soltou o braço de Anita para ajudar Joe com alguns equipamentos que ele trazia na mão, os roadies já tinha se encarregado do material mais pesado mas ainda haviam muitos equipamentos. Nenhum deles permitiu que ela ajudasse e então ela resolveu aguardar dentro da van, não se surpreendeu de ver que Kady já estava lá

– Oi Ann! Nossa que lugar frio não é?

– É – Anita se enrolou um pouco mais na jaqueta que Chester havia lhe emprestado – mas e você, mal te vi durante toda a viagem

Kady corou

– Eu estava com o Rob, ele é muito melhor do que eu imaginava Ann!

– Hummmm, fico feliz por você. Ele é um cara muito simpático

– Eu só não entendi uma coisa

– O que?

– Você sabe se ele tem problemas com esposa, filhos ou coisas do tipo

– Mike nunca comentou nada do tipo, sempre falou que ele era cara muito bacana. Mas por que a pergunta?

– Sei lá, ontem ele veio com um papo estranho, falou que era meio problemático e tal, mas ele me perece tão adorável que é difícil de imaginar o que seja

– Ah sei lá, vai ver que ele tem frieira, hemorróida, sei lá

Kady soltou uma gargalhada enquanto dava um empurrão no braço de Anita

– Cala a sua boca, sua nojenta

– Desculpe, mas acho que é só paranóia dele

Kady concordou com a cabeça, logo que acabaram de carregar os equipamentos no carro de apoio, os rapazes entraram na van e todos foram para o hotel.

Ao chegar, a correria não parou. Anita não teve nenhuma chance de falar com Chester, ele não parou por um segundo no quarto. Ela colocou um casaco dela e tirou o de Chester, o segurou nas mãos por alguns instantes e sentiu o perfume dele mais uma vez, ela tinha que devolver a peça de roupa o quanto antes, caso contrário as defesas dela acabariam sucumbindo outra vez. Quando deu 16h foram para o local do show. O backstage estava dividido em várias pequenas salas, Mike repassava a Waiting for the End com Chester em um delas, Anita apareceu na porta, Mike sorriu ao vê-la. Quando acabaram a música ele veio ao encontro dela

– Me desculpe por não ter te dado muita atenção – ele a envolveu em um abraço, só então notou que ela carregava algo nas mãos – o que é isso que você tem aí?

– Não se preocupe, você tem cuidar de fazer um bom show – ela sorriu timidamente – esse aqui é o casaco do Chaz, que ele me emprestou hoje mais cedo, trouxe pra devolver.

– Hum

Um dos roadies apareceu na porta chamando Mike, ele pediu desculpas a Anita por não poder ficar com ela naquele momento e saiu, ela estava sozinha com Chester outra vez

– Muito conveniente a saída dele não acha? – Chester olhava para Anita enquanto deslizava os dedos pelo teclado de Mike no centro do cômodo – Feche a porta

Ela obedeceu sem pronunciar palavra alguma e se virou para ele

– Seu casaco, obrigada por emprestar – ela estendeu a jaqueta preta para ele que a pegou e a colocou sobre um das cadeiras que se encontravam ali

– E então, o que você tem pra falar comigo?

Ela então começou a explicar toda a situação com Drew, o roubo e ameaça

– Por que não falou comigo antes?

– Não achei que fosse necessário – ele então abriu um enorme sorriso para ela, que logo adquiriu uma expressão incrédula com a reação dele – do que está rindo?

– Não precisa se preocupar com isso Ann, ele não tem prova nenhuma, se ele tiver qualquer coisa é de 15 anos atrás, até por que – ele foi se aproximando dela – desde que você voltou, nós não fizemos nada demais, não é mesmo?

– É – ela desviou o olhar, já estava sentindo todo o seu corpo se enrijecer à medida que ele se aproximava

– Pelo menos não até agora

– Chaz eu não voltei atrás com o que eu disse – as palavras dela já eram totalmente em vão, mentiras que não convenciam nem a si própria

– Não? Uma pena, por que agora eu vou ter que bancar o insistente

Ele já estava frente a frente com ela, suas mãos envolviam vagarosamente o quadril dela e a puxavam para mais próximo dele, aproximou o rosto do pescoço dela e começou a beijá-lo com uma lentidão que só tornava aquilo ainda mais insuportável para ela.

– Chester, n-não...

Ele riu com o rosto ainda colado à região da clavícula dela e continuou sem dar ouvidos ao que ela dizia. As mãos dele que envolviam a cintura dela iniciaram um movimento sutil por baixo da blusa dela, as mãos frias dele causaram um arrepio ao entrarem em contato com a pele morna dela, ela tinha certeza que não conseguiria resistir

– Eu ainda me lembro como se toca em você não é?

Ela fechou os olhos e deixou que ele percorresse o corpo dela com as mãos, quando ele notou que ela se entregara ele abriu um enorme sorriso e continuou traçando uma série de linhas pelo corpo dela, subindo e descendo pelas costas dela até descerem pelos quadris, subindo pela parte externa das coxas e apertando ligeiramente suas nádegas.

Logo em seguida ele a imprensou com força contra a parede, encaixando-a perfeitamente em seu quadril, a respiração dela ficava mais ofegante à medida que ele subia os beijos pelo seu pescoço e então os olhos dele encontraram os dela, ele abriu um sorriso cheio de malícia, umedeceu os lábios e a beijou com força, quase como se estivesse faminto, explorando a boca dela cheio de desejo e luxúria.

O corpo dela estava preso pelo dele, mas ela não sentia a menor vontade de se libertar, deixou que suas próprias mãos se agarrassem ao corpo dele, cravando com força as unhas em suas costas. A sensação de estar junto ao corpo dele era algo que Anita não conseguia sequer distinguir, como uma droga entregue a um viciado em abstinência.

Ele agora subia as mãos pela barriga dela e pressionava o contorno de seus seios, ela soltou um gemido baixo em meio ao beijo que ele dava nela e ele sorriu, ela estava ficando excitada.

– CHESTER? – a voz do roadie do outro lado da porta chamando por ele.

Ele interrompeu o beijo e soltou o ar impaciente, tinha se esquecido que dali a poucos minutos entrariam no palco

– Depois a gente termina a nossa conversa – ele disse com um sussurro no ouvido dela e se afastou.

– Isso é – a respiração dela saía falha – muito errado

Ele abriu um meio sorriso

– Eu sei, por isso é tão excitante – ele deu uma piscadela para ela e saiu da sala, deixando-a sozinha. Ela abraçou o próprio corpo tentando conter o frenesi em que seu corpo se encontrava, sentou-se em uma cadeira ao lado do teclado e respirou fundo.

A porta se abriu, mas dessa vez um asiático sorridente entrou por ela.

– Ann? – Anita esboçou um sorriso, ainda tentando recuperar o fôlego do que acabara de acontecer – Me desculpe ter te deixado sozinha, acho melhor você ir lá pra perto do palco, o show está quase começando

Ele se aproximou dela, estendeu a mão e suavemente a puxou para perto de si, era como se ele sorrisse com os olhos.

– O que foi? – ela ainda estava trêmula por causa de Chester, mas o corpo de Mike fazia com que ela entrasse em uma calmaria imediata. Os olhos castanhos dele estavam fixos nela. Anita sentiu sua respiração começar a falhar, será que ele sentiria o cheiro de Chester no corpo dela? Ele a desprezaria e nunca mais olharia na cara dela? Ela então começou a sentir um tremor de medo percorrendo seu corpo, já não sabia se o que sentia por ele podia ser deixado de lado tão facilmente.

– Nada, só estava reparando no quanto você está bonita hoje – ela corou e desviou o olhar sem graça, ele segurou em seu rosto e fez com que ela olhasse para ele novamente – Anita – ele hesitou por um instante – você tem ideia do quanto você tem me dado alegria nessas ultimas semanas?

– Não precisa disso Mike – ela agora estava se sentindo a pior criatura do mundo, desejando que Mike não fosse o melhor cara que ela já conhecera na vida, desejando que ele fosse digno da traição que ela e Chester acabaram de cometer

– Para de ser boba, eu amo você – um soluço involuntário saiu da garganta dela e quando ela se viu já estava chorando nos braços dele – Hey, o que foi? Calma, por que você está chorando? Eu te assustei?

– Não – a voz dela saiu trêmula – me desculpe Mike

Ela se afastou do corpo dele e saiu correndo porta afora, as lágrimas quentes ardendo enquanto escorriam pela pele do seu rosto.

Mike permanecia no mesmo lugar, atônito, estático, sem compreender o que acabara de acontecer, na verdade ele só conseguia culpar a si mesmo por ter ido rápido demais, não tinha noção do furacão que agora tomava conta da cabeça e do coração de Anita, ele tinha a expressão triste.

– Shinoda, 5 minutos, pegue aqui seu microfone.

Ele assentiu com a cabeça e pegou o microfone, e enquanto caminhava para a entrada do palco tentava melhorar a expressão, os fãs mereciam seu melhor sorriso.


**


A morena acabara de dar comida a Tyler, com um pouco de relutância ele havia feito toda a sua refeição e ela ligava a TV pra que ele assistisse quando a campainha tocou. Talinda caminhou sem pressa até a porta e havia um homem desconhecido parado do outro lado dela. Era alto, moreno de pele bem clara, tinha o sorriso um pouco debochado

– Sim?

– Talinda Bennington certo?

– Quem quer saber?

– Ninguém. Só vim fazer uma entrega

Ele puxou um envelope de papel pardo de debaixo do braço e estendeu para ela

– O que é isso?

– Pegue, abra e descubra

Ela ainda tinha a expressão um pouco desconfiada, mas pegou o envelope, o abriu e puxou o conteúdo de dentro dele, o sorriso do homem só se alargava.

– M-mas o que – Talinda levou a mão até a boca enquanto seus olhos começavam a se encher de lágrimas – como conseguiu isso?

– Isso é um segredo só meu, agora que meu dever está cumprido, com licença Sra. Bennington

Ele deu as costas e foi em direção ao portão

– Espera – a voz dela soava falha pelo choro que se prendia em sua garganta, o homem olhou de volta – Por que está me entregando isso?

– Porque uma mulher tão bonita como você não merece ficar presa a um babaca desses que te trai com a própria prima. Você não merece isso Talinda.

– E por que você se importa? - a voz dela agora era quase um grito histérico

– Por que eu espero que faça justiça com isso que acabei de lhe entregar, essa garota abusou da sua bondade, da sua hospitalidade, você não devia deixar ela roubar tudo de você sem revidar não acha?

Talinda não respondeu, apenas abaixou a cabeça para fotografia que tinha em mãos, ela reconhecia a exata roupa que o marido usara no jantar na casa de Anita, ela reconhecia o próprio marido beijando a garota que ela hospedara, alimentara e tratara com tanta gentileza em sua chegada a Los Angeles, reconhecia o próprio marido com as mãos por baixo de seu vestido a agarrando como um animal, ela não sabia mais se conseguiria respirar dali pra frente.

Ela levantou os olhos e homem já não estava mais ali.


**


– Mas o que você está fazendo aí sozinha garota? O show já vai começar

A voz de Kady atrás de Anita fez com que ela levantasse a cabeça que se encontrava entre os joelhos que ela apertava em posição fetal.

– Pode ir, não sei se ainda quero ver esse show

Kady tinha a expressão incrédula

– O que aconteceu Ann?

– ELES aconteceram Kady, o Mike e o Chaz eles, estão acabando comigo

Kady se abaixou e sentou ao lado da amiga

– Quer falar sobre isso?

– Eu amo os dois, esse é o problema

– Pensei que amasse o Chester

– Eu também pensei, oh meu deus – ela tentou controlar a si mesmo para que as palavras não saíssem muito rápidas – eu passei a minha vida inteira amando o Chester, eu chorei a saída dele de Phoenix por anos, ele é tudo pra mim entende? Ele partiu meu coração tantas vezes que eu nem consigo mais contar, mas é como se eu pertencesse a ele e a minha atração por ele fosse inevitável.

– Mas ele está casado

– Eu sei – ela levou as mãos à cabeça – por causa disso eu cheguei aqui com a ideia de que não atrapalharia a vida deles e quando eu conheci o Mike, o vi como uma maneira de não ficar 24h por dia olhando pra uma família que eu na verdade queria que fosse minha. O Mike é adorável, eu não via por que não deixar que ele me conduzisse pela cidade, me fizesse rir e me distrair um pouco dos meus problemas

– Hum – Kady continuava ouvindo o desabafo da amiga com paciência

– O problema é que – Anita olhava para o nada e um sorriso brincou ligeiramente em seu rosto – o Mike é melhor do que tudo que eu imaginei, achei que não me apegaria a ele, mas de repente eu já não consigo mais me imaginar sem o riso bobo dele, sem aquele olhar profundo que parece que lê cada expressão da gente, sem o abraço dele, o cheiro dele

O som de uma multidão gritando histérica começou a ficar alto e atrapalhar a conversa das duas

– Ann, eu acho que você tem que começar a descobrir o que VOCÊ realmente quer, eu sei que os dois parecem muito bons, mas o que te faz feliz? É isso que você tem que responder pra si mesma – Anita confirmou com a cabeça e então Kady estendeu a mão para ela – agora vamos logo ver esse show e pular um pouco, porque se eu continuar mais um segundo aqui sentada é capaz dos meus dedos congelarem.

Anita esboçou um sorriso, Kady limpou uma lágrima que escorria do rosto da amiga com a ponta do polegar e depois a arrastou para a lateral do palco.

Era fascinante observá-los, cantando, pulando, se divertindo e divertindo uma multidão tão grande.

Um dado momento a música ficou calma, Mike sentou ao teclado com uma expressão muito serena no rosto e passou os olhos pela multidão até chegarem à lateral do palco e verem uma loira de pé, abraçando o próprio corpo sorrindo timidamente, ele retribuiu o sorriso com muita discrição e voltou os olhos para o teclado, começando um melodia suave

When you were standing in the wake of devastation

When you were waiting on the edge of the unknown

And with the cataclysm raining down

Insides crying, "Save me now"

You were there impossibly alone


Quando você estava em pé no meio da devastação
Quando você estava esperando na beira do desconhecido
Com o cataclismo desabando

Por dentro gritando "Salve-me agora"
Você estava lá e possivelmente sozinho


A voz dele era de uma doçura incomparável, o sorriso de Anita se abriu um pouco mais e ela começou a olhar cada um deles, Rob na bateria concentradíssimo, Dave sorria enquanto tocava o baixo, Brad tocava com uma traquilidade que Ann nunca havia visto, Joe brincava com sampler e Chester segurava o microfone de olhos fechados, como se cada palavra que pronunciava levasse um pedaço dele, de carinho, amor e esperança


Do you feel cold and lost in desperation
You build up hope, but failure's all you've known
Remember all the sadness and frustration
And let it go, let it go

Você sente frio e perdido em desespero
Você constrói a esperança, mas o fracasso é tudo que você conhece
Lembre-se de toda a tristeza e frustração
E deixe-a ir, deixe-a ir

O show do Linkin Park era um misto de euforia e acalanto tão delicioso aos ouvidos, que Anita passou a ter certeza que se tivesse ficado lá atrás escondida no backstage teria se arrependido pro resto da sua vida.



**



Era cerca de 2h da manhã quando Chester chegou em casa depois do vôo de volta para Los Angeles e, ao contrario do que imaginava, não estava tudo escuro, as luzes estavam acesas e Talinda estava sentada abraçando as próprias pernas no sofá.

– Tali? Oi meu amor, acordada a essa hora? – ela não respondeu, ele então caminhou até ela e foi lhe dar um beijo no rosto, mas ela desviou – O que foi Talinda?

– Como você teve coragem? – a voz dela soou amarga, meio rouca pelo choro

– Do que você está falando? Aconteceu alguma coisa?

Ela em ímpeto se levantou, os olhos transbordado de ira e mágoa.

– ACONTECEU CHESTER? É você que tem que me responder isso, seu desgraçado, filho da puta – Ela então jogou com violência a foto que recebera mais cedo contra o peito dele.

Ele a pegou e olhou, trincou os dentes e soltou o ar.

– Onde você conseguiu isso?

– Onde eu consegui isso? EU NÃO TO PREOCUPADA COM ONDE CARALHOS EU CONSEGUI ESSA FOTO, EU ESTOU PREOCUPADA COM A PORRA QUE TEM AI! – Ela desabou no sofá e sua voz agora saía baixa em meio aos soluços – Como você pode? Você me fez receber sua amante aqui em casa, deixei ela tocar no meu filho, ainda fiquei amiga dela, eu não acredito nisso. Você me fez passar por uma humilhação tão grande dessas

– Me desculpe Tali, foi mais forte do que eu e...

– Foi mais forte do que o seu amor por mim?

Ele abaixou a cabeça

– Me perdoe Tali, você não merece o que eu fiz com você. Eu vou embora

O olhar dela se espantou

– Pra onde vai

– Pra longe, nós dois precisamos... pensar.

– Você vai atrás dela não é?

– Depois a gente conversa com calma Talinda, me perdoe

Ele deu meia volta e saiu pela porta, entrou no carro e encostou a cabeça no volante por um segundo, quando levantou a cabeça para dar a partida viu a morena na janela, sua expressão era cheia de dor e mágoa, ele realmente não queria ter que deixá-la assim, mas ele não via um outra opção.

Ligou o motor do carro e saiu dirigindo sem pressa pelas ruas de Los Angeles, ele não sabia o que estava sentindo naquele momento deixando anos de sua vida para trás, ia começar do zero totalmente perdido, mas por uma incrível ironia ele sabia exatamente pra onde ir naquela noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!