Capítulo 48 – Stefan Salvatore, Caroline Forbes e Damon Salvatore

Parte 1 – Stefan Salvatore

-Lamento, Klaus – falei.

Eu e ele estávamos no Mystic Grill, um pequeno bar que era muito bem frequentado. Estávamos numa mesa isolada e todos os que lá estavam olhavam-me de lado.

Klaus era um dos meus amigos, e eu era o padrinho de casamento dele. Exatamente: era. Os pais dele proibiram-no de ele me convidar para o casamento, mas como um pouco rebelde que ele era e muito correto (maior parte do tempo), ele exigiu falar comigo para me explicar a situação.

-Eu também, Stefan – disse ele, e bebeu um gole da sua bebida.

Ultimamente, ele andava a beber muito. Kol já me tinha alertado para isso, mas naquele momento é que reparei que o assunto era mesmo grave, porque eu ainda ia no meu primeiro whisky, e ele já ia no quarto.

-Ei, não andas a beber muito?

Ele olhou-me com cara feia e encheu o copo mais uma vez.

-Não estejas armado em meu pai. Já tenho um, e é muito chato, para que conste.

-Klaus, só estou a dizer que…

-Deixa-me adivinhar: Kol pediu para supervisionares o que eu bebo.

-Não é isso, Klaus. Sou teu amigo. Teu irmão.

Ele sorriu e bebeu tudo o que estava no copo de uma só vez.

-Eu sei. É o último, está bem?

Acenei com a cabeça e olhei para a pista de dança, onde Rebelah estava com Matt.

-Como te tens dado com Matt?

-Ainda não falei muito com ele. Mikael não o quer muito lá em casa. Assim como Caroline.

Klaus e Mikael tinham um relacionamento nada saudável, e Klaus tratava sempre o pai como Mikael.

-E como estão as coisas entre ti e Caroline?

Ele encolheu os ombros e pegou na garrafa que estava ao nosso lado. Eu parei-o com a minha mão.

-Foi a última, lembras-te?

Klaus deitou-me um olhar de fúria, mas largou a garrafa e levantou-se. Atirou uma nota de dez dólares para cima da mesa e falou:

-Vamo-nos falando, Salvatore.

Ele saiu do bar um pouco cambaleante e eu decidi segui-o.

Parte 2 – Caroline Forbes

Entrei à socapa no escritório do meu pai e fiquei á espera de Klaus. Tinha feito tudo como planeado: tinha aberto a porta e deixado a chave atrás da planta do lado esquerdo que estava á entrada da esquadra. Não havia ninguém lá dentro e fazíamos isso há duas semanas seguidas.

Nós não aguentávamos ficar simplesmente a olhar-nos e a sermos constantemente vigiados pelos nossos pais, Mikael era sempre muito simpático para comigo, mas eu sabia que ele adorava ver-me pelas costas. A minha mãe era a mesma coisa quando ele ia lá a casa, e por isso decidimos passar a encontrar-nos naquele local, que à noite, estava deserto.

Ouvi passos e levantei-me da cadeira, esperando ser ele. Apesar de saber que aquele era um lugar seguro (quem é que iria assaltar uma esquadra?), o frio na barriga aparecia sempre.

A porta do escritório abriu-se e Klaus entrou.

-Boa noite, sweetheart.

Aquela pronúncia vincada dele derreteu-me por dentro e eu abracei-o. Ele cheirava a tabaco, a álcool e a perfume barato.

-Estiveste no bar – notei.

-Fui ter com Stefan. Tinha que lhe dizer aquilo pessoalmente – respondeu ele e os seus braços prenderam-me contra si. “Aquilo” era o assunto do adultério de que todos falavam. Os nomes Salvatore, Pierce e Gilbert tinham sido manchados para sempre, e não havia nada a fazer, a não ser eles mudarem-se.

-Katherine enviou-me hoje uma carta – informei, pousando a minha cabeça no seu peito. – Elena está grávida. Ela e Damon planeiam sair daqui antes do bebé nascer.

-Stefan não me contou nada – disse ele e colocou o queixo no topo da minha cabeça. – Quantos filhos queres ter, Car?

Afastei-me dele, surpresa com a pergunta.

-Não me digas que nunca pensaste nisso.

Arregalei os olhos e fiquei logo muito nervosa.

-Claro que sim – falei, muito depressa. – Mas estás a falar disso agora, e é muito estranho estares a pensar nisso, agora que estamos aqui sozinhos.

Ele sorriu maroto. Inclinei a cabeça para o lado e cruzei os braços.

-Sério, Klaus? – disse, não acreditando no que ele estava a pensar.

Suspirou e sentou-se numa cadeira. Pegou um cigarro de dentro do bolso e acendeu-o com um fósforo.

-Desde quando é que fumas? – interroguei-o e encostei-me à secretária, olhando-o muito séria.

-Desde que… - ele soltou o fumo da sua boca e ficou com o olhar automaticamente distante.

Suspirei e tirei-lhe o cigarro das mãos. Atirei-o para o chão e obriguei-o a fitar-me com as minhas duas mãos firmes, uma de cada lado do seu rosto.

-Não precisas de nada disto, Niklaus. Basta falares comigo.

-Sabes que eu não sou o tipo de homem que fala dos seus sentimentos.

-Eu sei – e sabia-o bastante bem. – Mas eu amo-te e compreendo-te acima de tudo. Não precisas de arruinar a tua vida para esqueceres o que aconteceu. Ninguém espera isso de ti, muito menos eu. Por favor, não fumes ou bebas demasiado. Não irá trazer felicidade a ninguém.

Ele estava realmente magoado. A morte do seu irmão mais próximo era ainda muito recente para ele, e eu sabia o quanto lhe custava ter que passar todos os dias pelo quarto do irmão e não poder entrar para falar com ele, porque Elijah simplesmente não estaria lá.

-O que seria de mim sem ti, meu anjo?

Sorri perante as suas palavras e sentei-me no seu colo, colocando um braço atrás do seu pescoço.

-A nossa existência não é possível um sem o outro.

Parte 3 – Damon Salvatore

Decidi levar Elena a dar uma volta pela cidade á noite. Quase ninguém nos reconheceria naquela noite de lua nova, já que a iluminação era escassa no centro da cidade.

Já estávamos a caminhar á algum tempo, até que chegámos a uma rua que estava demasiado movimentada para a hora que era, e havia muita claridade.

Elena pegou na minha mão com força, á medida que avançávamos. Passámos por várias pessoas que estavam chocadas com algo, e eis que se ouve o som de um vidro a partir-se.

-Fogo! – alguém gritou e era isso mesmo: o departamento da polícia de Mystic Falls estava em chamas.

Stefan apareceu vindo do nada e disse:

-Klaus está lá dentro.

Elena arregalou os olhos, e eu nem pensei duas vezes:

-Vamos.

-Não! – exclamou Elena, pegando no meu braço com as duas mãos, suplicante.

-Eu amo-te, mas Klaus é meu amigo. Ele é irmão de Elijah e noivo de Caroline. Se eu não o resgatar, o que será da tua melhor amiga e da família Gillies?

Ela pareceu entender e beijou-me á frente de todos. Um beijo urgente e rápido.

-Volta – pediu ela.

-Nem eu pensaria noutra coisa – disse e entrei a correr com Stefan para dentro do edifício em chamas.

©AnaTheresaC