Capítulo 28 – Narrado por: Katherine Pierce, Damon Salvatore e Elena Pierce

Parte 1 – Katherine Pierce

A carruagem parou e Damon e Elena saíram primeiro, seguidos de eu e Stefan. Stefan estava… feliz, com um sorriso de orelha a orelha que fazia-o parecer dez anos mais novo (e ele tem dezassete)

-Stefan! – exclamei, tentando conter a gargalhada. – Porquê o motivo de tantos sorrisos?

-Nada! – exclamou ele e Lexi apareceu, com o seu irmão, Klaus.

-Olá! – exclamou ela e Stefan rodou-a no ar. – Stefan!

Os dois gargalharam e Lexi comentou:

-Cuidado, Stefan. Pode haver aqui pessoas que pensem outras coisas deste rodopiar.

Stefan pegou na mão dela e beijou as costas da mão, o que me deu um pouco de inveja.

-Peço desculpa, Miss Alexia Gillies.

-Por favor! – exclamou ela. – Sabes que odeio quando me chamam pelo nome completo. Mas agora diz-nos, porquê a felicidade?

-Katherine! – exclamou uma voz aguda e virei-me para onde o som vinha.

-Caroline! – exclamei e abraçámo-nos as duas.

– Há quanto tempo!

-Desde a última festa que Mystic Falls teve.

-A última festa foi um baile e não deu tempo para falarmos. Nem te vi lá, só Matt é que me disse. Ah, amiga, tenho tantas coisas para te contar! – voltou a abraçar-me e vi os olhos curiosos dos nossos três observadores. – Anda comigo, vou apresentar-te todos os que conheço. Onde está a Elena?

-Por aí, com o Damon – respondi.

-Hum, ela foi logo para o mais encantador – disse Caroline semicerrando os olhos, fazendo-me corar. – Sem ofensa, Stefan.

Stefan gargalhou.

-Sem problemas, Caroline.

Caroline sorriu para Stefan e depois para Klaus, que retribuiu o sorriso de uma forma estranha e muito pouco formal. Voltei a olhar para ela, esperando uma resposta àquele sorriso, mas ela simplesmente ignorou-me.

-Com licença, meus senhores – disse ela. -, mas eu vou raptar a minha amiga, sim?

Pegou no meu braço e entrámos no salão de dança, onde todos estavam a conversar e a divertir-se. Ao fundo da sala havia uma orquestra que tomava conta das músicas que iam tocando, que eram suaves e alegres.

-O que foi aquilo com Klaus? – perguntei-lhe baixinho.

-Nada, Kathy – disse ela, usando o meu diminutivo. – Não foi nada, a sério.

-Não acredito! – exclamei e ela arregalou os olhos, apanhada de surpresa por eu ter percebido. – Ele anda a cortejar-te!

-N-n-não – gaguejou ela e eu percebi que era verdade. – Kathy, por favor, não contes a ninguém!

-Porquê?

-Porque os meus pais querem que eu case com Matt, mas eu não quero. Ainda por cima, Rebekah anda atrás dele como um cão atrelado – falou ela e apontou para onde Matt e Rebekah estavam. – Se alguém descobrir sobre mim e Klaus, está tudo arruinado.

-Como assim? – perguntei, não percebendo.

-Klaus está a guardar tudo isto em segredo, para depois quando Matt me pedir em casamento, ele me pedir, e é claro que os meus pais não podem recusar o pedido de Klaus porque ele tem mais dote.

-E Matt?

-Bem, Matt… ele anda muito com a Rebekah.

Os dois riram algo que Damon tinha dito. Porém, Elena não estava ao lado dele.

-A minha irmã? – perguntei em voz alta.

-Não a vi – respondeu Caroline. – Quero dizer…

Ela olhou para além de mim e vi Elijah a conversar com ela. Olhou para cima e sorriu para mim. Retribuí o sorriso e acenei levemente. Ele sorriu ainda mais e voltou a atenção para Elena.

-Elijah dá-se bem com todos – comentou Caroline. – É um perfeito cavalheiro.

-E muito educado. Ele ia todos os dias com Rose e Lexi ter connosco, distraía-nos e até regou as flores de Mrs. Salvatore connosco!

-Ai, ai… - suspirou romanticamente Caroline. – Ele é tão…

-Encantador – completei. – Ele sabe sempre o que precisamos.

Mason Lockwood aproximou-se de nós.

-Boa noite, Miss Pierce e Miss Forbes.

-Boa noite, Mr. Lockwood – disse, sorrindo para ele. Mason era lindo: cabelo loiro encaracolado e olhos verdes claros. Aquele sorriso era lindo, e o corpo musculado nem se falava. Caroline também o cumprimentou e estivemos a falar um pouco com ele.

Parte 2 – Damon Salvatore

Rebekah foi buscar uma bebida e cumprimentar mais uns convidados que tinham chegado e eu assim tive oportunidade de falar a sós com Matt.

-Ouvi a tua história de infância – comecei e o sorriso dele desapareceu.

-Ah, sim?

-O meu irmão contou-me – informei e bebi um pouco do champagne que andavam a servir pela festa.

-Hum – disse ele.

-Matt… – falei e coloquei uma mão no seu ombro, apertando-o com força. – Se eu sei que tu encostas um dedo que seja numa delas com outras intenções que não sejam as mais honráveis, estás feito comigo. E tu sabes que eu já andei no exército e sei métodos de tortura muito bons para quem é homem para cortejar uma donzela, e depois a deixa sem chão.

Ele acenou e engoliu em seco.

-Percebeste?

Ele ficou pálido e olhou para o chão.

-Sim, claro.

-Ótimo! – exclamei e larguei-lhe o ombro. – Agora, se não te importas, vou ver como está a minha acompanhante.

Voltei-lhe as costas e fui cumprimentando as pessoas que estavam na festa.

-O que falaste com o Matt? – perguntou Stefan atrás de mim.

-Nada demais, só o avisei que as Pierce são nossas – respondi, acenando para Jules que mandou beijinhos pelo ar. Jules era… bem, ela não era exatamente a minha melhor amiga, estávamos sempre a provocarmo-nos um ao outro. Acho que tínhamos feitios muito diferentes e iguais ao mesmo tempo. Ás vezes, via nela ago em mim, como os gestos, as frases sarcásticas ou o sorriso de escárnio.

-Damon…

-Stefan… - falei no mesmo jeito e fitei-o. – Relaxa. Não o vou matar!

-O que lhe disseste?

Revirei os olhos.

-Se quiseres saber, vai perguntar-lhe. Afinal, ele é o teu melhor amigo.

-Damon, não estou a brincar! O que lhe disseste!

Revirei os olhos, perdendo a paciência com ele.

-Só lhe disse para não se meter mais com a Elena e a Katherine! – exclamei e virei-lhe as costas. Um barman estava a passar com um tabuleiro cheio de taças de champagne e eu peguei numa, colocando lá a outra já vazia. Tomei um gole, tentando acalmar-me.

-Damon Salvatore! – exclamou Mayor Lockwood atrás de mim e eu virei-me para ele. – O grande salvador do Sul!

Sorri presunçoso.

-Obrigado, senhor. Mas não sou a única pessoa na guerra.

-Não, claro que não, mas és o grande herói de Mystic Falls!

-Se eu me lembro, o seu filho vai-se alistar daqui a uns meses.

Ele suspirou, parecendo não gostar da ideia.

-É, parece que sim. Está todo entusiasmado com a ideia de ir para a guerra.

Forcei um sorriso. Jovens e os seus sonhos. A guerra não tem nada de bonito. É tudo cinzento, dias sem água e comida, bombas e tiros. Cavalos mortos, soldados deitados no chão, alguns deles sem membros por causa dos tiroteios e bombas.

-Vamos fazer um brinde ao retornado da guerra! – exclamou ele e subiu para o palco, levando-me com ele. Subimos os dois e ele começou o discurso: - Senhoras e senhores! Bem vindos à minha mansão e muito obrigado por estrem aqui connosco para celebrarem o retorno de Damon Salvatore! – virou-se para mim e ergueu a taça de champagne. – Damon, muito obrigado por defender tão bravamente o Sul! Saúde!

-Saúde! – disseram todos os convidados da festa e eu tive assim mais uma oportunidade de beber um gole do champagne.

No fundo da festa estava Elena, com o seu vestido rosa escuro esvoaçante, contudo, ela estava acompanhada por Elijah, o que eu não gostei nada. Os dois pareciam que se conheciam há já algum tempo, mas de onde?

Depois de todos aplaudirem pelo meu ato heroico de ter sobrevivido, a festa voltou a dispersar-se e eu tive oportunidade ir falar com ela.

-Damon, parabéns por teres voltado – falou Elijah e apertámos as mãos.

Parte 3 – Elena Pierce

O ambiente estava algo estranho. Damon chegou e causou uma tensão em Elijah que eu não esperava ver. Aquele breve silêncio foi muito desconfortável, e eu tive que fugir dali.

-Com licença – disse e fui refugiar-me na casa de banho.

Olhei para o espelho e vi-me. Cabelo liso a descer pelas costas, vestido rosa escuro esvoaçante, bem maquilhada e olhos castanhos assustados.

-O que se passa, Elena? – perguntou Katherine, entrando na casa de banho. – Porque razão é que Elijah e Damon estão a olhar-se mutuamente sem pronunciarem uma palavra desde que tu saíste?

-Gostava de saber – murmurei e senti a sua mão sobre o meu ombro.

- Elijah não está a cortejar-te, pois não?

-Não, acho que não. Eu só o vejo como um amigo.

-É, Elijah conquista o coração de qualquer donzela que se meta na sua frente – falou ela, tirando da bolsa de cerimónia um pequeno batom. – Eu e Caroline estivemos a comentar isso.

Sorri e olhei para as minhas luvas brancas.

-Ele é muito charmoso. E cavalheiro.

-Hum-hum – concordou Katherine, terminando de passar o batom pelos lábios. – Queres voltar agora para a festa?

-Não sei – respirei fundo e voltei a olhar-me no espelho.

-Talvez seja melhor dares mais atenção ao Damon. Ele pode estar com ciúmes – brincou ela, mas mal sabia que eu e Damon… bem, o que éramos nós na verdade? Ele estava a cortejar-me, era isso? Ou ele iria pedir-me em casamento?

-Katherine – comecei e virei-me para ela. – E se… o Damon me começasse a cortejar? Como te irias sentir?

Ela ficou em choque e vi uma ponta de ciúme nos olhos dela.

-Acho que serias muito sortuda. Mas Elena, tens que te lembrar das consequências.

-Consequências?

Ela olhou em volta, e viu que havia ali dentro demasiadas pessoas.

-Anda lá para fora um bocadinho. Precisamos de conversar.

Saímos da casa de banho e saímos da casa discretamente. Começámos a passear pela propriedade dos Lockwood, até que encontrámos um banco e nos sentámos.

-Elena, os Salvatore são muito atenciosos, mas Stefan irá sempre ficar em Mystic Falls e Damon não.

-Sim, ele vai – contradisse.

-Não, Elena, ele não vai. Ele está no exército e até esta guerra acabar, que sabe-se lá quando, ele estará sempre em missões. Elena, tens que ter a consciência que da próxima vez que ele ir, pode não haver inequívoco algum, ele pode mesmo morrer.

A minha voz desapareceu e o pânico tomou conta de mim.

-Elena, calma, eu estou a dizer-te isto para teres consciência de que podes ficar viúva em breve, mas não estou a dizer que o Damon não é certo para ti.

Olhei para ela em pânico. Eu nunca tinha perdido ninguém, mas não o queria perder. Nunca.

-Acho que os dois devem de ir com calma – aconselhou ela. – Por outro lado, Elijah é capaz de ser um bom partido para ti.

-Elijah? – quase gritei, em choque com o que ela disse. – Não, Katherine, Elijah é só um amigo.

-Mesmo? – perguntou ela, retoricamente. – Já se formaram alianças com menos.

-Ambas sabemos que não queremos ser a assinatura de um contrato.

-Verdade, mas mesmo assim aqui estamos nós, prestes a casar-nos com dois dos descendentes mais ricos de Mystic Falls – comentou ela.

-Chega, Katherine! – exclamei e levantei-me. – Para de me tentares envenenar contra Damon!

-O quê? – perguntou ela, arregalando os olhos. – Como tua irmã gémea tenho que te alertar para as consequências e as vantagens de algo. Se não consegues ver isso, eu tenho que te mostrar!

Ela levantou-se e ficámos as duas frente a frente, eu com vontade de chorar de raiva, e ela com compreensão no rosto? Compreensão? Desde quando Katherine tem compreensão para comigo?

-Nunca devia de ter acreditado em ti. Tudo o que queres é ver-me na ruína – disse, semicerrando os dentes.

-Elena, estás errada – disse ela e olhou para mim, olhos nos olhos, com um fogo que eu anteriormente já tinha visto, e que sabia que não era bom. – Eu estou realmente arrependida e se não acreditas em mim agora, então nunca acreditarás.

Ela saiu dali, deixando-me sozinha e eu sentei-me, completamente desamparada. Lá estava eu, outra vez, completamente sozinha. Respirei fundo várias vezes, tentando acalmar-me.

-Elena, o que está aqui a fazer?