Capítulo 22 – Narrado por: Stefan Salvatore e Elena Pierce

Parte 1 – Stefan Salvatore

-Eu já não sei o que fazer, Matt – desabafei com o meu melhor amigo. – Elena está destroçada e eu estou a ver que não vou conseguir cumprir o que o meu irmão me pediu.

-Boa sorte, amigo! – exclamou ele e recostou-se na cadeira para apanhar melhor o sol.

-É só isso que tens para me dizer?

Ele acenou com a cabeça.

-Sim. As Pierce não são fáceis. Sorte vai ser a tua melhor aliada e o azar o teu pior inimigo.

-Muito obrigado pelo conselho – falei irónico e recostei-me na espreguiçadeira do jardim dele. – A verdade é que ver a Elena destroçada daquela maneira deixa-me deprimido e…

Hesitei. Não queria falar aquilo, com medo que depois se tornasse uma profecia. Eu tinha tanto medo de a proferir que só de pensar em abrir a boca para falar o que eu realmente pensava causava-me arrepios e o meu estômago contraía-se.

-E o quê, Stefan?

-Eu temo que o Damon não volte – falei num sussurro. – Sabes muito bem as notícias que correm.

Matt fitou-me e suspirou.

-A Elena não iria recuperar – afirmou ele e eu acenei com a cabeça.

-É isso que eu mais temo.

-E a Katherine?

-Está a lidar… bem com a situação.

-Não, não a Katherine em si, mas sim o teu lance com ela.

Desta vez fui eu que o fitei e suspirei.

-Neste momento estou mais preocupado com a Elena. Ainda faltam dois meses e duas semanas.

-Não fujas da conversa, amigo – disse Matt e bateu-me no ombro. – Tu estás apaixonado pela Katherine!

-Acho que estou dividido entre as duas.

-Eh, lá! O Stefan Salvatore sabe escolhê-las a dedo, han? – brincou ele. – Conta lá, qual delas é que beijaste primeiro?

-Não te vou contar isso – disse-lhe.

-Foi a Elena, tenho a certeza que sim.

-Já te disse que não te digo! – exclamei e comecei a rir-me. – Agora a sério, Matt, o que eu faço?

O seu semblante também ficou sério e olhou para o longo jardim onde a sua irmã estava a colher tulipas.

-Acredita em mim quando eu digo que é muito difícil lidar com elas.

-Isso eu nunca percebi, Matt – falei. – Tu falas delas como se as conhecesses há anos, mas nunca me contaste nada sobre isso. Foges sempre do assunto até eu me esquecer que ele alguma vez existiu.

Matt corou, o que me impressionou porque Matt nunca corava.

-Eu, a Katherine e a Elena já tivemos uma história juntos.

-Os três?

-Sim, os três – disse ele e eu arregalei os olhos. – Não me olhes assim, Salvatore. Foi há muitos anos e nós nunca mais falámos.

-Escusas de enrolar, Donovan – falei no mesmo tom.

-Muito bem, eu conheço as Pierce praticamente desde que vim ao mundo.

Ri-me.

-Estás a brincar, certo?

-Não, não estou – disse ele sério e percebi que não estava a brincar porque estava realmente embaraçado com o que estava a dizer. – E no início fascinei-me pela Katherine. Ela alinhava sempre nas brincadeiras e era muito alegre. Depois, a Elena também se juntou a nós e eu fiquei dividido entre as duas. Apesar de ter começado a namorar com a Katherine, a Elena estava sempre no meu pensamento e um dia em que eu estava a brincar com ela, pedi-lhe um beijo e ela recusou – Matt sorriu levemente. – Corremos pela casa e roubei-lhe o beijo perto das escadas. Mas Kathy viu e as duas deixaram de se dar bem.

-Mas elas dão-se bem! – exclamei.

Matt gargalhou.

-Isso julgas tu! É só olhar para os momentos em que os olhares delas se cruzam.

-Mas, Matt, isso foi há tanto tempo!

-Kathy é vingativa.

-Katherine é doce.

-É leal. Mas não é doce. Pode ser a tua melhor amiga, pode ser a tua esposa, mas nunca lhe mintas, ou então bem que te podes atirar da ponte de Wickery.

Pensei nas suas palavras e acenei. Vicky, a irmã dele estava a vir até nós.

-Stefan, está a ficar tarde. É melhor regressar.

-Tem toda a razão, Vicky – falei, sorrindo para ela e levantei-me. – Até amanhã, Matt. Miss Vicky.

Saí de casa deles e montei Mezzanotte. Regressei a casa num trote leve que me dava tempo para pensar nas coisas que Matt me tinha dito.

Parte 2 – Elena Pierce

Vi Stefan a chegar a casa e a levar a sua égua para os estábulos. Dirigi-me até lá num passo calmo, absorvendo os raios do pôr do sol a bater-me na cara. Uma brisa ligeira fria passou por mim e fez os pêlos dos meus braços arrepiarem-me e um arrepio pela minha espinha.

Entrei nos estábulos e Stefan estava a dar-lhe água.

-Não a coloque muito fresca – disse-lhe e ele olhou para trás.

-Oh, Elena – falou ele surpreendido. – O que faz aqui?

Encostei-me á ombreira da box da égua e fiquei a observá-lo.

-Vi-o entrar na propriedade e depois a dirigir-se para aqui. Cavalos também são a minha paixão.

Ele sorriu e olhou para o balde que tinha a água.

-A água não está muito fria senão ela pode correr o risco de apanhar uma pneumonia.

Acenei em concordância.

-Elena, chegue aqui – pediu ele e eu ri.

-Stefan, eu estou com um vestido rodado branco. Não posso entrar aí dentro.

Ele sorriu travesso e arqueou uma sobrancelha.

-Isso não é nenhum problema.

Deixou o balde no chão e limpou as mãos às calças. Aproximou-se de mim e colocou um braço por trás do meu joelho e fazendo pressão eu cedi para trás. Pensei que ia cair, mas ele apanhou-me a centímetros do chão e elevou-me.

-Stefan! – exclamei surpreendida e com o coração a bater a mil pela nossa proximidade e pelo susto. Ele gargalhou o que me fez rir.

Entrou na cavalariça comigo e eu coloquei um braço em volta do seu pescoço com medo de cair.

-Toque-a – disse ele quando eu estava ao alcance de Mezzanotte.

-Sefan, eu não…

-Ela é a minha égua, Elena. Toque-a.

Estendi a minha mão direita e toquei-lhe no dorso. O seu pêlo era sedoso, fino, forte e o seu calor era tão bom que eu desejaria ficar ali para sempre para absorver aquele calor. Respirei fundo e senti que todas aquelas semanas de angústia estavam realmente a ir-se embora. Senti-me tão calma e relaxada como não me sentia desde que Damon tinha ido embora.

Fechei os olhos e apeteceu-me chorar por ter notado que durante estas duas semanas não tinha saboreado a minha vida ali em Mystic Falls. Recolhi a mão do pêlo de Mezzanotte e encostei a cabeça no ombro de Stefan, mantendo os olhos fechados.

Stefan movimentou-se e respirei fundo, absorvendo aquele aroma da sua água de colónia e feno.

-Podemos ficar assim para sempre? – sussurrei.

-Se a Elena quiser ficar comigo para sempre.

Abri os olhos alarmada. Era aquilo que eu queria? E quanto a Damon? O que seria do nosso futuro?

-Stefan, eu não posso decidir agora – disse com um nó na garganta. – Não enquanto o Damon não voltar. Não seria justo para ele.

Sefan acenou e colocou-me no chão.

-Claro que sim – disse ele e beijou-me o topo da cabeça. – Vamos para casa. O jantar deve de estar quase a ser servido.

-Sim, vamos – disse-lhe e seguimos para casa.