Dear Pegasus, escrita por DiraSantos


Capítulo 14
O Museu do Louvre, Vênus de Milo E Seth Gray


Notas iniciais do capítulo

Espero que Agrade
Boa leitura.



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            Capítulo Treze: Museu do Louvre, Vênus de Milo

                                             E Seth Gray

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Não foi tão ruim, deu pro gasto, pensou Seth Gray ao sair do banho secando os cabelos negros com uma toalha branca. Caminhou até sua mala ainda feita com gotas de água escorrendo pelo corpo, apertou mais a tolha que suava na cintura e procurou desordenadamente alguma roupa em uma das malas.

Tinha corrido tudo bem, fizera aulas de esgrima e equitação, conhecera os chalés, os campos de morangos e o caminho para a praia, também fizera algumas amizades, conversou com a garota gótica da Casa grande, ela se chamava Valerie e o irmão Velkan, ambos estavam preocupados, mas foram devidamente sutis ao deram um corte na conversa que Seth queria manter. Conseguiu manter mais contato com Guilherme Lannister, era um cara grande, bem mais educado e gente fina do que aparentava primeira vista, explicou como as coisas funcionavam ali, disse que em que mesa sentaria e que provavelmente as filhas de Afrodite e Hebe fariam muito alarde quando o apresentasse aos outros campistas no jantar.

Puxou uma calça jeans velha, estava desfiada nas barras com um tom amarronzado de tanto que usava, colocou uma peça intima e vestiu aquilo mesmo, jogou a outra toalha no beliche que escolhera, e pegou a camisa do acampamento que Katie Gardner lhe dera sorrindo ao recebê-lo no campo de morangos. Colocou a peça bem rápido e passou o mínimo de gel nas mãos longas e nos cabelos, o que de pouco adiantava, seu cabelos tinham o péssimo e charmoso costume de ficarem livremente bagunçados.

Pensou em surfar um pouco, mais o vento não lhe favorecia e sabia que o tal filho de Poseidon —como lhe apresentaram mais tarde como o namorado da loira que ele cantara — não estava muito feliz com ele ali, então acabou por decidir em dar um volta, puxou algumas balas de mascar para o bolso e caminhou para fora.

—Hey, vai deixar tudo assim?

Seu irmão estava ali, deitado e lendo um pouco, Seth se virou e percebeu que ele se referia ao chão molhado e as toalhas espalhadas, seu corpo ficou mole só de pensar em voltar e arrumar as coisas olhou para o irmão de piscou uma vez, jogando uma bala para lhe acalmar os ânimos.

—Depois agente dá um jeito nisso, okey maninho?

—Você não pode deixar as coi...! —Bateu a porta abafando a voz do meio irmão, balançou os cabelos e procurou pensar em algum caminho. Mas, desde que vira aquela garota, só pensava em vê-la de novo ou tentar pegar mais informações sobre ela, só sabia que seu nome era Sury, que chegar ali a três meses e que tinha um chalé inteiro no seu fã-clube

Como a garota conseguiu fazer tantos “amigos” em tão pouco tempo, ele não tinha idéia.

—Que inferno ela estava fazendo nos meus sonhos? —Perguntou a si mesmo, não que estivesse reclamando, Seth Gray não é do tipo de cara que reclama da vida, vivera um bom tempo fugindo da policia, e só quando Perséfone lhe tirou de uma bela enrascada, e o fez escolher entre morrer nas mãos de uns caras mal encarados ou encobrir seus casos extraconjugais contra seu pai imortal em troca de uma bela casa na frente da Praia de Malibu e um estúdio para a irmã e a mãe, só quando isso aconteceu, ele tomou jeito e voltou a escola e agora ia cursar Oceanografia, claro isso só no ano que vem.

Gray sabia viver com pouco, e com muito também. É um sujeito adaptável, sabe se virar sozinho, mas sempre gostou de companhia, principalmente a feminina, como vivia só com a meia-irmã e a mãe, conseguira ter um bom panorama de como agradar uma garota, e isso sempre lhe ajudou, nunca teve problemas com o sexo oposto.

Elas gostavam dele e ele delas, era um sentimento recíproco e benéfico para ambos

Se tivera namoradas? Não. Ele não gostava dessa palavra, implicava um compromisso e vontade que ele não tinha. Ficara com várias garotas diferentes, o relacionamento mais logo, diga-se de passagem, durara oito meses inteiros, e ele começara a gostar de verdade dela, só que não deu certo, bem, ela queria atenção demais e ele não tinha tanta paciência para um caso que ele teria que ser 100% dela e sem tempo para si.

Olhou para a Casa Grande e pensou um pouco. Ira vê-la? Afinal por que queria ver uma garota que não conhecia? Sim, ela era bonita, mas também tinha algo no modo que ela... Algo na presença dela que o deixa quase que irritantemente curioso para que pudesse falar com ela. Também, por que ela parecera sem seus sonhos? Por que Rachel lhe conhecia mesmo sem nunca ter o visto? E por que Rachel parecia saber mais sobre o que ele sentia pela garota Sury que ele próprio?

Ela estava enchendo a cabeça dele perguntas, e Seth nunca sequer dissera um oi.

—Certo, eu vou ver ela antes que eu enlouqueça. —Disse a si mesmo irritado, jogou uma bala para cima e a pegou com destreza, enfiando o papel no bolso da calça, andou a passos largos, sorriu para o homem gordo e vermelho que cheirava a vinho desmaiado no sofá, subiu de dois em dois degraus as escadas e respirou fundo antes de colocar a cabeça para dentro do quarto.

A dríade laranja estava lá, e trançava uma mexa de cabelo de Sury com alguns galhos e flores de laranjeira criando uma trança, colocou uma pequena fita laranja no final e sorriu para o seu trabalho, segundos depois se virou para Seth e deu um pequeno sorriso. Estendeu uma cesta de frutas com uvas, laranjas e algumas maçãs, ele negou e deu um sorriso se recostando na parede ao lado da porta.

Lika suspirou e passou os dedos na franjinha volumosa da garota.

—Nesses silêncios estranhos é que Sury vinha a calhar.

—E por quê? —Perguntou desviando os olhos para a garota que dormia mais tranquilamente agora. Tinham lhe trocado as roupas e penteado os cabelos, ressonava baixo o lábio inferior mais carnudo vermelho tremia um pouco, o garoto também estava melhor com roupas do acampamento, mas Gray teve a impressão que estava mais largado do que ela, quase como se ele estivesse ali só por ela.

Lika riu e levantou os olhos para o garoto.

—Sury tem a grande habilidade de ser inconveniente conveniente. Faria uma piada de sarcástica sobre qualquer coisa que nos faria rir, —ela passou o olhar por ele— talvez sobre seu brinco.

—Como o que? —Lika deu de ombros e se virou apara a amiga. Sentia falta dela, Sury era agradável de se viver, a sua forma, deixava as pessoas mais a vontade, era irritável demais quando se tratava de certas coisas, mas sabia conversar ou como deixar as coisas mais divertidas.

—Não sei, poderia ser qualquer coisa, ela sempre acha alguma coisa para zoar. —Seth soltou um “hum”, parecendo mais interessado ainda nela, a dríade sorriu.

—Parece o meu tipo de garota. —Com essa ela teve que rir um pouco, claro que era o tipo dele. O oráculo de Delfos definiria isso a eles. Ela balançou os cabelos laranja e deu um pequeno sorriso para ele, e depois para a amiga.

—Você nem faz idéia o quanto.

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.Sury Carpe.

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Minha cabeça estava pulsando.

Estava em um museu, mas não era qualquer museu, em um canto sorrindo misteriosamente para mim, a Mona Lisa mantinha sua postura. Louvre, Museu do Louvre. Pessoas passavam de um lado para o outro, encantadas com as lindas obras de arte daquele lugar. É eu reconhecia aquele lugar.

Blythe me falara da vez que nossos pais se encontraram a primeira vez.

Vênus de Milo... —Murmurrei, passando os olhos pelo lugar, procurando a estátua inacabada.

—Sim, foi em uma bela tarde de outono, Nilá estava linda. —Asclépio surgiu ao meu lado, as mãos dentro dos bolsos do jaleco de medico, dei um pequeno sorriso; seu rosto estava antigo, os olhos perdidos em alguma coisa no ar, parecia se lembrar do dia com tanta clareza que eu podia sentir os ventos mudando, as árvores lá fora ficando em tons terra, as pessoas mudando e...

É, aquilo estava mesmo acontecendo. Papai suspirou e seguiu pelo caminho até a estátua inacabada.

—Estou meio nostálgico hoje, querida. —Disse a mim, a voz calma e leve ao ver a Venus ao longe.  As pessoas que passavam ao nosso lado eram como nevoa, quanto mais nos aproximávamos, mas finas elas ficavam e logo se dissipavam como fumaça. Só uma era bem solida, era uma garota de uns vinte e cinco anos, anotando animadamente em seu caderno.

Mamãe tinha os cachinhos castanhos preso e um coque frouxo atrás da cabeça, uma bolsa lateral de couro estava estufada e  de papeis e livros que transbordavam ao  seus pés,  vestia uma calça jeans larga e um blusa branca com um colete de couro, e um tênis velho.

—Hippie? —Asclépio riu.

—A hippie mais linda que eu já vi, mais inteligente que maioria, e também não gostava de ser desmentida... Lembra-se de alguém assim? —Indagou com uma sobrancelha erguida, desviei os olhos e soltei um assovio baixo, cruzando os braços.

—Não, ninguém.

—Nilá também podia ser bem cínica. — me virei para ele parecendo insultada, mas depois dei de ombros, eu era mesmo bem cínica quando queria. —Veja! Ela ira colocar uma mecha imaginaria de cabelo atrás da orelha, tinha esse tique.... Olhe, lá vai ela!

Mamãe fez isso mesmo, passou os dedos para trás da orelha, mas também não era só isso. Os olhos de Asclépio estavam brilhando, por um segundo pensei que estivesse chorando, mas não, ele sorria e mexia os dedos irrequietos querendo tocar nela, suspirava de vez enquanto, quando percebia que não estava mais lá. Senti culpa outra vez, por ter o julgado como monstro antes, papai amou sim Nilá, e tão profundamente que entrava em meus sonhos para poder reviver seus encontros.

Franzi os lábios e peguei sua mão pela primeira vez e Ash sabia bem disso, tanto que seus olhos verdes brilharam para mim, seu sorriso paterno surgiu e alargou e ele apertou minhas mãos, trançando nossos dedos.

—Sente a falta dela, não é? —Mais um suspirou e seus olhos perderam um pouco do brilho.

—Sua mãe tem algo que um deus ou homem encontra apenas uma vez. E o tipo de mulher que nunca se deixa de amar. Nilá... Ela tem uma presença muito forte, não se podia deixar de notá-la, e era mais agradável ainda quando a conhecia. Sim, sinto falta dela, é como respirar sem ar, minha pequena.

—Romântico, romântico e dramático, papai. Puxou muita coisa do seu pai, não é? —Ele notou, deu um pequeno sorriso, um pouco surpreso e aliviado também.

—Você viu aquela tarde, não? Quando Blythe leu pela primeira vez “Branca de Neve”. —Assenti e abaixei os olhos, não contei sobre o final do sonho, o raio que sempre acabava com tudo. Sempre, sempre um raio destruía tudo, tudo que um dia foi bom para mim ou para pessoas importantes para mim.

—Estava na enfermaria por que fui mordida por uma Quimera, e sonhei com isso. —Ele assentiu e fixou o olhar para mim, com um sorriso largo e gentil.

—Os sonhos de vocês, semideuses, não são só uma dádiva a vocês, também ajuda os deuses, somos muito sozinhos, nos esquecemos das coisas, e esse é o maior medo de qualquer Deus. Esquecer.

—Dádiva? Faz três meses que eu não durmo direito. —Ele riu e olhou para Nilá outra vez, me puxando para mais para esquerda a fim de ver seu rosto, nunca vira um sorriso tão sincero, seus olhos brilhavam demais. Nilá também tinha os olhos castanhos brilhantes, mas era para a estátua. Não tinha idéia o que ela escrevia, parecia colocar em palavras tudo que via ali, o que eu não faço idéia do que seja, mas tinha que admitir, Vênus de Milo era simplesmente... Perfeita.

O mármore era bem liso, era como se a estrutura fosse natural, esculpida pelos ventos e pelo tempo, a falta dos braços não era nada, deixava algo mais misterioso a ela, sua mente poderia passar horas e horas imaginando como ela poderia ser com as duas peças que faltavam, mas a verdade era que, você nunca pararia de achar novas formas.

Esse era o encanto da Vênus de Milo.

—Nilá também tinha uma queda por essa escultura. —disse Ash lendo meus pensamentos, corei e dei um pequeno sorriso. —Dizia que Vênus nunca perderia o encanto, enquanto os braços dela estivessem desaparecidos, sempre seria o ícone de beleza e mistério. Afrodite ficou décadas saltitando pelo Olímpo, por terem dado seu nome a ela.

—Não é para menos... Ela quer que eu morra? —Indaguei sem pensar. Agora sim, os deuses deviam estar querendo minha cabeça em uma bandeja de prata. Asclépio me encarou e franziu os lábios por um segundo, largou minha mão e passou os dedos pelo rosto da mamãe, que se esvaiu entre seus dedos.

—Eles me chamaram para o conselho hoje. Houve uma... Discussão, tentei explicara que culpa não era sua ou minha e sim da maldição de Hecate.

—Culpa da Maldição? —Perguntei, sem entender. O que a maldição de infertilidade do meu pai tinha haver com o fato de eu estar trazendo alguém de volta à vida? O deus suspirou e me puxou para um banco que existia ali perto, ele pegou minhas mãos e suspirou.

—Quando era um simples semideus como você Sury, minha capacidade pouco tinha haver com magia. O que eu fazia era simplesmente tratar do corpo rapidamente e depois recorre ao espiritismo, o estudo da alma, para trazê-la de volta. Nada havia com magia, era simplesmente medicina, entende?

—Sim, essa parte sim.

Ele assentiu e se aproximou mais um pouco procurando as palavras certas.

—Quando virei um deus e meus conhecimentos foram tirados de pratica, passeia somente a pesquisar e fazer experimentos em prol da ciência humana e dos deuses, passei milênios fazendo apenas isso. Era feliz de certa forma, era um Deus e passava meu tempo estudando com Atena, ouvindo os haicais de meu pai, ou conversando com outros deuses menores... Conheci sua mãe quando Apolo me trouxe até a frança, queria conhecer mais as mulheres francesas, e ela estava bem ali, a frente da Vênus de Milo, me aproximei dela por que Apolo me importunara afazer isso. Encantei-me por ela no primeiro segundo que nossos olhares se encontraram. Apaixonamo-nos, insisti até o último minuto para casar-me com ela, mas ela sempre me negou isso. Sempre soube o que eu era e a minha historia.

Ele respirou fundo a apertou meus dedos.

—Quando Blythe nasceu, fiquei apavorado. Não sabia o que isso significava, me afastei de Nilá por alguns meses, mas não suportei muito tempo, e ela me entendeu, disse que não havia problemas, se ela tinha nascido era por que o destino quis. —ele sorriu— Quando você veio querida, eu já não ligava mais para os deuses. Foram os dois anos mais felizes que passei, até que... Descobrimos que Nilá tinha Leucemia.

Meu coração se apertou, fitei-a por um segundo, agora ela conversava com o meu pai, ambos sorriam e ela parecia tão cheia de vida, uma pessoa tão boa para ter morrido, tinha um sorriso tão largo e contagiante que eu não podia acreditar que ela sofria de algo assim.

Asclépio pigarreou.

—Com a Maldição meus conhecimentos se tornaram algo mágico em você, sua habilidade de curar vem do meu conhecimento de medicina e pela magia de Hecate que se desviou para você e sua irmã, mas como ela se foi...

—Sou a única que está ressuscitando os outros por ai. —Papai assentiu.

—E isso preocupa os Deuses, temem que você pode trazer C... Pode trazer grandes maus de volta.

—Eles são deuses, por que teriam medo de alguma coisa que eu faria? Não faz sentido. —Ash riu e passou os dedos na minha bochecha para logo depois apertar minhas mãos nas suas. Ele deu uma leve risada e as apertou contra o peito, senti meu rosto ficar quente.

—Não sabe a importância que isso tem para mim, querida, sabe? —Um nó obstruiu minha garganta.

—Não é isso. É só que...

—Quando alguém perde a confiança com você, é quase impossível recuperar, mesmo que seu julgamento for pré-determinado e sem nenhum fundamento. É uma boa pratica, lhe protege e isso é bom, mas... Sou seu pai, e a muralha que construiu envolta de você é muito forte, cada pequeno passo que dou em sua direção é uma grande vitoria.

—Não quero sofrer. —Retruquei olhando para baixo.

—A solidão é a pior dor, minha pequena.

—Nossa... Você realmente passou um tempo com Apolo, não é? —Ele gargalhou alto, uma risada rouca, seu pomo de adão subia de descia. Senti-me diferente, como se eu fosse uma garotinha de sete anos no aniversario com o pai que vive viajando que, do nada, resolve tirar o dia para ficar com a família, aquila risada me fez bem, consegui rir também.

—Ah, querida... —ele abaixou os olhos verdes cintilando para mim o que me deixou mais constrangida ainda. Essa era outra habilidade dele, só ele conseguia me fazer corar, me fazer ficar constrangida ou sem respostas. Mas não era para menos, ele é o meu pai.— É esse tipo de momento por qual eu ansiava desde que lhe deixei com Blythe. Poder rir com você.

—Mesmo que seja em um sonho e em um Museu do Louvre Fantasma? —Um sorriso maior ainda.

—Em qualquer lugar querida. A presença da minha ultima primogênita viva ao meu lado, não há nada parecido.

—Sério, Ash, pára de andar com Apolo! —Depois de algumas risadas ficamos em silêncio, vendo Nilá sorrir ao ver a visão de Asclépio se aproximar dela, eles trocaram frases que eu não consegui ouvir, apertaram as mão, conversaram um pouco, e depois de um tempo, ela o convidou para tomar um café, ou coisa parecida.

—Você tem que acordar, Sury. —Disse, gemi e olhei para o casal descer as escadas para seu primeiro encontro.

—Não posso ficar? —Ele pareceu confuso.

—Pensei que os jovens não gostassem de cenas melosas com seus pais. —Desviei os olhos para Vênus e senti meu coração dar um aperto. É, muito provavelmente uma garota normal iria achar nojento e repulsivo reviver o primeiro encontro dos seus pais, mas... Aquilo era diferente.

—Queria sobre mais sobre a mamãe. Blythe sempre soube mais de vocês e...

—Tudo terminara bem, Sury. Conhecera mais sobre Nilá do que qualquer um. Mas tudo há seu tempo.

—Mas...

—Acorde Sury. Chega de sonhos por hora. —Uma cobra surgiu em seu colo, era uma naja negra, os olhos amarelos vibrantes fixados em mim, sua língua sibilou para mim, até que seu corpo longo se retraiu e ela me deu um bote, engoli a dor no meu nariz.

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Abri meus olhos de supetão, meu coração descompassado e minha respiração forte, como se algo tivesse sugado todo o oxigênio das minhas veias. Passei a mão nos olhos tentando afastar os borrões negros que dançavam na minha visão.

—Ai, nossa, acho que dormi por um ano. —Gemi para mim e me sentei no colchão, foi quando percebi que não estava nem na enfermaria ou no meu Chalé. O quarto onde eu estava era pequeno com um papel de parede com pequeninas flores,, tudo tinha cheiro de plantas, videiras se enrolavam pela cabeceira da minha cama. Do outro lado alguém dormia profundamente, fora que algumas tranças com flores de laranjeira pendiam no meu cabelo.

Lika.

Soltei uma leve risada e joguei o lençol para o lado encostando meus pés na madeira corrida do chão, quase cai algumas vezes pela câimbra, não tinha notado que não senti aminhas pernas, mas depois de umas quatro tentativas senti melhor o chão nas solas do meu pé. No canto do quarto, no chão, vi uma das minhas malas, com dois pares de tênis ao lado;

Bem, pelo menos alguém deixara roupas para mim.

Peguei uma muda de roupa, minha escova de dentes, uma toalha e outras coisinhas e coloquei minha cabeça para fora do quarto. Um corredor. Mas não qualquer eu me lembrava desse, era o primeiro andar da Casa Grande, Rachel, eu e Miguel entramos aqui para pegar alguns utensílios de limpeza que ficavam em um banheiro, que era a... Última ou a penúltima porta a direita?

Caminhei até lá e abri as duas portas, no final era a ultima, entrei lá e tomei um banho bem longo.

(http://www.polyvore.com/cgi/set?id=38279910&.locale=pt-br)

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Depois que sequei meus cabelos coloquei joguei minha toalha rapidamente em cima da mala, fui até a outra cama e não pude deixar de ficar feliz.

Luke estava bem e dormia profundamente. Seus cortes e vergões estavam totalmente cicatrizados, vestia roupas limpas do Acampamento e ressonava baixinho com uma de suas mãos pendendo para fora da cama, coloquei-a para dentro dos lençóis e o cobri melhor, mexi em um tufo de cabelo loiro e sai na ponta dos pés.

Devia ser à hora do jantar e eu queria pegar todos de surpresa, desci as escadas pulando, corri para fora. É, devia ser umas sete horas da noite, corri pela ala dos chalés até que fiz uma curva no chalé de Hipnos e bati contra alguém.

Fechei os olhos, já antecipando a dor da queda, mas a pessoa me segurou pelo ombro e me puxou para cima, impedindo que eu me espatifasse no chão, depois de alguns segundo é que eu percebi que a dor não vinha, levantei os olhos para agradecer.

Mas fui engolida por dois orbes castanhos brilhantes, meu jogo de basquete com o garoto e cabelos negros veio à mente, senti um frio na espinha e abri a boca, chocada com o que vi.  Ele ainda tinha a mão ainda no meu ombro, quente e longa, os olhos fixados nos meus, os lábios cheios com cheiro de chiclete a poucos centímetros de mim.

E aprecia tão chocado quanto eu.

—Oi. —Sua voz era tão fraca e sussurrada que eu quase não ouvi, mesmo de perto, os olhos tão confusos quanto os meus, esperando minha reação.

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Notas finais do capítulo

Desculpem minha demora, ia postar ontem mas quando terminei o capítulo o Nyah! estava em manutenção.
Espero que tenham gostado.
Alguma reclamação ou ideia?
Comentem*3*
Beiiijos