Um:

Welcome to my life: http://www.youtube.com/watch?v=t2de-nNf8vM

Olhei-o furiosa e ergui minha varinha apontando para ele quando um feixe de luz passou por mim e o atingiu no peito. Eu me virei e encontrei três pessoas que trocavam sua atenção entre ele e eu. Puxei o ar, uma vez mais, e me dirigi calmamente ao homem que estava caído de lado fazendo uma careta de dor. Empurrei-o virando de frente para mim. Seus olhos encontraram os meus e aguardei em silêncio sua explicação por invadir uma propriedade que não lhe pertencei. E mais, durante a madrugada. Podia ver que procurava algo para me dizer. Acompanhei enquanto ele se levantava e me fitava dando alguns passos para trás.

-Me devolva Mundongo, agora! –Bradei com uma mão esticada em sua direção e a outra na cintura.

-Ladrão!Ladrão! – Berrava o retrato de minha avó. – Estão imaculando a nobre casa dos Black.!

-Srta. Black, eu... – Ele arfou ao ver as outras três pessoas atrás de nós. Escutei os ofegos de surpresa, mas não me virei. – Me perdoe, não sabia que ainda estava por aqui.

-Não me importa eu quero o que você roubou! – Gritei irritada. – É melhor devolver Mundongo ou eu juro que falo com Dumbledore e a Ordem irá lhe caçar.

Ele, tremendo, tirou de dentro de seu casaco um enorme saco preto e colocou a minha frente. Seus gestos pareciam lentos e eu ficava a cada instante mais mal humorada. Droga eu quero dormir! Reclamei mentalmente. Será que ele ainda vai enrolar muito?  Afastou-s e de mim alguns passos e eu abri o saco. Fitei e vi que tinha bastante coisa. E lembrei-me de um pedido de Dumbledore e decidi resolvê-lo logo. Apontei a varinha em direção a ele e o prendi numa das cadeiras. Vi-o se remexer com força querendo se soltar. Passei a mão por meus cabelos negros, e me dirigi ao sofá ficando em frente a ele. Sentei-me com calma e esperei que ele parasse seus movimentos.

-Não vou te fazer nada. – Declarei cansada. – Simplesmente quero conversar, ok?

-E para isso precisa me prender? – Indagou nervoso.

-Sim, porque se te deixasse solto você sairia correndo. – Expliquei dando de ombros. – Como tentou fazer quando devia ajudar o Harry Potter.

Ao falar o nome me virei. Era ele quem estava ali. Aqueles olhos verdes encontraram os meus e eu vi uma sinceridade enorme ali. Balancei a cabeça e voltei-me para o que tinha de fazer. Apoiei-me no encosto e fechei meus olhos, escutando as inúmeras tentativas de fuga. Não queria gritar, pois se fizesse isto chamaria a atenção de minha adorável avó. Sim, não me sinto bem nesta casa. Um sorriso triste surgiu em meu rosto ao me lembrar de meu pai. Tivemos pouco tempo juntos, mas foi sem dúvida alguns momentos maravilhosos. Sinto um pouco de inveja do Harry. Ela pelo menos teve mais contato do que eu com meu pai.

Sirius foi um homem incrível, mas sua vida foi complicada após a morte de seu melhor amigo, Thiago. Meu padrinho me conta muito sobre eles, os marotos. Devem ter sido muito felizes naquela época. Nada devia importar muito. Abri os olhos e encontrei o homem a minha frente com a expressão fechada, porém sabia que agora tinha aceitado a ideia de que somente seria libertado se colaborasse com os meus planos.  Virei em minha cabeça e vi o relógio. Estava ficando tarde, e amanhã eu precisaria estar bem, tinha uma missão a cumprir. E logo notei que não.

Dei as costas ao Mundungo e fitei os três. Um era moreno e tinha os cabelos desgrenhados e olhos verdes, usava óculos. O outro tinha os cabelos ruivos e os olhos azuis. Suas roupas estavam um pouco desarrumadas. E a menina, bem, ele tinha o cabelos e os olhos num tom castanho. Podia ver que enquanto eu os analisava eles faziam o mesmo. Senti meu rosto corar e voltei a encarar o ladrão. Aproximei-me dele me apoiando em minhas pernas, e entortei um pouco minha cabeça, analisando por onde começaria. Bom, talvez eu devesse começar de um jeito mais simples. Sim, é isso que farei. Voltei a endireitar o corpo.

-Monstro. – Chamei-o delicadamente.

-Sim, minha senhora. – Falou fazendo uma reverência.

Apesar dele nunca ter gostado do meu pai ele sentia um tipo de carinho por mim. Quem sabe isto não se deve ao fato de eu ser a última dos Black? Ainda que isto não queira me dizer nada. Sinto-me fora do lugar. Parece que estou partida ao meio. Não me sinto como se fosse daqui. E sei que ninguém me entende. Sou grata por ter tido uma boa família, mas não era a minha família. Minha mãe morreu alguns meses depois do parto. A casa fora atacada por comensais da morte, e meu pai, está é uma longa história. Foi acusado de um assassinato e passou a maior parte de minha vida presa em Askaban.

Senti meus olhos arderem, estava a ponto de chorar. Nunca fui inteiramente feliz. De certa forma eu invejo o Harry, apesar de não ter conhecido seus pais, o meu cuidou dele quando mais precisou. Esteve presente e lhe deu carinho. Conviveu com ele por um bom tempo, bem mais do que eu. Quando eu recebia suas cartas eu me sentia feliz e completa. E a primeira vez que eu o vi foi o melhor momento de minha vida. Corri em direção a ele depois de vez seus olhos brilhando. E o abracei como sempre quis. Neste momento eu me senti em casa, realmente em casa. Eu tinha um lar e uma família. Estava bem. Balancei a cabeça e voltei à conversa.

/Continua.../