Janela escrita por o_arquiduque


Capítulo 5
A Galeria Velha




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- Horácio, meu velho amigo... – Barros entra com seu habitual sorriso agudo.

- Otto... O que você quer aqui? – Horácio, um homem de meia-idade, ficou estático por alguns segundos.

- Nada de mais. Andei assuntando por ai e descobri que você vai abrir uma nova exposição?! – Ele andava com as mãos para trás, a passos lentos, medindo cada centímetro das paredes amareladas, iluminadas pelo sol amarelo-ouro da manhã.

- S... sim. – Horácio gaguejava toda vez que se sentia ameaçado de alguma forma.

- E descobri também que uma artista chamada Luiza vai expor seus quadros aqui, estou errado?

- N...não.

- Bom, mas como sou um homem de negócios, estou aqui para te propor um trato. Deixemos de lado nossas rusgas passadas, tratemos de assuntos presentes, e, sem ressentimentos, eu realmente gostaria que você colaborasse!

A galeria, de repente, ficou mais vazia. O pequeno espaço de poucos metros, com um segundo andar que não caberiam mais que dez pessoas, de paredes que um dia já foram brancas, mas tingiram-se com o tempo com uma fina camada de poeira amarela, iluminado fortemente pelos primeiros raios solares do dia, ficou assombroso. As vozes dos dois homens ecoavam de maneira assustadora.

- D...do que se trata?

- Eu quero que você desmarque a exposição de Luiza. Ela não deve expor suas obras até que eu determine! E em troca... Eu poupo sua galeria de uma nova reforma. Apesar de que creio que ela deva estar precisando! – Lançou um olhar vago pelas paredes, pelo piso de pedras frias misturado com madeira levemente empenada, pelas janelas ligeiramente embaçadas e voltou à fitar o homem à sua frente.

- E... Eu já prometi a ela que faria... N... Não posso voltar com a minha palavra... – Seu nervosismo era evidente. Suor frio começava a escorrer em sua têmpora.

- Verdade que você tem uma segunda escolha! Que fique claro que não te imponho nada, está livre para fazer o que bem entender. Mas a segunda escolha pressupõe uma reforma nessa velha galeria! – Levantou-se não muito satisfeito – Hoje a noite visitarei Luiza. Se ela ainda me confirmar a exposição, e mesmo que ela minta, eu descobrirei, então prepara-se para comprar materiais para construção. – Virou-se para saída.

Horácio ainda não conseguia se mover direito. Suas pernas não saiam do lugar, por mais que quisesse. Sua respiração ainda estava descompassada e não sabia dizer ao certo se seu coração ainda batia.

Seus olhos acompanhavam as costas do agente público, que prestes à pisar na rua, virou-se novamente com o mesmo sorriso com que entrara:

- Tenha um ótimo dia!


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