Reconstruir escrita por ToxicDown


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

OIIIIIIIIIIII LINDOSSSS! Tudo bom com vocês?? Então vim postar mais um capitulo da fic pra vocês! Quero reviews viu! Beijos!



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"Um dia você aprende que quando está com raiva tem o

direito de estar com raiva, mas isso não

te dá o direito de ser cruel. Aprende que não importa

em quantos pedaços seu coração foi partido,

o mundo não pára para que você o conserte."

William Shakespeare

Hermione chamou a família Weasley para comer. Todos entraram na pequena cozinha e se serviram. Enquanto faziam isso Gina deu um sorriso à Hermione em um pedido silencioso de desculpas. Hermione balançou a cabeça, como se dissesse que não havia o que se desculpar.

Jorge saiu do quarto. Harry achou que ele estava péssimo. Nunca o vira tão triste e pálido na vida, mas pelo menos estava se esforçando para comer. Hermione olhou meio nervosa para os outros quando sentaram à mesa e tomaram a primeira colher de sopa.

Está... hum, boa? ― perguntou.

Seguiu-se então os comentários apressados de todos, dizendo que tinham aprovado. Hermione sorriu satisfeita e procurou o rosto de Rony no meio deles. Mas ele não estava ali. Olhou para Harry em uma pergunta silenciosa, mas o garoto deu de ombros.

Ela levantou e foi até à sala. O ruivo estava sentado em uma poltrona, olhando para algum ponto no tapete. Hermione se aproximou, mas Rony só reagiu quando ela se agachou de joelhos à sua frente, entrando em seu campo de visão.

Você não vai comer? ― perguntou ela, baixinho.

Não estou com fome ― ele disse.

Sua voz estava cansada, arrastada.

Mas você nem almoçou direito. Deve estar com fome.

Não estou.

Rony ainda continuava na mesma posição, abatido. Hermione pousou as mãos nos joelhos dele e sacudiu-o.

Por favor, venha comer! Você está fraco. ― Ele não se mexeu. ― Eu passei muito tempo fazendo aquela sopa, segui a receita direitinho! Prometo que a comida não está tão ruim quanto aquelas que eu fazia na barraca, está bem melhor ― brincou.

Eu não quero.

Mas, Rony, você...

Eu-não-quero! ― falou ele entre os dentes, de repente olhando para a garota, os olhos ardendo de raiva. ― Não quero essa maldita sopa! Agora me deixe em paz!

E empurrou os braços da garota para longe, subindo então para o quarto pisando forte. A garota ficou alguns segundos olhando para as escadas da Toca antes de soltar um suspiro longo e voltar à cozinha. Ao sentar Harry ergueu os olhos para ela, mas Hermione balançou a cabeça em tom negativo e começou a comer. A sopa, que não estava tão ruim antes, de repente parecia sem gosto.

Escureceu. Harry subiu ao quarto de Rony para dormir, mas bateu na porta antes de entrar. Ouviu um "entre" e obedeceu a voz. Rony estava deitado na cama, já de pijama, olhando para o teto do quarto. Harry entrou, colocou o pijama em silêncio e deitou. Ficaram sem dizer nada por longos minutos antes de Harry falar:

Você quer conversar?


No primeiro momento achou que Rony não fosse responder, tanto tempo foi o que demorou para fazer isso. Mas estava enganado.

Só hoje caiu a ficha de que o Fred não vai mais voltar.

Harry não disse nada porque não soube o que dizer. Mas Rony continuou.

Cara, que sensação horrível! Parece que tem cem dementadores nessa casa.


Sei o que está sentindo ― falou Harry.

Rony não disse nada, então Harry também não falou mais. Levou um tempo até que Harry conseguisse dormir, mas não chegou a ouvir os roncos de Rony, tampouco.

Era muito cedo ainda. Hermione levantou, pois não conseguia mais dormir devido ao nervosismo, e foi até a cozinha pensando em preparar alguma coisa para o café-da-manhã dos Weasley. A cozinha, porém, não estava vazia. O Sr. e a Sra. Weasley já estavam acordados. Hermione entrou timidamente no aposento com um pigarro.

Bom dia, querida ― cumprimentou Molly.

Bom dia.

Hermione reparou que os olhos dois dois pareciam muito inchados.

Por que acordou tão cedo? ― perguntou Arthur, tomando um gole de café.

Estou meio nervosa ― admitiu a garota. ― Sr. e Sra. Weasley, eu queria mesmo falar com vocês. É que, eu não sei se vocês sabem, mas antes... antes de tudo acontecer... eu alterei a memória dos meus pais, para que eles não corressem perigo, sabe.

Os dois se entreolharam. Pelo jeito ainda não sabiam desse detalhe.

Os dois estão na Austrália e... pensam que chamam-se Wendell e Monica e que... não têm uma filha. ― Hermione engoliu em seco. A Sra. Weasley tampou a boca com a mão. ― E como tudo acabou eu... preciso ir até lá, sabe, para devolver a memória deles e trazê-los de volta para casa.

Seguiu-se um silêncio em que o casal Weasley parecia assimilar o que a garota havia dito. Por fim, o Sr. Weasley falou.

Por que não disse isso antes, Hermione? ― Ele parecia preocupado. ― Eu já teria pedido para alguém do Ministério fazer isso.

O rosto de Hermione de repente ficou levemente rosado.

Agradeço, Sr. Weasley, mas... eu queria fazer isso sozinha. ― Ele franziu a testa para ela. ― Eu tirei a memória deles, então queria trazer de volta. Queria explicar, sabe, o porquê de eu ter feito isso, conforme a memória deles for voltando...

A voz de Hermione embargou no final da frase, então ela se calou, tentando controlar as lágrimas. A Sra. Weasley a olhava com pena.

Querida ― começou Molly. ― Mas é muito mais seguro ir com alguém mais velho, que já fez isso várias vezes...

Deixe, Molly ― interrompeu Arthur. ― A Hermione já provou a todos nós que sabe muito bem o que faz. ― Ele sorriu para a garota, como se olhasse para sua própria filha. ― Se ela achar que pode e que quer fazer isso sozinha, não vejo problema algum.


Hermione sorriu agradecida. A Sra. Weasley ainda parecia preocupada, mas sabia que o marido tinha razão.

E você vai quando? ― perguntou Molly.

Hoje à tarde.

Harry ou Rony vão com você? ― a Sra. Weasley tornou a perguntar.

Não, vou sozinha ― respondeu Hermione, sem graça.

Mas...

Molly ― advertiu o Sr. Weasley, levemente divertido.

A Sra. Weasley olhou de um para o outro com apreensão. Por fim, soltou um suspiro.

Torradas? ― perguntou por fim, vencida.

Hermione arrumava suas coisas dentro de sua costumeira bolsinha encantada enquanto Gina a observava sentada na cama. Ouviram uma batida na porta e Harry entrou, sentando ao lado da ruiva.

Já está indo? ― perguntou ele.

Hermione se virou e concordou com a cabeça.

Já falei com o Sr. e a Sra. Weasley mais cedo ― contou ela. ― Vou só terminar de guardar algumas coisas. Aposto que você vai ficar feliz, hein, Gina? De se livrar da colega de quarto?

Gina fez aquela careta de "até parece" e Hermione sorriu de volta, enquanto dobrava uns suéteres e colocava-os da bolsinha. Embora Harry tivesse visto a amiga fazer isso no último ano umas cem vezes, não podia deixar de admirar o efeito engraçado que ela produzia ao colocar alguma coisa que aparentemente não caberia na bolsa pequena.

Tem certeza de que não quer que eu vá junto, Hermione? ― perguntou Harry. ― Não sei, fico preocupado de você ir sozinha para tão longe... E se acontecer alguma coisa?


Concordo com o Harry! ― falou Gina. ― Também não gosto dessa ideia.

Hermione sorriu carinhosamente para os amigos.

Obrigada, vocês dois, mas eu vou ficar bem!

Então leve Edwiges com você, assim pode mandar cartas ― sugeriu Harry.

Não sei se vão me deixar embarcar em um voo internacional com uma coruja ― riu ela.

Harry e Gina franziram a testa.

Vai de avião? ― surpreendeu-se Harry. ― Achei que ia aparatar.


Ah, não, eu nunca aparatei tão longe, tenho medo de dar errado ― afirmou Hermione. ― E indo de avião vou ter bastante tempo para pensar.

Você vai naquelas coisas enormes que os trouxas usam para viajar? ― surpreendeu-se Gina. ― Por que não vai de vassoura então?

Não gosto de vassouras ― Hermione disse, com um ligeiro tremor no corpo. ― Não gosto de altura. No avião sempre vou no assento do corredor, para não ter que olhar para as nuvens.

Gina riu e Harry apenas balançou a cabeça, sorrindo.

Já comprou a passagem? ― perguntou ele.

Comprei faz uns dias ― concordou ela. ― O voo é às duas horas. Agora são... ― Consultou o relógio de pulso. ― Onze e meia. É, vou só terminar de arrumar aqui e posso aparatar até o aeroporto de Londres, tenho tempo de sobra.

Mas você vai mandar notícias, não vai? ― perguntou Gina.

Ah, isso me lembra uma coisa! ― exclamou Hermione,

começando a procurar algo em sua bolsinha. ― Eu tinha procurado se tem algum correio-coruja em Brisbane no livro Oceania: Os Serviços Básicos dos Bruxos no Hemisfério Sul, mas parece que o mais próximo é só perto de Sunshine Coast. E como não sei se encontrarei uma lareira desbloqueada, comprei isso aqui...

E tirou da bolsa um telefone celular, sorrindo triunfante. Gina olhou para o aparelho como se ele fosse algum bicho estranho de cinco cabeças. Harry pegou o celular das mãos de Hermione.

Isso é um feletone? ― perguntou Gina.

Telefone, Gina. Mais precisamente um celular. Assim posso ligar para vocês! ― Hermione sorriu, animada. ― Comprei um para mim também. Só que, Harry, você vai precisar, ham, carregar ele depois e não sei como...


Pode deixar, eu dou um jeito. Mas então, Brisbane? É lá que eles estão? ― perguntou Harry.

Ela concordou.

Eu vou ligar assim que chegar. E qualquer coisa é só vocês me ligarem também, o número está aí na agenda.

Tem uma agenda aqui dentro? ― perguntou Gina, surpresa, apontando para o celular.

Harry e Hermione riram.

Depois eu te ensino como funciona um celular ― prometeu Harry, risonho.

Ficaram em silêncio por um momento enquanto Hermione dobrava uns pares de meia. Harry sentiu um pequeno aperto no peito. Era a primeira vez, em quase um ano, que iria ficar longe da amiga e a considerava como uma irmã. Sabia que sentiria sua falta e que ficaria ansioso por notícias dela. Queria muito que tudo corresse bem, pois foi para ajudá-lo a derrotar Voldemort que Hermione tivera que tirar a memória dos pais.

Foi quando estava pensando nisso, que ocorreu outra pergunta à Harry.

Falou com o Rony? ― perguntou ele, inseguro.

Hermione parou no movimento de colocar um par de meias na bolsa. Soltou um suspiro e deixou-se cair sentada na poltrona.

Não e nem sei se vou falar. ― Deu de ombros. ― Acho que ele não está com muita vontade de falar comigo. É capaz de nem sentir a minha falta pelas próximas sema...


Você vai embora?

Os três olharam para a porta. Rony encarava Hermione com assombro, seu olhar indo do par de meias em sua mão para o seu rosto. Harry levantou e indicou a porta com a cabeça para Gina, que entendeu o recado e o acompanhou para fora do quarto.

O ruivo entrou e ficou encarando Hermione em pé. A garota se levantou para ficar com o rosto na mesma altura do dele.

Agora você se importa? ― ironizou ela.

Rony ficou alguns segundos encarando-a, a boca ligeiramente aberta, como se procurasse entender o que ela havia dito.

O que quer dizer com isso? ― perguntou ele, confuso. ― Você não vai embora por causa de ontem, não é? Eu só estou triste por causa do Fred! Você precisa entender, eu estou sofrendo, sabia?

Hermione soltou um muxoxo de incredulidade.

Ah, só você está sofrendo? E só eu que preciso entender? ― replicou. A voz dela de repente foi sumindo enquanto dizia: ― Por Merlin, Ronald...

Ela o encarou com tristeza, seus olhos ficando subitamente cheios. Rony parecia confuso e levemente assustado com o rumo da conversa.

"Por Merlin" o que? ― perguntou ele, a vozinha fraca. ― Eu estou entendendo muito bem o que está acontecendo! Você não aguenta mais ficar aqui, e não me aguenta mais, então você vai embora! ― Os olhos dele brilharam quando se enxeram. ― É um lugar mais alegre que você quer, não é? Pessoas alegres! Não é isso?


Uma onda de pena e carinho instalou-se em Hermione. Teve uma vontade súbita de abraçar Rony. Podia ver em seus olhos brilhantes o desolamento e a dor dele. Estava tão mal, que parecia perdido em si mesmo.

Não é nada disso ― murmurou ela, sorrindo sem emoção. ― Quem está fugindo de mim é você, Rony. E não o contrário.

Ah, é? Então por que você está arrumando todas as suas coisas, hein? ― retorquiu ele, desolado, apontando para a bolsa dela. ― Vai dizer que não está indo embora?

Não estou fugindo de você, Ronald ― assegurou ela. ― Vou buscar meus pais, na Austrália!

Rony soltou um "ah" de compreensão. Então inesperadamente seus olhos azuis de arregalaram, como se finalmente entendesse.

Seus pais, na Austrália! ― exclamou ele, batendo na própria testa. ― Tinha me esquecido!

Ela se virou para terminar de colocar o último par de meia na bolsa, aproveitando para esconder a lágrima solitária que descia pelo seu rosto. Enxugou-a depressa sem que ele visse e se virou novamente, se aproximando de Rony, e passou de leve a mão por seus cabelos ruivos.

Não foi só dos meus pais que você esqueceu, Rony ― disse ela.

E então ela saiu do quarto. Desceu as escadas até à sala, onde estavam o Sr. e a Sra. Weasley, Harry e Gina.

Já vai, querida? ― perguntou Molly. Hermione concordou, se aproximando, no que a Sra. Weasley a abraçou apertado. ― Tchau então, Hermione, e não deixe de nos avisar como estão as coisas!


O Sr. Weasley se virou para Hermione.

Sabe que se precisar eu mando correndo alguém do Ministério para ajudá-la, ou eu mesmo vou ― garantiu ele.

Obrigada de novo, Sr. Weasley ― falou Hermione, educada. ― Se houver qualquer problema eu aviso.

Virou-se então para Gina, que correu para abraçar a amiga.

Ah, Hermione, gostaria que você não fosse tão teimosa! ― suspirou a ruiva. ― Boa sorte lá!

Então a garota se virou para Harry, que sorriu para a amiga.

A Hermione não precisa de sorte, Gina ― disse. ― Ela tem essa cabecinha brilhante.


Os olhos de Hermione se encheram e então abraçou o amigo com carinho.

Dê uma abraço no Sr. e na Sra. Granger por mim! ― pediu Harry com uma piscadela, quando se separaram.

E você, Harry Potter, não esqueça de mandar sua carta.


Harry riu e concordou com a cabeça. Hermione acenou da porta e então saiu da casa, indo até um ponto no gramado em que podia aparatar. E foi o que fez.

Quase no mesmo instante em que ouviram o estalido, Rony apareceu correndo na sala, ofegante.

Ela já foi? ― perguntou, desesperado.

Todos concordaram. Os ombros de Rony caíram, a decepção clara em seus olhos.

Mas eu... ia dizer a ela... ― murmurou, sozinho, para si, culpando-se por ter pensado tanto.


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