Reflexões escrita por Sweet Capricorn


Capítulo 4
Hagia Sophia




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Era um quarto pequeno de paredes de barro, a janela era simples com grades de madeira. Havia apenas uma cama, uma escrivaninha e uma estante com alguns livros. Aspros estava sentado em frente à escrivaninha, usando uma túnica branca e um ghutra branco, escrevendo uma carta com os seguintes dizeres:
“Defteros, espero que os habitantes do Santuário não estejam lhe causando problemas. Sei que você é forte e consegue se defender sozinho, mas nunca se esqueça de seu irmão. Sabe que voltaria imediatamente se fosse para protegê-lo. A situação aqui na Turquia está complicada, a Áustria está se aliando a Rússia na guerra e não tem nada que nós possamos fazer. Esta guerra aparentemente não possui nenhuma influencia com a nossa futura Guerra Santa, mas não podemos deixar nenhuma atividade bélica fora de avaliação. Em breve estaremos de volta ao Santuário”.
Ao terminar a carta, Aspros a coloca dentro de um envelope e se dirige a Hagia Sophia, que era o ponto de encontro do mensageiro do santuário com o Cavaleiro de Capricórnio.
Ao chegar, Aspros parou na porta da mesquita e olhou a carta, com seu coração carregado de desconfiança. Não sabia o que seu irmão estava fazendo no Santuário, queria muito saber se ele está bem, mas também tem medo de que ele esteja tramando algo contra sua pessoa. A mesquita estava consideravelmente cheia, não precisou olhar, apenas sentiu o cosmo de El Cid se aproximar..

– Tudo bem Aspros? – El Cid olhou preocupado.O capricorniano tinha aproximadamente 13 anos e estava usando guthra igual ao de Aspros na cabeça.

– O mensageiro do Santuário já chegou? - Saga pergunta tranquilamente, levantando o rosto.

– Ainda não, falta aproximadamente meia hora até ele chegar. – disse El Cid com sua seriedade costumeira.

– El Cid... Tem como você entregar essa carta ao mensageiro para mim? Peça para ele deixar esta carta na entrada da casa de gêmeos. – Aspros volta a olhar o envelope, não sabendo ao certo se deveria enviar a carta a seu irmão ou não.
El Cid percebe uma tênue relutância na voz de Aspros, quase que imperceptível, mas mesmo assim pega a carta e coloca junto à carta que será entregue. – “tudo bem”.– foi à única resposta que o Cavaleiro de Capricórnio deu.
Enquanto Aspros lhe entregava a carta, um terceiro homem, alto de pele morena queimada de Sol, cabelos curtos e negros, iguais a seus olhos aparece usando uma túnica marrom escura e com a cabeça descoberta. Ao chegar perto dos cavaleiros ele lhe faz uma reverencia. El Cid lhe entrega os dois envelope

– Quero que entregue este envelope para o grande mestre e o segundo quero que deixe na casa de gêmeos.

– Senhor... Porque o senhor quer deixar um envelope na casa de gêmeos? O senhor Aspros está ao seu lado...

– A carta é para meu irmão! – disse Aspros em tom sereno e ao mesmo tempo autoritário.
O mensageiro fez uma cara de reprovação e quando Aspros lhe responderia, o cavaleiro de Capricórnio foi mais rápido.

– Por acaso está se recusando a obedecer ao pedido de um cavaleiro de ouro? Está desconfiando de um de nós mensageiro? Se estiver nos diga, ou então dirija-se ao Mestre do Santuário e faça as suas acusações. Ao chegar no santuário eu mesmo irei me encarregar de você caso a carta não tenha chegado à casa de Gêmeos, se suspeita da carta à única pessoa que poderá violá-la será o Grande Mestre. – disse El Cid em tom frio e severo, deixando Aspros perplexo pela súbita defesa ao seu irmão.

– Não senhor, longe de mim, eu confio plenamente nos senhores! – Exclamou com temor o mensageiro.

– Alguma noticia do santuário? – Exclamou Aspros, voltando a sua postura altiva.

– Sim senhor, aparentemente a deusa Athena está em alguma província da Itália. O cavaleiro de Sagitário Sísifo ficou encarregado de encontrá-la. E também trago uma carta da Rússia, do cavaleiro de ouro de aquário Degél.
Saga recolhe a carta, se despede do mensageiro e começa a ler. Na carta continha informações sobre a Guerra e sobre a afiliação da Áustria como aliada da Rússia. Comentaram da possível localização de Athena na Itália mas, não encontraram nada referente ao hospedeiro de Hades em canto algum, incluindo na Rússia.

– Alguma noticia Aspros?

–Nada demais, eles estão na mesma situação que a gente, também não obtiveram sucesso na missão. Aliás muito obrigado por defender meu irmão.

– Não me agradeça por isso. Se o Grande Mestre permitiu que seu irmão viva com você, então significa que ele é uma pessoa de confiança. – ao terminar de falar, El Cid sai do templo e vai em direção da casa que estavam hospedados.
Saga faz o mesmo caminho que o capricorniano, mas as duvidas de El Cid voltaram a tona após a mostra de confiança de Shura pelo Grande Mestre. – “e se o Grande mestre estiver errado?” pensou.

– Diga-me El Cid, se alguém no santuário se mostrasse mais forte que o Grande Mestre e tomasse seu lugar a força, sem nenhum de nós, cavaleiro de ouro, perceber, o que será que aconteceria? – perguntou Aspros mais para si mesmo do que para El Cid.
El Cid para subitamente junto com Aspros. Após um ou dois minutos pensando, então encara seriamente o Cavaleiro de Gêmeos e lança um olhar profundo e convicto.

– Se alguém tomar o lugar do Grande mestre, enganar os deuses e os mesmos aceitarem nesse alguém como um novo santo na terra, 'seremos forçado a seguir, então, não a existência de uma divindade e sim a de um djinni, um gênio maligno, que é ao mesmo tempo sumamente potente e enganoso, que empregou todo seu talento para lograr a nós. Iremos acreditar que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons e todas as demais coisas externas são nada mais do que ilusões de sonhos, que esta criatura emprega para nos iludir'.

–Aspros fica surpreendido com a resposta do cavaleiro de Capricórnio que continua a encará-lo.

– Na verdade isso que eu falei não foi nada mais do que uma metáfora de René Descartes, mas neste caso essas palavras deixariam de ser uma metáfora para tornar-se uma realidade palpável. – Disse El Cid retomando seu caminho.
Aspros apenas sorri com a resposta e segue logo atrás do cavaleiro de capricórnio. - “é, ele pode ser bem calado e soturno, mas é uma pessoa que eu ficaria feliz em manter ao meu lado” – pensou.


Ao chegarem na humilde casa, os dois cavaleiros se deparam com a dona da casa e seu pai chorando.

– O que foi, o que aconteceu aqui? – pergunta Aspros, tentando consolar os dois.

– Meu marido morreu na Guerra, agora não sei mais o que eu vou fazer, e nem como contar aos meus filhos. O meu menino mais velho logo estará com idade suficiente para entrar na guerra e eu não suportarei perder mais um homem da minha família.

– Então venha com a gente para o santuário. – diz Aspros seriamente.

– Mas Aspros, assim sem mais nem menos? – diz El Cid espantado com a repentina proposta de Aspros.

– E porque não? Nossa função é proteger a deusa Athena e conseqüentemente a Terra, se ela vem ao mundo como humana para mostrar seu amor aos humanos, então a nossa função também é proteger os homens. Eu não vou recusar ajuda a uma mãe que perdeu o marido e pode perder seu filho na guerra - Aspros responde encarando seriamente o cavaleiro de capricórnio.

– Tudo bem então, faça como quiser. – disse El Cid com um pequeno sorriso, afinal, o capricorniano também acreditava nisso.

– Então ficaremos mais uma semana aqui e quando voltarmos para Athenas levaremos a senhora e sua família – a mulher olha com expressão assustada e Aspros complementa. – você ainda tem uma semana para refletir se querem ir com a gente ou não. Não iremos forçá-la, mas é a única chance de impedir seu filho de ir para a guerra.


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Notas finais do capítulo

A guerra russoturca de 1735 - 1739 ocorreu entre o Império Russo e o Império Otomano e foi consequência de intensos desentendimentos quanto aos resultados da Guerra de Sucessão da Polônia de 1733 - 1735 e as intermináveis incursões de tártaros da Criméia. A guerra também demonstrou os problemas da Rússia quanto ao desejo de acesso ao Mar Negro. ( Wikipédia)



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