A Ninfa da Cascata escrita por Eleanor Devil


Capítulo 4
Só tu...


Notas iniciais do capítulo

novo capítulo, espero que gostem ^^



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A Ninfa da Cascata

Capítulo 4 - Só tu….
Regressou a casa por volta do pôr-do-sol, nem se tinha apercebido o quão depressa as horas tinham passado, tinha estado tão entretido a falar com Ninfa naquelas últimas horas, tentando explicar-lhe o que eram as coisas que ele tinha trazido naquele dia tais como a mochila, o lápis e o bloco de notas, e tinha-lhe tentado explicar para que serviam essas coisas. Riu-se ao voltar a olhar para as folhas onde a rapariga tinha escrito...ou melhor...rabiscado! Aquilo não era mais nada do que rabiscos! Fazia-lhe lembrar os "desenhos" que Elisabeth fazia quando era mais pequena.

Ainda não tinha percebido a razão pela qual estava tão interessado em conhecê-la melhor, em mostrá-la como funcionavam as coisas no mundo para além da floresta. Sulfus tinha a sensação que já tinha visto o seu rosto no passado, os seus olhos azuis, os seus cabelos loiros eram algo familiares para ele, mas não entendia como poderiam ser...era...algo impossível, ela ser-lhe familiar já que ela nunca saíra da floresta...

Afastou esses pensamentos da sua mente e entrou em casa. Não tinha muito apetite mas sabia que se não comesse nada agora, mais tarde, a meio da noite, acordaria com fome, por isso optou por fazer um pequeno esforço e comer qualquer coisinha. Mas uma coisa era certa, estava cansado, visto que na noite passada mal tinha pregado olho devido aos sonhos consecutivos que tinha tido.

Depois de avisar os pais que já estava em casa, e sem muitas demoras para evitar que lhe começassem a fazer perguntas do género: Estás bem? Por que demoraste tanto? etc..., dirigiu-se para o seu quarto onde se deixou afundar no colchão da sua cama...estava exausto! Não era fácil fazer uma hora e meia de caminhada de ida e volta, de casa até à floresta até a casa!

Suspirou e fechou os olhos, tinha decidido que de agora em diante iria levar o seu cavalo nas suas viagens até à floresta. Ouviu um pequeno som e olhou para a sua mesa-de-cabeceira, provinha do seu telemóvel. Agarrou no objecto e viu a mensagem que tinha acabado de receber. Era de Kabale.

'Queres vir dar uma volta comigo, amanhã?'

Deixou a cabeça cair pesadamente sobre a almofada, não tinha a mínima vontade de sair com ela...nenhuma mesmo! Para ele aquela relação já tinha morrido à imenso tempo...então porquê mantê-la? Porquê casar com ela, perguntam vocês? A resposta é que ele se sente obrigado a fazê-lo...desde que o pai dela o colocara naquela situação...

Toc, Toc

"Entre" disse ele ainda deitado na cama, ergueu a cabeça quando a porta se fechou, para ver quem era. Era a sua mãe. Voltou a deitar a cabeça sobre a almofada "Estou inteiro mãe. Não precisas de vir verificar"

"Muito engraçadinho" disse Seraph enquanto se sentava sobre o colchão da cama do filho "Onde foste hoje?"

"Fui dar uma volta" respondeu calmo "Eu tinha-vos dito, não foi?"

"Tu sabes bem que não é bem isso que eu estou a referir, menino" disse ela num tom meio severo, Sulfus revirou os olhos e sentou-se "A algum lado deves ter ido"

Sulfus permaneceu em silêncio durante uns momentos, sabia que se lhe mentisse, ela descobriria logo só com um simples olhos nos olhos, sim...nada parecia escapar à sua mãe, ela conhecia-o bem, afinal de contas, ele era seu filho e uma mãe consegue perceber certas coisas que as outras pessoas não percebem.

"Eu..." começou "...não posso dizer..." confessou, desviando de imediato o olhar

"É alguma rapariga?"

"Mãe!" exclamou ele soando por um lado surpreendido como ela tinha descoberto tão rapidamente mas por outro lado tentou soar o mais incrédulo possível, tentando fazer com que ela percebesse o quão "absurda" estava a ser

"De onde é que tiraste essa ideia?!"

"Eu conheço-te, Sulfus" disse ela, séria "Há já 17 anos que te conheço muito bem, não te esqueças que estiveste nove meses dentro de mim"

"Ainda assim...não sei de onde é que foste tirar essa ideia de que estive com uma rapariga" disse o jovem "Já te esqueceste que estou-"

"Que estás noivo? Ou melhor, que estás acorrentado a um noivado que não queres que aconteça?! Não, Sulfus, infelizmente ainda não me esqueci dessa verdade" Sulfus ficara um pouco chocado com esta bruta reacção da sua mãe, ela não era assim...ela era meiga, doce, compreensiva...mas agora...conseguia ver a angústia e raiva no seu olhar...

"Tu não tens de seguir em frente com isto. Posso ser a única, mas sei que tu já não amas a Kabale como antes" Sulfus fechou os olhos por uns momentos antes de virar a cabeça...

"Eu tenho de fazer isto pelo nome da nossa família..." murmurou ele ainda sem olhar para a mãe

"Sulfus!" farta de ouvir sempre aquela resposta cada vez que tocava no assunto do casamento, Seraph tomou o rosto do filho entre as suas mãos e forçou-o a olha-la, olhos nos olhos "A TUA felicidade vem acima de tudo, antes de saber o que as pessoas dizem sobre a nossa família, eu quero saber, quero ter a certeza de que TU estás feliz! E eu sei que neste momento não estás" inclinou-se para lhe beijar a testa. Sulfus sabia que ela tinha razão, tinha toda a razão...ele não estava feliz...mas sentia como se não tivesse outra escolha senão seguir com este casamento para a frente...mesmo que isso implica-se ser infeliz...

O rapaz suspirou "Eu..." começou "...não te posso dizer bem ao certo onde estive...porque prometi não revelá-lo...mas sim estive com uma rapariga mas não dessa maneira que tu pensas! Eu...estou a ajudá-la..."

Seraph estava confusa "A ajudá-la em quê...?" de novo ele soltou um suspiro...

"Lembras-te...quando ontem vos disse que tinha sido arrastado pela corrente até terra...?" a mulher assentiu “Era mentira…eu não fui arrastado pela corrente…essa rapariga…salvou-me de morrer afogado…e…não sabia se ela era real ou só da minha imaginação…por isso hoje fui à procura dela e…encontrei-a. Eu…descobri várias coisas sobre ela…não pode falar, não conhece nada do mundo exterior, sempre viveu na floresta…” ele olhou para a mãe “E eu de agora em diante quero ajudá-la a descobrir coisas que ela não sabe…é uma espécie de favor, por ela me ter salvo a vida”

“Estou a ver” murmurou a mãe, Sulfus olhou para baixo e segurou com força do telemóvel onde ainda era visível a mensagem de Kabale…

“A Kabale mandou-me uma mensagem…para nos encontrarmos amanhã…e eu não sei se devo ir ter com ela e não ir ter com a Ninfa-“

“Ninfa?”

O rapaz encolheu os ombros “Já que não pode falar, achei que lhe devia dar um nome…” Seraph sorriu levemente “Não sei o que devo fazer…” o sorriso no rosto da mãe desapareceu um pouco

“Bem…se de facto queres continuar com este casamento absurdo…devias dividir o teu tempo. Passas um pouco de tempo com a Kabale e outro tempo com essa tal Ninfa”

“Como? A Kabale não me vai largar”

“Mente-lhe. Diz-lhe que estás cansado ou algo do género e se ela vier aqui insistir, não te preocupes que eu e a tua irmã tratamos do resto” disse ela, piscando-lhe o olho, Sulfus sorriu e assentiu. De novo Seraph beijou-lhe a testa

“Agora descansa” levantou-se do colchão e encaminhou-se para a porta…ela sorriu sem ele se aperceber…e este sorriso era porque ela tinha uma sensação, quem sabe talvez fosse uma sensação de mãe, de que mais tarde ou mais cedo esta “Ninfa” significaria muito mais para Sulfus do que uma simples rapariga a quem o seu filho sente que está em dívida…

No dia seguinte…tal como combinado, Sulfuss tinha-se encontrado com Kabale, eles neste momento estavam a passear pela cidade, ela com o braço enrolado no dele e com um sorriso no rosto. Todas as pessoas da cidade conheciam as suas famílias: Zolfanello e Rosso; por estas serem as mais ricas da zona, em tempos havia uma terceira família rica…mas isso é outra história…infelizmente essas mesmas pessoas adoravam mexericos e por isso lançavam com muita frequência uns boatos, a maior parte deles eram falsos mas as pessoas sendo como são acreditavam em tudo o que se lhe dizia, sobre as duas famílias, algo que irritava Sulfus profundamente.

Era devido a esses boatos que ele estava “acorrentado” aquela relação já à muito condenada a um fim. Alguém tinha lançado o boato de que o casal, apesar de terem apenas 17 anos, casar-se-ia em breve. A situação complicou-se quando vários repórteres apareceram na casa dos Zolfanello e antes que Sulfus pudesse negar tal casamento repentino, o pai de Kabale que estava lá naquele momento, Edwin Rosso, confirmou por ele o boato, o que colocou o rapaz numa situação difícil, pois Edwin devia saber que ele era capaz de tudo pela família…

“Está um lindo dia para darmos um passeio juntos, não achas, Sulfus?” perguntou Kabale com um olhar apaixonado enquanto eram observados pelas pessoas da cidade.

“Sim, está” respondeu…queria ir ter com Ninfa e mostrar-lhe novas coisas que ele tinha planeado ou até mesmo conhecer mais coisas sobre ela…espera aí…porque é que estava assim com tanta vontade?? Não…ele não podia…não devia! De maneira alguma! Era simplesmente um favor, era só isso…de qualquer modo…tinha de arranjar uma maneira de voltar para casa, ir buscar as suas coisas para depois ir para a floresta.

Bingo! Teve uma ideia!

De repente o jovem começou a tossir, parando de caminhar, o que fez com que Kabale também parasse de andar, ficando a olhar para ele “Estás bem, Sulfus?”

“N-Não…” tosse “Eu…não me…” tosse “…sinto muito bem…” a jovem colocou uma mão sobre a testa dele

“Não pareces ter febre” comentou, Sulfus fingiu espirrar várias vezes de seguida

“Eu…desde que caí ao rio que não me sinto muito bem…devo ter apanhado uma constipação das grandes” disse ele, mentindo, soando o mais crente possível. “Desculpa, mas o passeio vai ter de ficar para outro dia, é melhor ir para casa antes que fique com febre”

Kabale colocou as mãos na cintura e tinha um olhar reprovador no rosto, o que assustou Sulfus por breves momentos, será que não teria acreditado na sua mentira? “Ora, se não te estavas a sentir bem então nem devias ter saído de casa!”

Interiormente ele suspirou de alívio “Eu…não queria ter-te incomodado, nem estragar o passei, além disso quase que não sentia nada…não estava à espera de ficar pior…” disse, adicionado um outro som de tosse fingido

Kabale inclinou-se e beijou-lhe o rosto “Prefiro esperar alguns dias pelo passeio e tu estares bem do que ter-te amarrado a uma cama cheio de febre” ao ouvir isto, Sulfus sentiu um pequeno golpe no peito…estava a começar a sentir-se mal por lhe estar a mentir…ela amava-o verdadeiramente, sentimentos que há uns anos ele também sentira por ela…mas que agora tinha morrido…

Não querendo mentir-lhe mais, o rapaz assentiu e retirou-se o mais depressa possível, tinha de voltar para casa para ir buscar a mochila e depois discretamente dirigir-se aos estábulos que pertenciam à sua família, para ir buscar Basilisk, o seu cavalo.

Entrou em casa e estava prestes a subir as escadas para ir buscar os seus pertences quando deu de caras com a mãe que segurava a mochila nas mãos, sorria-lhe e ele também o fez enquanto tomava o objecto nas mãos e o colocava às costas, agradeceu à mãe, que lhe respondeu com um beijo na cabeça, antes de se dirigir para as traseiras da casa, caminho que o levaria até aos estábulos. Quando lá entrou, deparou-se com os cavalos família, cada um dentro da sua cocheira.

Caminhou até à primeira cocheira e lá dentro encontrava-se um grande cavalo negro. Sulfus abriu a porta e caminhou até ao cavalo, fez-lhe umas quantas carícias na crina “Já há algum tempo que não te monto” murmurou enquanto retirava as rédeas que se encontravam penduradas na parede da cocheira, colocou-as sobre o cavalo e depois colocou a sela, selando-o então.

Agarrou nas rédeas do animal e puxou-o lentamente para fora do estábulo, olhando em volta para ter a certeza de que ninguém o estava a observar já que era suposto ele estar doente.

O rapaz montou então o majestoso animal e guiou-o para fora dali. Saltou a pequena cerca que rodeava a zona dos estábulos e conduziu o animal em direcção à floresta. Tinha saudades de montar Basilisk, já faz alguns meses, não…quase um ano, desde que ele o montou pela última vez! Ao montar aquela criatura sentia-se livre enquanto corria, normalmente, sem destino mas agora tinha um.

Normalmente quando fazia aquele percurso a pé, demorava cerca de uma hora e meia, mas agora tinha apenas demorado cerca de meia hora, sim, Basilisk continuava tão veloz quanto antes. Assim que chegou à caverna reparou que a entrada desta, que normalmente estava praticamente coberta com um enorme calhau, estava agora com uma entrada maior. Sorriu…Ninfa tinha feito o que ele lhe pedira ontem antes de ser ir embora, tinha-lhe dito que de agora em diante viria até aquele lugar montado a cavalo e que por isso a entrada precisaria de ser um pouco maior para permitir que o cavalo também pudesse entrar.

Agarrou nas rédeas de Basilisk e guiou-o para dentro da gruta, em poucos minutos encontravam-se do outro lado, olhou em volta, não havia sinal dos lobos, provavelmente devem ter ido caçar para a floresta. Ao chegar perto do lago, atou as rédeas em volta de um ramo de uma árvore e aproximou-se da beira, sentou-se sobre a relva antes de colocar dois dedos na boca e assobiar bem alto, o som ecoou pelo lugar e até assustou alguns pássaros. Isto era outra coisa que ele e Ninfa tinham combinado, assim que ela ouvisse o seu assobiu, era o sinal de que ele já ali estava.

Olhou em volta mas não viu qualquer sinal dela “Ei! Ninfa, sou eu!” gritou, a sua voz uma vez mais ecoou pela zona, passaram alguns minutos e ele continuava a olhar em volta, em busca dela. E foi aí que a viu, ali estava ela, no topo da grande cascata que deveria ter para aí uns 15 metros de altura! Ela acenou-lhe e ele sorriu, retribuindo o aceno “Anda, desce!” conseguiu vê-la assentir, então ela desapareceu da sua vista o que o levou a pensar que ela estava a usar o trilho que havia usado para subir até lá acima.

Mas o que ele menos esperava acabou por acontecer, voltou a ver a rapariga no topo da cascata mas por apenas breves segundos pois ela atirou-se, literalmente, da cascata. Os olhos âmbar de Sulfus arregalaram-se

“Mas tu estás doida?! Eu não-!”

SPLASH

“…quis dizer para desceres dessa maneira…” completou ele a frase, agora completamente encharcado da cabeça aos pés…no entanto tinha visto o quão graciosa tinha sido a maneira como Ninfa tinha caído na água. Por falar nela…onde estava? Não a tinha visto sair de dentro d’água mas nada indicava de que também continuava lá debaixo “Uh…Ninfa?” murmurou ele olhando em volta…nenhuma resposta “Ninfa?” desta vez aproximou-se da água cristalina mas não conseguiu ver nenhuma silhueta…voltou a sentar-se de joelhos e cruzou os braços “É bom que estejas bem porque eu não vou-!”

SPLASH

O rapaz de cabelo negro veio à superfície assim que pôde, cuspindo água, à frente dele surgiram os cabelos loiros de Ninfa e logo a seguir o seu rosto, bem metade dele visto que ainda tinha a outra dentro d’água enquanto ela fazia bolhinhas. Sulfus abriu os olhos e olhou para ela meio zangado.
“Isto não teve piada, pregaste-me cá um susto!” ela simplesmente continuou a olhar para ele e a fazer bolhinhas debaixo d’água, o rapaz bem podia jurar que estava a ouvir o seu próprio cavalo a rir-se da sua situação, Sulfus apontou para ele “E TU, tá caladinho!” voltou-se para Ninfa “Vais continuar aí a fazer bolinhas?” assim que acabou de dizer isso levou com um repuxo de água mesmo em cheio na cara, ela sorriu e fez cara de quem se estava a rir da expressão dele “Ai queres brincar? Meteste-te com a pessoa errada, menina!”

Começou a mandar-lhe grandes salpicos de água e ela fez o mesmo, ele ria-se enquanto a salpicava e conseguia ver a expressão divertida que ela tinha no rosto, se ela tivesse voz de certeza que se estaria a rir tanto quanto ele. A rapariga de cabelos loiros deixou de o salpicar e tentou nadar para a margem

“Nem penses que chegas lá primeiro que mim!” ele nadou atrás dela e assim que ela tentou sair dentro d’água, ele agarrou-a pela cintura e puxou-a de novo para dentro d’água, soltou-a e tentou ir para a margem mas a rapariga agarrou-lhe a camisola e puxou-o para dentro d’água tal como ele lhe tinha feito.

A brincadeira dos dois durou e durou por longos minutos, ambos não pareciam cansar-se de tal brincadeira, pelo contrário, pareciam estar bastante divertidos. Agora estavam os dois sentados na margem, ela sorria enquanto ele mal conseguia parar de rir, estavam ambos completamente encharcados! Ele abanou a cabeça e salpicou-a com leves gotas de água que saíram dos seus cabelos despenteados, negros, ela pôs as mãos à frente do corpo como quem se tentava proteger das gotas. Ele parou de rir e suspirou.

“Lindo, estou todo encharcado” disse ele sem parar de sorrir “É melhor tirar a camisola antes que me constipe à séria” e assim o fez, tirou a camisola de manga curta cinzenta, sem se aperceber que a rapariga estava a olhar para ele enquanto fazia isto, nem se apercebeu que ela estava a corar um pouco perante a visão dos seus peitorais cor de mármore. Ele levantou-se e agarrou na camisola encharcada, colocando-a sobre o ramo onde antes tinha prendido as rédeas do seu cavalo, acariciou a crina e virou-se para Ninfa que olhava entre ele e Basilisk com hesitação “Vem aqui, ele não te faz mal” ela, pouco a pouco, assim o fez, aproximou-se do animal. Sulfus tomou-lhe a mão e devagar aproximou-a da crina do cavalo, moveu a sua mão em sincronia com a dela, acariciando o animal, devagar soltou a mão da rapariga e deixou-a explorar o pêlo negro suave da criatura.

Sorriu ao ver ela a aproximar o seu rosto da crina do cavalo e encosta-lo nesse mesmo lugar, já não lhe restava dúvidas algumas que ela tinha uma ligação especial com os animais, ela adorava-os, sem sombra de dúvida…e isso era visível na maneira como ela tratava os seus queridos lobos, animais que antes lhe fora dito que eram criaturas cruéis e selvagens mas que agora sabia que apenas eram assim para se protegerem uns aos outros e que se ninguém lhes quisesse fazer mal, eles também não o fariam…

Franziu a testa de repente e o seu sorriso desapareceu…o seu olhar feliz foi substituído por um olhar doloroso, triste, melancólico…mas ainda assim não deixava de mirar Ninfa….Ninfa…por que razão lhe fazia lembrar tanto ela…?

Eram bastante parecidas, ele tinha de o admitir…e agora até a sua atitude lhe era parecida…tinha saudades…daquela pessoa que lhe fora tirada tão cedo…aquela pessoa tão importante para ele, tão frágil, tão inocente, tão nova…que partira demasiado cedo…era tão pequena, mal teve tempo de explorar a vida…nem se pôde despedir dela. Sulfus fechou os olhos dolorosamente, tentando afastar os pensamentos dela da sua mente…

Foi então que sentiu algo fofo a aconchegar-se na sua perna, olhou para baixo e deu de caras com duas crias de lobo a aconchegarem-se na suas pernas, o sorriso voltou aos seus lábios enquanto ele se agachava e fazia-lhes carícias no pêlo cinzento, as pequenas crias acomodaram-se na sua mão e lamberam-na, ele riu-se um pouco. Sentou-se e as duas crias saltaram-lhe para cima do colo, ele continuou a fazer-lhes festas sob o olhar feliz e doce de Ninfa que nunca tinha deixado de observar a cena.

As suas crias começaram a saltar para cima dele e a lambê-lo, ele riu-se e caiu para trás enquanto os dois animais continuavam a brincar com ele “Ok, ok já chega, isso faz cócegas!” dizia ele entre risos, Ninfa caminhou até ele e pegou numa das crias que mexeu as patinhas alegremente, pareciam dois cachorrinhos, Sulfus levantou-se e pegou na outra cria.

“São queridos…” disse ele sorrindo “e muito brincalhões” a rapariga sorriu-lhe e pegou-lhe na mão que não estava a segurar a pequena cria, começou a guiá-lo por um trilho, o que deu alguma curiosidade a Sulfus, pareciam estar a andar em rodas mas na verdade estavam a subir um monte em espiral. Em breve chegaram ao topo e o rapaz rapidamente se apercebeu de que estavam no mesmo sítio onde ela antes tinha estado, antes de ter saltado da cascata. Aproximaram-se os dois da beira e sentaram-se lá, cada um ainda a segurar uma cria, Sulfus sorriu perante a beleza que estava diante dos seus olhos, aquele lugar era de facto magnífico…e…de certa forma dava-lhe paz, ele sentia-se em paz, sem qualquer pressão sobre os seus ombros quando ali estava…ao contrário de quando ia lá para fora e voltava a sentir toda a pressão dos olhos da sociedade e do casamento sobre ele…

Suspirou enquanto continuava a olhar para aquilo, uma leve brisa mexeu com os seus cabelos rebeldes “Então…” Ninfa olhou para ele assim como ele olhou para ela “…este é o teu mundo…” murmurou ele, um sorriso apareceu nos lábios da rapariga e ela assentiu, ele voltou a olhar para o que estava à sua frente “É…lindo…e bastante pacífico…” fechou os olhos “Sabes…às vezes desejo ser livre como tu és…não ter quaisquer tipo de preocupações sobre mim e ser apenas um espírito livre tal como tu…” Ninfa pegou-lhe na mão e sorriu-lhe, um pequeno sorriso apareceu nos lábios de Sulfus enquanto um pequeno pensamento atravessava a sua mente…

‘Fazes-me lembrar bastante ela…só ela antes me fazia sentir desta maneira e agora és apenas tu que o consegues fazer…será que…poderás representar o seu espírito…?’

TBC…


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Notas finais do capítulo

qual foi a vossa parte preferida?? O que acham que vai acontecer entre os dois mais à frente?? deixem um comentário por favor!!
Já agora, uma pequena mensagem para a rafsulfus4ever e a InesTMM que são portuguesas e adoram Angel's Friends. Falei no mês passado com a SIC K quando eles estavam a anunciar que coisas novas iam passar no canal e perguntei sobre a versão portuguesa do filme Angel's Friends: Entre Sonho e Realidade...a resposta deles é que de momento não têm intenções de passar o filme no canal =( estava mesmo com esperanças...será que devemos perder a esperança toda?



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