A Ninfa da Cascata escrita por Eleanor Devil


Capítulo 12
Vida em risco


Notas iniciais do capítulo

novo capitulo, espero que gostem!



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A Ninfa da Cascata

Capítulo 12 – Vida em risco

Ao ver a rapariga estendida no meio da neve, sem reagir, Sulfus não hesitou nem mais segundo em descer do cavalo e correr até ela. Tomou-a nos seus braços, tirando-a da neve, arrepiando-se quando se apercebeu o quão gelada ela estava. O rosto da jovem continuava vermelho, a sua respiração era fria e afagante, o jovem rapaz retirou de imediato o seu casaco e envolveu Ninfa nesse mesmo, para mante-la quente.

“Aguenta-te Ninfa, por favor…” murmurou ele, não podia leva-la simplesmente para casa, tinha de a levar ao hospital, estava demasiado doente…

~*.*~*.*~

Ali estava ele agora, já tinha passado quase uma hora desde que ali chegara com Ninfa nos braços. Ela tinha sido levada de imediato para a sala de urgências e ele tinha ficado ali, na sala de espera, na preocupação mais profunda, sem receber qualquer tipo de notícia sobre o estado dela…tinha as mãos entre a cabeça, enquanto suspirava pela enésima volta desde que ali chegara…depois de terem levado Ninfa, tinha ligado à mãe para dar notícias, ela disse-lhe que em breve estariam ali.

Odiava hospitais…odiava as paredes brancas, odiava o cheiro que se encontrava por cada corredor que passava…olhou para o relógio, parecia que os ponteiros nunca mais saiam do mesmo sítio, talvez por que ele de minuto a minuto olhava para ele…estava a dar em doido…levantou-se da cadeira onde estava sentado, decidido a ir passear um pouco pelos corredores e encontrar alguém que lhe soubesse dar qualquer notícia sobre o estado da amiga…

Amiga…era isso que ela era para ele? Apenas amiga? Continuava sem saber e isso preocupava-o, irritava-o…tinha sido os seus sentimentos que deram origem a isto tudo, a sua confusão sobre o que sentia pela rapariga, tinha acabado por criar uma fragilidade no laço de ligação que ambos tinham criado…a sua amizade com ela estava por um fio, estava na corda bamba…e tudo porque ele simplesmente não conseguia entender o que sentia por ela…

Neste momento odiava-se a si mesmo…passou por um quarto e por mera casualidade olhou lá para dentro, lá estava uma pequena família, uma mãe, um pai e duas crianças, não conseguia perceber se as duas crianças eram irmãos ou se apenas dois amigos, mas fosse qual fosse a sua relação, os dois pareciam bastante ligados um ao outro. Parecia que o rapazinho estava doente e que a menina lhe tinha dado um pequeno e simples presente para lhe desejar as melhoras…

Sulfus sentiu um pequeno golpe no coração ao ver quão familiar aquela cena era para ele…sim…recordava-se bem…

“Toma” disse o pequeno Sulfus enquanto se sentava numa cadeira ao lado da cama de hospital onde a sua amiga estava, sim Raf estava um pouco doente mas nada que não recuperasse, em breve poderia voltar para casa. No entanto o seu melhor amigo mal soube disso, não demorou muito a vir visitá-la.

A pequena rapariga tomou na sua mão a caixa rectangular azul que o rapaz lhe tinha dado, abriu-a curiosa sobre descobrir o que estava lá dentro. Os seus olhos azuis iluminaram-se de alegria quando viu o que era “Uma rosa branca!”

“Eu sei que é a tua preferida” disse Sulfus coçando a parte detrás da cabeça, meio envergonhado “Quando soube que estavas doente…decidi traze-la…para te ajudar a sentires-te melhor”

“É linda Sulfus, obrigada” disse a pequena, abraçando-o “És o melhor amigo do mundo!”

Pois…eram os melhores amigos…mas o destino tinha sido cruel e um mês depois levou-lhe a sua melhor amiga para bem longe, para um sítio onde ele nunca conseguiria alcança-la, pelo menos até sua hora de partir chegar…aquela amizade era tão forte que talvez no futuro pudesse ter-se transformado em algo mais…mas ela tinha partido numa viagem sem retorno possível…o destino tirara-lhe Raf mas 14 anos depois colocara-lhe Ninfa no seu caminho, o qual causou um despiste total na sua vida…e ainda assim não sabia o significado desse despiste…

Sulfus suspirou, fechou os olhos e encostou-se à parede “Foste tu que ma enviaste para tomar conta de mim, Raf….?” Murmurou baixinho “Não percebo porque é que enviaste alguém que é igualzinha a ti…alguém com quem eu tenho um enorme problema em comunicar…por quem nem sequer sei o que sinto…ajuda-me a perceber isto…”

Então sentiu algo a puxar-lhe um pouco as calças, olhou para baixo e viu a mesma menina que tinha visto dentro do quarto minutos antes “Senhor, com quem está a falar?”

Sulfus foi apanhado de surpresa por aquela pergunta mas depois um pequeno sorriso apareceu-lhe nos lábios e ele agachou-se até estar a altura da pequena “Acreditas em anjos?” a pequenina olhou-o confusa mas depois assentiu “Bem…eu tenho uma amiga que está muito doente e estava a pedir a um anjo que a ajudasse a recuperar”

Um sorriso apareceu nos lábios da pequena “Então ela vai ficar melhor! Eu fiz o mesmo com o meu amigo e ele hoje está muito melhor!”

“Espero bem que sim…já perdi uma pessoa muito importante para mim, não quero voltar a passar por isso”

“Lily! Anda vamos para casa, querida” disse uma mulher, a pequena disse adeus a Sulfus e correu para junto da mãe, o jovem suspirou e levantou-se…esperava que aquela pequena tivesse razão e que Ninfa recuperasse depressa…foi então que o pai, mãe e irmã do jovem entraram e dirigiram-se para junto dele

“Então como está ela, Sulfus?” perguntou a mãe

O jovem abanou a cabeça, sem sequer olhar para eles “Ainda não sei nada…estou aqui à uma maldita hora e ainda não se dignaram a dizer nada!” disse ele, frustrado…bateu com uma mão na parede

“Bateres com a mão na parede e gritares não vai fazer com que venham dar as notícias mais depressa” disse o pai

“Só estou farto de esperar…se eles estão a demorar tanto tempo então isso quer dizer que é grave…” murmurou o rapaz…mas parece que as suas preces foram ouvidas pois de repente surgiu um médico que se dirigiu logo até eles

“É o jovem que acompanhou a rapariga de cabelos loiros?” perguntou

“Sim sou eu, como é que ela está?” disse o rapaz, ansiando por novidades

“Infelizmente não está bem, fizemos tudo o que podíamos mas a febre é muito alta e ela acabou por entrar em coma” esta notícia apanhou todos desprevenidos…

“C-Coma…?” murmurou Sulfus, chocado…sabia que Ninfa estava mal mas não tanto ao ponto de entrar em coma…”E…vai demorar muito a acordar…?”

“É difícil dizer…o coma profundo, pode demorar dias, semanas, meses até mesmo anos até ela acordar, infelizmente sou obrigado a dizer que ela pode até nem chegar a acordar…só mesmo um milagre a pode salvar…” Sulfus deixou-se cair sobre uma cadeira e meteu as mãos entre a cabeça…não podia acreditar…não podia acreditar que a situação era assim tão grave…

“A culpa é toda minha…” murmurou ele muito baixo…

“Sulfus não digas isso” disse Seraph, colocando uma mão sobre o ombro dele, o rapaz abanou a cabeça e a mãe acabou por notar que os olhos âmbar do filho estavam um pouco molhados…também ele deu conta disso mas esfregou-os logo de imediato com a sua mão. Em 14 anos nunca tinha soltado uma lágrima sequer, não seria agora que o ia fazer

Levantou-se da cadeira “Eu vou sair…” disse ele, ainda a olhar para baixo

“Para onde é que vais?”

“Vou buscar a única coisa que a pode salvar….”

~*.*~*.*~

Percorreu velozmente com Basilisk a floresta toda, ainda nevava mas não tanto quanto uma hora atrás…fitava o percurso com determinação, ia salvá-la, TINHA de salvá-la, nem que fosse a última coisa que fizesse…não a ia perder, não a ia perder como perdera Raf, não ia permitir isso…se havia algo que a podia despertar daquele coma profundo, então era a água do lugar secreto…apenas um pequeno frasco daquela água seria suficiente para a despertar…

Estava perto da zona onde se encontrava a entrada do lugar onde Ninfa vivia, onde ambos tinham vivido momentos divertidos e partilhado coisas que nunca pensou que alguma vez partilharia. Ouviu então uivos, lobos…mas não deu muita importância a isso, provavelmente seriam os lobos de Ninfa, e eles conheciam-no…

Mas rapidamente tirou essa ideia quando três lobos saltaram à sua frente, provocando que Basilisk parasse de correr bruscamente, erguendo as patas dianteiras no ar, arriscando que Sulfus caísse ao chão caso não se segurasse como deve de ser às rédeas. Ouvia os rosnares dos lobos e foi aí que se apercebeu que não eram os lobos cinzentos que ele conhecia: eram lobos pretos.

Tal como os lobos que conhecera, também estes tinham dentes e garras afiadas, baba caía-lhes por entre os dentes, pareciam esfomeados e para eles nada melhor do que um humano e um cavalo para saciar a sua fome. Mais três lobos surgiram por detrás do rapaz, enquanto este tentava controlar o cavalo que não parava de erguer as patas no ar, assustado com todos aqueles lobos.

Tanta exaltação acabou por fazer com que Sulfus caísse ao chão, os lobos pretos aproximaram-se ainda mais dele, o rapaz não hesitou em agarrar num pedregulho e atirar para um dos lobos….má ideia…aquilo só enfurecera ainda mais os animais…

Um deles estava prestes a saltar para cima do jovem, que fechou os olhos e esperou que o fim para ele chegasse…mas não chegou…ouviu um outro rosnar e quando abriu os olhos viu diante de si o grande e majestoso macho alfa da alcateia dos lobos cinzentos…este era maior do que qualquer lobo negro que estava diante de si e não demorou muito até que estes desistissem de fazer do jovem rapaz o seu almoço…

Sulfus olhava para o lobo ainda chocado com o que tinha acontecido…este virou-se na direcção do jovem e ele pôde ver que apesar de o ter salvado, os olhos negros do lobo pareciam zangados…e ele sabia porquê…

Ele suspirou “Não sei como mas creio que já sabes o que aconteceu…” murmurou ele…o lobo simplesmente começou a caminhar na direcção da gruta, Sulfus não demorou muito tempo a segui-lo, levantou-se, agarrou nas rédeas de Basilisk e seguiu o lobo…

Caminharam silenciosamente pela gruta até chegarem ao outro lado…e o que o jovem viu deixou-o mais chocado do que quando tinha recebido a notícia de que Ninfa tinha entrado em coma…não aguentou e caiu de joelhos…todas as suas esperanças se conseguir salvar a jovem desapareceram por entre o ar gelado do inverno…não conseguia acreditar nos seus olhos…

O lugar…as árvores…as pedras…a cascata…o lago…

Estavam congelados…

TBC…


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Notas finais do capítulo

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