-Mas o qu...? –Aoi se levantava subitamente da cama, procurando o botão do abajur.

  Assim que acendeu o objeto, viu o guitarrista mais novo ali, se mexer ligeiramente incomodado pela luz repentina.

-Yuu, desliga isso...! –Kouyou esfregava os olhos, tentando se acostumar com a claridade. –Pra que você acende isso no meio da noite?

-Ah... Desculpe, Kou. É que eu tive um pesadelo. –Respondeu satisfeito. Se ajeitou na cama, e cruzou os braços por trás da cabeça, se apoiando no travesseiro.

-O que houve? –Perguntou o outro guitarrista com um olhar preocupado. -Foi tão ruim assim? Você não costuma acender a luz por causa de sonhos ruins.

  Yuu apenas olhou Uruha, tentando encontrar alguma segurança naqueles olhos cor de mel.

-Eu conheço esse seu olhar. Pode contar se quiser, Yuu. Não se preocupa, tá? –Ele acariciava o rosto do moreno, que ainda o olhava com certo receio.

-Bem... Lembra daquela sua colega de sala que encontramos ontem no parque? –Yuu coçava a nuca, tentando disfarçar o nervosismo. Não importava os anos que eles haviam passado juntos. Aquele pesadelo era algo tão infantil, tão inseguro. Podia se sentir como uma garotinha colegial de 15 anos com medo de perder o namorado.

-A Misaki? Sim, o que tem ela?

-Er...

-Fala! –O loiro deu um soco leve no braço de Aoi, que riu em seguida.

-Ah... Digamos que no meu sonho, você e ela... Ah, você entendeu, vai! –Olhou nervoso para o mais novo, esperando que este entendesse apenas com o olhar. Em resposta, Uruha apenas riu com a atitude do namorado.

-Não Yuu, não entendi. Vai, pára de enrolar.

-Certo, Kou. Você e ela estavam quase transando, melhorou?

  Kouyou baixou os olhos, sem saber como reagir. Ele e Misaki, uma colega de sala há muitos anos atrás quase...? Aquilo era realmente estranho. Ele nunca havia pensado nela de uma forma sexual desse jeito! Certo, ela até podia ser bonita e inteligente, mas não o suficiente pra conseguir atraí-lo. Ela não fazia o tipo dele. E quando se encontraram por acaso em um passeio há um dia no parque, ele pôde perceber o namorado com ciúmes da garota, por mais que tentasse esconder.

  Aquilo era tão... doce.

-Eu sabia que não devia ter te contado. Vou apagar aqui, pode voltar a dormir. –Aoi se virou na cama, procurando o botão do abajur.

-Yuu, pára. Olha pra mim. –O moreno seguiu o que o namorado havia pedido, encarando-o nos olhos. –Eu percebi que você não gostou muito da gente ter encontrado ela ontem. Nós realmente estudamos juntos, mas nunca cheguei a olhar pra ela como mulher, apenas como uma boa amiga, nada mais. E sabe de uma coisa? Eu não canso de te dizer, mas eu te amo. Amo mesmo. Eu sou todo seu, você deve saber disso. Não precisa se preocupar, ok? Em hipótese alguma eu te deixaria assim, do nada. –Aproximou o rosto e deu um beijo rápido nos lábios do moreno.

-Eu também te amo muito, Kou. Você nem imagina o quão estranho foi pra mim ver vocês lá, conversando como dois velhos amigos que realmente são. Não era pra ser assim, desculpa. Sei que é infantil, mas eu... Queria ter você só pra mim, entende? De tão perfeito que você é.

-Seu bobo, você sabe que eu sou seu, já falei. –O mais novo roçava o nariz no do namorado, que logo trocavam um beijo carinhoso. -Mas não se preocupa, a gente não vai ver ela por um tempo. Ela foi transferida do trabalho pra outra cidade. Agora, acho melhor a gente dormir, senão vamos acordar é com os berros do Ruki porque chegamos atrasados no ensaio. –Kouyou se aninhou no peito de Yuu, sendo abraçado por ele logo em seguida.

-Boa noite anjo. –Aoi beijou os fios loiros do guitarrista, acariciando. Logo, os dois adormeceram ali, juntos.

  E de certa forma, Aoi ficou grato por ter tido aquele sonho. Ter palavras tão doces saindo da boca rosada de Kouyou era algo maravilhoso.