-Koi...?

-Diga, anjo. –Mesmo depois de anos de convivência, eu ainda me derretia com o apelido.

-O que acha de irmos dar uma volta hoje? O tempo está bom, podíamos ir àquele parque aqui perto.

-Boa idéia.


(...)


  Eu adorava ir àquele lugar. Era, digamos, relaxante. Depois de uma semana puxada de ensaios por causa do lançamento do novo single, e o mau-humor constante de Kai por causa da pressão, tudo o que queríamos era um pouco de descanso. Era isso que nos daria energia para os dias seguintes. A brisa fresca que soprava, a sombra das árvores e o canto alegre dos pássaros: a mistura perfeita.

  E o que mais me agradava é que Yuu também tinha esse pensamento. Embora que para ele, tanto faz ficar em casa vendo TV quanto sair para algum lugar. Eu geralmente pedia para ele ir comigo para simplesmente apreciar sua companhia – mesmo que ele fosse ciumento e possessivo às vezes.

 -Uru, não vou nem perguntar. –Quando senti o toque da mão dele na minha e um gesto com a cabeça indicando uma sorveteria próxima, na qual íamos sempre. –Chocolate?

 -Ahan! –Respondi, como uma criança que ganha doces da mãe.

 -Certo.

  E lá ia ele buscar os sorvetes. Eu não gostava de ir junto por causa dos olhares curiosos e comentários que realmente não me agradavam. Minhas irmãs aceitaram numa boa o namoro com ele, e os pais dele também. Já os meus... São daqueles que acreditam que homossexualidade é doença.

  Para eles, eu era doente, e deveria sair de casa para não contaminar os outros.

  Foda-se.


-Ei, psiu! –Ouvi alguém chamar em minha direção, e me virei. –Kou...? Aqui!

 
  Passei alguns segundos observando a mulher que acenava para mim. Pele clara como a neve, cabelos negros e lisos, caindo com delicadeza pelas costas nuas pelo decote da blusa que usava. E um par de olhos castanhos e amendoados, que eu sabia que conhecia de algum lugar.

...

  Puts!