Ashley PDV

Passei toda as aulas de cabeça baixa, chorando. Tentei abafar o choro o máximo possível. Quando o sinal tocou corri como louca, limpando as lágrimas que rolavam pelas minha bochechas,me perguntando o porquê de ele ter saído da escola.
Quando cheguei em sua casa, tentei me controlar. Estava tremendo. Toquei no interfone e ele atendeu, com uma voz rouca.
- Alô?
- A- alô ? – gaguejei – Joe, sou eu. A Ashley.
Ele não disse nada, apenas abriu a porta. Dei um enorme sorriso, só pelo fato de ele ter me deixado entrar.
Subi pelas escadas correndo, tropeçando na maioria dos degraus. Quando cheguei no andar de Joe esbarrei em Paige. Ela me lançou um olhar furioso e me segurou pelo braço. Isso me machucou. Ela me apertou forte. A encarei e tentei me soltar,mas ela era,simplesmente, forte demais. Como pode?  Sem mais nem menos ela me deu um soco no rosto, tão forte que caí no chão. Passei a mão pelo rosto.
- Você é louca ? – gritei.
Pude ver que ela estava chorando. Fiquei feliz por isso. Até esqueci, por um momento, que ela havia me dado um soco,mas a dor me fez relembrar.
Me levantei, cambaleando.
- Honestamente – ela bufou -, não sei porque ele gosta tanto de você. Você só fez a vida dele desandar.
Ela saiu correndo pelas escadas, chorando, como uma louca. 
Me arrependo, bastante,de não ter me levantado rápido e batido nela também.
Me arrastando, fui até a porta e bati,ainda caída no chão. Quando Joe a abriu olhou para o nada e depois abaixou a cabeça e me viu de olho roxo caída no chão.
Dei um sorriso irônico.
- O que aconteceu ? – ele perguntou e me puxou.
Me ajudou a levantar e a andar até o sofá. Eu não tinha problema algum na perna,mas não o impedi de me levar ao sofá, gostava da ideia de ele ainda se importar comigo.
Quando me acomodei vi que seus olhos transbordavam preocupação.
- Não se preocupe – falei -, eu vou ficar bem.
- Eu sei,mas o que aconteceu com você?
Abaixei o olhar.
- Digamos que você não deveria ter deixado a Paige sair no momento em que eu estava chegando.
Ele sorriu.
Olhei ao meu redor, a casa dele não havia mudado nada,apenas por alguns papéis de jornais jogados em cima da sua mesinha de centro. Pelo o que pude ver, ele estava procurando empregos nos classificados.
- Por que saiu da escola? – perguntei, cortando o silêncio.
Ele olhou para os jornais sobre a mesa.
- Eu não queria mais te ver...
Que bela resposta, pensei.
- Me desculpa,Joe. Por... – parei de falar, não queria o lembrar do que tinha acontecido – Bom, eu só vim me desculpar e dizer que eu não quero que tudo acabe, sabe ?
Parei de falar, sou péssima para pedir desculpas, sou péssima pra qualquer coisa.
Ele deu um sorriso torto,mas permaneceu ali.Intacto.
Cansei de ficar sentada olhando para o teto esperando ele me responder, me levantei e fui em direção a porta.
- Então ta ! Tudo bem ...
Me virei e fui abrir a porta, quando senti algo puxando meu braço. Vi os olhos de Joe focados nos meus. Ele se aproximou de mim, devagar.
Nosso beijo foi rápido, pois o telefone tocou, quando Joe me encostou na parede.
Ele se virou e foi atender.

Joe PDV

- Alô ? – falei.
- Joe ! Joe ! – ouvi Cody gritando.
- O que foi ?
- Me tira desse hospital,cara – ouvi alguns chiados – Essas enfermeiras são loucas, a comida é horrível.
Ouvi vários barulhos estranhos, Cody parecia ofegante.
- Cara,essa comida é horrível – repetiu – Me tira daqui.
Ouvi alguns gritos e depois foi só “ Tum Tum Tum “
Ashley estava olhando as fotos da minha estante. Na maioria eu estava com o meu pai, em todas estávamos rindo, em festas  ou algo do tipo. Meus pais me tiveram muito novos, então meu pai sempre foi mais como um irmão.
- O que aconteceu ? – ela perguntou sem tirar os olhos das fotos.
- Cody quer sair do hospital.
- Vamos buscá-lo ? Hoje é o dia da alta dele, esqueceu?
- Não ! – menti.
- Claro que não – ela disse, irônica.
Descemos as escadas normalmente. Bom, quase. Ashley inventou de subir nas minhas costas e me fez cair de cara no chão, somos dois com o olho roxo.
Quando entramos no hospital, haviam enfermeiras correndo de um lado para o outro. Cody deveria estar correndo por ai, como um louco. Como se correr por todo o hospital fizesse com que ele pudesse sair mais cedo daquele lugar.
Me apoiei na mesa da recepção.
- Viemos ver o Cody... – a mulher me interrompeu antes que eu dissesse o sobrenome.
- Cody ?! – ela gritou – Por aqui.
Ela nos levou até o quarto aonde ele deveria estar e fechou a porta rapidamente.
- Achem esse garoto, ele está deixando todas as enfermeiras loucas !
 Ashley deu risada.
- Era de se esperar.
A mulher a encarou como quem não havia achado graça alguma naquilo.
- Achem ele então, o hospital nem é tão grande assim.
- Shii – sussurrei para Ashley.
Abri a porta e fui observando o corredor.
- Ele vai passar por aqui, uma hora – disse e me sentei no chão, ao lado da porta.
Ashley se sentou ao meu lado e ficamos esperando, enquanto a mulher da recepção corria pelos corredores procurando por Cody.
Ficamos olhando para o teto,para o lado, fomos beber água e nada do garoto passar pra nos deixar algum sinal de vida.
De repente ouvimos um grito estrondoso vindo do fim do corredor. Ouvimos risos também. Era Cody, correndo como uma criança. Ele parou em nossa frente e apoiou as mãos no joelho.
- Ei ! – ele disse ofegante – Como vocês estão ? Por que o olho roxo, galera?
Ashley e eu nos entreolhamos.
- Não vem ao caso... - respondi com duvida.
- Então,vamos embora daqui – ele olhou para trás – Logo !
Cody me puxou pelo braço e eu puxei Ashley, como uma corrente.
- Temos que falar com as enfermeiras ! – Ashley gritou.
- Não ! – Cody rebateu.
Saímos correndo pela porta da frente sem olhar para trás, sem ligar para as enfermeiras loucas correndo atrás da gente.
“Bom, nessa hora seria bem legal ter um carro” pensei.