Primavera escrita por Jules


Capítulo 50
Este é meu!




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Assim como o meu humor, o tempo piorou muito. Enquanto dirigia pelas escorregadias ruas – encharcadas por aquele princípio de tempestade –, uma sensação horrível me dominava. Eu não sabia dizer, nem explicar o que era. Muito menos entender o porque de eu estar sentindo tudo aquilo.

O pesar em meu coração era tão grande que me vi obrigada a parar no acostamento para respirar. A chuva naquele lado da cidade era tanta que chegava a inundar certos pontos do caminho. Achei perigoso ficar lá por muito tempo e, mesmo sem me sentir muito bem, recomecei o caminho para casa.

Quanto mais próximo eu chegava de lá, mais fraca a chuva ficava. Deveria passar das seis e meia da noite, não mais do que isso, quando cheguei em casa. O gramado brilhava com pequenos orvalhos que grudaram nela, a casa parecia muito mais mística naquele clima escuro e chuvoso.

Eu podia ouvir as risadas de Carol Anne e Taylor vindo da cozinha, seguindo por um cheiro delicioso de carne. Aproximei-me da porta devagar, tentando não estragar aquele momento intimo – e lindo – dos dois.

Quando vi aqueles dois sorridentes – Taylor fazendo o jantar e Carol Anne brincando com os seus talheres de plástico, sentada em sua cadeira de alimentação -, entendi perfeitamente o que eu estava sentindo antes.

Cambaleei até o batente da porta e me encostei lá. Senti uma pontada forte no coração e segurei com força o pano do vestido que eu usava.

- Jules? – Perguntou Taylor, que vinha em minha direção, preocupado – Está tudo bem?

O olhar de Carol Anne também era cheio de preocupação.

- Sim – responde, tranqüilizando-os.

Mas era mentira, eu não estava nada bem. Um sentimento esmagador tomava conta de mim.

Há muitos anos, eu sofri demais. Sofri porque era garota gordinha, com auto-estima baixa, cabelo ruim, indesejada e menosprezada pelos garotos. Depois, fui presenteada com a dor da rejeição de Jacob. Mas... o que eu sentia agora era tão forte que nem parecia real.

Eu simplesmente não conseguia suportar, não conseguia considerar nem calcular, a idéia de que alguma coisa acontecesse com eles. Eu os amava tanto – Tanto! – E por um momento sonhei que meu amor fosse físico e palpável como um escudo que pudesse protegê-los da morte.

Taylor me abraçou com força e seu cheiro me inundou. Doeu, doeu sentir o seu cheiro – o mundo não poderia viver sem Taylor.

Muito menos sem Carol Anne.

- Querida, o que está acontecendo? – Perguntou ele.

- Nada! – eu ri – Está tudo bem.

Ele cerrou os olhos e aproximou os lábios de minha orelha. Era realmente difícil esconder algo de Taylor.

- Mais tarde nós conversamos – sussurrou.

A noite caiu rapidamente e Carol Anne parecia realmente agitada. Ela me mostrou todos os seus brinquedinhos novos – seu pai babão tinha comprado vários ursinhos e bichinhos para ela; Carol Anne detestava bonecas -, até que, quando a embrulhei em um de seus lençóis, seus olhinhos foram ficando cada vez mais pesados até se fecharem completamente.

Ela era tão linda, tão perfeita! Eu a amava mais do que qualquer coisa nessa vida – a amava do mesmo jeito que amava Taylor. Carol Anne era tão nova, tão cheia de vida, tão saudável! Ela não merecia sair prejudicada por causa de vampiros idiotas, ou pior, por causa dos idiotas dos Volturi! Eu mesma matarei Jane Eu mesma irei fazê-la sentir toda a dor que ela já causou as pessoas e – juro que dessa vez – eu não sentirei dó.

Fui surpreendida pelas lágrimas que se acumulavam em meus olhos enquanto observava o rostinho de porcelana do meu bebê. Taylor me observava mas não falou absolutamente nada quando me ouviu fungar.

Ele foi comigo até o quarto de Carol Anne e observou-me silenciosamente colocá-la no berço. Carol Anne abriu os olhos e procurou por sua chupeta, assim que a achou, colocou-a na boca e caiu novamente no sono.

- Espero que ela não se acostume a isso – eu disse.

- A chupeta? – Taylor perguntou.

- Sim. Isso pode trazer grandes problemas a ela.

Taylor riu baixinho.

- Quais?

- Dependência. É sério, Taylor. Eu parei de chupar chupeta com sete anos e só parei de chupar o dedo aos 15.

Taylor arregalou os olhos.

- Fale sério.

- Estou – eu ri.

- Ai, que nojo. Jules! Tire esse seu dedo de perto de mim!

Nós dois rimos silenciosos e nos sentamos no sofá próximo ao berço. Ele pegou minha mão e beijou meus dedos, roçando os lábios em minha aliança.

- Agora me diga o que aconteceu.

Eu suspirei.

Carol Anne dormia em meus braços quando chegamos a casa dos Cullen. O clima era bem animado por lá, talvez eles ainda não soubessem o que tinha acontecido.

Foi Esme que nos atendeu, ela abriu a porta antes mesmo de batermos.

- Jules. Taylor – ela sorriu – Entrem, queridos.

Eu sorri para ela e entramos. Alice me fuzilava com os olhos.

- Você já sabe o que aconteceu, não sabe? – Perguntei a ela.

- Todos nós sabemos – Respondeu Bella –, e estamos tentando entender o porquê. Porque diabos eles pensam que nós somos os responsáveis pelo que aconteceu a eles?

Emmett, Edward e Jasper riram. Um som de sinos saiu da boca de Rosalie e não consegui acreditar que aquela era a sua risada.

- Não importa o que eles pensam ou deixam de pensar – declarou Taylor – Nós vamos ter que agir de algum modo.

Emmett sorriu, levantou do sofá e deu tapinhas nos ombros de Taylor. Surpreendeu-me ver que Emmett era quase mais baixo do que Taylor, e olha que Emmett era um monstro enorme.

- Esse sim fala como um verdadeiro membro da família – Ele disse cumprimentando Taylor com um tapinha na mão – Mesmo te respeitando muito, devo dizer que o Demetri é meu.

Alice riu.

- Sonia é minha! – Alice gritou.

A sala virou uma confusão barulhenta, mas não barulhenta o suficiente para acordar Carol Anne.

- Jane é minha! – Eu disse.

- Você é a única que pode dar a ela o que ela realmente merece – Bella sorriu.

E foi assim que todo o meu medo desmanchou-se. Nós iríamos acabar com os Volturi, tanto que estávamos disputando nossos alvos.


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