Primavera escrita por Jules


Capítulo 23
Passado e futuro.


Notas iniciais do capítulo

Qualquer felicidade é melhor do que sofrer por alguém que não se pode ter - A Hospedeira.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/157216/chapter/23

Enquanto arrumava algumas gavetas ouvi um barulho na janela. Um segundo depois Taylor estava lá.

– Oi – eu disse me levantando e passando as mãos pela blusa, para arrumá-la – Tudo bem?

Olhei para cima na intenção de vê-lo na janela, mas fiquei surpresa ao ver que seu rosto estava mais perto do que eu esperava. Os olhos escuros eram ardentes, a poucos centímetros de distancia, e seu hálito era frio em meus lábios entreabertos. Eu podia sentir o cheiro dele em minha língua.

Não consegui me lembrar do que ia dizer. Não consegui lembrar meu nome.

Ele não me deu chance de me recuperar.

Taylor sempre foi delicado, ele nunca se aproximava muito de mim, ele sempre foi extremamente cuidadoso, então me surpreendeu um pouco quando os dedos dele entrelaçaram-se em meu cabelo, segurando meu rosto junto ao dele. Cruzei os braços atrás de seu pescoço. Uma das mãos desceu por minhas costas, apertando-me contra seu peito ardente. Mesmo através da camiseta o seu toque era quente o bastante para me fazer tremer. Taylor sabia que o tremor que percorreu meu corpo foi de felicidade então as mãos dele começaram a se afrouxar por causa disso.

Sabia que tinha três segundos antes que ele suspirasse e se afastasse com habilidade. Aproveitando ao máximo meus últimos segundos, eu me aconcheguei mais ao corpo dele, moldando-me nas formas de Taylor. A ponta de minha língua acompanhou a curva de seu lábio inferior; eles não eram suaves, seus lábios eram rubros e grossos, era de uma perfeição exuberante, e o sabor...

Ele afastou meu rosto com delicadeza. Taylor deu uma risada, um som baixo e gutural. Seus olhos estavam brilhantes da excitação que ele severamente disciplinava.

– Ah, Jules – Ele suspirou.

– Eu deveria pedir desculpas, mas não vou.

– Eu deveria lamentar por você não pedir desculpas mas não vou. Talvez eu deva me sentar na cama.

Soltei o ar meio tonta.

Ele realmente se sentou na cama e eu me deitei ao seu lado. Comecei a pensar no que tinha acontecido ontem, quando Trudy e Wes acharam que eu estava grávida...

– O que houve? – Taylor perguntou, de repente preocupado.

– Nada.

– Jules...

Eu não respondi, só o encarei e suspirei tomando coragem para continuar.

– Está com o pé atrás? – perguntei.

– Muito a frente.

– É mesmo? Nenhuma dúvida?

– Está tentando se livrar de mim?

– É claro que não! Eu só... ah! Deixa pra lá! – Disse dando de ombros.

– Por favor, me fale o que está passando pela sua cabeça, Jules. O suspense é torturante.

Eu suspirei.

– Lembra-se de quando dissemos a Trudy e Wes que íamos nos casar? E eles pensaram que eu estivesse... grávida?

Ele assentiu.

– Eu só queria... Bem, queria que eles tivessem razão.

Ele se arrastou na cama e se sentou ao meu lado. Depois segurou meu rosto com as duas mãos.

– Jules eu também te quero o mesmo tanto que você me quer. Eu sei que é difícil mas...

– Não é disso que eu estou falando – eu disse balançando a cabeça – Eu queria que houvesse uma maneira de ele poder ter razão. Que tivéssemos esse potencial. Eu odeio tirar isso de você também.

Ele precisou de um minuto.

– Sei o que estou fazendo Jules. Eu quero você, mais nada.

Eu suspirei, em seguida minha voz tornou-se enérgica.

– Isso não está certo! Não quero que você tenha de fazer sacrifícios por mim. Quero lhe dar as coisas, não tirá-las de você. Não quero roubar seu futuro. Se eu fosse humana...

Ele me silenciou com um beijo. Puxou-me e me aninhou em seus braços como se eu fosse um bebê.

– Você é meu futuro. Eu não preciso de mais nada na minha vida. Você é meu sonho e não preciso que você me dê filhos para fazer minha vida ser completa. Minha vida vai ser completa a partir do dia em que eu acordar e te ver sorrindo em meus braços, na nossa cama e na nossa casa.

Meus olhos se encheram de lágrimas e eu tive que fungar.

Eu beijei seu rosto.

– Estou reclamona, não é? Devem ser os nervos.

Ele riu.

– Eu estive pensando... Amanhã é lua nova e eu precisava providenciar algumas coisas. Você não gostaria de ir comigo?

– Providenciar algumas coisas? – Eu perguntei levantando a sobrancelha – Tudo bem. Eu vou.

Ele me abraçou.

– Me encontre amanhã, na minha casa.


A noite estava perfeita. O tempo não era quente nem frio. Eu estava um pouco mais arrumada do que de costume já que não sabia onde Taylor ia mesmo ir.

Taylor não estava sozinho em casa. Eu ouvia mais de um bater de coração e sabia que não era Billy. A batida era lenta e alta como a de um lobo. Parei na frente da casa. Quando levantei a mão para bater na porta percebi que Jacob conversava com Taylor.

–... Eu achei que você deveria saber. Sei lá, achei que você poderia ficar enciumado quando ela ficasse comigo.

– Eu confio nela Jacob. Eu sei que posso deixá-la sozinha com você, pois ela é forte o bastante para quebrar a sua cara se você fizer algo que ela não permita.

Jacob riu.

– É verdade. Mas você devia saber que não a quero, hã, desse jeito. Nunca quis. Eu só disse aquelas coisas para não magoá-la...

– Você já pensou que a mentira pode machucar muito mais que a verdade? – Taylor interrompeu Jacob num rosnado – Você a beijou! Pensou por um segundo o que isso significou para ela? Ela o amava!

– Eu também amo a Juliet, Taylor! Mais do que você imagina! Mas não assim. Eu a amava como amo a Rachel ou a Rebecca. Eu tive um imprinting, o que você queria? Eu amo Nessie e jamais vou amar mais alguém.

Lentamente eu soltei a respiração. Minhas mãos estavam em punhos e tremores violentos percorriam meu corpo. Eu enxergava tudo num forte tom de vermelho.

– Você jogou fora o amor dela, Jacob. Como você pode? Você acha que é o sonho de toda garota só que você não é. Nenhum de nós dois somos. Eu preferia fazê-la sofrer com a verdade do que iludi-la com a mentira.

– Eu a amava o suficiente para não querer a fazer sofrer! Como eu ia permitir que ela fosse ao meu casamento sabendo que eu não a amava? Eu sempre quis ela: queria ouvir a voz dela, ver seu sorriso... mas não por que eu a desejava como mulher, era porque eu simplesmente a considero irmã. Eu sinto por ela o que um amigo sente por outro, o que um irmão sente por outro, nada mais que isso.

Eu não ia mais ouvir aquela conversa. Comecei a andar lentamente de volta para casa.

Como eu fui tão tola? Como eu acreditei em toda aquela babaquice e melação? Todo aquele papo de que me amava e queria ter tido o imprinting por mim eram mentiras! Todas aquelas lágrimas eram falsas.

Não me contive dentro de mim mesma. Em menos de meio segundo eu voava sobre quatro patas.

– Espere ai... Ah Jacob, seu idiota! – Taylor gritou de dentro da casa e segundos depois já estava do lado de fora – Olha o que você fez! – ele urrou.

Eu fui tão cega e ingênua – talvez eu ainda fosse. Como eu não desconfiei! Jacob era um ótimo mentiroso, sempre foi.

Corri floresta adentro rezando para que ninguém me encontrasse.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!