O Filho do Alquimista de Aço escrita por animesfanfic


Capítulo 38
Edward Elric descobre a verdade sobre seu filho


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo Edward vai colidir com a verdade que lhe foi ocultada nos últimos nove meses.



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Tentava decifrar aquelas palavras ditas por Lust antes de morrer. Tentava buscar desesperadamente em sua memória todas as lembranças do dia em que chegou a Resembool sem Alphonse.

“Ela só pode ter blefado”, pensava, mas sua consciência lhe estapeava, ela não mentiria em seu leito de morte. Não uma coisa tão absurda como aquela. E a troco de que Lust faria isso? 

Olhava o cubículo ao seu redor, aquele pequeno ambiente claustrofóbico estava triturando os seus miolos. Tentou buscar ar nos pulmões. 

“Calma, Edward, pense com calma, desde o início, pense se é possível ser verdade o que ela disse”. 

Com calma, tentou puxar na memória os momentos entre ambos. O dia em que chegou na cidade sozinho, Winry desmaiada no chão quando chegou em sua casa, seu olhar arredio, sua conversa estranha, falando sobre sexo pela primeira vez. Suas investidas inesperadas para cima dele. 

O quebra cabeça se encaixava em uma velocidade que ele não podia acreditar. Seus olhos passeavam pelos cantos do local, em desespero. O pensamento continuava a todo vapor, jogando a verdade oculta em sua face. 

“A viagem para a Central, os dias no vagão do trem…”, seu lábio entreabriu, exasperado. Colocou as duas mãos no rosto, bagunçando os cabelos. “A conversa sobre ter filhos, a bebida, as carícias durante a noite, como pude não perceber que tinha algo de errado? Meu deus! Eu estava cego! Ela não era assim, de se insinuar para mim, eu estava cego de desejo e me deixei levar!” 

Levantou, andando de um lado a outro, em completo desespero. 

“A forma que ela se entregou para mim. Ela era virgem, como não ponderei isso? Toda aquela declaração, a falta de pudor de transar no trem. Quis fazer tudo mesmo sem proteção, nem ao menos tocou no assunto e mesmo assim me deixei levar. Ela planejou aquilo? O desvio da rota feito por Gluttony também foi planejado?”, os eventos se encaixavam um no outro, fazendo toda a realidade em que o alquimista acreditava desmoronar como um castelo de areia.

Passou as mãos pelos cabelos, nervoso, incrédulo, estático. A boca ficou seca tentando buscar ar aos seus pulmões. 

“Puta que pariu, a primeira vez dela foi sob ameaça? A contragosto? Então tudo o que aconteceu foi uma mentira?”. O bebê passou pela sua cabeça, deixando-o ainda mais desesperado. O fruto daquele erro malfadado respirava agora em algum lugar longe dele. O fruto do pecado que eles cometeram nasceu marcado de morte.

Uma raiva incontrolável lhe apossou. Estava com ódio dele mesmo por colaborar involuntariamente com tudo aquilo, da falta de confiança de Winry de lhe dizer a verdade, de toda aquela brincadeira barata com seus sentimentos feita pelos homunculus, com o corpo dos dois, com aquela criança amaldiçoada por aqueles seres. Um riso desesperado apossou seu corpo. 

Ed - Como fui cego, como fui burro! - De joelhos, ainda nu, com as mãos sob o olhos. - Tudo planejado nos mínimos detalhes debaixo do meu nariz! Eles querem aquela criança maldita! Aquele ser que veio das minhas entranhas e da dela. Meu Deus! 

Olhou para o teto, enquanto lágrimas desciam e ria, de forma contraditória. Estava em um conflito desesperado de sentimentos. Seu psicológico em frangalhos de tanto pensar incessantemente. Tudo estava completamente fora de controle. 

“Que merda foi que eu fiz? Fiz uma criança para dar aos homunculus? O que eles vão fazer, utilizá-lo como um teste homunculus, uma quimera ou…”. O ar lhe faltou nos pulmões, fazendo-o tossir ferozmente. “Talvez como troca equivalente?! Puta merda, meu deus!”, socou o chão, irado, nervoso, desesperado. Estava absolutamente arrependido. “Por que fui tocar nela, meu deus?!”. Só queria acordar daquele pesadelo e ter a amizade da protética apenas, sem ter avançado o sinal como fez, sem ter colaborado em criar uma vida em vão.

Buscou ar nos pulmões, depois de socar o chão tudo o que podia. 

“Com o que Lust ameaçou Winry?” Que chantagem era essa que a fez sucumbir? Por que ela deixou a dignidade de lado e fez isso? Por que não me disse, Winry? Eu perguntei por tantas vezes se estava tudo bem. Por que me deixei levar por essa maldita atração?! Fui fraco e coloquei todo mundo nessa situação absurda”, sacudia a cabeça em negação. 

Lembrou das falas de Envy, que lhe pareciam desconexas, mas que naquele momento faziam total sentido. Por isso os homunculus sabiam que havia transado com Winry, por isso as provocações as quais ele não sabia de onde vinham. 

“Por que diabos eles querem justo uma criança com meu sangue? Se o plano for mesmo abrir o portal com o bebê como trocar equivalente…”, um zunido forte caiu sobre seus ouvidos. Só de pensar naquela hipótese seu corpo se contorcia, de desespero, nojo, angústia. Uma dor que ele jamais sentiu antes, nem mesmo quando viu a criatura que acreditou ser sua mãe após realizar a manobra proibida da alquimia.

“Essa merda está acabando comigo, preciso me acalmar!”, enquanto olhou para si, ainda com ânsia de vômito, pelado, caído sob o chão sujo, em completa desesperança.

Tentou buscar a calma, mas pensamentos surgiam como um relâmpago em sua mente, juntando o quebra cabeça que ele queria esquecer. Seu afastamento, tentando protegê-la durante todos esses meses só causou ainda mais  problema. 

“Só auxiliei o plano daqueles malditos! Ela me querer longe, mesmo eu tentando reaver tudo o que perdemos, meu deus do céu! Winry não querer discutir os termos do cartório sobre a criança porque não sabe se o bebê sairá vivo!”, o ódio e raiva tomavam seu coração em descompasso. Não sabia que poderia ter tanta ira em seu peito.

Após ataques de fúria e desespero, Edward tentou se acalmar e pensar com calma o que iria fazer dali em diante. Olhou o pó do corpo de Lust espalhado por um lado, o vômito de outro. Engoliu em seco, vendo o estrago que estava aquele lugar. 

“Sou um cão do exército, afinal.”, arfou, tristemente. Além de toda aquele bagunça emocional, sentimental e física, tinha a realidade para enfrentar. Estava preso, de mãos atadas, sem saber o que aconteceu com Winry e o bebê, sem saber se sairia vivo. Respirou fundo. Ele sabia que enfrentaria chumbo grosso. Acabou de matar alguém importante. Quantas vidas foram junto com aquele homunculus? Quantas vidas eram necessárias para criar um ser daquele? Questionamentos lhe martelavam a mente.

Colocou a cueca e a calça rapidamente, precisava ser rápido. Não iria demorar até Envy se der conta que algo está errado. O próprio criador dos homunculus se daria conta. Assim que fechou o cinto, abaixou para amarrar as botas. 

Um brilho avermelhado o fez direcionar o olhar para o canto esquerdo da sala. Sua boca se estreitou em um susto surdo. Não conseguia acreditar no que havia acabado de ver. Um filme passa por sua cabeça. Os estudos, os círculos de transmutação, a tentativa absurda de trazer sua mãe a vida, o portal e a perda do corpo de Alphonse. Arregalou os olhos assim que confirmou. Era uma pedra filosofal intacta jogada em meio a bandeja com comida. 

Perguntou-se por um instante como aquilo havia parado ali. Na hora do ataque a Lust estava tão alucinado e fora de si que não se deu conta de nada. Acreditava que ao atacá-la a pedra se dissolveria junto ao seu corpo. Sacudiu a cabeça, aquilo não importava, não naquele momento. 

Passos descompassados ao lado de fora o fizeram acordar de seus pensamentos. Olhou para a porta e o canto da sala ao mesmo tempo, pensando no que poderia fazer. Estava sem a camisa, que fora rasgada no ato libidinoso da homunculus. 

“Pense, Edward, pense rápido!”, escorou uma das mãos entre as sobrancelhas, tentando organizar um plano. 

A porta da cela foi aberta de forma brusca. Envy joga Heinkel dentro do cubículo com um empurrão. 

Envy - Vê se não me dá mais trabalho para te carregar, quimera desgraçada. - Falou, sem paciência. Jogou-o para dentro da cela com toda a força, fazendo-o cair no chão, em um estrondoso barulho. 

Edward fita a quimera com um olhar de preocupação. 

“O que diabos Heinkel está fazendo aqui? Isso quer dizer que eles invadiram o acampamento?”, cerrou o olhar, compenetrado nas reações de Envy. “Não, caso contrário Hawkeye e Havoc estariam aqui. Por que trariam só a quimera? Não faz sentido, devem ter o capturado no caminho a algum lugar”. Os pensamentos foram cortados quando Heinkel lhe parece olhar com um ar de desespero. 

“Que merda aconteceu naquele acampamento?”. Cerrou os dentes, tenso. 

Envy passeia o olhar pelo local, desconfiado. Sentia que algo estava errado, mas nada aparentava estar fora do lugar. Edward continuava preso sobre as correntes, uma bandeja no chão com a comida intocada, embora houvesse sopa por todo lado. Teria derrubado a comida? Pensou por um instante, estranhando a calmaria. Resolveu entrar para averiguar. 

Deu dois passos na direção do alquimista, enquanto a quimera se recuperava da queda.

Envy - Aprontando alguma, Edward? - Olhando-o, desconfiado. 

Ed - Preso aqui não posso fazer muito coisa. - Deu-lhe um sorriso cínico. 

Envy observou a respiração entrecortada do homem. Estava tenso, sentia seu olhar raivoso para cima dele. Havia crescido, de fato, seus ombros agora eram largos e possuía firmes músculos definidos. 

Envy - Você cresceu mesmo, pirralho. - Deu um passo para trás. - É bom isso, aprender com a sua tragédia. - Apontou o dedo para ele. - Tentar crescer e ser forte diante da sua ruína. 

Edward dava de ombros para aquela ladainha desconexa que o homunculus falava. Estava tenso que a situação saísse de seu controle. Precisava que o plano desse certo. 

Ed - Por que Heinkel? - Buscava respostas. 

Envy - Pergunte a ele. Não sou garoto de recados. - Deu de ombros, caminhando novamente para a saída. - Coma essa maldita comida, não pode estar fraco para o que queremos fazer contigo. 

O alquimista franziu o cenho, mais irritado do que nunca. 

Envy pegou a maçaneta da porta, abriu o vão, mas parou os passos e fitou o banco à sua esquerda. Teve uma má sensação e podia jurar que sentiu um cheiro íntimo, como se alguém acabasse de fazer sexo dentro daquele espaço. Fitou Edward mais uma vez, olhou seu dorso.

 “Ele não estava vestido desde a última vez que vim aqui?”, pensou o homunculus.

Deu um sorriso debochado, mas estava bem surpreso. 

Envy - Que estranho, alquimista do aço, mas sinto um cheiro peculiar, bem conhecido meu… - Voltou a olhá-lo, mas dessa vez demonstrava um semblante divertido, curioso e até surpreso. - Um cheiro da Lust. 

Fitou-o, implacável. O loiro estremeceu nas correntes, apertando-as sobre suas mãos suspensas. 

Envy - Transou com ela, né? - Cruzou os braços. Analisou o físico do homem, desceu sobre sua calça. Deu uma risada. Tinha ainda uma leve protuberância, a mesma de quem acabou de transar e precisa esconder as coisas na calça. 

Edward estava possesso. Seu estômago ainda revirava, mas seu ódio era maior que tudo. Maior ainda que a humilhação daquele remédio ainda estar fazendo efeito sobre suas calças.

Começou a rir de forma descompassada, causando a ira de Edward, que se segurava nos seus últimos fios de sanidade para não estraçalha-lo em mil pedaços ali mesmo. 

Envy - Ela te deu aquele mata leão? - Parecia tentar conter o riso, que brotava em seus lábios finos. - Não acredito que ela fez isso, justo com você, um reles alquimista. - Deu mais uma risada. - É difícil né? Não dá para controlar. Você fica duro igual uma rocha e para baixar a belezinha só metendo igual um louco. 

Heinkel estava chocado e completamente confuso. Depois daquele golpe certeiro, sabia que o veneno ainda fazia zunir seu cérebro, mas não estava louco. Envy estava afirmando que Edward tinha transado com a homunculus. 

“Que puta merda é essa que está acontecendo aqui?”, olhou os dois assustado, mas o semblante do alquimista era tenebroso, em nenhum momento desmentiu nada. Apenas lançava um olhar fulminante para Envy. 

Envy - Estou surpreso que ela tenha escolhido você, seu pirralho. - Descruzou os braços, estava curioso. - Conseguiu aproveitar aquela belezura? Ela é demais para você, nanico. Muito corpo para pouco… - Avançou a mão na protuberância semi ereta de Edward, fazendo-o empurrar o corpo para trás. - Caralho, estou surpreso, você é um nanico de merda, mas tem uma bela ferramenta. 

Edward o olhou com nojo e desprezo, sem dizer uma palavra. O alquimista não era nanico, era bem mais alto que sua adolescência.

Envy - Dane-se também. Você não passa de um homem, afinal… Não quero saber para quem ela está dando. - Voltou a andar até a porta, e antes de fechar, vira-se para o alquimista, não podia deixar passar uma provocação. Precisava ver seu olhar em chamas de ódio. - Aposto que foi muito melhor que trepar com aquela virgem sem graça do caralho! 

Ed - Maldito verme do inferno, vou trucidar você! - Gritou o alquimista, puxando as correntes para frente, tão irado como Envy nunca viu. 

“Aquele pirralho está chegando no limite, é isso que eu quero!”, pensou o homunculus.

Heinkel olhou tudo aquilo estático. 

Heinkel - Que porra é essa, Edward? - Berrou para ele, chocado. - Que merda é essa de comer a Lust? 

Ed - Cala a boca e me escuta. - Seu semblante era frio como mármore. 

Heinkel - Ficou maluco? Não consegue deixar o pau dentro calça? - Ignorando a orientação de Edward. 

Ed - Não comi ninguém! - Desvencilhou-se das correntes rapidamente. 

Heinkel - Então que porra é essa? - Apontando para a protuberância em sua calça. 

Ed - Heinkel, não importa isso agora! O que aconteceu no acampamento, por que está aqui?!

Heinkel - Importa sim! - Andou de um lado para o outro, confuso. As coisas que o homunculus tinha dito se encaixavam com tudo o que ele via. Definitivamente, o alquimista tinha transado com o inimigo enquanto seu filho nascia. - Vou confiar em você como se está comendo o inimigo? 

Edward passou as mãos pelas têmporas. Não tinha tempo para ouvir aquelas besteiras baixas e sem sentido.

Ed - Quer sair vivo desse lugar? - Falou, grosseiramente. - Então é melhor seguir o meu plano, porra! - Estava usando palavras ríspidas, mas estava fora de si. A vida de muita gente estava em jogo naquele dia. 

A quimera assentiu, acalmando-se. Não importava aquilo naquela hora, eles só tinham um ao outro no covil do inimigo. 

Heinkel - Foda-se quem você está comendo. Qual o plano? 

Edward ainda arfou, irritado. Que tipo de homem a quimera achava que ele era? Respirou fundo, frustrado, mas não podia perder tempo. 

Ed - Primeiro quero saber se meu… - Parou o que ia dizer, não se sentia confortável para dizer “meu filho”. - se aquela criança está bem e se está tudo bem com a Winry. 

Heinkel - Eu não sei. - O loiro o olhou, confuso. - Assim que você saiu do esconderijo, tudo aconteceu muito rápido. 

Ed - Diga, com detalhe, só assim posso pensar com detalhes na finalização do meu plano. 

Heinkel assentiu com a cabeça. No entanto, sentiu um frio lhe percorrer a espinha, o olhar de Edward era gélido, frio, tenebroso. Ele conhecia aquele olhar, era ódio, ira, sede de vingança. 

Heinkel - Bom, depois que você saiu da tenda, poucas horas depois, a menina entrou em trabalho de parto. A Tenente desistiu de esperar e resolveu fazer a criança nascer ali mesmo. Eu apenas corri atrás de você quando tudo isso aconteceu, queria te avisar, mas fui intercedido pelo maldito do Envy, que me envenenou. Acordei aqui somente, com toda essa confusão dos diabos!

O loiro engoliu em seco. Era como se uma lança atravessasse suas entranhas, em um misto de lamento por perder aquele momento, arrependimento pelo o que fizeram com a relação de ambos e ainda o destino daquele ser que não sabia se um dia poderia amar.

Ed - A criança nasceu, Envy me disse. - A quimera assentiu, temerosa. 

Heinkel - Parabéns. - Disse, duvidoso do que deveria falar ao homem na sua frente.

O alquimista calara-se. Parecia pensativo. 

Ed - Eles querem a criança. Fizeram uma emboscada para mim, passaram-se por você no esconderijo e sabe-se lá o que fizeram com todos. - Passou as mãos nas têmporas, visivelmente exausto e irado. - Só posso confiar nos tenentes e no Mustang.

Heinkel - Puta merda, que estrago! - Levantou, nervoso. - O que a gente faz agora? Vou ser morto a qualquer momento, não sou sacrifício para eles. 

Ed - Quem disse? 

Heinkel - Eu já fui prisioneiro deles, alquimista do aço. Eu sei o que estou falando.

Ed - Tenho um plano, mas é sórdido, frio e aterrador. - Fitou a quimera com o seu semblante penetrante. - Quer entrar nessa comigo? 

Heinkel engoliu em seco. Os olhos do alquimista eram áridos e planejavam ver muito sangue. 

Heinkel - Puta merda, Edward.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido e sentido as emoções do capítulo! Obrigada pelos feedbacks! :)



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