Alguns meses atrás...

Tinha que acontecer logo com ela, tudo em sua vida estava dando errado. Primeiro descobriu que Rony começou a namorar Lilá, depois descobriu que estava... Argh preferiria nem pensar nisso, como pode deixar isso acontecer? Como? E ainda não acreditava no que ele havia lhe dito quando ela lhe contou. Fechou os olhos com força obrigando as memórias a sumirem de sua mente, mas isso não aconteceu.

- O quê? – ele me olhou incrédulo. – Pai? Você está me dizendo que está... Grávida? – eu não sabia o que dizer, o olhar de espanto e nojo dele me desarmou, me deixou sem ação.

- Draco, eu não sei...

- Ah, Hermione vai me dizer que não sabe como isso aconteceu? – ele começou a andar de um lado para outro dentro da Sala Precisa, passava as mãos nos cabelos nervosamente. – Eu não posso ser pai agora... Eu sou um Comensal... Meu filho, Hermione... Eles vão vir atrás de você, atrás dele.

- Eu sei. – murmurei com os olhos cheios de lágrimas, Draco me olhou e riu. – Do que está rindo?

- Eu... Meu Merlin... Eu vou ser pai. – me abraçou tão forte que naquele momento por um simples instante eu me senti segura.

Porém essa segurança só durou os primeiros meses, enquanto a gravidez ainda não era percebida por outros olhares. Foi num dia qualquer, um dia normal em que todos descobriram que a aluna certinha sabe-tudo Granger estava grávida. Tínhamos aula de Trato das Criaturas Mágicas depois do almoço, como não estava com fome resolvi ler um pouco, estava para entrar no terceiro mês de gestação e ainda não sabia exatamente o que fazer, dezessete anos e grávida... Ah, isso não era o que eu queria para minha vida, mas...

Comecei a ouvir passos, conversas e risinhos; Harry vinha conversando com Rony, e este estava de mãos dadas com Lilá, nessa altura do campeonato não me importava tanto assim com o relacionamento deles. Afinal, eu também tinha o meu. Olhei para mais além e vi Draco chegar com Pansy grudada em seu braço, acompanhado de seus comparsas e Zabine, seu olhar por um instante se cruzou com o meu, mas rapidamente ele tratou de desviar.

- Oi. – Harry sentou ao meu lado e colocou sua mão sobre a minha; a minha estava estranhamente fria e a dele quente. – Como você está? Não te vi almoçando hoje.

- Estou bem. – respondi olhando para ele, que sorriu e afagou minha bochecha com a outra mão. Ele andava estranho, andava demonstrando carinho demais para cima de mim; Rony nos olhava atentamente enquanto estava abraçado com a Lilá, mas ele não era o único, Draco também nos olhava e posso dizer que... Depois ele iria complicar as coisas comigo. – Harry... E você e a Gina?

- O que tem ela? – perguntou sorrindo.

- Vocês... – parei, pois me senti estranhamente tonta, minha visão ficou embaçada e tive a pior náusea da minha vida.

- Mi, você está bem? – ouvi Harry perguntar, coloquei a mão sobre minha barriga e apertei, estava doendo e a vontade de vomitar estava cada vez mais forte. – Hermione, fala comigo. – vi ele se agachar na minha frente e segurar meu rosto entre as mãos.

- O que ela tem? – percebi uma figura ruiva se aproximar.

- Saí, Potter. – Harry foi bruscamente empurrado para o lado pelo meu loiro, ele simplesmente me pegou no colo e me tirou dali às pressas; durante todo o caminho pedi a Merlin para que não vomitasse nele. – O que você tem?

- Estou enjoada e... – me contorci no seu colo e ele parou de andar imediatamente.

- O que foi? Hermione, pelo amor de Merlin, responda. – gemi com a dor desconfortável que estava sentindo.

- Estou bem. – menti descaradamente, Draco me olhou e revirou os olhos.

- Hermione Jean Granger, te conheço bem o suficiente para saber que está mentindo. – ele recomeçou a andar, estava me levando para a enfermaria e andava depressa. Talvez tenha sido por isso que nós nem tenhamos percebido que estávamos sendo seguidos. – Você anda se alimentando? – antes mesmo que eu pudesse responder ele bufou. – Humpf, é claro que não.

- Eu ando sim. – cruzei os braços fazendo birra. Eu tenho me alimentado, talvez não com tanta freqüência, mas tenho.

- Ah, com certeza. – debochou. – Não quero você desmaiando por aí, quero que meu filho nasça saudável e...

- Seu o quê? – gritaram, Draco virou assustado; Harry, Rony e Lilá estavam nos seguindo. – Você está grávida dele... Desse projeto de Comensal? – Harry perguntou nervoso.

- Olha como fala, Potter. – Draco praticamente rosnou para ele.

- Me põe no chão, Draco. – pedi.

- Draco? Já está chamando essa coisa pelo nome? – Rony parecia bastante irritado.

- Eu não vou ficar aqui perdendo meu tempo com vocês, e não... – me olhou feio. – Não vou lhe colocar no chão, vou te levar para a enfermaria. Tenho que saber se você e me filho estão bem. – ele deu ênfase no "meu filho" e deu as costas para eles, senti meu coração se aquecer com aquilo, mostrava que ele realmente se importava.

- Você... Você não devia ter feito aquilo. – murmurei.

- Ah, que seja. – resmungou sorrindo.

Dali para frente nossas vidas se tornaram um completo caos, Draco praticamente desapareceu da escola, só o via nas aulas e isso me incomodava. Todos da Grifinória viraram as costas para mim quando souberam da minha gravidez, exceto...

- Oi. – eu estava sentada de frente para o Lago, quando ele apareceu.

- Oi, Harry. – o olhei de soslaio, mas ele continuou olhando para frente; ficamos em silêncio por um tempo, esse que foi quebrado por ele.

- Eu... Como vocês estão? Quero dizer, você e o bebê? – ele hesitou um pouco e me olhou.

- Estamos bem. – respondi, ele estendeu a mão e entrelaçou seus dedos com os meus.

- E... E o... Malfoy?

- O que tem ele?

- Ele... Sabe... Ele vai assumir, não é? – perguntou com receio.

- Ele vai, sempre que pode pergunta sobre ele, mas... Ando preocupada com ele. – murmurei mais para mim do que para ele.

- Como você pode fazer isso, Mione? Como pode se envolver com ele? – eu não queria tocar nesse assunto agora, não queria falar sobre isso; queria deixar tudo para trás. – Eu não entendo como e por que você fez isso?

- Harry... É complicado. – respirei fundo sentindo um bolo se formar em minha garganta e um aperto em meu peito. – Simplesmente aconteceu, e agora... – acariciei minha barriga.

- Tudo bem, se não quiser explicar vou entender... Ou pelo menos tentar. – coçou a nuca. – E saiba que pode contar comigo para tudo. – ele aproximou-se de mim e me abraçou. Ali era onde eu verdadeiramente poderia dizer que me sentia segura, agora que percebia isso.

Depois o tempo passou rápido demais e minha barriga começou a crescer; lembro o dia em que meu loiro sentiu o bebê chutar pela primeira vez. Estávamos na Sala Precisa, eu estava deitada em um divã, enquanto Draco escrevia freneticamente em um pergaminho, passei minhas mãos pelo volume que a camisa do uniforme não mais escondia e sorri bobamente quando senti o primeiro movimento.

- O que foi? – Draco perguntou ainda sem parar de escrever.

- Ele mexeu. – isso fez com que ele parasse o que estava fazendo e me olhasse surpreso.

- O quê? O bebê mexeu? – levantou-se rapidamente da cadeira e veio se sentar ao meu lado no divã. – Deixe-me sentir também, por favor. – peguei sua mão e a coloquei sobre minha barriga, um leve chute fez com que os olhos de Draco brilhassem e ele sorrisse feito uma criança que acaba de ganhar um doce. – Meu Merlin! Eu vou ser o pai que nunca tive. – ele me olhou tão carinhosamente que cheguei a acreditar nas suas palavras.

*****

Tudo o que eu mais temia estava acontecendo, por instinto andei rapidamente até o berço e me certifiquei que meu filho ainda estava ali. E estava. Estava dormindo tranqüila e calmamente como se nada pudesse machucá-lo, exceto talvez seu próprio pai.

- E como você sabe disso? – perguntei me virando para Harry, ele olhou para Rony que simplesmente acenou com a cabeça, como se estivesse dando sinal para ele continuar.

- Nós falamos com ele. – respondeu.

- E...?

- E como eu já disse, ele o quer. – isso não estava certo, quando a coisa ficou difícil ele foi embora, agora ele queria MEU filho... Ah, como ele está enganado se acha que entregarei meu filho a ele. – Afinal, ele também é um Malfoy.

- E quem disse? – retruquei, ele me olharam assustados e se entreolharam.

- O quê? Está dizendo que o filho não é do Malfoy? – Rony perguntou se aproximando, me senti ofendida com esse tipo de pergunta, o que ele achava que eu era afinal? Uma Pansy da vida?

- O filho é do Draco sim, mas só o registrei com Granger.

- Mas se o Malfoy fizer um teste...

- Ele não vai chegar perto do meu filho. – interrompi Harry, que suspirou derrotado. – E... Nós estamos indo embora. – ele me olhou estranho.

- O quê? Como assim?

- Harry, eu não posso mais continuar em Londres sabendo que ele está aqui, então... Já tomei minha decisão. Nós vamos embora.