O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 8
Capítulo 8 - O acampamento


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse ficou meio pequeno, gente. Espero que estejam gostando :)



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       - Ei, Alice, pensei que você não vinha! – Gabi falou. – Isso porque você que me convenceu a vir nesse passeio.

       - Desculpe. – respondi. – Certas pessoas me atrasaram...

       - Certas pessoas? Como assim? – ela pensou um pouco. – Ah, o Giovanni. Esqueci que ele mora perto da sua casa...

       - Infelizmente. – completei.

       - Como assim infelizmente?

       - Sabe como é duro tentar conversar com garotos? Não tem nada para falar!

       Ela riu.

       - Mas bem que você gostaria de ter uma chance de conversar com o Rayan, não é?

       - Ta louca? Eu nem saberia o que falar.

       - Ah, não se preocupe. Eu posso dar um jeito de vocês conversarem. Ele vai no passeio também, não é?

       - Bem, sim, mas nem pense em fazer algo!

       - Ta bom! Vamos! Estamos meio atrasadas. Todo mundo já está subindo no ônibus.

Já tinham se passado uma hora e continuávamos no ônibus. Bem que minha mãe tinha avisado que ia demorar um pouco. Eu não via a hora de ficar de pé.

       Durante todo o percurso, eu olhava para a floresta, procurando aqueles pontinhos. Eles tinham me seguido para muitos lugares. Acho que esse era o melhor lugar para nós nos encontrarmos.

       Mas não os vi. Nem uma movimentação entre as moitas.

       - O que você olha tanto no mato? – Gabi perguntou uma vez. – O Rayan está bem na sua frente.

       Senti me encolhendo no assento. Quer dizer, ela tinha dito isso bem na frente de todos e bem alto. Tinha horas que eu sentia vontade de matá-la, sinceramente.

       O resto da viagem no ônibus passou normalmente.

       Estava fazendo muito sol e nem parecia que tinha chovido um dia antes. Isso era bom. Não que isso fosse um problema para nós, mas Gabi, com certeza, não gostaria de andar na lama e isso sim seria um problema.

        Depois de duas horas sentados num ônibus muito quente, finalmente chagamos ao acampamento.

        Gabi tirou seus óculos de sol e olhou bem para o lugar, como se estivesse analisando bem aonde ele tinha parado.

       - Acho que não vou aguentar. – ela disse, depois de analisar tudo.

       Sinceramente, eu não sabia do que ela estava falando. Eu, claro, tinha achado tudo maravilhoso.

       O lugar era inteiramente gramado e havia muitas árvores. Era bom saber que parte da natureza ainda não havia sido devastada pelos homens.

       - Ah, Gabi, olha só tudo isso. – eu disse, tentando convencê-la que o lugar era legal. – É tão difícil de encontrar, não acha?

       - Eu sei, mas não estou muito familiarizada com lugares assim. – ela reclamou, matando um mosquito.

       - É, mas é um lugar bem romântico.

       - Não sei, pergunte para eles. – Ela apontou os mosquitinhos.

       Eu ia protestar, mas nosso professor de ciências nos chamou.  Ele trabalhava no lugar, então seria também nosso instrutor.

       - Espero que vocês já tenham formado grupos para ficar em cada barraca. Escolham um lugar e comecem a montá-las. Qualquer coisa é só nos chamar.

       Minha barraca era meio pequena, então só ia dormir nela eu e a Gabi. Eu nunca tinha montado uma barraca, mas acho que teria instruções de como montar.

       Como Gabi não estava ligando muito para acampar, escolhi um lugar perto das árvores para montar nossa barraca.

       - Vamos, Gabi, venha me ajudar a montar essa barraca. – chamei-a.

       - E sentar nessa terra? De jeito nenhum! – ela disse.

       - Você que sabe. Você vai se sujar de todo jeito, uma hora ou outra.

       - Não sei o que deu em mim de aceitar a vir com você até aqui.

       - Ah, você sabe sim o que deu em você. Agora venha antes que eu comece uma guerra de terra. E não espere que essa terra vire neve.

       - Um dia você me paga por me trazer até aqui!

De noite, depois de todas as barracas montadas, fizemos uma fogueira e nos reunimos em volta dela.

       Não havia muitas pessoas. Mais ou menos 50 ao todo. Mas assim era melhor. Quanto mais pessoas, mais barulho.

       Um dos garotos da outra sala tinha levado o violão.

       Era incrível como as chamas subiam até o céu. Nosso professor tinha dito que era melhor apagar a fogueira, mas ninguém quis.

       Estávamos comendo marshmallow e tudo estava calmo. Todos meus marshmallows queimavam. Mas, teve uma hora, que não foram só os marshmallows que queimaram.

       Não sei ao certo como aconteceu. Simplesmente aconteceu. De repente, o meu dedo estava ardendo. Eu tinha me queimado.

       Vocês podem imaginar que não devia estar doendo muito. Quer dizer, eu nem encostei no fogo, nem nada. Mas a dor era imensa.

        - Giovanni, vai pegar água, por favor. – falou Rayan.

        Acho que ele estava tentando me ajudar, mas eu não achava que água ia fazer com que a dor parasse. Só se minha blusa estivesse pegando fogo ou coisa do tipo.

        Giovanni voltou muito rápido. Era como se eles já soubessem que coisa parecida poderia acontecer e tivessem deixado tudo preparado.

        Ele jogou a água em minha mão e, em menos de um minuto, a dor passou.

        Eu sei, é estranho. Mas acho que eles também sabiam que a água ia melhorar tudo. Só eles, porque ninguém tinha falado da água antes.

        Mas, e se eles sabiam mesmo? Era a mesma coisa do Giovanni saber dos meus sonhos.

        Só que, se eles sabiam, isso queria dizer alguma coisa: que o que tinha acontecido poderia ter sido causado pela Verônica.

        De longe pude ouvir nosso professor gritando para apagarem a fogueira. Ele veio até mim e olhou minha mão, confuso.

        - Me disseram que você tinha se queimado, Alice. – ele disse. – Mas, pelo jeito, está tudo bem por aqui.

        Olhei para minha mão. Nenhuma queimadura. Nem vermelha ela estava. A água realmente tinha funcionado.

       - Hum, Alice? – Rayan me chamou. – Acho melhor você ficar um pouco longe do fogo enquanto estiver por aqui. – Ele parecia irritado, preocupado e confuso, tudo ao mesmo tempo.

       - Muito bem, melhor vocês entrarem nas barracas e tratarem de dormir, porque já é tarde. – nosso professor disse.

       Eu estava casada e nunca quis tanto dormir. Mas, ao mesmo tempo, eu não queria sonhar.

       Pela primeira vez, estava com medo com o que poderia ver.


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