O Último Elemento escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 1
Capítulo 1 - O sonho


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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       Eu estava deitada na areia fina, totalmente branca e macia de uma ilha deserta. Em todos os cantos só se via água. Nenhuma faixa de terra por perto e nem mesmo longe. A água era totalmente limpa, de uma cor fascinante. Minha cabeça estava encostada no tronco de um coqueiro. Era enorme. Não havia muitos cocos nele, mas podia ver vários em volta de mim. Eu tinha comido a maioria deles. Acima de mim, o sol brilhava e estava muito quente. O céu estava limpo sem nenhuma nuvem se quer.

       Tudo estava tranquilo. Deitada dali eu podia ver aves no céu, e peixes na água, até golfinhos eu via. Eles se aproximavam, sem ter medo de mim.

       De repente, apareceram muitas aves fugindo de algo. Eram tantas que eu não podia ver mais o azul do céu. De longe consegui ver golfinhos e outros peixes vindos em minha direção rapidamente, igual às aves. Eles pararam à minha frente e me olharam suplicantes, como se eu precisasse salva-los de algo.

       Tentei procurar do que eles estavam fugindo, mas não havia nada nem ninguém por perto. Uma pessoa não chegaria assim tão longe.

       Até que consegui enxergar uma nuvem negra vindo de longe, muito rapidamente. Os peixes hesitaram, ainda esperando que eu fizesse alguma coisa, mas, quando viram que eu não poderia fazer nada, resolveram ir embora.

       Eu pensava que era só chuva que estava para vim quando a nuvem me alcançou. Eu senti algo muito pesado caindo aos meus pés e vi que aquilo que estava caindo não podia ser água. Era pesado e preto. Eram pedaços de terra. E eram quentes, como se fossem pedaços de terra pegando fogo. Pegando fogo, não. Com larva de vulcão.

       Olhei em todos os cantos, mas não havia nem uma faixa de terra por perto mesmo. Eu veria se tivesse. Ainda mais se a terra tivesse mesmo vindo de um vulcão. Um vulcão é grande o suficiente para eu poder vê-lo.

       De repente, vários pedaços de terra caíram em cima da minha perna. Tudo começou esquentar. Eu sentia como se estivesse pegando fogo. Eu podia sentir o sangue correndo em minhas veias e os meus batimentos cardíacos se aceleraram.

       Eu precisava de água. Mas se eu tentasse se aproximar da água eu ia me queimar ainda mais. E eu não tinha nenhum objeto por perto para que eu pudesse trazer a água até mim.

       Olhei para a água pela primeira vez depois de ter me queimado, e daí sim eu entrei em pânico. A água estava preta. Não estava mais limpa.

       Eu sentia que a água, para mim era o que mais importava agora. Mais importante do que minha. Como se fosse mesmo minha vida.

       A cada minuto eu me sentia mais fraca. Eu era uma idiota! Como eu pretendia salvar o mar, se não podia nem me levantar?

       Olhei para trás para ver se pelo menos os animais estava a salvo. Mas a terra tinha parado no lugar onde eu estava. Como se quisesse só me atingir.

       Aos poucos, meus olhos foram se fechando e a escuridão invadiu minha mente.

       Quando abri meus olhos novamente, o cenário tinha mudado. Estava tudo muito escuro, como se eu estivesse numa floresta de noite e não havia mais água. Manchas alaranjadas se formavam no preto. Fogo.

       A temperatura tinha reduzido, mas ainda assim estava muito calor. Não dentro de mim, mas fora.

       Então, alguém surgiu em meu campo de visão, rápido demais, como se estivesse caindo em mim. Então eu reconheci.

       Nunca ia me esquecer dele. As garotas mais populares nem sabia quem era ele, porque não encontraram nele nada de mais. Mas eu sim. Eu o amo. Para elas, ele era só um garoto normal. Mas para mim não. Seus olhos eram pretos, tal como a escuridão, seu cabelo curto embaixo de um boné, na qual ele nunca tira, por isso não podia ver que cor era e a pele branca, que, bom, era normal mesmo. Afinal, ele não é totalmente diferente de muitos garotos. Rayan.

       Ele agora olhava diretamente para mim. Eu me sentia melhor do que antes. Agora, nada estava queimando e eu parecia estar deitada em uma cama de plumas.

       Havia tantos sentimentos em seu rosto. Preocupação. Medo. Tristeza. Alívio. E outras ainda.

       - Alice? – ele me chamou, como se eu estivesse longe, ou como não tivesse me reconhecido antes. Mas, sua voz demonstrava alívio.

       Eu queria responder. Mesmo. Mas minha voz não saia. Simplesmente não saia. Acho que era porque ainda estava sendo queimada. Mas isso não era nada. Não com ele por perto.

       - Alice, por favor, me responda! – ele estava em pânico – Está tudo bem? Olha, não se preocupe, eu vou tirar você daqui!

       Eu queria fala: “Está tudo bem, o que está acontecendo?”.

       - Estamos em perigo – ele respondeu como se lesse minha mente -, mas tudo vai ficar bem. Só é preciso um balde de água e você estará bem de novo.

       Isso era sinal de que eu estava mesmo queimando. Olhei para mim mesma, mas não tinha nada em mim.

       - O que foi? Você está ferida?

       Não. Eu não estava ferida. Mas a dor não cessava do meu corpo.

       - Rayan! – uma voz atrás chamou – Preciso de ajuda! Não posso lutar com...

       Antes que a pessoa pudesse terminar, uma forte rajada de vento passou por nós, jogando Rayan para o outro lado.

       Podia se pensar que um vento assim poderia pelo menos apagar o fogo dentro de mim. Mas não. Só piorou as coisas como se o vento espalhasse pelo meu corpo todo o fogo.

       Então eu percebi que não havia duas, mas quatro pessoas além de mim naquela floresta. Rayan, seu melhor amigo Giovanni, outro garoto que eu podia jurar que era um clone do próprio Giovanni e outra garota.

       Giovanni, para as garotas populares, era muito simples, igual à Rayan. E, no meu ponto de vista, também. Tinha a pele clara, olhos castanhos e pequenos cabelos loiros. O outro garoto também. Ou seja, eram gêmeos.

       A garota era alta. Seu cabelo era preto, longo e muito liso. Tinha uma expressão de ódio no rosto, na qual faria minha pior inimiga parecer um docinho de coco. A pele era clara. Ela era muito bonita mesmo. Mas o que me impressionou mais foram seus olhos. Eram alaranjados, e meio avermelhados. Como o fogo.

       Ela me olhou e fez um sinal de reprovação. Seus olhos viraram chamas e um sorriso abriu em seu rosto. Um sorriso perfeito.

       A partir daí, eu não sei o que aconteceu. Ela estendeu suas mãos como se fosse me ajudar a levantar, mas ao invés disso, uma chama saiu dela, vindo na minha direção.

       Então tudo começou a queimar. Mas era pior. Muito pior. Agora era como se eu estivesse no meio de toda larva do vulcão.

       Eu queria gritar, mas novamente nada saía. Rayan olhou desesperado para mim, e depois para a garota.

        - Vê! – ele gritou para garota – Você não tem noção do que você ta fazendo! E se ela for uma normal?

       - Não adianta! – a garota respondeu – Você não pode mais mentir. Ela não é normal. Repare nos olhos dela. É azul, bem azul, como a água. Ela é o último elemento.

       Não podiam estar falando de outra pessoa. A garota olhava para mim. E eu sabia que não era normal. Mas, o que é o último elemento? Eu sou uma pessoa e não um elemento!

       O fogo estava surgindo novamente da mão da garota. Ela jogou-o em mim, mas antes que ele me atingisse, Rayan pulou na frente dele. Eu queria gritar que ele não podia fazer isso, pois ia se machucar, mas minha voz ainda não saía. Quando ele se levantou, eu estava me perguntando como ele conseguia sobreviver. Mas, percebi depois que havia vários fragmentos de terra na nossa frente, que foram atingidos pelo fogo.

       - Alice? – ele falou, enquanto Giovanni brigava com a garota – Por favor, me diz que você está bem. Eu vou te levar para a água depois e você vai melhorar.

       Eu não conseguia responder. Queria gritar, mas sabia que isso ia assustá-lo.

       Mas, para falar a verdade, eu estava bem. Rayan, o garoto que eu amava, estava comigo. Estava se preocupando comigo. Isso era perfeito. Ele disse que eu ia melhorar. E estava comigo. Então, não importava o que estava acontecendo. Nada importava mais. Ele estava ali, comigo. E isso era bom. Era muito bom.

       - Alice, tudo vai ficar bem. Eu vou tirar você daqui. A dor vai parar.

       Acho que eu não conseguia parar quieta, já que a preocupação era muita em seu rosto.

       De repente, eu sinto o fogo novamente me tocando, bem na ponta do meu pé, mas fazendo com que todo o meu corpo entrasse em pânico.

       - Alice! Não faça isso, não me deixe!

       Agora, ele estava chorando mesmo. A água de suas lágrimas caía em mim, me fazendo se sentir mais forte.  

       Mas isso não adiantou. Meus olhos aos poucos foram se fechando, até que a única coisa que eu escutava era:

       - Eu... Eu te...


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