POV Jane. 

 Ele tinha os braços me envolvendo a cintura, e eu as mãos em sua nuca fazendo leves carinhos. O microfone... bem o microfone eu acho que joguei no chão, pois em minhas mãos ele não estava, mas isso não me importava; eu estava ali beijando o moço que havia me encantado no aeroporto e não estava nem um pouco com pressa, por mim ele pode me beijar a noite inteira que eu nem vou ligar. Mas como diz o ditado: “Alegria de pobre dura pouco”, ele descolou nossos lábios e me olhou nos olhos.

- Me desculpe – sussurrou.

- Pelo que? – perguntei.

  E então ele me deu as costas e saiu.

  Fiquei imóvel, não sabia o que fazer, a galera me olhava sem entender o porque ele tinha me beijado e depois saído daquele jeito, até seus amigos me estavam me olhando, bom, menos um; ele estava ocupado demais babando um oceano atlântico por Berréca.

- Gente por favor, alguém tem um balde? – falei enquanto me aproximava do menino, e tentando ao maximo tirar toda aquela atenção que eu estava recebendo de cima de mim.

  Não adiantou muito, a galera riu um pouquinho mas logo parou, já o garoto nem notou minha existência, parecia estar em transe. Olhei para Rebeca no palco e ela estava igualzinha a ele, não se mexia nem piscava, apenas observava.

* * *

  Aqueles olhos, aqueles lábios e o sabor que eles tinham, eu não conseguia esquecer.

- Droga Jane! O que ta acontecendo? Você nunca ficou desse jeito por causa de um beijo, e ainda por cima um beijo de um cara que você nem sabe quem é – eu falava isso, andando de um lado para o outro da cozinha, tentando não esbarrar em nada para não acordar Rebeca. Bom pelo menos uma de nós se deu bem, já falei que ela saiu com aquele garoto? Pois é, ela saiu! Não me lembro o nome dele direito, acho que é Ronny ou Lenny... não, nada disso, o nome dele é Danny. Isso! Danny, esse é o nome.

  Danny parecia ser um cara legal, troquei apenas duas palavras com ele “Oi “ e “Tchau”, as quais ele me respondeu sorrindo mas ainda sem tirar os olhos de Berréca, que sorria feito uma criança.

  Eu realmente tava abalada com aquele negocio do beijo, precisava me distrair e estar inteira até a noite pois tínhamos show, resolvi então dar uma volta nas lojas, e quem sabe... fazer umas comprinhas.

É impossível, não consigo entrar em uma loja e sair com as mãos vazias, eu tinha que comprar, nem que seja uma bala, mas eu tinha que gastar. Olhei no relógio do celular e já eram 17:30 e aquela coisa do beijo já nem me torturava mais, as compras realmente me ajudaram. Decidi então mandar uma sms pra Berréca.

“Berréca, o que o poodle falou para a biologia?”

/janelinda

Não demorou muito para Berréca responder:

“Não sei, o que?”

/beccalinda

Só de pensar na resposta eu já começava rir, ri tanto que fiquei sem forças para digitar, e pra completar imaginei como Berréca reagiria ao saber da resposta, ai sim que eu desmoronei de rir. Tomei fôlego e então digitei:

“Metose”

Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

/janelinda

  Eu estava no andar de nosso apartamento quando enviei a resposta, e de fora pude ouvir Berréca rindo. Cara, sério, ela teve um surto. Entrei no apartamento e ela estava jogada no sofá, com o celular na mão, rindo horrores, de seus olhos até escorriam lágrimas.

- Como você consegue falar tanta merda? – perguntou, tentando voltar sua respiração ao normal.

- Não sei, acho que isso é um dom.

- Você é hilária, já pensou em fazer aula de teatro ou faculdade de artes cênicas?

- Claro que já!

- Sério?

-Não, hehe. Sempre quis ser cantora, as piadas pra mim são apenas um passa tempo. E você? Já pensou em fazer alguma faculdade? – perguntei.

- Sim, já pensei em fazer medicina, enfermagem, biologia e até biomedicina, mais daí fui com o meu pai em um show de rock e mudei totalmente de idéia, passei a pensar que faculdades são para fracos. – respondeu.

   Comecei a rir, meu Deus de que planeta ela veio? Como assim faculdades são para fracos? Enfim, não dei muita atenção para isso, mas percebi o quão parecidas nós éramos. Ambas queriam seguir carreira artística, e ambas eram idiotas. Bem... eu falava as coisas mais idiotas possíveis, já Berréca ficava com a parte de coisas sem sentido.

- Temos que nos arrumar, olha que horas já são! – alertou ela.

- Verdade – falei indo para o quarto e sendo seguida por ela.

- O que você comprou?

- Eu lembrei de você, não se preocupe. – falei sorrindo, tirando da sacola um estojo de maquiagem completíssimo, sabia que Berréca amava maquiagem, quando o vi na vitrine seu nome brilhou m cima.

- Lô, obrigada!- gritou ela me abraçando em seguida.

- Magina, agora vai se trocar que falta menos de 20 minutos e daqui a pouco os meninos....

- Lô!? Rê?! – chamaram eles me interrompendo.

- Daqui a pouco os meninos chegam. – completei a frase rindo junto com Berréca.

  Quando chegamos no clube, percorri meus olhos procurando involuntariamente o tal garoto, mas foi em vão; vi apenas seus amigos, e um outro cara engravatado e com uma barba enorme.

  - Bom galera, hoje vamos começar com uma musica que eu compus... Remember December.