Em  meus sonhos eu me encontrava num lugar feliz.  A paisagem a minha volta era tão linda que eu poderia ficar ali para sempre sem me incomodar em algum dia voltar para casa, se é que eu tinha alguma. Rosas perfumavam o enorme jardim, e uma queda d’água formava o pequeno córrego ao lado do qual eu estava sentada. Eu não tinha preocuação agluma. Passado algum, e estava perfeitamente, e completamente feliz. Deveria ter imaginado que aquilo não passava de um sonho.

Antes é claro, que eu pudesse sequer me apegar ao local, tudo escureceu, todas as coisas ao meu redor desapareceram, deixando-me sozinha na escuridão. Quer dizer, não exatamente sozinha, embora antes fosse. - Katherine... - uma voz ecoou dentro de minha mente. Senti o pânico aflorar dentro de mim, se meu coração pudesse bater mais rápido em um sonho, o meu bateria. - Encontre-me... Saberá aonde me encontrar...

E então eu acordei. Não foi um despertar sereno, tampouco um cheio de desespero de quem acabou de ter um pesadelo, era apenas desprovido de qualquer emoção. Eu andava silenciosamente pela sala comunal, saindo porta a fora e perambulando pelo colégio como se alheia às consequencias que isso podia me causar, mas era quase como se eu estivesse hipnotizada... Hipnotizada não, robotizada, sim, essa palavra parecia descrever melhor.

- Sabe... Realmente não devia perambular pelo colégio depois do horário de recolher... - A voz fria me despertou de meu estado de transe. Virei-me para encarar quem falara comigo, embora já soubesse exatamente de quem se tratava.

- Jensen -  dei uma pausa - O que você quer? - perguntei friamente tentando maquiar o medo em minha voz. Ele sorriu para mim. Seu simples sorriso congelante provocou-me um arrepio de pavor e tive que me controlar para não dar um instintivo passo para atrás.

- Tão corajosa... - ele disse se aproximando de mim e tocando meu rosto, ainda exibindo seu sorriso frio como um troféu por ter subjulgado o meu. Não me movi. - Não devia me surpreender, afinal é filha de seu pai, não é Grimalking? - seu sorriso se ampliou.

- O que você quer? - repeti a pergunta.

- O que eu quero? Nada em particular... - ele deu de ombros dando a volta em mim e sussurrando em meu ouvido - O que ele quer, já é outra coisa - um arrepio frio percorreu-me a espinha - Sim, sim, seu pai está por trás disso, você sabe muito bem que ele precisa de você Katherine, ele precisa que fique do nosso lado...

Num impulso de coragem, empurrei-o para longe e retirei a varinha das vestes apontando-a em sua direção. O sorriso havia retomado seu lugar nos lábios do garoto mas eu sabia que o havia surpreendido por um momento, e um momento era o bastante.  - Ele precisa é? - eu sorri friamente, meus olhos se estreitando ferozmente o que fez o sorriso do garoto vacilar - Pois diga a ele que venha ele mesmo, ao invés de mandar um de seus empregadinhos - me virei para voltar a sala comunal.

Antes que eu desse um passo, antes que ele desse um passo, antes que qualquer coisa pudesse acontecer uma voz gritou - Estupefaça! - olhei para trás vendo em um segundo, Jensen ser arremeçado para o outro lado da sala, a varinha em punhos. Ele ia me atacar pelas costas... Aquele...  E então novamente a vóz de James Potter me dirigiu a palavra - Por que eu tenho a sensação de que sempre está envolvida em encrenca garota? - ele me perguntou.

- Talvez seja por que tenha razão. - respondi secamente.

- A maioria das garotas simplesmente agradeceria... - ele falou com um sorriso debochado.

- Achava que isso já estava claro James Potter - respondi sorrindo - Eu não sou como as outras garotas. - parei por um momento, refletindo - Como me achou aqui?

Ele ergueu um pedaço de pergaminho envelhecido. Arqueeiuma sobrancelha olhando para ele com curiosidade - O que isso... - Não tive tempo de continuar a pergunta, o garoto apontou a varinha para o papel e disse:

- Juro solenemente que não farei nada de bom - O pergaminho começou a tingir-se magicamente, revelando um mapa, mas não um mapa qualquer. Um mapa de toda Hogwarts, de todas as passagens secretas e todas as pessoas nele - Isso é... - comecei a falar, abismada.

- O mapa dos marotos - ele sorriu - E você ainda não agradeceu.

Coloquei uma das mãos sobre o rosto do garoto, acariciando-o com a palma virada para trás, e aproxeimei-me dele numa distancia ainda menor da que a que ele nos tinha colocado antes, virei o rosto em direção a orelha dele em uma distancia tão mínima que poderia beijá-la se quisesse - Obrigada -  disse enquanto minha mão decia por seu braço arranhando-o de  leve até que meus dedos encontrassem o pergaminho em suas mãos. - Vou ficar com isso...

Peguei o mapa do maroto, me virei e saí dali sorrindo. Dois podem jogar esse jogo, Potter...