O clima seco e o frio congelante só me faziam, mais do que nunca, desejar ter nascido em qualquer outro país que não a Inglaterra. Puxei meu casaco mais para perto de mim, cruzando os braços em seguida. Da minha boca saiu uma fumaça que ao se misturar aos frios ares londrinos se dissipou.

Olhei para frente, os olhos estreitos de gata encarando desafiadoramente a plataforma que me levaria ao meu primeiro ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Virei meu olhar para o relógio, amedrontada.  Já eram quase onze horas.  Respirei fundo tentando não me distrair novamente com o sopro esfumaçado que saia da minha boca.

Dei um impulso para frente, com o que eu pretendia ser uma pequena corrida até a parede de entrada para a tão temida e amada plataforma. Meu corpo travou enquanto eu me aproximava da parede, gritando para que eu não fizesse nada idiota e batesse a cabeça como uma retardada. Fiquei irritada comigo mesma, já sabia que aquela não era uma parede normal, mas mesmo assim estava me assustando como um bebê. Tentei me concentrar em calar meu blá blá blá mental e fazer algo de útil como chegar até a droga do trem!

Fechei os olhos por um segundo e dei alguns passos para frente. Mas quando eu os abri, a paisagem a minha volta havia mudado completamente. Pessoas carregavam corujas e animais de um lado para o outro. Enormes malas esperavam para entrar na lustrosa maria-fumaça vermelha, e o cheiro de fumaça invadia todo o espaço.

Olhei para os lados, tudo que eu podia ver naquele lugar eram despedidas. Uma mãe chorosa abaixada para ficar na altura do filho, beijava-o na testa antes de ajuda-lo a embarcar.  Crianças corriam de um lado para o outro ou olhavam curiosas para o trem que ainda não poderiam adentrar.  Todos estavam se despedindo todos tinham alguém para se despedir. Todos, menos eu.

Afastei os pensamentos tristes. – Tristeza é para os fracos – repeti baixinho para mim mesma, enquanto procurava uma porta que não tivesse embarreirada por umas 10 famílias melosas e grudentas.

- Hmm... Quer ajuda com isso? – Um garoto falava comigo apontando para minha enorme mala.

- Não, obrigada – A resposta dita por qualquer outro poderia parecer uma simples recusa educada mas do modo em que falei, parecia simplesmente fria e rude. Não que eu me importasse...

Voltei então a tentar colocar o meu malão para dentro do trem. Não é preciso dizer que eu fracassei. Minhas pequenas mãos escorregaram no couro liso fazendo o malão por pouco não cair em cima de mim, mas ao invés disso, ser suavemente empurrado para frente pelas mãos do garoto. Ele olhou para mim com um sorriso do tipo eu-te-disse. Lancei-o um olhar frio e respondi:

- Se você está esperando que eu o agradeça e sorria pateticamente para você desista! Está para nascer quem vai ouvir um sincero obrigado de Katherine Grimallking! – Eu disse secamente, o nariz empinado de pura arrogância.

Ao contrário do que qualquer um poderia pensar, o garoto abriu um sorriso e estendeu a mão em minha direção.

- Olá Katherine! Meu nome é James, James Potter.

Meu olhar frio e arrogante foi automaticamente substituído por surpresa e curiosidade. Meus olhos, a pouco estreitos e ameaçadores se arregalaram surpreendidos pela notícia de com quem eu falava. Um Potter! O filho mais velho se não me engano...

Levei alguns segundos para me recompor, reassumindo aos poucos o meu antigo olhar. Mas era tarde demais, ele já havia conseguido o que queria, por alguns segundos ele havia capturado meu interesse.

- OK... – falei pausadamente – O que você quer James Potter? – perguntei impacientemente.

- Um sorriso não seria nada mau – Ele respondeu esperando pela resposta patética que ele deveria ouvir de toda garota que soubesse que ele era um Potter.

- Então é aí que você se engana – disse séria – Um sorriso, seria de fato, péssimo.