Justin não me procurava desde o aniversário da Allie, ligava todos os dias mas nunca falavamos. Acho que ele havia entendido que não podemos estar juntos de jeito algum, eu tenho que continuar forte e tentar apagar todas as memórias.

Allie estava desenhando qualquer coisa na sala de espera do hospital e eu estava lendo uma revista de fofoca enquanto esperava pela nossa vez. O meu célular tocou quebrando o silêncio total da sala:

-Alô ?- Perguntei sem imaginar quem poderia ser.

-Claire ? É você ?

-Sim, quem está falando ?

-É a Allison, Allison Kay. Eu preciso saber onde você está.

-Espera Allison, alguma coisa não bate certo. O que aconteceu ?- Eu me levantei e me afastei um pouco, não quero que Allie perceba essa conversa com um dos membros da equipe do Justin. Quanto menos Bieber melhor.

-Claire o Justin acabou de ter um acidente grave, eu preciso que você venha para cá o mais rápido possível.-  Conseguia ouvir o choro, o meu corpo gelou. Como é que o Justin teve um acidente ? Será que estava muito granve ? E…E se ele…E se ele não conseguir sobreviver ?- Claire ? Claire você está aí ? Me responde.- Ela falou desesperada.

-Onde você está ? Qual é o hospital ?

-O hospital é o Saint Grance. Nós estamos em Los Angeles

-Droga ! Eu vou tratar da viagem o mais rápido possível.

-Já falei com Scooter e ele mesmo vai ligar para tratar disso. Acho que amanhã você já deve viajar. – Eu respirei fundo, tentando me controlar para que Allie não ouvisse nada.- Então depois fala para o Scooter para ele me ligar ok ? Eu preciso muito falar com ele.

-Não se preocupe, arrume umas roupas até amanhã.

-Eu tenho de desligar agora Allison. Adeus.

-Adeus.- Decidi que Allie não podia saber de nada, pelo menos por enquanto. Não consigo imaginar a reação dela.- Filha vamos embora, hoje não tem consulta eu esqueci.

-É sério ?- Ela tinha uma expressão angelical ao falar naquele momento e isso quebrou ainda mais meu coração. Ela estava ali tão calma, sem imaginar o que havia acontecido com seu pai, apesar de tudo ele é pai dela.

Não liguei o rádio pois era óbvio que estavam falando sobre o acidente, até quando conseguiria esconder isso da minha pequena ? Fomos logo para casa para não correr o risco de ouvir alguém falando sobre o que aconteceu, ou de ver alguma coisa na tv.

Tive sorte pois Allie quis dormir então eu consegui ligar para Lisa e contei tudo o aconteceu. Combinamos que Allie não poderia saber de nada e que elas não poderiam sair de casa.

A noite foi horrível. O próximo voo para Los Angeles era em cinco horas e eu tive que falar para Allie que uma tia minha ficou doente e precisava de mim, ela ficou chorando e eu também não aguentei toda a dor guardada no coração.

Quando cheguei no aeroporto me dirigi ao balcão que Scooter me havia indicado e peguei a passagem, tratei de tudo e logo logo estava dentro do avião. Sempre sonhei em viajar para L.A mas nunca pensei que fosse para ver Justin deitado numa cama de hospital em estado grave, nunca pensei que isto acontecesse justo agora que estou tentando apagar o passado.

Esperei uns minutos sozinha naquela horrível sala de espera que o hospital reservou para a gente. Odeio salas de espera.

Estava com um aspeto horrível, não dormi nem um pouco desde que cheguei as Los Angeles, só deixei a mala no hotel e corri para esse hospital. Pattie estava agarrada a Scooter e chorava muito…Só sussurrava “Justin…Eu quero que o meu filho acorde, eu quero o meu filho”. É impossível não chorar, é inevitável, a sala está silenciosa a única coisa audível é o choro interminável de Pattie. Pobre Pattie, a minha grande vontade era lhe dar um grande abraço e chorar com ela mas achei melhor estar quieta no meu lugar.

Kenny caminhava na minha direção com uma bebida quente e um bolo:

-Foi na lanchonete pegar isso para você.

-Obrigada mas eu não tenho fome nem sede, estou bem assim.- Tentei sorrir e afastei a mão dele delicadamente.

-Claire você vai comer esse bolo e beber esse café, daqui a pouco ainda desmaia. Estamos aqui à horas e você ainda não saiu dessa cadeira, você vai comer e beber, nem que seja um bocadinho e depois vem comigo até à lanchonete porque não pode ficar nessa cadeira por mais cinco minutos.- Eu bem tentei negar mas não adiantou, ele disse que meu corpo precisa de açucar e cafeína para aguentar mais tempo acordada. Enquanto acabava de beber o café Kenny me arrancou da cadeira e me fez caminhar até à lanchonete, as minhas pernas estavam doloridas pois estive sentada durante horas. Ainda não consegui ver Justin, obviamente que após a cirurgia ele foi transferido para um quarto privado onde o acesso é muito limitado.

Só queria que ele acordasse para que esse pesadelo acabasse, já pedi tanto isso para Deus mas parece que as minhas orações não estão a resultar. Parece que por mais que faça, por mais que reze a minha vida nunca irá ter paz. Quando pensei que as coisas não poderiam piorar vejo Scooter caminhando na minha direção, assim que ele chegou perto de nós pediu que Kenny nos deixasse a sós:

-Eu precisava muito falar com você.

-Ok, eu estou aqui, pode falar.

-Bom…A Selena está vindo para cá e eu sei perfeitamente como é que as suas férias no Hawaii acabaram.  Ao menos respeite a pobre da Pattie que esta sofrendo horrores, deixem a brigas de lado nesse momento difícil.

-Eu não vou ser amiga dela depois de tudo o que aconteceu, eu tenho respeito por mim própria.

-Eu não quero brigas ok ? Chega de brigas, acha que o Justin iria gostar disso ?

-Se ele iria gostar ? Lógico que sim…Se não gostasse é obvio que escolheria apenas uma.

-A Pattie não sabe dessa história Claire então eu acho que você terá de se controlar e falar com a Selena como se nada tivesse acontecido.  Eu espero mesmo que você faça isso.

-O quê ? Eu não sou nenhum robot Scooter, você não tem o direito de me dizer o que eu posso ou não fazer.  A verdade é que o Justin quer as duas mas na realidade ele só pode ter uma, esse é o grande problema.

-O que eu não quero é um barraco igual aquele que houve no Hawaii.

-Eu não entendo.- abanei a cabeça a não consegui segurar mais as lágrimas.- Tudo o que eu mais queria era curtir a vida, aproveitar cada segundo, eu era boa aluna, tinha o meu grupo de amigos e tinha uma queda lá por um cara na minha escola. Nunca pensei que fosse normal, longe disso, mas nunca imaginei que a minha vida fosse mudar tanto em tão pouco tempo. Eu me envolvi com ele e as coisas mudaram, ele me fez aquelas promessas idiotas eu claro que acreditei, tinha apenas 16 anos e pensei que o amor dele fosse real, que a gente se cassa-se e tivesse filhos. Eu sonhei em um dia ver fotos nossas ainda jovens enquanto contava tudo para os nossos filhos e netos, contar que um amor da adolescência fosse durar uma vida inteira, mas o que é que aconteceu na verdade ? Eu fiquei grávida e ele me abandonou, fugiu e nem quis saber mais de mim e da minha pequena. Os meus pais me xingaram, todo o mundo me xingou na realidade. Eles me expulsaram de casa, os meus “amigos” me abandonaram, eu tive que crescer sem a ajuda dos meus pais, eu acabei por não fazer nada do que havia planeado. O meu sonho era ser jornalista mas eu não tive dinheiro para estudar, tinha que trabalhar para colocar comida na mesa e tive que fazer o que a maioria das pessoas que tinham a minha idade não faziam. E ele ? Ele continuou a vida dele como se nada fosse, como se não tivesse uma filha, continuou com ela e então eu ? Eu fiquei presa no passado enquanto ele retomou a vida que sempre teve. Agora seja sincero, você acha que isso é fácil para mim ? Acha que foi fácil deixar a minha filha e vi para aqui ? Sem saber quando posso vê-lo e se ele está realmente bem ?- Scooter fez o que eu nunca pensei que ele pudesse fazer. Ele limpou as minhas lágrimas e me abraçou, não precisamos de falar nada. O que eu estava precisando era apenas de um abraço, um grande abraço que me desse conforto nessa hora.

Ficamos abraçados uns minutos, me senti tão calma que poderia até dormir, ele olhou para mim e eu sorri. E sem dizer nada fomos outra vez para a sala de espera, Kenny falou que a enfermeira disse que dentro de uma hora poderemos visitar Justin, ele ainda não acordou e nem sabem quando irá acordar.

Fiquei aliviada depois daquela conversa com Scooter, foi como se falasse o que queria falar à muito tempo. Senti os olhos pesarem cada vez mais e encostei a cabeça ao ombro daquele que eu posso chamar de melhor amigo, o grande Kenny.