–Eu nunca soube que a Claire tinha ficado grávida de você, mas agora que eu sei toda a verdade eu quero que você, minha pequena, saiba que eu sou o seu pai.

~

– Pai? – Allie murmurou.

Sua expressão mudara. Eu não sabia se a minha pequena menina sentia raiva, tristeza ou felicidade de saber aquilo. Eu nem ao menos sabia se ela podia entender perfeitamente tudo isso. Ela ainda era um bebê, uma criança... Sempre pensei em contar pra ela, toda a verdade, quando tivesse pelo menos 10 anos de idade, assim entenderia melhor. Mas, agora, só com três, eu não faço idéia do que ela pensara. Eu acho que ela ainda era pequena pra entender esse tipo de coisa, mas, Alice era uma garotinha tão esperta e inteligente que às vezes eu chegava a esquecer que ela ainda era um bebê.

Bom, ao menos, eu e Justin tínhamos que tentar contar a ela toda a verdade.

– Eu não entendo, Cla... – ela disse baixo mais uma vez, sua voz parecia um pouco falha. – Porque você nos deixou? – ela bateu na perna de Justin e se afastou, deixando a mostra seus olhos cheios de lagrimas.

– Alice... Eu... Sei que você ainda é pequena pra entender essas coisas, mas... – eu tentei explicar, mas, ela me interrompeu.

– Claire. Eu entendo sim. – ela passou a mão na bochecha, limpando suas lagrimas que caiam aos poucos. – Ele não me quis. Titio Justin não quis a gente e então ele fugiu e agora ta com aquela menina feiticeira. – eu riria disso se não fosse outro momento.

– Menina feiticeira? – Justin me fitou, com uma expressão de duvida e querendo rir ao mesmo tempo.

– Ela assiste os Feiticeiros de Waverly Place. – expliquei, dando de ombros. – Allie... Escute... Eu também não fiquei bem quando ele nos deixou, mas... Bom... Eu tentei seguir em frente. – mordi os lábios.

– Claire sofreu e Justin não ligou pra gente. – ela choramingou.

Logo vi Justin se agachar ao lado dela. Ele parecia um pouco abatido, triste ou algo do tipo. Ele realmente tinha nos deixado. E eu nunca havia superado tudo isso. Nunca pensei em nem ao menos perdoá-lo e nem vou perdoá-lo mesmo que passe anos.

Ele me deixou grávida, sozinha e ainda tão indefesa. Tive que aprender a cuidar de mim e de uma criança, quando eu ainda tinha 16 anos de idade. Não foi fácil. Claro que não. Perdi tanta coisa... Eu perdi tudo.

– Olha, Allie... Eu prometo que não vou mais te deixar. – Justin disse, enquanto afagava os cabelos da pequenina.

– Mentira. – ela se afastou, com a mãozinha na boca. – Você vai embora amanhã. – dizia embolado, mas, podíamos entender.

– Não. Não vou. E quando eu for... Você pode ir embora comigo. – ele parecia sorrir agora.

– Eu posso conhecer a Hannah Montana? – ela perguntou, e logo vi um pequeno sorriso começar a crescer em seus lábios.

– Claro. A Hannah Montana... Vou te levar a Disney e você pode conhecer todas as princesas. – Justin riu fraco, enquanto tirava o cabelo dos olhos de Alice.

– Mas... E a Claire? – Allie apontou pra mim.

– Ela vai ficar bem. Pode viver um pouco, já que parece que não se diverte realmente a... Muito tempo. – Justin se levantou, com Allie em seu colo.

Os fitei.

Não... Ele não podia fazer isso. Ele não podia tirá-la de mim.

A minha frente, Alice parecia não chorar mais. Justin dizia que não ia deixá-la de jeito nenhum. Que ela viajaria a todo lugar com ele, que cantaria junto com ele e brincaria com sua irmãzinha e seu irmão, Jazzy e Jaxon. Disse que conheceria a Pattie e que mostraria a Alice todos os cantores e atores. Levaria a minha pequena a premiações, shows, estúdios... E ela começava a rir e fazia perguntas, imaginava tudo, exatamente tudo.

Eu ia ficar só. Novamente.

Eu não podia deixar que minha filhinha se perdesse por esse mundo junto com o idiota, metido e tarado do seu pai. Eu não... Não podia perder mais algo na minha vida.

– Alice, será que posso conversar com seu pai por um instante? – falei. Ressaltando bem a palavra pai.

– Sim, Claire. – ela riu, descendo do colo de Justin. – Papai, posso procurar pelo titio Kenny? Ele é legal. – ela sorriu, batendo as mãos.

– Claro. Ele ta no quarto do lado. – Justin apontou.

Logo ela saiu correndo em direção a porta, gritando “Tchau Claire, tchau Papai.” Meu coração parecia se apertar e querer quebrar em milhões de pedacinhos.

– Porque ela te chama de pai e a mim não chama de mãe? – cruzei os braços, abismada com aquilo.

Odiava o fato de achar que Justin sempre seria superior a mim. Admito que tinha medo de contar a ela por isso... Justin era rico, famoso, incrível... E eu... Era apenas a pobre Claire. Ela teria uma vida melhor com ele, mas, eu não queria deixá-la ir.

– Acho que ela me prefere. – ele disse, em tom de deboche.

– Você não vai roubar a minha filha. – eu disse ríspida e ele me olhou com a testa franzida.

– Como é? – riu alto. – Eu sou pai dela. Tenho direito de ficar com ela. Perdi de vê-la andar e falar pela primeira vez e não quero perder nada mais. – disse rápido. Justin sempre adorou crianças.

– Mas, você não vai arrastá-la pelo mundo afora. Não vai levar ela pra Disney e pra nenhuma premiação idiota. Ela é minha! – falei um pouco alto, sentindo minhas mãos formigarem, querendo dar um soco naquele rosto perfeito dele.

– Claire... Eu a quero. Quero assumir esse fruto do nosso amor. – ele parecia sorrir com deboche, mas, por um minuto me deixei levar.

– Amor? – gargalhei alto. – Fruto de diversão. Eu era apenas seu brinquedo, enquanto estava por aqui. – coloquei as mãos na cintura.

– Eu quero assumi-la. Não foi isso que sempre quis? Que eu a assumisse? – ele deu um passo à frente, ficando um pouco mais próximo de mim.

– Não! – gritei. – Eu queria saber que você também sentia falta de mim como eu sentia falta de você. Queria saber que mesmo longe... Você pensasse em mim assim como eu pensava em você. – disse rápido,mas, acho que ele entendeu.

Justin me olhou por um tempo, seus olhos passavam fitando cada canto do meu rosto pálido e triste.

– Ainda... É apaixonada por mim? – riu fraco.

– Não mais. – murmurei. – Não depois de saber o que você se tornou. Um idiota. – suspirei.

– Eu... Eu pensava em você. – ele sorriu fraco e pude sentir sua mão gélida tocar minha bochecha provavelmente rosada. – Eu queria voltar. Mas, você sabe que eu não podia. – puxou-me pela cintura.

Lá estava eu... Perdida naqueles olhos caramelados mais uma vez.

– Ou não queria? – tentei me separar, mas, suas mãos fortes me prendaram a ele.

– Não podia. Eu queria! – senti sua mão puxar-me pela nuca, colando nossos rostos.

Pressionou seus lábios nos meus. Eu não sabia se suas palavras eram verdadeiras e não sabia o quanto tudo aquilo iria durar, mas, eu estava arriscando. Retribui seu beijo quente, sentindo sua língua brincar com a minha e fazer cócegas no céu de minha boca. Ele pareceu rir em meio ao beijo, enquanto descia as mãos pelas minhas costas e parava na minha bunda.

Tarado.

Eu iria me afastar, mas, acabei me vendo rendida. Passei as mãos por dentro da sua blusa, sentindo seu abdômen definido o arranhei de leve, sentindo ele contrair o mesmo. Puxei-o pela nuca, tentando colar ainda mais seu rosto no meu, tentando aprofundar ainda mais aquele beijo, se é que era possível.

Empurrei-o pelo peito, quando senti que ele tentava tirar minha blusa. Me afastei bruscamente, aliás, eu não queria mais problemas.

– Qual é... – reclamou, rindo e se aproximando novamente.

– Por favor... Ninguém ainda pode saber que Alice é sua filha, ok? – eu disse, arfando um pouco e ele pareceu assentir. – Não sabemos o que sua mãe, seu empresário ou até suas fãs serão capazes de fazer quando souberem, então... Segredo, ok? – suspirei.

– Tudo bem. O que você quiser. – ele riu.

– E saiba que você não vai levá-la daqui. O lugar dela é aqui comigo. Entendeu? Você não vai tirá-la de mim. – apontei meu dedo indicador em seu rosto enquanto ele ria de leve.

– Não esqueça... Que eu ajudei fazê-la. – ele riu mais ainda, enquanto passava seu polegar em meu queixo e levantava meu rosto.

– Agora você se lembra disso? – bati na sua mão e em seguida cruzei o braço.

– Sempre me lembro dos nossos... Momentos... – ele sorriu malicioso enquanto parava sua mão na minha cintura e fazia carinho no local. – Você sempre foi... Boa. Deve ta melhor ainda agora. – disse perto do meu ouvido, em seguida abaixando e começando a dar beijinhos no meu pescoço.

– Você. É. Um. Sem. Vergonha. – bufei, enquanto empurrava seu peito e o deixada me olhando com um sorriso abobalhado e malicioso no rosto. – Deixe minha Allie em paz. – arqueei as sobrancelhas.

Em seguida, andei até a porta do apartamento, saindo daquele lugar logo em seguida.

(...)

– Até que enfim você atendeu! – praticamente gritei no telefone, enquanto colocava o prato com uma panqueca na mesa para Allie.

– Diga o que quer, bitch. To ocupada. – Lisa disse do outro lado, com uma risada abafada em seguida.

Eu suspirei antes de começar a falar um monte para pedir seu conselho.

Fitei Alice fitando a panqueca a sua frente com desgosto e murmurando um “Ah, de novo? Não posso ir comer Mc Donalds com o papai?” Ignorei esse fato e caminhei até a sala, me sentando no sofá. Nada melhor que o conselho da minha melhor amiga. Até pensei em falar com minha mãe, mas, a única coisa que ela diria é que sou uma irresponsável, imatura e vagabunda e também que ela não se importava com isso.

– É o Justin. Ele ta roubando a Allie de mim. – mordi os lábios. Estava pronta pra tomar uma bronca de Lisa.

– Como é? – ela riu fraco do outro lado. – Vai me dizer que você contou a ela... –

– É... É... Eu contei. – suspirei.

– SUA BURRA. – berrou do outro lado, o que quase me deixou surda.

– Eu sou que sou idiota, mas... Me escuta. – franzi a testa e bufei, enquanto pensava comigo mesma. – Ele vai embora hoje ou amanha e disse que vai levar a Alice de qualquer jeito. Disse que é direito dele e não tenho como impedir. – funguei, fazendo voz de choro no final.

Murmurei um “Me ajuda” e Lisa suspirou irritada do outro lado.

– Você diz... Que só vai deixar Alice ir se você for junto. – ela deu um gritinho, como se tivesse tido a melhor idéia do século. Eu apenas ri.

– Eu... Eu não sei não. Não to afim de ir viajar com ele... Como se fossemos uma família feliz e perfeita. – fiz cara de nojo só de pensar na possibilidade. – E também... Não quero que o mundo saiba. –falei por fim.

– É o jeito gata. Ou fica sem sua filhinha querida. – riu

Eu logo me despedi e desliguei o telefone em seguida, o jogando na mesinha de centro.

Fiquei fitando o nada por minutos. A sala estava silenciosa e eu ouvia apenas Alice cantar algo, enquanto comia sua panqueca lá na cozinha. Talvez ela tivesse uma vida bem melhor com ele. Aliás, olha só essa casa... Toda suja, com poucos moveis, um quarto pequeno... Uma pequena e simples casa. Allie ia ter o que quisesse com Justin.

Mas, e eu? Como eu fico? Eu a amava. E se nunca a tivesse de volta? Tenho medo de tanta coisa.

Eu acordei e me levantei em um pulo, quando ouvi a campainha tocar. Alice continuou cantando e comendo panqueca, enquanto eu me dirigia até a porta.

Abri a mesma, vendo Justin ali na frente.

– Cadê minha pequena? – ele disse sorridente, todo entusiasmado e eu empurrei a porta, tentando fechá-la na sua cara, mas, ele a segurou.

– Porra. – murmurei.

– De novo isso, Claire? – riu, empurrando a porta e entrando na minha casa. – E então, tudo pronto? – perguntou, parando a minha frente.

– Pronto pra que? – cruzei os braços.

– Alice vai ir comigo hoje... Embora... Não lembra? – ele riu e eu apenas balancei a cabeça negativamente, fingindo não lembrar. E eu realmente queria não lembrar. – Vamos pro Havaí. Nos divertir. Levar ela na praia pela primeira vez e você não vai me impedir. – ele disse, enquanto colocava as mãos em meus ombros e apertava os mesmos.

– Não vou impedir. – franzi a testa. – Mas, vou junto. – cruzei os braços.

– Como é? – ele riu. – Não pode ir.

– Porque não? Algum problema com isso? – coloquei as mãos na cintura.

– Minha mãe vai estar lá. – fiz cara de desentendida. Aquilo não seria problema. Então, ele continuou. – Selena vai estar lá. – mordeu os lábios.

– Ah sua namoradinha chata... Não se preocupe. Vou ser a BFF de Selena. –sorri sínica. – E eu não posso deixar que essa maluca coloque as mãos na minha filha. O que vai dizer sobre Allie? Qual será a desculpa? – suspirei, enquanto tirava suas mãos dos meus ombros e dava alguns passos pra trás.

– Vou dizer a eles que Alice é sobrinha do Kenny. Ta tudo combinado. – ele deu de ombros.

– Ótimo. E eu vou ser a cunhada do Kenny. – disse dando um meio sorriso sarcástico. Justin bufou.

– Você não pode ir. Sério. – disse com uma cara emburrada.

– Não pedi permissão. Eu vou ou ninguém vai. – cruzei os braços.

Justin pareceu pensar por um bom tempo. Ele passou as mãos nos cabelos, totalmente irritado e murmurou milhões de palavrões, mas, no fim... Ele disse um “Tudo Bem”.

E bom... Vamos ver no que essa viagem com cara de “Happy Family”, vai dar no final.