Acordei e, oh droga! Perdi a hora!!

Não achei meu uniforme então coloquei uma calça jeans desbotada, a primeira que vi na frente e uma blusa branca e amarela, prendi o cabelo e coloquei um tênis esportivo e sai correndo para a aula, quando cheguei à classe a aula já tinha começado há uma hora.

Era aula de Michael e fui falar com ele e dizer o porquê que me atrasei.

–Anny? –Ele foi caminhando até mim. –Eu já estava preocupado! –Sussurrou em meu ouvido para ninguém ouvir.

–Perdi hora, você me deu um susto e tanto ontem.

–Desculpe.

–Já passou muita coisa? –Perguntei com medo.

–Não se preocupe me encontre hoje na hora do almoço na lanchonete que te passo tudo.

–Valeu. –Fui sentar, a aula passou rápida, mas no final...

–Olá, Anny. –Disse Louise.

–Oi. –Disse eu sem o menor interesse.

–E então, que roupa é essa? –Enquanto ela falava, ela me olhava de cima a baixo.

–Olha, eu acordei atrasada, peguei a primeira roupa que vi e tenho que ir pois tenho matéria atrasada.

–Não vai não. Primeiro me conta: O que você e o professor Michel têm? Confessa, ele é lindo, não é? –Disse ela chegando perto de mim com um sorriso interessado.

–Me deixa em paz. –Sai andando e fui para a lanchonete, avistei Michael de longe e fui até ele.

–Oi, Anny.

–Oi.

–Olha, não tem muita coisa, são apenas três questões sobre ângulos da matéria de matemática.

Copiei as questões, guardei minhas coisas e começamos a conversar:

–Não esta gripada? –Disse ele um tanto curioso.

–Não, por incrível que pareça. –Disse eu rindo da cena do dia anterior. –Sabe quem são essas meninas de rosa?

–Sei sim, estudam aqui a vida toda...

–Nossa!

–Mas, você deve estar feliz, as férias começam amanhã. Todos estão indo embora hoje.

Muita coisa veio em minha cabeça, mas disfarcei.

–Ah, ótimo.

–Bom, eu já vou indo. A gente se vê daqui UM MÊS! –Ele guardou as coisas dele, me deu um papel com seu celular e foi embora.

Logo em seguida, subi para meu dormitório e guardei minhas coisas na mala e liguei para meu pai, mas ele não atendeu. Liguei para minha mãe:

–Alô?

–Oi mãe, sou eu.

–Anny? Precisava tanto falar com você! –Disse minha mãe desesperada em meio a muito barulho.

–O que foi mãe?

–Seu pai... –Minha mãe começou a chorar e agora quem estava desesperada era eu.

–O que aconteceu?

–O avião que ele tava indo pro Alaska caiu no mar...

–Mãe, fala pra mim que isso não é verdade! –Minhas mãos estavam tremendo, eu estava chorando e com muito medo, será que meu pai...

–Estão buscando os corpos, não acharam seu pai ainda.

Desliguei o celular e deixei-o cair.

Meu pai estava se mudando para cá, o avião dele caiu e ele esta desaparecido, ou morto, minha mãe estava em Nova Iorque e eu estava de férias. Eu não tinha onde ficar e tudo isso é culpa minha!

Peguei minhas malas e saí da escola, eu não conhecia Houston então fui andando sem rumo.

Estava anoitecendo e eu estava começando a ficar com medo, eu estava cansada e com fome. Cheguei a uma praça e me sentei, olhei em volta e não vi ninguém, comecei a chorar e é quando começa a chover.

A chuva estava gelada e forte, sabendo que não tinha a quem recorrer, me deitei no banco e coloquei a mala em baixo dele, as palavras de minha mãe ecoavam em minha cabeça...

Adormeci e quando acordei eras quatro da manha, olhei em volta e vi tudo branco, tinha nevado, e eu não conseguia me mexer, eu estava meio congelada...

Eu sempre tive medo de escuro e de fantasmas, eu estava próxima de um rio e vi a imagem de uma pessoa, consegui me sentar e fiquei observando:

–Eeeeeeeeeeei, você aii!!! –Gritei o mais alto que pude.

Vi que era uma menina, ela estava com um vestido branco, ela estava longe, mas se virou em minha direção. Vi que a imagem dela falhou como uma televisão com defeito, percebi que era um fantasma e fiquei paralisada, tudo tinha ficado sombrio de uma hora para outra.

Eu estava focada no fantasma e ela em mim, ela começou a caminhar e foi atravessar a rua para ir até mim, nisso passou um caminhão e atravessou ela, ouvi um grito dentro de minha cabeça, durou alguns minutos.

Olhei em volta e vi que o fantasma tinha sumido, minha cabeça estava doendo e eu estava com medo.

Fui até um beco onde estava mais quentinho e acabei dormindo lá.