A noite foi bem longa, pelo menos pra mim, demorei para dormir e fiquei acordando a cada meia hora.

Logo pela manhã, ás sete e dez, pra ser mais exata, desisti de dormir e desci até a cozinha e encontrei Michael já na ativa.

Nem preciso dizer que minha cara estava péssima, minhas olheiras estavam quase no meu nariz e os olhos vermelhos, achei surpreendente ele não ter assustado com minha cara, já que ele é perfeito vinte e quatro horas por dia.

-Bom dia!! – Ele estava empolgado, diferente de mim, é claro!

-Bom dia... –Eu parecia um zumbi, vivo, mas não deixava de ser um zumbi.

-Como foi sua noite?

-Boa. –Menti. Saiu tão natural que eu quase acreditei na minha própria mentira. –E a sua?

-Normal. Como todas as outras, mas... –Ele parou pensando se valia à pena comentar.

-Mas? –Insisti. Não queria que houvesse coisas ocultas entre nós, ficaria estranho.

-Passei a noite toda pensando em você. –Ele abaixou a cabeça, mas consegui ver que ele corou, e eu também.

-Eu estou bem. Sério! –Tentei quebrar o imenso Iceberg que fora criado entre nós. –Apesar de eu ter sido expulsa, meu pai morrer e minha mãe me odiar, eu estou bem. –É, acho que só piorei as coisas.

Ele se virou para terminar de fazer as panquecas para o café da manhã e o silêncio predominou durante longos cinco minutos. Ele nos serviu e começamos a comer em silêncio, e assim ficamos.

Fui conhecer o resto da casa de Michael e me surpreendi, era uma casa muito linda e com um toque sombrio e antigo, mas não deixava de ser vibrante e moderno.

Entrei em uma sala de estudos e me prendi lá por algumas horas, provavelmente três horas. Ele tinha vários livros e eu era fanática por eles.

Saindo de lá, me dei conta da hora que era. Eu não tinha almoçado e estava indo tomar banho, eu demorei um pouco, tentando memorizar a parte do livro que eu tinha lido. Saí e coloquei um short jeans escuro e desfiado e uma blusa do Evanescence, penteei o cabelo e deixei ele solto, desci até a sala e encontrei Michael procurando algo na estante.

-Oi, o que está procurando?

- Ah, oi. –Eu tinha assustado ele, droga! – Estou procurando um filme que adoro, achei que poderíamos assistir...

Depois de algumas horas de conversar com Whitney no MSN ela teve que sair, a conversa foi basicamente saber o que estava acontecendo comigo, um assunto que eu evitava ao maximo.

-Anny, vem ver isso! –Gritou Michael do primeiro andar, fui descendo as escadas lentamente tentando parecer entusiasmada e empolgada, eu não gostava de fingir, mas minhas atitudes assustam a qualquer um.

-Achei nosso filminho! –Ele estava com uma pequena caixinha na mão e um grande sorriso no rosto. –Demorei, mas achei!

-Não acho que demorou. E... Que bom que achou! –Sorri brevemente.

-Gosta de pipoca e refrigerante?

-O que você acha? –Sorri espontaneamente, coisa que me espantou.

Michael sorriu e foi para a cozinha, fui colocando o filme e logo ele chegou com o nosso acompanhamento do filme que se chamava: “Abandonados”.

Percebi que o filme era de terror e eu estava começando a ficar com muito medo, a sala estava escura, a única coisa que eu conseguia enxergar era a lua no céu lá fora. Estava muito frio e senti uma mão em meu braço e eu gritei.

-Calma, sou eu. –Era impossível não reconhecer a voz de Michael.

-Graças a Deus. –Sussurrei aliviada.

-Quer que tire o filme?

-Não, tá tudo bem.

Ele me puxou para perto dele e passou a mão por trás de minhas costas, formando um abraço. Não sei o que deu em mim, encostei a cabeça em seu ombro e senti que ele estava olhando pra mim, ergui a cabeça para ver se estava certa e quando senti sua respiração percebi que eu estava apenas alguns centímetros longe de sua boca, eu conseguia ver seus olhos, eles eram firmes e intensos e percebi que o abraço dele tinha ficado mais apertado, aos poucos estávamos aproximando rosto um do outro.

Minha respiração estava acelerada, e meu coração também. Ele colocou a mão em meu ombro e ficamos apenas alguns milímetros distantes um do outro. Ele passou a mão em meu cabelo e nossos lábios se tocaram, ele me apertou em um abraço mais intenso, minha cabeça estava girando e eu estava respirando exageradamente.

Ele parou o beijo e olhou para mim, me soltando.