World Of Chances escrita por Semi_Forever


Capítulo 7
Down


Notas iniciais do capítulo

Jason Walker - Down
;*



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- Obrigada. – agradeceu de novo.

- Demi, já disse, não precisa agradecer. – fechei a porta de casa atrás de mim.

- Claro que preciso, você cuidou de mim a noite inteira e – começou novamente. –, que mico, você me viu vomitar!

- Pare com isso. – repreendi-a. – E fique longe de encrencas por enquanto.

- Impossível. Elas simplesmente me perseguem.

- Você realmente encarou meu pai. – comecei surpresa.

- Claro, é minha obrigação. – ela se remexeu desconfortável no fino cardigã. – Odeio usar blusa de frio nesse calor.

- É só você parar de se marcar. – afirmei baixando a cabeça, sabendo o que ela escondia por trás do pano.

- Selly, não é tão fácil... – suspirou cansada.

- Eu sei, mas eu estou disposta a te ajudar. – disse focando seus olhos.

- Olha, no começo eu tentei ignorar, mas agora eu preciso dizer. – ela passou a mão pelos cabeços pretos brilhosos. – Eu sei exatamente o que você esta fazendo. Você quer atingir Megan e para isso precisa de mim, não precisa levar a mentira tão longe assim dizendo de quer me ajudar. Você é precisa disso e eu estou cansada de ser um objeto nas mãos das pessoas.

Ela ia se virar quando eu segurei levemente seu braço sabendo da pele danificada.

- O que você quer dizer com isso?

- Selena você é inteligente demais para ir diretamente para Megan, sabe que é impossível atingi-la de uma hora pra outra então precisa de mim. – encolheu os ombros como se fosse obvio.

- Você entendeu errado...

- Então olhe nos meus olhos e diga que não se importa se sua irmã será comovida. – cruzou os braços.

O silencio caiu sobre nós, o constrangimento explícito em minha face.

- Sabia. – concluiu. – Já estava começando a estranhar tanta “preocupação”.

- Espera. Demi, eu realmente me importo. Admito que no começo não, mas agora eu vejo em seu olhos... – segurei sua mão. – Você precisa de ajuda mais que minha irmã.

- Preciso. – afirmou. – Mas não quero.

A confusão tomou conta de meu tom.

- Não quer? – perguntei. – Mas naquela noite...

- Eu sei o que eu disse. – interrompeu. – Mas, aaah que droga...

- Quer conversar? – li sua expressão de luta interna sobre confiar ou não.

- Selena quanto menos você souber...

- Melhor pra mim? – adivinhei. – Ok, mas o assunto não sou eu.

Hesitação.

- Demi, não precisamos falar disso agora se for tão difícil pra você. – ela tinha a cabeça baixa, onde seus cabelos pendiam. – Demi?

Coloquei a mão livre em sua mandíbula, guiando seus olhos aos meus.

- Não, eu só... – apertou os lábios juntos como se impedisse a si própria de continuar. – Eu só preciso de um abraço.

Suspirei aliviada por ter um pequeno ponto de confiança e agarrei seu pescoço enquanto sentia suas mãos apertadas em minha cintura.

- É mentira. – sussurrava em meu ouvido. – Todas as vezes que digo que estou bem, é tudo mentira. Não sei como consigo com tanta naturalidade, mas é muito mais fácil colocar um sorriso falso no rosto e assentir que sou um erro do que falar sobre a verdade.

- Calma. – juntei-a mais a mim. – Você não esta sozinha.

- Sim eu estou. – continuou. – Minha família me acha uma aberração, acabei de estragar totalmente minha reputação com seu pai que é a única pessoa mais adulta de realmente converso, os que dizem meus amigos são colegas, meu ultimo ano na escola esta quase perdido e, como se não bastasse isso tudo, Megan não esta contente por mim estar invadindo seu espaço pessoal de dois metros.

- Não, não esta. – acariciei seu cabelo. – Você me tem.

Não havia pressa na separação dos corpos sabia que precisava disso, seus olhos imploravam por essa ação mesmo que sua boca insistisse no contrario.

Aquela não era a Demi que eu conheço. Aquela garota que tinha repulsa por contatos corporais amigáveis, de estatura forte e inabalável então eu percebi, aquela não era a verdadeira Demi. Ela era frágil como uma criança, os sentimentos se misturavam muito fácil com a fala mesmo que tente controlá-los. Foi como a mesma falou, o tudo bem é uma mascara. Um caminho á primeira vista mais fácil, mas quando todas as emoções reprimidas por essas duas insignificantes palavras se junta frutos de tempos você vê a rua estreita que entrou e é obrigada a encarar todos os problemas e suas subdivisões.

- Não estou pronta pra te soltar. – afirmou.

- Não precisa. – sorri. – Use a força e o tempo que precisar.

E ela o fez, fazendo-me sentir o ar saindo estranhamente confortável de meus pulmões.

Preocupantemente confortável até demais em seus braços.

(...)

A conversa foi longa e cheia de pausas confusas de sua parte. A briga interna continuava e percebia isso, já que sua mascara caiu para mim.

Era intrigante o jeito que falava, sua tonalidade vocal mudava junto com o medo em seus olhos. Foi amedrontaste até para mim quando começou falar da família. A repulsa e o nojo de seu pai biológico com a raiva que escorria dentre seus dentes; o medo de decepcionar a mãe que tinha perdido no começo do assunto das drogas entrou no embalo da raiva; a irmã mais velha perfeita foi o que começou a acalmá-la mostrando uma mínima consideração, mas tudo mudou com um sorriso quando falou da irmã mais nova. Madison. Mas a decepção tornou seu sorriso amargo quando comentou o quanto Dallas, a perfeita, estava trabalhando para sujar seu nome na mente da criança.

- Eu sei que sou um péssimo exemplo, mas só queria abraçar minha irmãzinha sem ouvir um comentário do tipo: “pare fingir se importar com ela”, ou até mesmo me julgando minha doença contagiosa.

Doença: bipolaridade. Problema psicológico se variação extrema de humor, gerando depressão e pensamentos praticamente incompreensíveis.

Seu relato constou com os sintomas óbvios como a falta de atenção gerando distratibilidade, a pouca necessidade de sono, a culpa excessiva, agitação psicomotora o que se confunde ligeiramente com hiperatividade e os pensamentos suicidas.

O motivo de tantas pulseiras ficou explícito, mas tudo foi confirmado quando ela as removeu dando-me a dolorosa visão de cortes profundos que exalavam dor e desespero.

Como se drogas não bastassem a mutilação era necessária em sua mente e ela realmente tinha motivos convincentes, fazendo ela mesma cair mais e mais em sua armadilha. Ela precisa de alguém que tire essa venda de seus olhos e mostre o caminho de volta, á tempo.

- Eu já quebrei tantas promessas comigo mesma Selly. – continuava, os dedos passeando pelos riscos vermelhos saltados no punho. – Já perdi a conta de todas as vezes que prometi parar, mas é impossível nessa realidade.

- É só você sair dela. – afirmei tentando parecer convincente. – E eu vou te ajudar.

- Como? – perguntou interessada.

- Do começo de tudo. – explorei seu rosto belo, focando as janelas da alma. – Com licença.

Pedi e, com cuidado, enfiei minha mão no bolso do cardigã tirando um maço de cigarros.

Reconheci a marca da noite de nossa caminhada e o pensamento de estar quase cheio me fez sorrir.

- Pode me emprestar seu isqueiro? – perguntei.

Ela entregou-me a pequena caixinha personalizada com uma caveira pirata.

Observamos o veneno queimar o ressentimento sendo percebido ao expirar o ar dos pulmões.

- É difícil, mas não impossível. – recitei, vendo seu rosto focado no fogo. – Por favor, me deixa te ajudar?

- Eu... eu não sei. – respondeu. – É perigoso.

- Não importa, eu sei que você não deixaria nada acontecer comigo. – falei. – Eu confio em você e estou pronta para conquistar uma retribuição.

Ela sorriu assentindo após um tempo em silencio.

- Ok, vou tentar.

- Vamos tentar. – corrigi.

Nossos olhares se encontraram e o que senti não era o esperado. Não foi o mesmo afeto que troco com Miley, minha melhor amigas, ou com Megan, carinho de irmã, era algo... estranho que me apertou em um lugar ainda mais preocupante.

- O que você esta fazendo ai? – uma voz cortou o clima silencioso e nós deslocamos as cabeças em direção da figura conhecida. – E por que estão de mãos dadas?

Olhei de Megan para as extremidades braçais, encontrando dez dedos delicadamente entrelaçados perfeitamente um ao outro como se fossem perfeitos.

Demi puxou sua parte do pequeno bolo preocupada e mais confusa que eu sobre quando havíamos feito tal contado.

- O que eu te disse Demetria? – enraiveceu minha irmã, então me agarrou afastando-me da de cabelos negros.

- Desculpe Megan, eu não queria... – começou Demi, a voz ligeiramente amedrontada.

O clima escuro me fez perceber que a noite estava começando a cair e que o dia havia, literalmente, voado na grande praça com Demi.

- Vou repetir: fique longe dela! – gritou Megan.

- O que você acha que vou fazer? – respondeu Demi. – Arrancar uma seringa do bolso e aplicar no braço de Selena? Você sabe que eu nunca faria isso com alguém, muito menos com sua irmã.

- Ela não pode se aproximar de coisas assim. – retrucou Megan. – Eu já te disse o meu medo e pensei que fosse entender.

- Entendo, só você que não entende o meu porque nunca se importou em ganhar minha confiança total para ao menos conhece-lo! – terminou Demi, se levantando.

As duas se encararam furiosamente.

- Só fique longe dela. – Megan controlou a voz, ignorando a fala anterior da outra. – É o melhor para ela.

- É, você tem razão. É o melhor para ela. – concordou Demi, a voz baixa. – É melhor pra você Selena.

- Não, Demi. – chamei quando ameaçou sair. – Não, por favor. Megan me solta!

- Desculpa Selena, mas se fosse qualquer outra pessoa...

- E falou minha melhor amiga. – riu Demi ironicamente.

- Você não sabe a influencia que pode ter sobre qualquer um Demi, você tem um poder incrível de persuasão que nem conhece. – começou novamente. – Como posso ficar tranqüila se...

- Ela não é uma criança Megan e nem você, então pare de agir como tivesse me conhecido ontem. – cuspiu Demi.

- Demi, você esta entendendo errado...

- Então eu estou. – comecei encarando Megan. – Isso só mostra o quanto você confia em mim. Zero.

- Você vai ficar do lado dela agora? – perguntou indignada. – Você nem a conhece direito e...

- Chega! – gritou Demi, chamando mais ainda a atenção dos poucos na rua. – Já chega.

Deu as costas para nós chutando a caixa, já totalmente queimada, de cigarro ao nosso pé.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo post, obrigada *.*