MÚSICA: Tocando em Frente – Almir Sater

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A Sabedoria de um Hokage

            Mais uma manhã de sol em Konoha. A brisa suave soprava a copa das árvores, espalhando suas folhas pelo ar. Como de costume, o Hokage da Vila da Folha passeava pelas ruas calmamente, observando o movimento pacífico de sua amada terra...de seu lar.

            Os cabelos loiros, escondidos sob o chapéu, cuja sombra lhe protegia os olhos azuis. Seu imponente manto branco cobria-o até os tornozelos. De sapatos pretos, andava lentamente, com os braços para trás, assim como fazia o querido “velhote”.

            Um grupo de crianças passava correndo em direção a ele, elétricos, em polvorosa, todos alegres e gargalhando alto. Quando o viram, todos pararam, rodeando-o, sorridentes.

            - Ohayô, Hokage-sama!!! – cumprimentaram em coro.

            - Ohayô. – respondeu, agachando-se para fitar as crianças mais de perto, com o costumeiro sorriso, que carregava consigo desde menino, estampado no rosto.

            - Hokage-sama é sempre tão sorridente! – disse uma garotinha, ruborizada, ao fitar a beleza do jovem kage.

            - Hehe.... – levou sua mão aos cabelos da menina, acarinhando-os – O sorriso é uma prova de força. Sorria sempre, e o mundo parecerá melhor para você. Lembre-se disso.

            - Mas...Hokage-sama...o senhor nunca fica triste? – perguntou, inocente, um outro garotinho.

            - ... – os olhos de Naruto pareciam vagar por memórias do passado; pensativo, ergueu seus orbes ao céu, deixando que os azuis se mesclassem.

Ando devagar

porque já tive pressa...

E levo esse sorriso

porque já chorei demais...

            - Sim.... – disse quase num sussurro, voltando a fitar o garotinho, que o observava – ...na estrada da vida, encontramos muitas felicidades, mas as tristezas também vêm. Elas são necessárias...lágrimas machucam, mas fortalecem.

            - Entendo! – disse o garotinho, assentindo com a cabeça e retribuindo o sorriso.

            - Isso, crianças! Ouçam bem as palavras do Kage. Ele é muito sábio! Conhece tudo o que um bom ninja deve saber!

            - Iruka-sensei! – cumprimentou Naruto, levantando-se.

            - Ohayô, Hokage-sama. – sorriu diante de seu pupilo.

            - Já lhe disse que não precisa me chamar assim, tô certo!

            - Formalidades, Hokage-sama! – afirmou o moreno, fitando o ex-aluno com olhos carinhosos, repletos de orgulho.

            - Bah! Totalmente desnecessárias! – rebateu, fazendo careta. As crianças tentavam conter as risadinhas.

            - Naruto....vão haja como uma criança, huh? Você agora é o grande Hokage! Hahahaha! – Iruka riu abertamente. Sabia o quanto Naruto cativava as pessoas, em especial as crianças, com aquele seu jeito peculiar. Aquilo o aproximava de seu povo...unia-o a ele...aquela energia contagiante.

            - Há! Iruka-sensei! – redargüiu, agachando-se novamente, enlaçando as crianças num grande abraço, sorrindo – No fundo, no fundo, mesmo...todos somos crianças!

Hoje me sinto mais forte,

mais feliz, quem sabe...

Só levo a certeza

de que muito pouco eu sei...

Eu nada sei...

            - Fazendo a caminhada matinal?

            - Hai! – respondeu, levantando-se – Acho que de certa forma, herdei isso do Terceiro...

            - Ocupado demais pra um rámen? Eu pago! – sorriu, relembrando os velhos tempos.

            - Jamais! Vamos lá! – respondeu alegremente – Crianças, agora tenho que ir...não é sempre que se ganha um bom rámen de graça, huh? – sorriu debochado, fazendo as crianças rirem junto com ele. Logo depois saíram correndo, certamente em busca de alguma brincadeira.

            Iruka e Naruto se dirigiram à tenda de rámen, que ainda se mantinha no mesmo local, idêntica a anos atrás. Pegaram seus assentos e pediram os pratos de costume.

            - Nossa! Mas isso é uma delícia! – Naruto sorria, enquanto devorava sua terceira tigela de ramén. Iruka observava atônito. Realmente, Naruto havia crescido, mas sua natureza...sua essência pura ainda se mostrava estampada nele.

            - Hehehe...tô vendo que certas coisas nunca mudam, nee, Naruto?

            - Há, Iruka-sensei! Nunca se sabe não é? A vida é tão curta, principalmente para os shinobis...é sempre bom apreciar os pequenos prazeres da vida! – voltou-se para seu sensei e lhe sorriu com ternura.

Conhecer as manhas e as manhãs,

o sabor das massas e das maçãs...

            - Com certeza, Naruto... – o jounin o fitava com admiração – E Hinata-sam? Como está?

            - Bem! Apenas um pouco ansiosa com a chegada do bebê. – era notável o amor que brilhava nos orbes cristalinos do loiro.

            - Aposto que não mais ansiosa que você, huh? – debochou, cutucando Naruto com o cotovelo.

            - Pois é...sabe, sensei, esses dias eu estava pensando nesse rumo que minha vida tomou...hahaha...na época da academia, nunca imaginei que iria, tão cedo, casar e ter filhos...ainda mais com a Hinata-chan, tô certo!

            - Hehehe...é...a vida dá voltas, Naruto...e realmente, ela é uma caixinha de surpresas.

            - Heh...pois é...eu nunca pensei que pudesse amar tanto uma mulher...amo Hinata mais do que minha vida... – afirmava, fitando carinhosamente o anel dourado que levava no dedo anelar – agradeço a Kami por ter me aberto os olhos daquela paixão que eu nutria pela Sakura-chan...aliás...têm tido notícias dela, sensei? – indagou, voltando-se para Iruka.

            - Bom...pelo que eu sei, ela está bem. Nossa! Olha a hora! – espantou-se ao fitar a posição do sol no céu – Acabei me entretendo demais no nosso papo...tenho que ir para a Academia...as aulas vão começar logo, e ainda tenho que pegar as crianças para levá-las comigo! – disse, levantando-se, afobado, pagando a conta.

            - Hehehe...hai, sensei. Dê lembranças à Irina-sam, sim?

            - Certo! – sorriu – Até mais ver, Naruto! – despediu-se, indo em direção à estalagem dos jounins.

            Naruto se levantou e continuou sua caminhada, com seus pensamentos vagando pelo tempo.