Thalia

Annabeth gritava incessantemente meu nome e corria atrás de mim.  Eu corria em direção da floresta que cercava a fazenda, ela pertencia a Frederick, mas ele nunca teve coragem de destruí-la para que pudesse usar, por isso havia várias placas que indicavam que era perigoso atravessar a cerca, havia historias de que animais selvagens viviam ali o máximo que lembro ter visto foi um veado, mas Ava nunca havia me deixado ir lá. Pulei a cerca e corri floresta adentro agora os gritos de Annabeth estava mais distante e ao mesmo tempo mais desesperados, ela implorava para que eu voltasse.

Eu estava com raiva, estava furiosa, mas não sabia o com quem, talvez comigo por não tiver vindo antes, por fingir que não me importava ou talvez por estar aqui somente por causa daquele maldito testamento.  Por que fui tão egoísta?

Deixei que o ódio me consumisse, eu me odiava por não conseguir odiar minha mãe ou Frederick, eles haviam tirado tudo de mim, minha casa, minhas irmãs, meus amigos, minha vida e eu não conseguia odiá-los, Em minha imaginação a morte de meu pai seria fácil para mim, mas agora parecia que o peso do céu tinha caído sobre meus ombros e que o ar me sufocava.

As lembranças invadiram minha cabeça antes que eu pudesse impedir.

Minha mãe havia acabado de chegar do serviço, eu havia passado o dia todo sozinha em casa e estava com fome, minha mãe não fazia comida eu não fazia ideia do por que... Mas agora entendia...

Minha mãe sorriu pra mim e perguntou oque eu havia feito, corri para meu quarto e peguei um de meus desenhos, nossa família. Minha mãe olhou para mim e perguntei em quem eram aqueles, eu sorri sem entender o porquê ela parecia estar com raiva.

-É a nossa família, eu, você, Silena, Annabeth e o papai- eu apontava para o desenho mostrando quem era quem.   

Ava se levantou e rasgou o desenho e jogou dentro do lixo, fiquei paralisada e comecei a chorar em silencio.

-Essas pessoas não existem mais!- ela falou e saiu de casa e fiquei novamente sozinha ali.

Voltei à realidade quando ouvi passos se aproximando... Um garoto loiro sorria para mim.

-Annabeth esta que nem louca atrás de você- ele murmurou se aproximando, na sua mão havia um facão que ele provavelmente estava usando para cortar os matos, imaginei se havia ido tão longe assim.

-Diga a ela que estou bem- respondi, minha voz estava rouca.                                          

-Não gosto de mentir- Ele respondeu se aproximando, seus olhos eram azuis e próximo aos seus olhos havia uma cicatriz que ia desde a sobrancelha ate seu queixo, imaginei como ele havia a conseguido. Ele estava no enterro ao lado de Annabeth.

-Oque esta fazendo aqui?- perguntei.       

-Gosto daqui, é um dos poucos lugares que não sinto a presença de Frederick- ele sorri e prende a faca em um cinto- e você oque esta fazendo aqui?

-Apenas pensando- respondo.

-Deve ser doloroso perder um pai que você mal conheceu- ele sussurra olhando para o céu.

-Nem tanto, se eu não o conhecia não a motivo para chorar.

-Acho que o fato de não o ter conhecido é um motivo para chorar- ele retruca e sei que de alguma maneira ele estar certo- Quer voltar pra lá?

-Não, você tem um carro? – pergunto.

Ele me encarra.

-Uma picape, por quê?

-Me leva até o hospital?

-Não esta se sentindo bem?- ele começa a me examinar.

-Não, eu quero ver minha mãe...