-Pai- chamei- o novamente- Por favor, me ajude.

-Annabeth?- uma voz disse atrás de mim.

Paralisei aquela voz rouca e doce que pertencia ao meu passado, eu estava ouvindo coisas, me virei e me deparei com aqueles lindos olhos azuis, era como uma visão do passado, a cicatriz no canto do olho...

-Luke? – não conseguia ouvir minhas próprias palavras...

-Annabeth – ele falou com um sorriso no rosto e se aproximou e me abraçou meio sem jeito.

-Quando você chegou?- perguntei ainda em choque

-Hoje de manha, soube da morte de Frederick... Achei que precisasse de um amigo- Ele falou- Como você esta?

-Estou bem, mas e você?... - o examinei- puxa quanto tempo!

-Estou bem, fiz a faculdade... Estava na América do sul fazendo uma reportagem- ele falou sorrindo

-Realizou seu sonho.

Ele abriu a boca para me responder, mas paralisou...

-Perseu – Exclamou Luke espantado.

Os dois se encaram... Depois de tanto tempo ainda podia ver o ódio no olhar dos dois.

-Annabeth- Percy olhou para mim ignorando Luke, sua expressão era seria- O pessoal da funerária ligou... Está tudo pronto para o enterro.

Percy

Thalia havia recebido alta, ela voltaria no hospital daqui a umas semanas para fazer alguns exames...

As terras de Frederick eram enormes por isso tinha tudo até mesmo um cemitério particular. Havia muitos túmulos para um cemitério particular, Todos ficaram em silencio enquanto os coveiros jogavam areia sobre o caixão que ia desaparecendo ao poucos. A única que chorava era Annabeth.

-Bom- Quiron começou a falar ele caminhou até Annabeth e segurou sua mão- Quer falar alguma coisa?

Annabeth balançou a cabeça negando, Silena a abraçou.

-Eu quero- Thalia falou todos a encararam.

Thalia se colocou ao lado do tumulo seus olhos estava vermelho. Ela tirou uma mochila das costas, não me pergunte por que ela usava uma mochila, ela tirou de dentro dela um caderno normal que na capa havia desenhos e rabisco... Ela nos olhou.

-Eu li isso quando era criança e prometi que um dia leria a meu pai- ela olhou para lapide do pai- e bom não tive a oportunidade...

Ela ficou em silencio por alguns minutos, então sorriu e abriu o caderno.

-Espero que todos entendam os meus motivos para ler isso.

Sua voz era fraca e distante.

-Pai quando você morrer eu não vou chorar

Para compensar todo o pranto

Que você me obrigou a derramar.

Pai, quando você morrer eu não quero lembrar da sua existência

Para compensar toda a vida que você esqueceu que eu tinha

Pai quando você morrer eu vou por roupa branca

Para compensar toda paz que você me impediu de ter.

Pai, quando você morrer eu não vou a missa para compensar os pecados que paguei mesmo inocente.

Pai, quando você morrer, eu quero gritar bem alto para compensar toda mágoa que você me fez sofrer calada.

Pai, quando você morrer eu vou levantar os olhos para compensar todas as vezes que chorei cabisbaixa [...].

Pai, quando você morrer, eu vou cuspir todo o ódio para compensar o instante que você me cuspiu da sua vida.

Pai, quando você morrer, eu vou te olhar de frente para compensar toda vez que você me deu as costas.

Mas pai...

 Espero que entenda que em vez de viciada, marginal e revoltada.

Eu fosse só, tão- somente uma menor abandonada.

Todos choravam, até mesmo os “vizinhos” e os que só conheciam Frederick pelo nome...

Thalia estava seria, guardou o caderno na bolsa e saiu andando... Não havia mais oque fazer...

Annabeth correu atrás de Thalia.