SANDEUL P.O.V.'s

"Sozinho em casa de novo. Às vezes nem parece que voltei do Japão com a quantidade de tempo que passo sozinho aqui nesse apartamento, quer saber? Vou sair, é. Vou ao shopping e depois passo no mercado pra comprar algumas coisas." - Pensava enquanto assistia um dorama na TV. Estava até legal o dorama, mas ficar sozinho naquele apartamento o tempo quase todo era chato demais.

Me troquei, peguei as chaves do carro e antes ainda dei uma olhada no espelho da sala pra ajeitar o cabelo. Fui ao shopping, tomei um sorvete, assisti a um filme e acabei esquecendo o mercado. Não havia nada que prestasse pra comer em casa então comecei a procurar algum hipermercado ou vendinha onde pudesse encontrar algo pra comprar. Depois de algumas voltas acabei encontrando um Hiper 24 Horas ainda um pouco longe de casa. E quando já estava na porta, procurando as chaves do carro no bolso algo me chamou a atenção.

Me chamou a atenção porque parecia que eu já conhecia o que estava diante dos meus olhos, eu já a conhecia. Estava diferente, mas eu nunca iria esquecer aquela beleza que não se comparava a nada que meus olhos já tinham visto antes. Parecia nervosa, como procurando algo (ou alguém...), estava cheia de malas, com um papel nas mãos. Parecia perdida. Olhando alguns segundos a cena a minha frente não me Conti e então me aproximei.

Ennie- sshi? - Indaguei. Ela se virou e me olhou de cima pra baixo e fez cara de que não tinha entendido. Ela realmente estava diferente. Como alguém pode mudar a cor do cabelo radicalmente assim? Se for o caso, ela queria mesmo repaginar o visual. - Sou eu, SanDeul, da lanchonete. O garoto das 3 xícaras de café. - Tentava fazer com que ela se lembrasse, mas foi em vão.

S-S-SanDeul?

Daeh~ - Ela deu um sorriso de leve.

Acho que você está me confundindo... - Ela disse em meio a um sorriso forçado.

Confundindo? Ah... - Minha feição mudou completamente - Mas pareceu tanto... - Ela riu de novo, mas dessa vez um sorriso mais aberto, enquanto eu com certeza deveria estar ficando cada vez mais vermelho e visivelmente desconcertado. Se ela não era a Ennie-sshi, quem ela era? E como poderia parecer tanto com a simpática garçonete?

Confundindo sim, com a minha irmã, Ennie. É normal, todos nos confundem mesmo, por mais que tenhamos estilos bem diferentes... - Ela dizia com uma voz simpática, ao mesmo tempo em que analisava um retrato junto com um papel que estava em suas mãos olhava para os lados.

Oh, irmã? - agora fui eu quem a olhei de cima a baixo. - Reparando bem, tem algumas coisas que diferenciam vocês mesmo...

Pelo visto você conhece bem a minha irmã, não é? - Ela voltou seus olhos pra mim, percebendo o jeito com que eu a olhava e eu me desconcertei.

Bem, não é bem assim... Eu a conheci não tem muito tempo.

Ah, então você não vai poder me ajudar. - ela disse olhando mais uma vez para os lados, um pouco desanimada.

Ajudar?

Sim, ajudar. Você conheceu ela há pouco tempo então você não deve saber onde ela mora, não é mesmo?

É... Realmente eu não sei. - Passei minha mão na nuca envergonhado por não poder ajudar. - Mas você é irmã dela e não sabe? - Ela se abaixou, dando uma risada pequena e irônica.

Esse bando de malas não significa algo? Ergueu uma mala na mão e perguntou ironicamente.

Você... Não morava aqui? Só aí me dei conta.

TADAM! - nós dois rimos.

Que confusão... Ao menos você tem o celular dela?

Ela não atende. - Tentando ligar mais uma vez. Sem sucesso.

Ela não sabia que você viria? Eu estava confuso.

Bem, é que... Eu queria fazer uma surpresa. A garota a minha frente falou isso e me abriu um sorriso, como se estivesse traquinando.

E como é que você pretende encontrá-la, menina?

Ela me mandou algumas coisas daqui e eu anotei o endereço, mas eu acho que acabei me perdendo e vim parar aqui. - Ao terminar fez um biquinho, como se estivesse concluindo que aquela ideia não foi de todas, a melhor.

Vem comigo, eu acho que tenho como te ajudar. - peguei a mala com a mão que tinha menos peso com as sacolas. Abri a porta e fomos colocando as coisas no carro. Antes de tudo a curiosidade bateu.

Então, irmã da Ennie-sshi, qual é mesmo o seu nome? Disse já me ajeitando para dar partida.

ah sim, meu nome é Beatriz. Beatriz Oliveira, mas pode me chamar de Min Seul que é meu nome coreano.

Hm... Certamente Min Seul será mais fácil de dizer. - Nós dois demos uma leve risada.

E você amigo da Unnie, qual é o seu nome?

Lee Jung Hwan, mas todos me chamam mais de SanDeul.

Ah é, você tinha me dito quando pensou que eu era a unnie. - Dei uma leve risada pela cara fofa que ela fez. - Mas... Aonde você pretende me levar para achá-la?

No lugar em que a conheci.

E como você tem certeza que ela estará lá?

Ela trabalha lá.

NARRADORA P.O.V.

Os dois jovens seguiram e em pouco tempo já estavam estacionando o carro em frente à lanchonete. O que SanDeul não podia imaginar era que a lanchonete seria fechada mais cedo naquela noite. O motivo? A boa ação de duas amigas para com a sua unnie.

AISH! Como pode estar fechada à uma hora dessas? Não e normal lanchonetes fecharem antes das 23:30. Disse um pouco alterado, olhando pelos vidros escuros da lanchonete.

E agora? - ela perguntou um pouco preocupada e assustada.

Calma, vamos pensar... - Silencio. Reparei o papel em sua mão. - Esse é o papel do endereço? - Apontando-o.

Huh? Ah sim, é este. - Me entregando o pequeno pedaço dobrado. Nele estava escrito em hangul e romanizado o nome da rua.

Hm... Eu não conheço essa rua. Disse após fazer uma força para ver se lembrava.

Isso dificulta bastante. Ela estava irônica.

Calma, vamos perguntar a alguém. Não é possível que não haja ninguém que a conheça.

O que parecia impossível aos olhos do rapaz foi totalmente possível naquela noite. Eles rodaram algum tempo e ninguém sabia dizer aonde era o tal endereço. Desanimada e já com um pouco de sono, Min Seul foi vencida pelo cansaço da viajem e acabou dormindo no carro. SanDeul, percebendo o silencio da pequena pensou se seria melhor levá-la para casa e no outro dia ir à lanchonete mais cedo, no mesmo horário que ele foi no dia que chegou em Seul, tentar encontrar a garçonete Ennie. Como ela esperava achar onde a irmã morava, com certeza não teria trazido dinheiro para um hotel. Seullie concordou com a ideia, seria apenas por uma noite e ela realmente não tinha para onde ir.

Mesmo sendo um desconhecido, ele foi muito simpático tentando a ajudar e além do mais era amigo de sua irmã, ou pelo menos a conhecia, não deveria ser má pessoa. - pensou.

Tem certeza que não irei incomodar? - MinSeul disse enquanto SanDeul ainda dirigia em direção ao apartamento dos garotos.

Oh, certamente que não. Os garotos são bastante desligados quanto a isso. A única que talvez vá se incomodar é você, com a bagunça. - Advertiu.

Ah, mas isso é normal em um apartamento de garotos, Huh?

Os dois ainda conversaram no intuito de se conhecerem melhor. Uma conversa bastante agradável. Pouco tempo e eles já pareciam bem confortáveis um com o outro e isso acalmou a pequena garota que, por mais que estivesse feliz em ter alguém para conversar, apesar da diferença de linguagem, não escondia sua preocupação em não encontrar sua irmã.

É aqui. SanDeul disse ao estacionar o carro na frente do prédio. Os dois abriram as portas, saíram, pegaram as malas e subiram. Abrindo a porta do apartamento, ele percebeu quando Seullie entrou com os olhos arregalados para dentro do local. Com certeza pelo fato da bagunça estar bastante grande.

Por favor, não repare a bagunça. Eu sei que é quase impossível, mas tente ok? ele disse aos risos fechando a porta da frente.

Que é isso? Também não é pra tanto, eu pensei que seria pior... Ela disse, sendo verdadeira.

Pior? Só não está pior porque eu estou aqui à quase um mês. Os dois riram.

Aonde eu ponho as malas? MinSeul se pronunciou quando os risos se acalmaram.

Ôh, pode vir por aqui. Você ficará no meu quarto. O jovem garoto a guiou para um dos quartos do apartamento.

S-s-seu quarto? Ela se espantou um pouco.

Hm rum. Eu dormirei no sofá e você dorme aqui no quarto. Ele disse apontando para ela adentrar no quarto.

Any. Não me importo em dormir no sofá. Será só uma noite mesmo. A garota finalizou com um sorriso confortável ainda em pé na frente do quarto, enquanto SanDeul já havia entrado e colocado a mala maior no meio de seu quarto.

Ah, mas eu me importo. Como vou deixar uma visita dormir no sofá? Ainda mais depois de uma viajem. Você certamente deve estar cansada. Não poderei fazer isso. O garoto disse sereno e firme, se posicionando atrás da garota e a empurrando quarto à dentro, levemente. A pequena MinSeul ficou um pouco envergonhada com tamanha gentileza vinda de um estranho. Ela então colocou as malas no quarto e ajudou SanDeul a arrumar a casa.

SanDeul estava indignado em como os garotos não haviam mudado nada em relação a bagunça. A quantidade de coisas que eles deixavam à toa, mesmo com a estadia dele na casa, eram incríveis. A garota apenas ria do quanto ele parecia certinho, ela não queria estragar sua imagem com ele, mas também não era um exemplo em relação à arrumação. Nada comparado ao encontrado, mas não era o que podemos dizer de uma pessoa boa para com a arrumação da casa.

Depois de o apartamento ter ficado, digamos, como o SanDeul queria, a única coisa que Seullie desejava era tomar um banho e descansar. A garota então perguntou aonde era o banheiro e enquanto ela tomava banho SanDeul preparou algo na cozinha para eles comerem.

MINSEUL P.O.V.s

Ai não, aonde eu deixei a roupa? Não acredito que eu não trouxe pra cá, ah não... Sim. Eu estava tomando banho na casa de um coreano, que por sorte, mas uma sorte que eu não sei da onde saiu sabia falar inglês, diz que conhecia minha irmã e agora eu não tinha levado a roupa pro banheiro. OMG! O que me faltava acontecer mais? Huh?

Tive que abrir a porta e espiei por uma fina abertura. Por sorte ele não estava na sala. Abri mais a porta e sai então, tentando não fazer barulho para que ele não pensasse que eu estava pronta. Enquanto fechava a porta escutei algo caindo atrás de mim e quando me virei o garoto estava na minha frente com os olhos bem grandes para um coreano (lê-se mais arregalados do que o normal), me fixando inteiramente e meu corpo fervendo totalmente.

Oh, oh, desculpe. Eu acabei esquecendo a roupa no quarto. Disse enquanto tentava encobrir as partes que não estavam cobertas pela toalha.

Ér... Ér... Eu- Eu que- - A porta da frente então foi aberta e dois garotos chegaram conversando. Um deles ainda falava enquanto fechava a porta e o outro estava na mesma situação que o SanDeul, me olhando fixamente. Quando o que fechava a porta se virou e viu aqueles dois olhando pra mim soltou um Wo! de espanto e eu não quis saber de mais nada além de correr para o quarto onde estavam as minhas coisas. De lá do quarto pude ouvir suas conversas...

Sandeulri? O que foi aquilo? Mal chega e já arranja namorada, é isso? Na hora eu não pude reconhecer de quem era à voz, mas na hora que ele disse isso eu arregalei meus olhos dentro do quarto, quase caindo ao vestir o short e um tossido um pouco alto eu soltei, o que fez SanDeul se preocupar e me perguntar se havia algo de errado comigo. Rapidamente eu respondi que não e continuei me arrumando e depois ainda demorei a sair do quarto. A vergonha era tamanha para encarar aqueles olhos de novo a me observarem.

SANDEUL P.O.V. s

MinSeul havia disparado para o quarto assim que os meninos perceberam sua presença com apenas uma toalha ali no meio da nossa sala. Com certeza deve ter se enchido de vergonha em um segundo, ainda mais com a expressão do Jinyoungie hyung. O Channie ficou igualmente envergonhado e antes que pudesse fazer alguma pergunta o hyung foi mais rápido.

Sandeulri? O que foi aquilo? Mal chega e já arranja namorada, é isso? Ele passou por mim e foi em direção ao sofá para jogar as sacolas no próprio. Eu naquele momento catava as coisas que havia deixado cair. Ouvi MinSeul tossir do quarto e pensei que algo poderia estar errado mas ela respondeu que estava bem.

Hyung! Não fale essas coisas alo. Ela pode ouvir... sussurrei.

Sandeulri, ela é mesmo sua namorada? Gongchan se pronunciou pela primeira vez após ter visto a cena. Ele voltava do quarto com uma toalha no ombro.

Não Channie, é uma história meio complicada então nós contamos pra vocês depois que a apresentar devidamente, ok? Já dizendo, ela não mora aqui então vamos nos comunicar em inglês.

Inglês? Vish... Já vi que vai ser tenso. Jinyoung hyung disse um pouco receoso. Eu ri da cara dele.

Calma hyung, acho que posso ajudar com isso. Channie acalmou o nosso hyung.

É, e ela sabe um pouco de coreano também, eu consegui me comunicar normalmente com ela.

Hm... Ok, então eu vou logo tomar o meu banho e depois conversamos. Channie disse já indo em direção ao banheiro.

Jinyoungie estava sentado no sofá e apenas respondia de lá. Quando o Channie entrou no banheiro ele se levantou e foi para o seu quarto. Eu terminei de ajeitar minha bagunça e voltei pra cozinha para preparar mais coisa pros quatro comermos.

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Estava começando a ficar preocupado. Nós três já havíamos tomado banho e o cachorro-quente improvisado já estava pronto, junto com a Coca-Cola que havia comprado e esse tempo todo MinSeul não havia saído do quarto. Na verdade, ela não tinha dado nenhum piu depois de dizer que estava bem. Resolvi então ir até a porta do quarto e perguntar se estava mesmo tudo bem com ela.

MinSeul-ssi, está tudo bem aí mesmo? abri a porta e me deparei com ela arrumando a cama, um tanto quanto estranha, pareceu que não estava isso que estava fazendo. Está tudo bem?

Oh, está assim, eu estava apenas aqui pensando na unni e na saudade que eu estou dela. Nesse momento eu entrei no quarto totalmente, encostando um pouco a porta e me sentei na cama.

Não se preocupe. Amanhã iremos à lanchonete de novo e a encontraremos.

Eu realmente espero que sim, muito obrigado por estar me ajudando tanto. Foi uma sorte ter te encontrado assim. ela se animou em dizer essas palavras e até apertou minhas bochechas, m e abrindo um belo sorriso ao mesmo tempo, e me deixando totalmente desconcertado. O silencio pairou um pouco no quarto, mas eu logo me lembrei do cachorro-quente e que ela poderia estar com fome.

É... Eu fiz cachorro-quente.

Cachorro- quente?

Sim! Não gosta?

Não. Não é isso. É que eu achei que vindo pra cá eu só iria comer coisas saudáveis, arroz, legumes e essas coisas. Tinha até começado a me acostumar com isso lá no Brasil, sabe? Nada de industrializado e essas coisas ocidentais... Ela disse com um ar de desanimo...

Você veio do Brasil? A palavra Brasil soou diferente e pesada na minha cabeça.

Sim, a unnie não te contou?

Bem, nós...

ah é! Vocês não se conheceram muito Eu iniciei uma risada. Me levantei e a puxei pelo braço, levantando-a.

Vamos, os meninos estão te esperando para conversarmos. ela então parou e por eu ter dado mais um passo minha mão se soltou da sua. Eu me virei e a encarei.

O-os meninos ainda estão aí fora? Ela perguntou com uma cara preocupada e um pouco avermelhada.

Eles moram aqui, MinSeul-ssi. Finalizei com uma risada de feição calma.

É só que... Depois do ocorrido eu-

Calma. Pode ficar despreocupada que eles não irão te dizer coisas que te deixe sem graça. Eu já dei uma prévia da situação pra eles.

Ahr... Ela deu um sorriso - Se for assim, tudo bem.

Até por que... Você não pode ficar aqui dentro pra sempre, não é? Ao final da pergunta ela assentiu pra mim com um quase imperceptível biquinho. Vamos. Estendi uma das minhas mãos. Eles não vão te morder, eu prometo. Ela me deu mais um sorriso e me acompanhou para fora do quarto segurando minha mão, o que fez com que os meninos nos olhassem, arregalando um pouco os olhos e eu, ao perceber isso, soltei sua mão disfarçadamente, antes que ela percebesse e começasse a ficar sem graça de novo. Já estava com muita fome para ir buscá-la no quarto novamente. O hyung então sorriu e eu a apresentei devidamente.

Ao longo do jantar nós contamos como tudo aconteceu e os meninos ficaram surpresos com toda a história. No começo tivemos um pouco de dificuldade, pois o coreano dela não era tão bom e muito menos o nosso inglês tão afiado. Mas acho que isso até ajudou, pois nos rendeu várias risadas durante a noite.