V.

- Pode entrar, senhorita Emanuella Lins.

Oh. Meu. Deus.

Olhei para a Carol quase que instantaneamente. Ela estava com os olhos arregalados. Será que era aquela garota...? A do beijo?!

Cutuquei a Bia para saber se era ela ou não. Mas ela pareceu não perceber. Estava ocupada demais encarando a garota com uma expressão petrificada.

A coisa vai pegar fogo!

Ela realmente era muito linda. Tinha a estatura baixa (bem menor que a Carol) e sorria timidamente para a classe. Parecia mesmo um anjo! A Carol era mesmo sortuda de ter ficado com uma garota daquelas! Er... O que eu estou pensando? Eu não era assim...

Inconscientemente eu olhei para Daniela. Será que ela também estava achando a garota linda? Mas quando eu olhei, em vez disso, ela estava olhando para mim! E sorriu quando percebeu que eu estava a encarando. Rapidamente desviei o rosto. O que acontecia comigo...?

Voltei a olhar para a garota, e de repente sua expressão mudou.

- Ca...rol? – sua voz era fina e muito doce

Ela tinha percebido que a sua salvadora estava aqui!

A Carol ainda estava chocada. Não conseguia falar nada. Quando a garota (o nome dela era Emanuella, não é?) finalmente teve certeza de que era mesmo ela, um sorriso enorme apareceu em seu rosto.

- É você mesmo, Carol! – gritou ela, enquanto corria em direção à outra garota.

Meu Deus! Ela pulou em cima dela!

Levei a mão à boca, enquanto toda a classe fazia “EEEEH?”. A Bia estava lívida. A Carol, então? Estava vermelha como um pimentão! A garota tinha se sentado no colo dela!

- Eu senti tanto sua falta...! – disse a garota enquanto cheirava o cabelo longo, liso e negro da Carol. Jesus! Aquela garota não tinha nada de anjo, pelo contrário! Era uma diabinha!

Carol estava sem reação. Parecia enfeitiçada por aqueles olhos verdes. Seus rostos estavam muito próximos e... Deus! Elas iam se beijar! Esse dia está cada vez mais incrível! Dessa vez eu iria ver de verdade como era um beijo entre garotas...!

Se não fosse pela Bia.

Se levantando num pulo, ela pegou a garota nova pelo colarinho do nosso uniforme (que era bem feio por sinal) e a tirou à força de cima da Carol. Ela quase ia caindo, mas conseguiu se apoiar em uma mesa. Quando conseguiu se equilibrar, ela gritou:

- O que diabos você está fazendo?!

Aquela certamente não era a fala de um anjo.

A garota chamada Emanuella não parecia mais inocente. Dava para ver a raiva em seus olhos. Pelo visto, ela não gostou nada de ter sido tirada de cima da Carol. Esta que ainda continuava sem reação.

A Bia também parecia estar com raiva.

- Como assim que diabos eu estou fazendo? Eu é que pergunto! Você estava assediando a Carol!

Elas se encararam com raiva e eu jurava ter visto uma faísca sair entre seus olhos. Nossa. Garotas são perigosas!

Ouvi uma risada atrás de mim. Era a Daniela se acabando de rir. Eu não achava isso muito engraçado, mas era interessante o fato das duas estarem brigando pela Carol.

- E quem é você para se intrometer nisso? – de repente seus olhos se encheram de lágrimas – A namorada dela?!

Opa.

Essa pergunta pegou a Bia totalmente desprevenida! Ela ficou vermelha como um pimentão! E ainda não conseguiu responder!

- Ela é minha amiga.

Parece que as estátuas resolveram falar. Se intrometendo no meio das duas, a Carol ficou de frente para a Manu (Emanuella é um nome grande, vou chamá-la de Manu!) e disse:

- Pensei que nunca mais iria te ver...

- Eu também...! – lágrimas apareceram em seu rosto. Carol as enxugou com seu dedo.

- Desculpa... Eu não ter te ligado. Aconteceram várias coisas e...

- Não! Isso não importa! – cortou Manu, já chorando. – O que importa é que... Estamos aqui... Juntas. – e a abraçou! Que fofinho!

Enquanto essa cena melodramática acontecia, o resto dos alunos da sala (inclusive eu) as aplaudiu. Até a professora entrou no meio! E ela ainda estava chorando! As únicas que não aplaudiram foi a Dani, que parecia não se importar, e a Bia.

Que não estava gostando nada disso.