Lilly estava “jantando” sozinha no restaurante do hotel, longe da mesa onde Jacob estava esperando Isabella, melhor dizendo Luna Taylor, mas perto o bastante para o sinal do microfone implantado em baixo da mesa funcionar perfeitamente.

Cody também estava ouvindo o microfone, mas ao contrario de Lilly que estava sentada confortável e comendo em um dos melhores restaurantes de Vegas, ele estava espremido dentro dos tubos de ar junto com Nicole que só reclama e olhando por uma abertura de saída de ar o cabelo de Jacob.

- Aqui tá muito frio! – Nicole resmungou.

- Então bota o casaco. – ele respondeu, sempre paciente.

Ela pegou o casacão sem zíper na bolsa e o vestiu dando cotoveladas em Cody.

Jake estava disfarçado de garçom, servindo vinho para Jacob enquanto ele esperava e torcendo para que ele não o reconhecesse. Com certeza isso não vai acontecer, primeiro que ninguém nunca imaginou Jake vestido de garçom até porque ele prefere bermudas e segundo porque Jacob nem olhava pra cara dele.

Lucas e Jesse não podiam sair do quarto. Se Jacob ou Marcos descobrisse que a “Luna Taylor” tem dois espiões da CIA no quarto dele, com certeza não teriam como explicar e o plano iria buraco abaixo.Eles implantaram uma mini-câmera no prendedor do penteado de Isabella, assim eles vêem tudo que estava acontecendo no jantar.

Jacob estava de smoking e gravata borboleta, tomando vinho tinto que o gerente do hotel escolheu para ele, quando Isabella chegou. Jake puxou a cadeira para ela sentar e eles fingiram que nunca se viram na vida.

- Que bom que você veio. – Jacob a recebeu com um beijo na mão.

- Estou atrasada?

- Não, não, na verdade você chegou bem na hora.

- Que bom. – ela pareceu aliviada.

 - Aliás, princesas não chegam atrasadas, os outros que estão sempre adiantados certo? – ele cortejou-a e ela fingiu que gostou com um sorrisinho.

- Obrigada. Você já pediu a bebida? – ela apontou para a taça de vinho.

- Só para relaxar um pouco, mas se você quiser eu peço outra bebida pra...

Isabella o interrompeu com um gesto.

- Com licença. – ela pegou delicadamente a taça de vinho dele e a tratou como um especialista no assunto: mexeu o líquido e o cheirou. Depois bebeu um gole e disse como se isso fosse uma noticia boa que ela já sabia há muito tempo. – Vinho tinto dos vinhedos do norte da Califórnia. Um legítimo vinho tinto do Vale de Sacramento. Eu diria que é dos anos 50, ótima escolha. Foi você que escolheu ou o gerente?

Jacob engoliu em seco. Jesse e Lucas se olharam surpresos quando ouviram e Lilly sorriu porque já sabia que Isabella era uma expert em vinhos, mesmo com 20 anos de idade.

- Foi eu mesmo que escolhi. – Jacob mentiu.

- Vejo que você tem um bom gosto. Eu também vou querer uma taça.

Ele chamou o garçom Jake e para impressionar, comprou logo a garrafa toda. “Aff que idiota, minha mãe tem esse vinho na adega dela!” Isabella pensou, mas demonstrou o contrário. Eles aproveitaram e escolheram logo o jantar: uma boa massa, sugerida por Isabella é claro, já que ela sabe o que combina com esse tipo de vinho.

Eles conversaram mais um pouco sobre livros e antes da comida chegar, tiveram uma surpresa.

Chloe e Marcos passaram por eles e os cumprimentaram:

- Olá irmãozinho! – Chloe chegou perto da mesa deles. Estava vestindo um vestido rosa (nota da autora: novidade?) e segurava Marcos pela mão, o arrastando até a mesa.

- Ah, oi Chloe. Como vai Marcos? – Jacob perguntou.

Eles se cumprimentaram e Isabella ficou parada observando.

- Jacob, você não vai nos apresentar a sua convidada? – Chloe  perguntou o provocando.

Eles se apresentaram e se cumprimentaram, enfim, eles não a reconheceram. Depois Chloe e Marcos sentaram em outro lugar, longe deles.

A conversa foi grande. Isabella inventou que ela era uma colecionadora de livros de Nova York e que estava lá para comemorar o noivado de uma amiga. Eles conversaram sobre muitas coisas.

Às 10 da noite Isabella voltou pra o quarto e nem falou com Jesse e Lucas: foi direto pro quarto, tomar um bom banho de banheira pra relaxar de ficar ouvindo tanta abobrinha de uma vez só. Ela vestiu um short e uma blusa de pijama e foi beber o resto da vitamina de banana na geladeira. Ela ligou a luz e tomou um susto.

- Como foi o jantar, Isabella? – Jesse perguntou. Ele e Lucas estavam sentados no sofá olhando pra ela como se ela fosse culpada.

- Vocês querem me matar?! Eu tomei um susto!

- Não, só queremos saber como foi.

- Um saco. Jacob só sabe usar cantadas baratas e falar sobre livros e cinema francês.

- Hum...

- Como é que você sabe tanto sobre vinhos? – Lucas perguntou curioso.

- Bom, minha tem uma adega e eu meio que usava ela às vezes. É, eu era um pouco rebelde. E quando eu fiz 18 ela me ensinou tudo sobre vinhos e massas. Bom, mas eu não provava é claro. Não na frente dela. Eu também aprendi a cozinhar com ela.

- Mas a idade pra poder beber aqui nos Estados Unidos é 21 anos e você só tem 21 anos agora.

- E você acha que eu não sei? Ela não me ensinou aqui, ela me ensinou na Itália, durante 3 meses. E eu sei lá qual é a idade para poder beber na Itália, então... 

- Me deixe adivinhar, - Lucas cruzou os braços - você teve um namorado italiano também?

- O Tony não foi um namorado. Ele era afim de mim, mas o irmão dele namorou a Nicole.

- Ah claro. – ele bufou.

Isabella pegou a vitamina e se sentou na poltrona reclinável.

- Bella, posso te perguntar uma coisa? – Lucas disse.

- Já perguntou. – ela riu. – Pode.

- Você é espiã porque quer ou porque sua família inteira é?

Isabella tomou um gole da vitamina e olhou pra Lucas.

- O que você acha?

- Ah sei lá.

- Eu amo meu emprego, não porque minha família toda tem  histórico espião. Meu avó materno, na Inglaterra, era detetive particular, depois ele foi convidado pelo governo dos Estados Unidos para trabalhar pra eles, já que ele era muito bom. Aliás, até eu já fui detetive particular quando eu fiquei afastada da CIA por um... - ela hesitou. -... Hãm... Enfim, não é hora de falar disso. A resposta pra sua pergunta eu já dei então, eu vou dormir, se me derem licença sim. – ela se levantou e fechou a porta do quarto.

Lucas se virou para Jesse.

- Eu falei algo de errado?

- Ela não gosta de falar sobre quando ela foi – ele diminuiu a voz – afastada. Todos nós somos proibidos de falar nesse assunto, então isso é a única coisa que eu posso te dizer. Boa noite.

Jesse deitou no sofá e virou de costas para Lucas.

De manhã, após tomar café e se arrumar, Nicole e Lilly voltaram vestidas de camareiras pra o quarto de Isabella, Lucas e Jesse.

- Vem cá, como é que vocês estão conseguindo esses uniformes?

- Fácil. – Lilly disse. – Nicole dá um soco nas duas camareiras estagiarias e eu as apago até de tarde.

- É, acho que alguém vai ser demitido... – Nicole disse rindo, se referindo as camareiras. – Quem mandou não trabalhar né? Agora Lucas e Jesse entrem no carrinho de limpeza.

- Pra quê? – Jesse se assustou

- Vocês não podem ensaiar com a Bella aqui certo? A menos que vocês queiram ser horríveis na hora.

- A amiga da mãe da Nicole tem uma academia de balé aqui perto. – Isabella explicou. Agora entrem logo.

Eles entraram e foram transportados até a saída dos fundos, Isabella foi logo depois e os encontrou. Eles foram direto para a academia de balé. Era uma casa pintada de rosa, com fotos de bailarinas e etc.

Nicole mandou eles se aquecerem – ela ia ser a professora – enquanto Lilly observava. Depois do aquecimento, começou a aula:

- Ok. O que vocês vão dançar?

Os três se olharam.

- Não tínhamos pensado nisso.

Nicole suspirou.

- Vamos começar vendo o que o Jesse sabe fazer ok? – ela disse. – Vem cá. – ela a puxou pra o meio do salão. – Você sabe dançar tango, vamos lá.

- Esperaí, você quer que eu dance tango com você?

- Não, com a minha avó. – ela brincou.

- Nic, eu respeito muito o Jake e...

- Pelo amor de Deus, você acha mesmo que eu trocaria o meu Jake por você? Eu tenho amor a vida e amor a ele. Agora vamos.

Os dois se juntaram e antes de por a música Nicole disse para Bella:

- Depois a anti-profissional por amor sou eu.

A música começou e em 2 minutos Lilly e Lucas já estavam boquiabertos. Depois que acabou, Nicole se abanou um pouco com a mão e Isabella sorriu:

- Ok, você é definitivamente bom nisso. – então Bella gritou: - Próximo!

- Posso fazer mais se você quiser...

- Vai catar coquinho!

Lucas foi até o centro do salão e estalou os dedos.

- Então, o que você sabe fazer? – Nicole perguntou.

- Valsa.

- Hum... Romântico.

Eles começaram a dançar e a cada 30 segundos Lilly dava uma cotovelada em Isabella.

- Meu Deus, ele parece um príncipe encantado! – ela sussurrou.

- Ele é... bom. – Isabella disse, com os braços cruzados.

Quando a dança terminou, Nicole se suspirou:

-Esse é pra casar. Definitivamente.

- Uh... Isso é um problema. – Jesse disse baixinho.

Lucas chegou mais perto, se enxugando com uma toalha.

- Porque isso seria um problema? Os cafajestes tem que sair de moda.

- Primeiro, se isso for uma indireta, eu não sou cafajeste, já que eu só tive 3 namoradas nos meus 20 anos de vida, uma delas, a terceira e última,  foi a Bella. A segunda foi uma garota do colegial e eu nem deveria contar a "primeira" digamos assim, porque foi uma menina de quando eu tinha 5 ou 6 anos no jardim de infância. - ele voltou a se concentrar no assunto - Segundo, a Bella nunca quis se casar. Talvez nos sonhos mais profundos, de criança. Mas ela, como você já sabe, tem um probleminha com as palavras namorado, homens, casamentos e principalmente, amor.

Ele se afastou, bebendo um pouco de água.

- Sua vez Bella.

- Mostre nos o que você sabe.

- Mas eu não sei nada!

- Vamos lá, você ensaiou com o Nick e a Thay.

- Eu sei, mas minha dança é totalmente diferente da de vocês. É tipo assim, muito diferente. Vocês são bons e sou um lixo total!

- Não tem problema.

- Não vou dançar sozinha, vocês sabem que eu sou péssima nisso.

- Já que você não quer, eu faço uma coreografia rápida com você, treino uns 10 minutos e você dança. Ok? – Nicole sugeriu.

- Ok.

Elas foram pra um canto do salão e ensaiaram um pouco, enquanto Lucas e Jesse ficaram em outro canto.

Elas ensaiaram e Isabella mostrou uma dança hip-hop pra eles, tocando uma música que aNicole sabia a coreografia inteira. Ela era boa em dar cambalhotas no ar e não era tão ruim assim dançando essa coreografia.

- Como você consegue fazer isso no ar? - Lucas perguntou.

- Anos de artes marciais. E alguns anos atrás eu fiz um pouco de aula de Hip-hop, porque dança melhora a coordenação motora, reflexos e QI. Apesar de eu ainda ser uma grande porcaria na dança, eu pelo menos sei fazer isso.  – e deu a cambalhota pra trás.

- Uau.

Eles ficaram lá pelo resto do dia, almoçaram lá e só saíram quando anoiteceu. Jesse, Nicole, Lilly e Lucas saíram primeiro – todo cuidado é pouco – e depois Isabella chamou uma limusine para buscá-la.

Quando ela saiu na porta do hotel, deu de cara com Jacob e Pamella esperando um táxi.

- Jacob? – Isabella perguntou.

- Olá Luna! – ele a cumprimentou.

- Oi. Como vai?

- Estou bem e você?

- Só um pouco cansada, estava treinando para sábado que vem. Então, não vai me apresentar? – Isabella se referiu a Pamella.

- Ah, ela é só minha...amiga. O nome dela é Pamella

- Ah, claro. Prazer em te conhecer Pamella. 

Pamella estava com o olhar fixo e paralisado para Isabella e falou com ela com uma voz pausada, como se fosse um robô:

- O prazer. É todo meu.

- Ah claro... Ham... tenho que ir, vou descansar um pouco. Tchau.

Ela subiu para o quarto, cansada e começou a jogar tudo pro alto: sapato alto, o colete que estava usando, a bolsa e...

- Droga, esqueci que vocês estavam aqui. – ela já ia tirar a blusa, mas percebeu que Lucas e Jesse estavam sentados a mesa comendo yakisoba.

 Era uma cena rara: os dois, sentados civilizadamente comendo e nos 50 segundos que Isabella estava lá, não ouviu nenhum xingamento. Lucas estava sem camisa e só com uma bermuda. E Jesse estava de o cabelo molhado, com uma camiseta de banda e uma calça largada, pronto pra dormir.

- Meu Deus, será que eu estou sonhando ou vocês estão sendo civilizados?

- Não é um sonho. Eu e Jesse conversamos, decidimos tentar ao máximo não brigar. – Lucas explicou.

- É. – Jesse concordou.- Sem insultos, sem socos, sem tapas nem diminutivos e muito menos apelidos com o nome das princesas da Disney. Satisfeita?

- Com certeza! Se me derem licença, - ela pegou uma caixa de yakisoba, uma latinha de Pepsi e uns hashis – eu vou ficar de sutiã no meu quarto assistindo o final da novela.

Enquanto ela fechava a porta, Lucas e Jesse quase ficaram com torce-colo de tanto virar o pescoço.

- Como eu queria ser uma mosca agora pra... – eles falaram juntos, mas perceberam isso e se assustaram – Ei!

Eles continuaram comendo o yakisoba em silêncio e depois cada um foi pro seu canto: Jesse foi jogar as caixas vazias e as latinhas de Coca-Cola no lixo, enquanto Lucas foi falar com Isabella. Ele bateu na porta do quarto e perguntou:

- Posso entrar?

- Pode!

Ele entrou no quarto com a mão nos olhos perguntando:

- Você já está vestida adequandamente?

- Sim, pode tirar a mão da cara.

- Que bom. – ele disse, obedecendo a ordem e se sentando na cama. – Se bem que, se você não estivesse, também não teria problema.

Ele deu uma risadinha e ela jogou um livro na cabeça dele.

- Ai! Isso doeu.

- Era pra doer mesmo.

Ela estava sentada na cama, com uma caixa vazia de yakisoba no criado-mudo e vestindo um casaco enorme.

- Como foi o final da novela?

- Ruim. O Ricardo Palermo ficou com a Amanda e a Selena. E ainda por cima a vilã da história fugiu pra Miami, com o gêmeo mal do Ricardo Palermo, o Alexandre. Eu realmente não sei o porquê de ainda assistir isso, mas por enquanto... Vai estrear uma nova, dessa vez é brasileira, e as novelas brasileiras são realmente muito boas.

- Nossa, eu realmente nunca iria imaginar que você gostava de novela.

- Bom, eu tinha uma babá, Rosalita, que me fazia assistir novelas latinas em vez de desenhos animados de noite. É meio que uma tradição da família dela assistir novelas, passada de mãe pra filha, como ela não tinha nenhuma filha e só 39 gatos, ela passou a tradição pra mim.

- Entendo... O que você está fazendo?

Ela estava com um iPad na mão, olhando uma página da CIA.

- Ah, só estou checando a sua vida.

- Minha vida? - ele ficou surpreso.

- É. Seus históricos. Interessante, sem ficha policial. Boas notas na escola e atividades extracurriculares como basquete, futebol americano e beisebol. Você, Jake e Cody sempre estudaram juntos. Agora vou para a parte que me interessa.

- Qual é a parte que te interessa?

- O histórico de relacionamentos.

- Esperai, não sabia que a CIA tinha o histórico de relacionamentos dos seus funcionários. E porque isso te interessa?

- Bom, eu fiquei meio que traumatizada depois que soube que você namorou a Britney Vaca. Então, achei melhor eu checar isso.

- Pode ver, mas só se eu ver o seu histórico primeiro. – ele pegou o iPad das mãos dela.

- Muito engraçado, Justice. Mas o meu histórico é confidencial, só pessoas autorizadas que tem a senha podem acessar. Quem sabe um dia eu te mostro, mas até lá... – ela pegou o iPad de volta.

- Como faz pra botar senha no histórico?

- Meros espiões mortais como você não tem esse privilégio. Talvez, um dia, se eu estiver com muito bom humor, eu posso falar com o Charlie pra colocar uma senha no seu. Eu tenho essa senha porque minha família é famosa e todo mundo quer saber da minha vida. Agora, me deixa ver as outras vacas que você namorou.

- Ei! Eu não namorei vacas, elas são garotas.

- Ah claro. Espera, você namorou a Whitney também? Você pegou a Britney e a melhor amiga dela vaca também. Até a sua prima você deu uns pegas! Você não tem vergonha na cara não?

- A Sabrina não era minha prima, ela era... – ele pensou em uma desculpa.

- Lucas, eu chequei sua árvore genealógica também. Nem adianta.

- Nós estávamos bêbados!

- É o que todos dizem...

Ele chegou perto dela e jogou o iPad pra longe, que caiu em cima de uma almofada.

- Ei!

- Todos tiveram um passado que não se orgulha. Eu as namorei quando tinha, sei lá, uns 16. No máximo 17. Mas... ham... digamos que eu soube o que é amor de verdade a pouco tempo.

- Tudo bem, me desculpe.

- Está desculpada. Vamos mudar de assunto. Quer dizer, tem um pouco a ver. Então, hoje o Jesse me disse que você não quer se casar. Por quê?

Ela ficou em silêncio por um tempo e depois respondeu, com o olhar longe.

- Porque isso te interessa? Você deveria saber o porquê...

- Me diga, então. É a minha obrigação.

- Eu já fui uma sonhadora. Eu já esperei um príncipe encantado vir me buscar em um cavalo branco. Eu já fui uma garotinha idiota que acreditava em amor verdadeiro. Eu não sou mais assim.

- Dá pra perceber. Até hoje você não me contou essa história direto.

- É... doloroso pra mim falar disso. – ela engoliu em seco e bebeu um pouco de Pepsi. – Um coração partido é sempre um coração partido. Pelo menos o meu sempre vai ser. Você nunca pode realmente curá-lo. (nota da autora: uma frase de uma música da Demi Lovato!)

Ele se sentou ao lado dela na cama.

- Ok, eu vou contar. – Ela se aconchegou, abraçando o braço forte dele. – Eu era a esquisita sem amigos da escola. Aliás, eu só tinha o Jesse até os 13 anos. Depois, aos 15, Nicole, Lilly e Thalia se mudaram pra Los Angeles e estudaram comigo, mesmo Nicole sendo uma líder de torcida, bonita, inteligente e não tão esnobe e metida quanto as outras, Lilly ser simpática, inteligente, presidente do grêmio e querida por todos, Thalia era a possível rockstar do colégio. Mas eu fiquei bem depois que elas vieram pro meu colégio. O coração partido foi antes disso tudo.

- O que aconteceu?

- Por causa de uma aposta, um idiota que eu não vou dizer o nome me enganou. Ele apostou com os amigos em uma festa que, se ele conseguisse me enganar e me namorar, ele iria ganhar um prêmio: cada um dos 7 amigos macacos e desgraçados iria dar a mesada deles pra o idiota-que-não-deve-ser-nomeado. Eu vou encurtar a história: ele me levava pra jantar, me chamava de linda e depois de um jogo importante de futebol, eu fui dar os parabéns pra ele e ele estava se agarrando com a líder vaca das líderes de torcida. Digamos que eu me vinguei muito bem. Aliás, eu e o Jesse nos vigamos muito bem. Ele era apaixonado pela chefe vaca das líderes de torcida e no baile de final de ano, nós dois fomos juntos, namorando, e fomos eleitos o rei e a rainha do baile. Mudamos de escola e agora eu estou bem.

- Sinto muito.

- Eu estou bem agora. Disseram-me coisas que até eu não consegui esquecer.

- Sabe, você seria uma boa esposa.

Ela riu.

- Só você mesmo pra dizer isso...

- Eu estou falando sério! Quer dizer, que homem não gostaria de uma mulher linda, inteligente, multi-instrumentista, talentosa, gosta do trabalho que faz, cozinha bem, sensível, legal, engraçada e divertida, brincalhona e acima de tudo, com o melhor coração do mundo.

- É, uma mulher sem paciência, grossa e idiota. Quem não gostaria?

- Eu gostaria.

Ela olhou pra ele, séria.

- Mesmo?

- Eu e todos os homens do universo, sem exceção. Ok, menos os homens gays. Mas ainda existem as lésbicas. Ok, vou parar de falar. Só quero que você saiba que todas as pessoas são imperfeitas, Bella.

- Eu sei disso, tenho pena das pessoas que tentam ser perfeitas toda hora. Lucas, obrigada por dizer isso pra mim. Eu... Muito obrigada.

Ela enxugou uma lágrima com uma mão, mas logo outro desceu e Lucas a limpou. Ele estava chegando mais perto. Ele não aguentava mais, ele precisava dizer, era agora ou nunca, tinha que dizer as três palavras. Eu. Te. Amo. Estavam quase saindo.

Isabella percebeu sua aproximação e pôs a mão entre os dois:

- Lucas, mantenha sua boca e seu tanquinho longe mim. Só por enquanto ok?

- Desculpa, eu...

- Não se desculpe. Isso... foi bom.

- Agora é a minha vez de mudar de assunto. Que tal a gente dormir agora?

- Claro.

Então cada um foi pra sua cama. Amanhã era outro dia. Ele ainda tinha tempo para conquistá-la.