Contos escrita por Bloodie


Capítulo 4
Lembranças




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Quando nada mais importa, descobrimos o valor que damos a cada coisa, o sentido exato daquela caixa de música ou da lembrança mais remota da infância, que teima em voltar cada vez mais nítida.

A solidão do apartamento me remetia a tristeza daquele álbum vazio onde as fotos já haviam sido rasgadas, que antes nele eram guardadas lembranças e agora só restavam mágoas de uma adolescência machucada por um amor apático.

Depois das desilusões amorosas eu passei a cuidar exclusivamente de mim, deixei aquela cidade para trás, fiz de tudo para esquecê-lo, mas tudo não passou de tentativa, pois agora cada lembrança ruim parece tão límpida em minha mente. Eu lutei tanto para esquecer algo que agora está ecoando em minha cabeça.

Alguém bate a porta, é uma batida suave e sem pressa. Mas quem seria? Afinal ninguém me visita, nenhum colega de trabalho ou vizinho, minha família mora muito longe para aparecer sem avisar.

Então eu me levanto, deixo o artigo que estou escrevendo em cima da mesa e vou atender a porta. Quando eu abri havia um homem moreno e bonito. Então comecei a fitar o homem a minha frente tentando descobrir quem era, os cabelos e os olhos negros eram familiares. Depois de um tempo eu dei por mim boquiaberta percebendo quem era o tal homem.

As lembranças rancorosas do meu primeiro amor, agora não passavam mais de lembranças. O maldito homem que da ultima vez que eu vira não passava de um moleque estava de novo a minha frente. O que ele queria? Nós nunca fomos amigos e essa nunca foi minha intenção, muito menos a dele.

- Seus pais me falaram que você morava aqui, disseram para eu te visitar. Pensei que você ficaria feliz em...

- Para começar você não pensa nada – eu o interrompi -, segundo meus pais não tinham o direito de fazer isso comigo.

- Nós éramos colegas de escola e faz muito tempo que você não vai a Florida e eu achei que você gostaria de rever seus velhos colegas.

- Colegas? Então é isso que nós éramos? Só bons colegas? Então você não lembra o que nós fomos um dia, o que você fez comigo e o quanto me machucou.

- Pensei que você tivesse amadurecido. Nós éramos adolescentes. Isso não passa de infantilidade sua.

- Então meus sentimentos agora são infantis.

- Eu estou na Califórnia a trabalho e eu queria te dar isso. – ele entregou um convite. – Espero que você vá, apesar de tudo Live.

- É Olivia para você.

Era um convite de casamento. Eu me senti humilhada, ele sabia que eu o amei um dia, então ele vai à minha casa para me avisar que encontrou alguém que o fez mais feliz que eu.

Eu sorri de lado e disse adeus. Depois da minha reação eu deveria pelo menos tentar ser educada.

Fechei a porta e sentei no chão atrás dele. O gato se aconchegou nas minhas pernas, enquanto eu aos prantos dizia: “Deveria ser eu”.


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