08 - Harry Potter e o Despertar do Sombrio escrita por alinecarneirohp


Capítulo 6
AS FOTOS DO PORÃO




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Nem Harry nem Troy estavam em posição de negociar. O ataque do Camaleão a Rudolph O’Hourke causara uma comoção na comunidade bruxa, ele era um dos mais importantes bruxos da América, sua morte para muitos era sinal que havia finalmente uma força das trevas realmente preocupante crescendo e tomando força. Mas Harry, naquele momento diante do conselho, não pensava nisso. Ele pensava em Willy.

            Foi ele que recebeu a notícia das duas mortes e teve que contar a ela. “É terrivel vê-la sofrer e não ter o que fazer, o que dizer... pior... ter que ir para o conselho por causa de um inquérito movido pelo imbecil do Adams... francamente.” – ele pensava, enquanto seguia na moto pelas ruas de Paris rumo ao Pavilhão Negro. Naquela mesma tarde teriam que seguir para a América, Willy precisava enterrar a avó e queria estar nos funerais de seu patrão. Ele foi obrigado a pedir ajuda às únicas pessoas em quem confiava para cuidar de Willy, e naquela manhã, Hermione e Sheeba amanheceram na sua casa para tentar consolá-la de alguma forma.

            Ao vê-las, Willy desabou, como ainda não fizera na presença de Harry. Por algum motivo que ele não compreendia, ela queria parecer forte para ele, mas diante das amigas não conseguiu se conter. Sheeba a consolava:

-         Calma, calma, Willy... tudo vai ficar bem, você vai ver.

-         Minha avó, Sheeba... depois de meu pai, minha mãe... mas porque minha avó? Porquê? E ainda seqüestraram meu tio Tom

-         Tio?

-         É, ele morava lá com minha avó há alguns anos, na verdade ela me disse que era um amigo de muitos anos... ele teve problemas e ela o ajudava. Ele era inofensivo, não fazia mal a uma mosca. – quando ela disse isso, Sheeba foi assaltada por uma visão, mas ficou calada. Ela por acaso tirara as luvas e tocara Willy sem elas. Era a primeira vez que fazia isso desde que ela voltara. Não era possível. Ela nunca havia visto o que acabara de descobrir sobre Willy.

Enquanto elas estavam na sala, Hermione conversava com Harry e o explicava porque o Camaleão era tão difícil de monitorar:

-         Harry... eu acho que ele tem algum objeto que obscurece sua energia. Há um consenso geral que ele é muito esperto, mas pouco poderoso. Veja o que ele disse para Stoneheart: “Dois Avada Kedavras são suficientes para um dia só...” ele não tinha força para repetir o feitiço, e foi a sorte de Stoneheart, pois Dumbledore chegou a tempo de salvá-lo

-         Uma coisa eu não entendo. Porque Dumbledore protegia Igraine Fischer?

-         Não sei, Harry, é muito estranho isso. E depois de salvar seu amigo, ele desapareceu novamente, dizendo que estava voltando a ativa

-         Porque ele não aparece? Dumbledore sempre teve seu jeito particular de fazer as coisas, mas eu achava que ele iria aparecer de novo, quando soube que ele ressurgira. Mas ele sumiu tão logo os outros chegaram à estrada do deserto, e novamente ninguém sabe onde ele está. Ele deve ter algum motivo para fazer isso.

A mamba negra é a cobra mais feroz do mundo. Chegando a quase dois metros de comprimento, seu corpo negro e escamoso é temido por todos os nativos da região sul da África, onde ela desliza pelas planícies semidesérticas... uma mamba negra estava adormecida naquela manhã em sua toca, quando sentiu-se puxada de dentro de lá, ela tentou virar-se e morder a mão que a pegava, mas suas mandíbulas estavam presas e ela tentou sibilar furiosa, mas não conseguia.

-         Eu fiz bem em te marcar, Nagini. – disse o homem, um velho homem de barba branca, que rapidamente pôs a cobra numa cesta que fechou firmemente  - vou precisar dar um jeito de guardar você sem que ninguém possa te localizar. Acho que sei o que posso fazer.

O Camaleão estava furioso. Para que prender Lord Voldemort se ele não se lembrava mais quem era? E pior, ficava apenas repetindo que ele não deveria ter matado Igraine... ele tinha razão em suas convicções, o amor realmente era uma coisa inútil... Se ao menos ele soubesse como trazer de volta à lembrança do homem seu passado. Ele só lembrava do dia que fora levado de Hogwarts em diante, e da maldita mulher. Nunca se lembraria como libertar o sombrio, nunca. O Camaleão amaldiçoou sua própria falta de talento, ele tinha que saber desfazer um feitiço de memória, não podia ser tão simples assim... quem sabe se ele o torturasse? Mas não podia se arriscar, se Voldemort voltasse a ser o mesmo de antes e sentisse raiva dele, ele estaria perdido, porque sabia que não era páreo para ele, estando ele velho ou não.era preciso trazer de volta as lembranças dele e descobrir o que fora feito do poder dele... por mais que perguntasse ao cetro, este permanecia mudo. Talvez Voldemort tivesse side derrotado realmente para sempre e não tivesse mais poder algum, o que de uma certa forma era bom, ele não queria competir pelo poder com ele e muito menos dividir o lugar de maior bruxo das trevas. Era preciso tomar uma decisão rápido. E foi o que ele fez.

            Harry chegou em casa ao meio dia e contou o que acontecera no conselho para Sheeba, Hermione e Willy, que pareceu não ligar muito. Sheeba comentou a decisão:

-         É melhor que seja realmente assim, Harry, assim vocês dois resolvem de uma vez isso

-         Eu não quero assunto com aquele idiota.

-         Você também não queria assunto com Draco Malfoy e se não me engano vocês hoje em dia são quase amigos...

-         Draco mudou, ele sentiu a perda dos pais e se tornou uma pessoa menos insuportável. Mas Adams não vai mudar nunca, Sheeba. Ele me odeia, conforme-se... é mais ou menos da forma que Snape e Sirius se relacionam, só que com um pouco mais de formalidade, se não fosse o conselho já teríamos saído no tapa, Sheeba.

-         Escute, Harry... esqueça esse rapaz e pense no seu inimigo real... esse Camaleão, ele te odeia,e eu sei que vocês estão envolvidos num combate terrível muito perto, em Hogwarts. Você não está mais sob feitiço de confusão, mas ele está. Quantos dias o conselho te deu?

-         Três dias. Vamos hoje para Nevada, depois dos funerais, voltamos e eu estarei à disposição da Ordem.

-         Posso te pedir uma coisa?

-         O que, Sheeba?

-         Deixe Willy na minha casa quando voltar. Ela vai precisar de mim.

-         Mas...

-         Por favor, Harry. Quando você estiver no deserto, mexendo nas coisas de Igraine Fischer, entenderá porque. Agora, cuide dela... e leve os luons com você, ela vai precisar de algo que a anime, tem uma caixa cheia deles no armário de vassouras. E não aparate com Willy, vá voando de moto até Nova Iorque, de lá vocês podem desaparatar.

-         Vem cá, não tem mais nada não? – Hermione, que observava a conversa calada começou a rir, realmente, quando Sheeba achava que estava fazendo a coisa certa se tornava mais mandona que ela.

-         Bem, na verdade, tem sim. Não tire sua roupa protetora nem por um minuto sem estar num lugar isolado. E não deixe que Willy fique sem comer, ela está anêmica.

            Harry olhou para Hermione, que tentava não rir... Sheeba continuava a mesma, sempre querendo alimentar todo mundo.

            Enquanto voava sobre o Atlântico com Willy na garupa, abraçada a ele, ia pensando no grande quebra cabeça que era o Camaleão: Ele podia fazer uma transfiguração total, mas não tinha força para fazer mais que dois Avada Kedavras no mesmo dia... ele estava amealhando poder, mas fazia coisas sem sentido: para que seqüestrar um bruxo velho que todos diziam que era meio maluco? Finalmente: porque ele juntara tanto dinheiro assassinando trouxas, se queria despertar o coração das trevas? Se soltasse o Sombrio, dificilmente haveria alguma diferença entre ser rico e pobre, a não ser que ele quisesse adquirir algo antes de libertar o Sombrio.

-         Muito bem, senhor  Ouif, fechamos então... com certeza eu vou comemorar. Não é todos os dias que eu fecho a venda de um castelo.

-         Certamente, não -  sorriu o homem, um velho de aparência estranha, cabelos muito brancos e rosto meio caído e assimétrico. – Muito menos pagando em dinheiro vivo...

-         Realmente... – o corretor disse, examinando a pasta que continha dois milhões de dólares em dinheiro vivo – o senhor gostou mesmo do lugar... – ele  não via graça nenhuma num castelo meio arruinado às margens de uma floresta gelada e a alguns quilômetros de um povoado onde não havia sequer eletricidade e as pessoas tinham fama de bruxas.

-         Eu posso transformar este castelo em um lugar... encantador, pode ter certeza. Onde eu assino?

-         Aqui.

-         Ótimo – ele disse e assinou: Camyllo Ouif – O senhor não imagina meus planos para este castelo.

            Os funerais foram para Harry extremamente tristes e maçantes. Qual não foi sua surpresa ao constatar que Dumbledore comparecera a ambos, que foram em dias diferentes, mas nos dois funerais, desapareceu antes que Harry pudesse sequer se aproximar, apenas o cumprimentou de longe. Aquilo intrigou-o demais. Não era do feitio de Dumbledore aparecer e sumir sem ao menos trocar algumas palavras com ele. Aquilo era muito estranho, muito estranho mesmo.

            No final do segundo dia, quando finalmente tudo terminara, ele e Willy estavam juntando coisas que ela iria levar, e coisas que ela daria. Para ela parecia doloroso, mas aos poucos, ela ia se conformando e pensando na avó com amor e saudade. Ela foi mostrando a ele as fotografias (Igraine parecia adorar fotografias, havia dúzias delas no porão da casa,  em caixas e álbuns, de Hogwarts,  da época em que ela estivera sumida do mundo bruxo, de quando se radicara na América, havia fotos dela com Rudolph O’Hourke, e Willy disse que o Sr. O’Hourke, que era um solteirão, provavelmente amara Igraine no passado, mas não fora correspondido certamente:

-         Quando ele vinha aqui em casa – ela sorriu – ficava olhando para minha avó com um olhar lânguido, assim – ela olhou-o com uma cara engraçada e ele riu – Josie chamava de “olhar de Marshmallow”... Josie, pena que ela foi embora há tanto tempo, teria previsto o que aconteceu... tinha o toque de cassandra.

-         Eu sei. E quem era o tal tio Tom?

-         Eu não sei... mas acho que há muito tempo eles foram namorados. Ele chegou aqui um dia, eu estava na escola e não sei como foi, só sei que minha avó disse que ele era um amigo, que tivera problemas e estava doente e que alguém pedira para ela cuidar dele. Veja: eu que tirei essa foto dele – ela tentou mostrar a foto para ele, mas sem que houvessem percebido, havia escurecido, o sol fora embora. Ela ia levantar-se para iluminar o ambiente quando ele abriu uma caixa e cerca de sessenta luons flutuaram em volta dela, pousando-lhe nos cabelos longos. Ela sorriu, os olhos cheios de lágrimas. – Só você, Harry.

-         Agradeça a Sheeba,  - ele disse ternamente – ela me  intimou a trazê-los. Willy, isso se reproduz?

-         Não... com o tempo eles vão evaporando, mas eu fiz muitos na última semana, eu faço a poção e cristalizo, depois ela se solta e eles aparecem... tem uns quinhentos lá em casa.

-         É tão bonito vê-la assim, com os cabelos iluminados...

-         Veja, Harry, eles estão iluminando a foto. Tio Tom não tinha um rosto bondoso? – ela apontou a foto e ele finalmente olhou direito para o rosto do bruxo. Ele lembrava alguém, mas ele não sabia quem. Era apenas mais um velho. Quando Harry a levara embora há uma ano lembrava-se dele vagamente, ela o apresentara, mas eles haviam escapado tão rápido que ele nem notara direito o velho... ele tinha cabelos bem grisalhos e era meio calvo, as faces encovadas e um nariz reto, fino e comprido.Decididamente lembrava-lhe alguém, mas parecia uma pessoa abobada se mexendo na foto, até onde lembrava dele, tinha o mesmo ar ingênuo pessoalmente.

-         É, ele tinha um rosto bondoso – ele disse e ela sorriu, os luons flutuando sorridentes à sua volta. Pareciam risinhos luminosos e a faziam mais linda. Estavam ambos sentados como crianças no chão do porão da casa de Igraine Fischer, havia fotos por todos os lados, a pouca luz de fora  entrava por uma minúscula janela no alto. Ele a abraçou com força e beijou, e amaram-se naquele momento mais que nunca, com os luons flutuando ao redor, iluminando tudo à sua volta.

            Muito tempo depois, ela sussurou que precisavam terminar de arrumar as coisas e  iria iluminar a casa, ele não deixou, abraçando-a e prendendo-a ao seu lado. Ela finalmente o convenceu que era preciso que comessem alguma coisa e saiu para o pavimento térreo da casa, enquanto ele ficava ali, iluminado pelos sorrisos dos luons. Começou preguiçosamente a mexer nas fotografias, até que abriu uma caixa que parecia bem antiga. Havia dentro dela fotos de bruxos com ares obscuros, deviam ser as recordações de Igraine do tempo em que servira às trevas.

            Foi tirando fotos e fotos, numa curiosidade sem fim, algumas fotos tinham legendas: Ismenia Zabini, Ebenezer Crabble (seria um parente do Crabble de Hogwarts?), Lucila Miles Malfoy (será a avó de Draco?), Griphus Malfoy III (esse com certeza era parente de Draco, com aquela cara comprida)... engraçado, não havia foto alguma de Voldemort, e estava chegando ao fim da caixa, estava olhando a foto de Zaratustra Goyle (quem em sã consciência pode chamar o filho de Zaratustra?), Marshall Bulstrode... não. Nenhuma fotografia de Voldemort... ele ia guardar as fotos na caixa(tá vendo a bagunça que você fez, Harry? Arrume isso antes que Willy veja), quando percebeu que na verdade a caixa parecia ter um fundo falso e forçou um pouco, fazendo-a ceder.

            Caíram algumas fotos e ele as examinou curioso. Na primeira, Igraine, jovem estava brincando com um menino que devia ter seus quatro anos (Atlantis!), havia uma dedicatória: “Minha filha, perdoe-me se nunca pude fazer isso com você. Espero ser para seu filho o que não fui para você, seu pai...”

            - Aristóteles Hemerinos! – murmurou Harry, atônito - então, ele não era pai de Atlantis afinal, mas de Igraine... Hemerinos era o bisavô de Willy.

            Ele sentiu uma agitação no peito quando pegou a fotografia seguinte...Igraine olhava para a lente com um olhar assustado, às vezes olhava ao redor, apavorada, havia uma coisa escrita atrás: “Lembrança dos tempos de medo que vivi, graças ao pai de meu filho...” Igraine escrevera isso e Harry reparou que na fotografia ela estava grávida. Ele pegou outra foto, a sensação desagradável aumentando à medida que ia examinando-as. Era agora a foto de um bruxo de perfil, sério, que quando ele pegou, virou-se para ele com um olhar severo, rindo maliciosamente em seguida... era um homem entre 20 e 30 anos... mas ele o conhecia... virou a foto apenas para confirmar, havia uma dedicatória que era quase uma ameaça: “Para você Igraine, uma lembrança do único homem que você vai amar em sua vida. Tom Riddle – 1960”. Harry sentiu o chão fugir, ao ligar os fatos. Mecanicamente pegou a última foto, que mostrava Igraine e o bruxo sorrindo, ele já tinha o ar mau, parecia com a lembrança que Harry enfrentara doze anos antes em Hogwarts... “Amor clandestino, Igraine e Tom, Itália, 1957”.

            Harry pôs as fotografias de volta no fundo falso e o lacrou, lembrando-se de frases que escutara e que agora subitamente faziam sentido:

            “Meu único herdeiro homem está morto”

            “Eu nunca soube quem era meu pai... minha mãe não hesitou em jogar um feitiço de memória em mim para que não soubesse...”

            “Ele está com alguém que tem afeto por ele” “Alguém tem afeto por Voldemort?” “Não, alguém que amou Tom Riddle..”

            “Tio Tom.” Tom Sérvolo Riddle... Lord Voldemort. Seus olhos se arregalaram e ele saiu do estado de semi entendimento que mergulhara... Willy era neta de Lord Voldemort!


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