Katherine ria. Jynx encontrava-se sentado no chão, depois de tropeçar na mochila da garota. Quase a arrastara junto ao cair, mas ela segurara-se na cama para que isso não acontecesse. Ajoelhou-se ao lado dele, ainda gargalhando.

- Jynx, tinha que ser você, mesmo... - disse ela, entre risos.

- Não diga isso, Kitty... - reclamou o garoto, ainda com um sorriso nos lábios - Você sabe que eu odeio o meu azar.

- Mas ele te deixa ainda mais bonitinho...

Jynx balançou a cabeça, rindo com o comentário dela, mas meio vermelho. Olhou para o rosto dela. Katherine era muito branquinha, e sua boca era naturalmente vermelha, o que lhe dava um ar meio malicioso. Mas sua expressão era sempre inocente e extrovertida. Sua personalidade era infantil.

- Kitty, você é linda.

A garota corou violentamente e desviou o olhar. Jynx costumava falar que ela era 'fofinha', 'bonitinha', mas nunca havia dito que ela era linda, não dessa forma tão sincera.

- O-Obrigada - gaguejou ela, em resposta. Começou a se sentir incomodada mais uma vez, olhando furtivamente para o que restara da cicatriz no pescoço do amigo: apenas um corte leve e quase invisível.

Jynx percebeu o olhar dela no corte e suspirou. Não pode negar que gostara muito da sensação de quando deu seu sangue a ela, mas ele não podia fazê-lo com facilidade. Era errado, ela tinha que conseguir ficar cada vez mais tempo sem aquilo. Além do mais, Katherine era como uma irmã para ele. Ele sentia como se estivesse fazendo algo errado, ao ter todas aquelas sensações estranhas perto dela, quando ela bebia seu sangue. Não lhe parecia normal.

- Ah, Kitty... Eu tentei te distrair como pude, mas você precisa mesmo, não é? - ele suspirou, chateado.

- E-eu... Creio que sim, Jynx. - respondeu ela, constrangida.

- Você jura que não aguenta mais? - perguntou Jynx, baixinho.

- Sim... Estive tentando esconder a vontade por vários dias, quando ela começou a ficar mais forte. Estive procurando ficar a sós com você, para poder lhe falar isso, mas eu sempre ficava envergonhada...

- Tudo bem então, Kitty. Mas por favor, só me procure quando você não aguentar mais - pediu Jynx, triste.

- Pode deixar - alegou Katherine, sentindo-se culpada ao ver a expressão melancólica do garoto.

Jynx mordeu o lábio inferior e estendeu o pulso na direção da garota. Não queria que ela continuasse a beber o sangue de seu pescoço, pois o machucado já doía o bastante. Katherine segurou o pulso de Jynx delicadamente e cortou-o com cuidado, usando a unha do dedo indicador. Procurou, com todo a força que possuía, não fazer um corte fundo. Aproximou os lábios do corte e beijou-o, primeiro devagar, depois com mais violência, do modo que ela sempre fazia quando estava nesse estado.

Jynx tentou ignorar o frio na barriga constante que sentia, a partir do momento em que Katherine tocara seu machucado. Ele achava interessante, o modo no qual isso acontecia apenas com ela. Qualquer outra pessoa que fizesse isso iria apenas causar-lhe dor e estranhamento. Talvez Katherine causasse esse efeito nas pessoas... Ele só não sabia o por quê.

Katherine não se contentava em cortar Jynx apenas em um lugar. Ele já havia percebido isso. As mangas de seu terno cinza claro estavam arqueadas, para que as gotas de sangue não o manchassem. Apesar de não ser propício para aquele momento, Jynx não conseguiu deixar de preocupar-se com o estado de sua roupa depois daquilo. Decidiu ficar apenas com a camisa social rosa claro, tirando o casaco do terno. Tomou todo o cuidado para afastar o corte dos lábios de Katherine apenas por alguns segundos, enquanto tirava aquela peça de roupa. A garota abriu a boca para protestar quando ele fez isso, mas logo recebeu seu sangue de volta.

Em alguns segundos, a Kitty já estava acomodada em seu colo, virada de lado, com as penas sobre as dele. Jynx sentia o sangue pulsando em seu baixo ventre, mas nada dizia nem demonstrava. Apenas mantinha os olhos fechados, ignorando tanto a dor quanto o prazer que sentia, apenas pensando no mal que aquilo fazia a Katherine.

A garota abria os botões da camisa dele sem olhar. Jynx pôs-se a imaginar aonde aquilo iria dar, fazendo um esforço tremendo para pensar em meio à dor e ao excitamento. Katherine abriu a blusa de Jynx até a metade e fez um corte em seu peito. Debruçou-se para lambê-lo.

A pele de Jynx era muito macia. O garoto, vermelho e com a respiração rápida, percebeu que aquilo deveria parar. Katherine não deveria ter todo o sangue que quisesse, quando quisesse. Mesmo que aquilo causasse um prazer tão intenso a ambos. As consequências eram sérias... Katherine poderia ficar cada vez mais dependente.

Jynx pousou a mão sobre a de Katherine, tímido. Os cortes doíam uma dor inexplicavelmente forte. O coração de Jynx parecia estar em seu baixo ventre, e ele arquejava. Conseguiu controlar-se e disse, aproximando a boca da orelhinha de gato de Katherine:

- Kitty, pare.

A garota não lhe deu ouvidos, mas Jynx pegou-a pela cintura e a tirou de seu colo. Levantou-se e dirigiu-se para o banheiro, logo limpando os cortes e fazendo um curativo. Não ouviu Katherine fazer nenhum som, lá no quarto.