Finalmente, de volta à escola. Loou estava sentada na cama de seu quarto, conversando com Katie. Kimi fazia o trabalho que, invariavelmente, deixara para a última hora e deveria ser entregue no dia seguinte. Ela tinha fones nos ouvidos e cantava baixinho.

- Então... Porque você terminou com o Jynx, mesmo? - perguntou Loou, observando com inveja enquanto Katie penteava seus longos cabelos loiros.

- Ele estava enganando a si mesmo, sabe, quanto a mim! - exclamou ela - Não estava apaixonado por mim, nem de longe. Estava apaixonado... Pela ideia de estar com alguém como eu? Algo assim.

- Modesta.

- Mas eu estou falando sério - riu Katie - Ele está completamente na de outra pessoa. Mas eu não consegui saber quem, entende, pelos olhos dele. Porque ele próprio não sabia.

- Nossa, isso é... Estranho. Geralmente, quando se gosta de alguém, se sabe de quem é. - retrucou Loou, pensativa. Não conseguia entender. Por exemplo, ela sempre gostou de Adam, sim, apesar de tentar esconder isso de si mesma. Mas ela nunca deixou de saber que estava apaixonada por ele. Não entendia como uma pessoa podia simplesmente não saber por quem está apaixonada.

- Sabe, eu fiquei muito feliz quando você disse do Adam. Ele é tão gentil e carinhoso, você tem muita sorte. Como é a relação de vocês?

- É ótima, mas... Eu... Só não queria que você contasse pra ninguém. Porque é fácil virar alvo de fofoca quando a escola toda sabe.

- Não se preocupe, Loou! Dou-lhe a minha palavra que não vou dizer nada, nadinha! - exclamou Katie, animada.

- Tudo bem... - riu Loou. Às vezes o humor de Katie a animava, ela não sabia o porque. Ficar perto de Katie a fazia ter vontade de esquecer todos os seus problemas e ser feliz.

Era noite, e Katherine andava pelos jardins da escola. Naquela época, fazia muito frio, portanto quase nenhum aluno se atrevia a ficar lá fora. Katherine detestava o frio, estava coberta de roupas da cabeça aos pés (sempre brancas, às vezes com alguns detalhes em amarelo-ouro) e tudo que queria era se aquecer. Mas Lua não estava no quarto e Kitty não gostava muito de ficar sozinha, principalmente triste como estava. Precisava se distrair, não importava se era vendo um filme ou levando um vento gélido na cara.

Viu Jynx sentado na beira da fonte, lendo um livro. Ele não parecia conseguir enxergar as letras muito bem, apesar da luz da lua, e franzia a testa, tentando identificar as palavras. Ele era tão adorável.

Katherine aproximou-se e sentou-se ao lado dele. Jynx, que não parecia ter notado a sua presença ainda, tomou susto com a aproximação súbita da garota e largou o livro, que caiu na água. Katherine começou a rir alto.

- Desculpe, desculpe - disse ela, entre risos.

- Kitty, isso foi mau! - reclamou Jynx, apesar de saber que isso não tinha nada a ver com a amiga, e sim com a sua propicidade em ter má sorte.

Katherine, que sentia falta de uma conversa normal com seu amigo, riu e abraçou-o apertado. Jynx foi retribuir o abraço, mas desequilibrou-se e acabou por cair dentro da fonte, arrastando Kitty junto.

- Meu Deus, Jynx, não precisa me passar o seu azar! Não me meta nisso! - exclamou Katherine, tremendo de frio.

- A culpa foi sua, você que resolveu me abraçar e me desequilibrar, ok? - Jynx ria, feliz.

- Desculpe, então, nunca mais eu te abraço, se for assim! - retrucou Katherine, entre irritada e divertida.

Jynx jogou água em Katherine, que revidou. Ambos ficaram assim durante um tempo, apenas rindo, suas vozes ecoando pelo pátio vazio. Jynx ainda tinha os curativos nos cortes que Katherine fizera, e a água gelada os fazia arder. Mas ele simplesmente ignorava. Ele gostava desses momentos, ultimamente mais raros, com a sua melhor amiga.

Depois de alguns minutos, os dois estavam cansados de tanto falar alto e jogar água para cima. Jynx não sentia seu corpo da cintura para baixo, onde estava coberto por água. Katherine tremia de frio. O garoto saiu da fonte e estendeu a mão para sua amiga, que segurou-a e usou-a como apoio para levantar-se. Os dois se abraçaram, para que pudessem se proteger do frio, e foram andando até o quarto.

Da janela do terceiro andar, Liyn e Lua observavam os dois amigos. A garota com seu vestido gótico, sempre meio vulgar, o garoto apenas de calça, descalço e sem camisa, sem parecer se importar com o frio.

- Eles são tão infantis - comentou Lua.

- Talvez seja assim que eles acham alegria na vida, né?