Do outro lado do corredor, Jynx e Katherine ainda conversavam animadamente. A gata preta de Jynx não estava lá.

- Ah, Jynx, sabe quem eu odeio? - disse Katherine.

- Quem?

- Aquela Min. Odeio. A Bliss é até legalzinha, mas a Min é uma completa vaca.

- Min... é aquela garota que está sempre grudada em uma outra de cabelos escuros... que vive andando de patins. - disse Jynx, tentando se lembrar.

- Sim, a de cabelos escuros e patins é a Bliss e a loira é a Min. Eu a odeio, de verdade - reclamou Katherine.

- Mas porque?

- Ah, ela é sempre grossa e implicante comigo, embora eu nunca tenha feito nada com ela. - Katherine suspirou - Ah meu Deus, que dia é hoje? - exclamou de súbito.

- Sexta-feira, porque? - Jynx levantou as sobrancelhas.

- Ah não, é o dia em que a Min passa checando os quartos!

- Ah...

- Só porque ela é filha da diretora, ela acha que pode sair dando nota no quarto alheio. - reclamou ela.

- Mas Kitty, isso é regra do colégio, não foi ela que quis - riu Jynx.

Nesse momento, alguém abriu a porta. Era uma garota loira, de cabelos compridos e pesados, ondulados apenas nas pontas. Tinha olhos azuis oblíquos e usava uma camisa amarela escrito "LOL (:" e um short jeans.

- Vim ver o quarto. Ah, Jynx, o que está fazendo aqui? Esse é o quarto da Katherine!

- Eu o convidei, Min - disse Katherine, levantando as sobrancelhas.

- Desculpe se interrompi alguma coisa - a garota riu e olhou para uma prancheta, que segurava. Jynx corou de leve. - O seu quarto está, me desculpe, uma merda, Katherine. Por favor, você já tem 16 anos, consegue arrumar o quarto sozinha.

- Min, só coloca um zero aí e vai embora.

- Mas eu preciso checar seu quarto - disse Min, entrando. Levantou o cobertor que estava jogado no chão, com cara de nojo - sabe, eu entendo porque você não tem uma companheira de quarto.

- Na verdade, a novata vai vir dividir o quarto com ela... - disse Jynx.

- Vai? Ah, coitadinha!

Katherine olhou para Jynx com uma cara de "por favor, me deixa matar ela". Jynx segurou o braço de Katherine com força.

Min passeava pelo quarto. Chutou para o lado a mochila de Katherine e viu um sutiã jogado no chão. Pegou-o.

- Quer dizer então que é tudo enchimento, Katherine? - riu ela, enquanto segurava o sutiã na altura do rosto.

- Min... - advertiu-a Jynx, enquanto segurava Katherine pelos ombros. A menina-gato parecia lutar para ir até Min.

- O que foi? - a menina loira olhou Jynx e riu - não tenho medo dela.

- Pois... deveria ter... - disse, agora com dificuldades de segurar Katherine.

Min dirigiu-se à porta e deu uma última olhada no quarto. Ainda segurava o sutiã branco de Katherine.

- Acho que vou levar isso comigo - disse, rindo.

- Katherine! - ela ouviu Jynx gritar.

A garota de cabelos roxos já havia pulado para cima de Min. Suas unhas alongaram-se e cortaram o rosto da garota, além de seu pescoço e costas.

Jynx levantou-se rápido, mas acabou tropeçando no cobertor e caindo no chão. Min gritava, tentando tirar Katherine de cima dela. O vestido de Kitty estava respingado de sangue.

Jynx pegou Katherine pelos ombros e afastou-a de Min à força. Kitty virou-se para ele, irritada, e arranhou fundo seu rosto também. Mas ele não a largou. Ambos assistiram Min sair correndo pelo corrredor, desesperada.

Os dois amigos ficaram muito tempo apenas olhando a porta aberta, ofegantes. Jynx havia abraçado Katherine por trás, impedindo-a de sair atrás de Min.

- Katherine... - sussurrou.

Os olhos da garota, antes desfocados, haviam voltado ao normal.

- Jynx... você sabe que eu não consigo me controlar...

- Eu sei, Kitty, eu sei. A culpa não é sua.

Katherine tinha um certo espírito violento. Desde sempre. Isso fazia com que ela atacasse as pessoas quando se irrita em demasia. Mas não era apenas isso. Ela se virou devagar e encarou Jynx. O garoto colocou rápido a mão sobre o corte na bochecha, que sangrava, quando viu os olhos de Katherine perderem a cor de novo.

- Meu Deus, eu te machuquei? - disse ela, a tristeza estampada no rosto.

- N-Não, tudo bem... - Jynx correu os dedos da mão livre pelo cabelo dela - a culpa não é sua.

Lá longe, no corredor, ainda era possível ouvir o choro de Min.