O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 8
Você estava só brincando?


Notas iniciais do capítulo

E eu estava lá com ele o verão todo... e então o tempo passou pra descobrirmos que o verão tinha ido embora...
Tim McGraw – Taylor Swift



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Sabia, desde o momento em que acordou, que aquele dia não entraria para a lista dos melhores.


Com a proximidade da guerra, era de se esperar que vários acontecimentos imprevisíveis surgissem. Bom, imprevisíveis de acordo com a parcela normal da população de bruxos. Porque a parcela anormal, que por sinal tinha Trelawney como sua líder, parecia achar que usar a adivinhação para tornar esses acontecimentos imprevisíveis previsíveis era uma boa idéia. E, para a surpresa de Hermione Dumbledore parecia fazer parte dessa parcela anormal porque, pelo seu ver, ele concordava com essa idéia já que tinha se deixado convencer por Trelawney. Resumo da história: naquele dia, todos os alunos de Hogwarts tinham uma hora marcada com a Trelawney para ela prever seus futuros.


Hermione, que fora criada para ignorar esse tipo de misticismo, fazia parte da parcela normal, é claro, e achava aquilo tudo uma idiotice, principalmente vindo de Trelawney - que ela evitava desde o terceiro ano, por falar nisso. Hermione teve vontade de enfiar sua cabeça num buraco quando recebeu seu horário e pensou em todas as maneiras possíveis de evitar aquele encontro.


- Não vai ser tão ruim assim... – falou Gina, que fora marcada para logo depois de Hermione – Olha, tudo que você tem que fazer é sentar em frente á ela e fingir que está ouvindo tudo sem absorver nenhuma palavra sequer, ok? Você pode fazer isso!


Hermione bufou.


- Mas eu não quero nem olhar pra cara dela! Aquela mulher me odeia! Ela vai prever coisas horríveis pra mim!


- Ah, como se ela precisasse ter alguma coisa contra você pra prever coisas horríveis. – falou Gina revirando os olhos – Se dependesse dela, nenhum dos alunos de Hogwarts jamais teria completado a escola vivo!


Hermione riu.


- Viu? – Gina sorriu – É esse o espírito da coisa! Vamos até lá, fingimos que estamos dando atenção á ela, balançamos a cabeça e depois vamos para o jardim de Hogwarts tirar sarro com a cara dela.


- Você é doida!


As duas finalmente chegaram em frente a porta da sala da Trelawney.


No momento exato em que Hermione levantou a mão para bater, um aluno do terceiro ano abriu a porta e saiu correndo, aos prantos.


- Bem, bem, bem... – comentou Gina olhando o lugar pra onde o garoto tinha ido – Parece que os boatos de que ela estava pegando pesado hoje não eram apenas boatos, afinal...


Hermione encarou a amiga.


- Ok. Vou lá. Melhor acabar com isso de uma vez.


- Boa sorte.


Hermione entrou e fechou a porta atrás de si deixando uma Gina com ar de riso para trás.


- Como vai, srta. Granger? – falou Trelawney assim que Hermione entrou – Um longo tempo desde aquele incidente no seu terceiro ano, hã?


Hermione respirou fundo e se aproximou da mesa onde a professora estava.


Aquele lugar não tinha mudado nada. O mesmo cheiro de incenso e mofo sufocante. Não dava nem vontade de respirar ali dentro.


- Sente-se.


Hermione se sentou e tomou um grande gole do chá que estava na mesa sabendo que aquilo só estaria perto de acabar assim que ela tivesse terminado e assim Trelawney poderia ler na sua xícara, ou qualquer coisa que ela fazia, e prever um monte de tragédias que certamente jamais viriam a acontecer.


- Você pode ficar a vontade para tomar quanto chá quiser. – disse ela olhando para a janela – Mas eu não vou ler sua xícara.


Hermione franziu o cenho e parou de tomar aquela coisa terrível que tinha gosto de tudo menos de chá na hora.


- Como assim?


- Você deve imaginar, minha querida, que Dumbledore me peça com frequência para olhar o rumo que a guerra está tomando e vai tomar.


- E...? – perguntou Hermione tentando ao máximo não parecer cética demais.


- E eu vi você.


- Claro que me viu. – afirmou – Não precisa ser uma vidente pra saber disso. Todo mundo sabe que eu sou a melhor amiga de Harry Potter e que eu vou ajudá-lo no que for preciso para ganhar essa guerra.


- Bem, você vai poder ajudá-lo, com certeza... Mas não do jeito que você pensa.


Ela sabia que ia se arrepender pela próxima pergunta mas não pôde se segurar.


- Como assim?


- Querida, - Trelawney a olhou finalmente e Hermione viu pena por trás daqueles óculos fundo de garrafa – você vai sofrer tanto.


- Começou... – murmurou Hermione.


- Sei que não acredita em mim. E sei que não está aqui por vontade própria. Mas talvez fosse melhor pra você acreditar desde agora que a sua vida vai tomar um rumo que você nunca esperou ou sequer imaginou. Você precisa estar preparada para as coisas que vão acontecer.


Hermione apenas pestanejou tentando ao máximo não se apavorar com as coisas que ela estava dizendo muito menos com o seu tom assustador.


- Você vai crescer muito esse ano, vai aprender muitas coisas... Vai ver coisas que pessoas muito mais velhas que você jamais imaginaram existir.


A garota não sabia porquê, mas seus olhos estavam marejados.


- Você, com certeza, não merece esse destino. Mas ele é seu. Porque você é destruição, senhorita Granger.


***


Hermione e Gina estavam no quarto de monitora chefe da garota.


- O que aconteceu com você? – perguntou Gina – Tá estranha desde que foi ver a Trelawney. Pensei que você, de todas as pessoas, fosse a última que iria se deixar atingir pelas previsões dela.  – a morena nem parecia ouvir a amiga - Hermione! Fala alguma coisa! Olha, não se sinta mal, ela disse que eu vou sofrer uma acidente muito grave no fogo! O que ela te disse?


Hermione levantou os olhos para a melhor amiga.


- Coisas horríveis.


Gina franziu o cenho.


- Normal pra ela.


- Não, você não entende. – Hermione respirou fundo – Você já ouviu dizer que ela falou pra alguém que a pessoa era... destruição?


Gina arregalou os olhos.


- Ela disse que você era destruição?


Hermione assentiu.


- Hermione, por favor, está sendo irracional. – Gina se sentou ao lado da morena – Você sabe muito bem que não é destruição. Aquela mulher é doida!


Hermione ficou em silêncio por alguns segundos.


- É. – Hermione sorriu – É claro que você tem razão! Onde eu estava com a cabeça pra dar atenção á Trelawney?


- Isso. – Gina sorriu e a abraçou – Viu? Tá fazendo sentido de novo!


- Obrigada, Gi.


Mas mesmo assim, as palavras de Trelawney não saíram da cabeça da garota.


***


Desde a conversa que tiveram, Draco e Hermione estavam bem. A garota mal podia acreditar na sua felicidade, pela primeira vez estava amando e a pessoa a amava de volta. Era a melhor sensação do mundo! E Draco, por sua vez, estava feliz por ter Hermione novamente e ficava mais feliz ainda por saber que nem Potter nem ninguém a tiraria dele porque ela estava apaixonada por ele.


É claro, tinha brigado com Lucas e principalmente com Pansy quando contou a eles que estava com Hermione. A garota fez um escândalo e ameaçou contar para Hermione. Draco ficou com medo de ela realmente contar mas achava que ela não tinha dito nada uma vez que Hermione também não tinha dito nada. Claro que se sentia mal mentindo para Hermione, foi o que ele tinha dito á amiga, mas o que poderia fazer? Ele queria Hermione por perto!


Naquele momento, Draco e Hermione estavam deitados na cama do quarto da garota, abraçadinhos.


- Então, o que a Trelawney te falou? – perguntou Draco.


- Ah! – Hermione sacudiu a mão como se estivesse espantando um mosquito – Aquele monte de bobagens que ela costuma dizer. E pra você?


Draco riu.


- Disse pra eu ter cuidado com a destruição nessa guerra. – Hermione arregalou os olhos mas Draco não percebeu – Eu não tinha idéia do que ela estava falando.


- Destruição? – perguntou se afastando um pouco para olhá-lo.


- É. Algum problema?


Ela pestanejou.


- Não. Claro que não.


- Você tá estranha hoje... – ele falou a puxando para perto de volta – Não só você né... Pansy também está... Mas aquela ali está passando por uma fase estranha, já parei de tentar entender.


Hermione ficou calada.


- Apesar de saber que você sabe exatamente o motivo para ela estar assim.


- Você saberia também se prestasse mais atenção. É bem óbvio.


- Por que não me conta? Seria mais fácil. Eu podia tentar ajudá-la.


- Ninguém pode ajudar ela, Malfoy. A não ser, talvez, uma pessoa... Mas essa pessoa não é você.


- Que bom que vocês são amigas, de certa forma... Pansy nunca teve muitas garotas com quem conversar e aposto que ela se sentia perdida com as conversas entre Lucas e eu.


- Aposto que sim. Ás vezes eu ficava me sentindo um pouco deslocada com Harry e Rony...


- Ih, lá vem você.


- Eu? – ela se afastou um pouco – Lá vem você!


- Você que fica falando do Potter e do Weasley e a culpa é minha?


- Eles são meus melhores amigos! – ela retrucou.


- Eu odeio eles! – ele disse – Será que dá pra entender? Não gosto que sinta tanta falta deles...


- Você é louco... – ela disse – Como eu não sentiria saudade deles? Impossível! Nunca vai existir um tempo em que eu não sinta saudade dos meus amigos, e é melhor você já ir se acostumando com isso!


Ela se levantou da cama o deixando lá sozinho e foi para perto da estante de livros, remexe-los para se distrair. Draco parecia que nunca ia entender o quanto ela estava ligada a Harry e Rony. Como ela podia lidar com isso?


- Hermione... – ele falou com a voz cansada – Eu sei que você sente falta deles, mas se eles sentissem a sua também, não acha que eles procurariam por você?


Hermione quase riu. Ele estava tentando envenená-la contra Harry e Rony? Que original...


- Fique sabendo que eles sentem sim a minha falta! – ela exclamou – Eles só são... orgulhosos demais para admitir! Ainda mais por saber que eu estou com você!


Draco apenas arqueou uma sobrancelha.


- E se quer saber, eu vou procurar por eles antes de a gente ir para a missão amanhã. Uma das coisas que eu aprendi, é que nunca devemos nos despedir brigados.


Draco riu.


- Hermione... – ele se levantou e se aproximou dela – você vai voltar viva dessa missão, fique tranquila.


- Eu não estou nervosa!


- Sei...


Ele estava bem em frente a ela e Hermione teve que levantar a cabeça para olhá-lo nos olhos.


- Nunca se sabe o que pode acontecer numa missão dessas... – ela sussurrou.


Ele deu um sorriso triste.


- Sabe o que vai acontecer se voltar a falar com eles, não sabe? Vai ficar ainda mais difícil pra gente...


Ela balançou a cabeça.


- Draco, não pode me impedir de voltar a falar com eles. Eles são... muito importantes. Não... Me faça escolher.


- Por que você escolheria eles? – perguntou muito irritado.


- Porque seria muito difícil.


- Ok... – ele deu de ombros – Faça o que for melhor pra você.


***


Na hora do almoço, Hermione foi se sentar na mesa da grifinória com Gina, coisa que não fazia há muito tempo. Seus antigos amigos ficaram surpresos em vê-la ali mas pareceram felizes também. Simas tinha começado uma conversa hilária de como quase colocou fogo no colchão da sua cama quando Harry e Rony se aproximaram.


- Olha se não é a incrível namorada de Draco Malfoy marcando presença na mesa da grifinória... – falou Harry.


Hermione corou um pouco, se sentindo realmente mal. Não tirava a razão de Harry em estar chateado, ela tinha mesmo perdido a noção e ficado tempo demais perto dos sonserinos. Não devia ter feito isso e deixado todos os seus amigos de lado.


- Ah, Harry. Pega leve com a Hermione. – falou Gina.


Harry se sentou ao lado da namorada que lhe deu um beijo – ao qual Rony e Hermione desviaram os olhos e acabaram cruzando olhares.


- Ei, Ron... – sussurrou Hermione enquanto ele se sentava ao lado dela.


- Ei, Mione...


Ela pestanejou.


- Desculpa. – ela disse dando um sorriso triste. Aquelas desculpas tinham um duplo sentido para Hermione e ela esperava que Rony entendesse o recado. Se desculpava por ter passado mais tempo com os sonserinos do que com eles nos últimos tempos, se desculpava por ter arrumado um namorado quando Rony era apaixonado por ela e se desculpava por esse namorado ser um Malfoy, o inimigo número 1 da família Weasley, a quem ela devia tanto.


De alguma forma, quando ele devolveu o sorriso triste, ela sabia que ele tinha entendido.


- Tudo bem, Hermione... – ele se aproximou e deu um beijo na testa dela – Está tudo bem.


- Hermione, é verdade que está saindo em missão com Malfoy? - chamou Neville, que estava ali perto e que recentemente também tinha se juntado á Ordem.


- É. – ela assentiu.


- Está nervosa?


- Não muito... É só uma visita até o orfanato de Tom Riddle. Nós não vamos encontrar nada lá provavelmente... – disse repetindo as palavras de Malfoy, sem querer demonstrar que alguma coisa em seu interior lhe dizia pra se preocupar mais com aquela missão.


- Pensei que as nossa primeira missão seria juntos... – disse Harry ainda carrancudo.


- Nós vamos ter outras missões juntos, Harry... – disse ela – Muitas...


- Tem certeza que vai ficar bem? – ele perguntou com outro tom de voz agora, mas parecido com Harry de antigamente – Sem mim ou o Rony por perto...


- Eu não preciso de você e do Rony pra me defender. – e depois se corrigiu antes que ele entendesse errado – Eu não preciso de ninguém pra me defender. Não tenho cinco anos.


- Desculpa por me preocupar... – ele disse irônico.


- Harry, deixe isso pra lá. – falou Rony – Hermione está aqui, isso é o que importa.


- Claro que isso é o que importa pra você, não é Rony? Ela pede desculpas e pra você está tudo ótimo porque ela é a única coisa que importa pra você.


Rony corou.


- Harry! – ralhou Hermione. Ele não deveria falar daquele jeito. Tudo bem que todos já sabiam dos sentimentos de Rony em relação a Hermione, mas aquilo era sempre uma coisa que ficava subentendida. Ninguém nunca tinha falado abertamente sobre aquilo.


- Sim? – falou Harry inocentemente.


- Por que está sendo tão idiota? – ela perguntou irritada.


- Me desculpa, devo ter pego de você!


- Harry, para! – falou Gina.


- É, Harry, para! – exclamou Rony – Ou as pessoas vão pensar que Hermione não é a única coisa que importa só pra mim.


- O que quer dizer? – perguntaram Gina e Harry em uníssono.


- Gente, para! – falou Hermione em tom autoritário – Vocês... não devem brigar. Foi mal, acho que estavam melhor sem mim.


Ela se levantou e saiu do salão principal.


***


Quando Hermione ia andando pelos corredores, deu de cara com Draco e Pansy se aproximando. Os dois pareciam estar discutindo.


- Você deveria ser mais tolerante. Ela é a namorada do seu amigo. – falava Draco.


- Tolerante? Ela falou mal da minha família! E se ele está namorando com aquela vaca, problema é dele. Eu é que não vou ficar tolerando desaforo daquela vadia!


Ao chegar mais perto, Hermione foi percebendo que Pansy passava um pano em alguns ferimentos do rosto, que pareciam unhadas.


- Ela disse que foi você quem provocou...


- Eu? – falava Pansy dramaticamente com a cara mais inocente do mundo – Você vai acreditar em quem? Naquelazinha ou em mim?


Antes que Draco pudesse responder, Hermione finalmente chegou perto deles e disse:


- O que aconteceu?


- Ah, graças a Merlin você está aqui, Hermione! – falou Pansy – Você sabe tirar essas coisas terríveis do meu lindo rostinho? Aquela vadia de uma figa quase arrancou minha pele! Não podia ir na enfermaria se não corria o risco de pegar uma detenção.


- Você saiu na porrada com alguém? – perguntou Hermione observando o rosto da amiga.


- Foi! – respondeu Draco – Inacreditável!


- Com a namorada do Lucas, eu suponho... – falou Hermione olhando Pansy divertida.


- Como você sabia? – perguntou Draco desconfiado.


- Ouvi uma parte da conversa de vocês. – respondeu Hermione rápido.


- Hummm... – ele não parecia convencido.


- Por que não vai almoçar enquanto eu e Hermione temos uma conversa de garotas, Draco? – Pansy mudou de assunto.


- Eu queria ficar um tempo com Hermione...


- É, é! – disse Pansy impaciente puxando Hermione pelo braço – Mas você pode fazer isso muito bem depois não é? Vamos, sabe-tudo!


Hermione acenou para Draco enquanto era puxada por Pansy.


- Nos falamos depois.


Quando estavam longe do loiro, Hermione finalmente falou:


- Então você não se aguentou e avançou em cima da garota!


- É, - Pansy sorriu com triunfo – mas ninguém sabe quem começou a briga. Quer dizer, eu provoquei ela mas foi ela que pulou em cima de mim. Adorei, Hermione! Era o pretexto que eu precisava para enforcar aquela vadia! Agora, se não se importa, por que não vamos para um lugar privado e você pode finalmente consertar meu rostinho?


Hermione riu.


- Ok. Vamos para o meu quarto.


Quando chegaram ao lugar, Hermione se sentou com Pansy na cama e cuidou do rosto dela em completo silêncio, imersa em pensamentos.


- O que aconteceu? – perguntou a sonserina quando Hermione acabou - Tá quieta...


- É só... – ela suspirou – Fui tentar consertar as coisas hoje com Harry e Rony e acho que só piorei tudo e ainda fiz eles brigarem entre si. Rony insinuou que Harry tinha algum interesse em mim e acho que Gina acabou ficando chateada... Não sei o que pensar... Ser amiga deles costumava ser tão fácil, saia sem eu nem pensar... E agora eu passo horas pensando no que fazer pra tentar ser amiga deles de novo...


Pansy deu um sorriso triste.


- Já parou pra pensar que Weasley pode ter razão?


- O que quer dizer?


- Talvez, agora que o Potter te viu realmente com o Draco, o último cara que ele pensava que você fosse ficar e ainda por cima o cara que ele mais odeia, ele tenha te visto de verdade, entendeu? Como garota... E talvez seja esse o motivo de eles estarem tão difíceis. Imagina como deve ser terrível pra eles te ver por aí com o Draco? Você costumava ser só deles, sabe-tudo. E agora eles tem que te dividir com o loiro aguado lá.


Hermione ficou em silêncio.


- Hermione... Você é inteligente. Pode ser que não queira pensar nisso mas acha que é só coincidência vocês terem ficado mal exatamente quando você começou a se envolver com o Draco?


- Acho que você tem razão...


- Eu sei que é terrível, mas acho que você não pode ter os dois. Vai chegar uma hora em que tudo vai estar prestes a explodir e você, querendo ou não, vai ter que escolher.


- É... Isso é terrível... Porque... eu amo o Malfoy mas ele é... O Malfoy! Rony e Harry já fizeram coisas incríveis por mim e eu não posso abandonar eles. Não posso decepcioná-los.


***


No meio da noite, sozinha no quarto de monitora-chefe, Hermione não conseguia dormir. Podia ter ficado feliz ao receber o quarto e perceber que finalmente poderia ter seu próprio espaço pela primeira vez desde que chegou a Hogwarts, mas de repente se sentia muito sozinha. Lilá e Parvati costumavam ficar fofocando até altas horas e, querendo ou não, Hermione sempre acabava participando da conversa. As duas eram umas loucas fofoqueiras, mas eram muito divertidas. E quanto tempo fazia desde a última vez que Hermione ficou no salão comunal da grifinória só conversando com os amigos da casa? Suspirou. Talvez Harry tivesse razão. Ela nem se sentia mais parte da grifinória, para falar a verdade.


Pensando nisso foi que ela se levantou, pegou seu travesseiro e, abraçada com ele, foi andando pelo castelo até chegar ao quadro da mulher gorda. Reclamando pra caramba sobre ser muito tarde e em como os alunos de hoje em dia não respeitavam mais ninguém, a mulher gorda abriu passagem para Hermione.


A garota encarou o salão vazio e se sentiu um pouquinho melhor.


Foi até o sofá perto da lareira e se deitou, enquanto observava o fogo crepitando. Ainda não estava conseguindo dormir mas pelo menos não se sentia tão sozinha ali...


Em um determinado momento, ouviu passos se aproximando e então Rony parou na sua frente.


- Hermione? – ele perguntou com o cenho franzido – Não devia estar no seu quarto?


Ela deu um sorriso triste.


- Não estava conseguindo dormir, então resolvi vir pra cá. – ela sussurrou.


- Preocupada com a missão de amanhã? – ele perguntou se sentando na poltrona ao lado – Que horas você e Malfoy saem?


- Cedo. – ela o olhou – Não é com a missão que eu estou preocupada. Quer dizer... – voltou atrás, resignada - Não, é sim.


- Não se preocupe. – ele deu de ombros – Não deve ter nada lá.


- Não é isso... Sei que não acredito nessa coisas mas, não sei, acho que eu tô com um mal pressentimento. E estar brigada com vocês também... Não ajuda nem um pouco.


Rony suspirou.


- Hoje você disse que a gente estava melhor sem você... Quero que saiba que não é verdade. Está uma bagunça sem você, sabe... E desculpa a gente por dizer bobeiras mas é que... desde o verão, você parece outra pessoa... Andando com os sonserinos, saindo com Malfoy... Não é fácil pra gente aceitar isso, entende? Não é que a gente não tenha gostado da sua mudança mas é que... Parece que perdemos você.


- Ah, Rony... – ela se levantou e sentou ao lado dele – Vocês não me perderam. Eu ainda sou a Hermione de antes.


- Não é o que parece...


Hermione ficou em silêncio por uns segundos.


- Vocês estão certos. Eu não deveria ter me deixado afastar de vocês... Foi tudo culpa minha. São meus melhores amigos... Eu não sei como isso aconteceu... Tudo costumava ser tão fácil.


- Não seja tão dura com você mesma, Hermione... Nós também não temos facilitado nem um pouco. Acho que tem culpa suficiente pra ser dividida.


Hermione sorriu pra ele e o abraçou.


- Obrigada, Rony... Por me fazer sentir melhor.


Ele beijou o topo da cabeça dela.


- Tudo vai ficar bem, Hermione... Vai dar tudo certo.


Ela se afastou e o olhou nos olhos azuis do amigo. Percebeu o quão sincero os sentimentos dele eram... Sempre achou que o que Rony sentia por ela era... bem, a quedinha que ela também sentiu por ele por alguns anos... mas não era. Rony era verdadeiramente apaixonado por ela. E então ela se sentiu mal de novo. Porque não correspondia os sentimentos do amigo e porque sabia que nunca poderia.


***


Na manhã seguinte, Hermione era esperada na sala de Dumbledore pelo diretor, Lupin, Moody e Draco.


- Está atrasada, Granger. – falou Alastor.


- Desculpa. – falou ela um pouco envergonhada, tinha se atrasado quase meia hora para sua primeira missão – Eu não dormi muito bem essa noite...


- Se sente bem para ir em missão, Hermione? – perguntou Lupin bem mais delicado que Moody.


- É. – ela tentou sorrir confiante apesar de sentir um bolo no estômago – Estou ótima!


- Certo.


Enquanto Lupin preparava a chave de portal, Draco se aproximou de Hermione.


- Onde você estava? Fui no seu quarto e não te encontrei.


- Eu estava no salão comunal da grifinória. Não dormi no quarto.


- O quê? – perguntou confuso, pois sabia que não havia mais lugar no dormitório pra eles. Um segundo depois, um brilho de desconfiança passou nos olhos dele. – Com quem você estava?


- Não seja ridículo. – disse impaciente – Eu estava com Rony, conversando, no salão comunal!


- Com o Weasley? – perguntou indignado.


Quando Hermione ia responder, Lupin os chamou.


- Vocês já podem ir.


Draco respirou fundo e se acalmou. Sabia que sentimento era aquele. Tinha ciúme de Hermione e ciúme geralmente vinha veiculado com o fato de você amar o objeto do ciúme. Quando você não amava, 50% daquele sentimento era somente posse. Tinha aprendido aquilo ao se aproximar de Hermione.


Eles pegaram a chave de portal e cinco segundos depois estavam numa rua deserta e assustadora, encarando um prédio feio, velho e encardido com portas e janelas quebradas ou totalmente arruinadas.


Também estava frio, o que era estranho porque o verão tinha acabado de acabar e você mal conseguia sentir o outono chegando em Hogwarts.


Mas ali não. Ali o tempo parecia ter parado no ápice do inverno mais frio dos últimos tempos.


- Vamos entrar e acabar logo com isso. – disse Draco segurando a mão de Hermione e a puxando para dentro.


Hermione observou sair fumaça da boca de Draco enquanto ele falou. Se sentiu ser puxada e obrigou seus pés a andarem apesar de se sentir apavorada.


- Tem alguma coisa muito errada aqui... – ela sussurrou.


- Eu sei. – disse o loiro sem olhá-la.


Ele empurrou a porta que rangeu ao ser aberta.


Eles entraram lado a lado e se chocaram ao ver quem estava lá dentro.


- Bom dia, crianças... – falou Lúcio Malfoy. – Por que demoraram tanto? Me deixaram ansioso...


Draco e Hermione empunharam a varinha.


- Até demais. – falou Bellatriz, naquela sua voz fina e irritante de sempre – Mal posso acreditar que fiquei duas horas esperando por uma sangue-ruim e por um traidorzinho de sangue idiota.


Hermione tentou pensar apesar do pânico. Tinham que fugir. Olhou para trás tentando procurar uma escapatória mas, na rua, havia no mínimo uma dúzia de dementadores só esperando uma ordem para atacar. Se virou para Lúcio novamente.


- Não chame meu filho assim, Bella. – ele dizia – Ele ainda será de grande ajuda para nós.


- Eu não vou ajudar vocês em nada. – a voz de Draco saiu rouca.


- O que vocês querem com a gente? – perguntou Hermione porque estava realmente confusa. Obviamente não havia apenas Lúcio e Bellatriz ali. Outros comensais que ela não conhecia estavam calados no canto da sala do velho orfanato, sem contar com os comensais lá fora que os impediam de pensar em fugir apesar de estarem consideravelmente perto da porta. Pra que aquela comoção toda para pegar apenas dois membros jovens da Ordem da Fênix?


A atenção dos dois se voltou pra ela e os olhos de Lúcio brilharam de fúria.


- Você! – ele falou – O que pensa que está fazendo, sangue-ruim?


Ela franziu o cenho e trocou um olhar com Draco, ele parecia ainda mais nervoso que ela.


- Eu não estou fazendo nada. – disse apática.


- Está sim! – ele tentou avançar nela mas Draco se pôs a sua frente e pai e filho se encararam furiosamente.


- Deixe ela fora disso! – falou o loiro.


- O que tá acontecendo? – perguntou ela tirando Draco da sua frente.


- Eu não disse á você, Lúcio? – falou Bellatriz num tom de desgosto – Seu feiticinho não é mais tão forte assim. Draco está encantado pela sangue-ruim.


- Que feitiço? – perguntou Hermione sabendo que aquilo não podia significar nada de bom.


- Não dê ouvido á eles. – falou Draco, mas estava mais pálido que o normal.


- Você realmente achou – falou Lúcio para Hermione – que meu filho, um Malfoy legítimo, iria algum dia se apaixonar por uma garota como você? Uma sangue-ruim? Melhor, deixe-me reformular a pergunta, você acha que ele iria se apaixonar algum dia?


- Do que você tá falando? – perguntou ela – Draco me ama. Você pode não gostar disso mas é verdade!


Bella riu. Gargalhou.


- Mesmo, querida? – disse Lúcio num tom de puro veneno – Tem certeza?


Hermione levantou os olhos para Draco.


- Malfoy? – chamou cautelosa.


Ele não a olhou. Ele apenas sussurrou.


- Sinto muito, Hermione.


Ela soltou o ar dos pulmões e sentiu seus olhos arderem enquanto Lúcio Malfoy se juntava a Bellatriz nas risadas.


- Tudo bem, tudo bem. – um outro comensal que Hermione não conhecia se pronunciou – Está tudo muito interessante, mas nós temos que nos apressar. O lorde quer esse trabalho pra hoje.


Lúcio e Bella pararam de rir no mesmo instante.


- Hermione... – Draco finalmente a olhou e segurou sua mão, ela tentou se soltar mas o aperto dele era firme – Eu sinto muito... – repetiu.


Nesse momento, Lúcio fez um aceno com sua varinha num feitiço silencioso.


Hermione se sentiu sendo puxada com força pra outro lugar. Tudo que sabia é que não tinha sido mandada de volta para Hogwarts.


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Notas finais do capítulo

N/A: Olá, pessoal! Como andam?

Espero que tenham gostado do capítulo. Ele não tem muito romance mas teve esse super encontro da Hermione com seu querido e adorável sogro... Algum palpite de para onde Hermione e Draco foram mandados? Comentem para dizerem o que vocês acharam ou pelo menos para mim saberem que estão lendo, não sabem o ânimo que me dá de escrever quando recebo comentários... E eu estou precisando muito de uma dose de ânimo ultimamente...

No próximo capítulo, Draco vai explicar o feitiço para Hermione e vocês vão finalmente entender essa “impossibilidade” dele.

Enfim, muito obrigado pelos comentários e pelos votos.

Até a próxima!!



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