O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 9
Setembro foi um mês de lágrimas


Notas iniciais do capítulo

"Ele não pode amar. Faz parte da charada que ele é." – Peter Pan



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Quando Hermione acordou, se recusou momentaneamente a abrir os olhos. Sabia que daria de cara com uma realidade horrível quando o fizesse. Mas não abrir os olhos, não ajudou nada em controlar o pavor. Sentiu cheiro de marisia, sentiu que estava deitada em areia, ouviu barulho de mar.


Abriu os olhos.


- Ah, meu Deus! – exclamou se sentando.


Sentiu uma vertigem por ter levantado rápido demais e fechou os olhos novamente até ela passar. Quando se sentiu melhor, os abriu novamente.


Estava sentada na areia, totalmente molhada e encarando o oceano. Estava numa ilha. Por que estava numa ilha? Por que Lúcio Malfoy os tinha mandado para uma ilha?


Por falar em Malfoy... Olhou para o lado e deu de cara com Draco Malfoy desacordado há uns cinco metros. Uma onda de fúria a atingiu quando o viu... Em pensar que ele tinha mentido pra ela... Se levantou e foi até ele em passos largos, começando a sacudi-lo para que acordasse. Como não adiantou, ela começou a chutar as pernas dele, levantando a areia e fazendo com que caísse toda em cima dele.


- Malfoy! – gritou sem querer conter a fúria que sentia. Estavam numa ilha deserta por causa do pai daquele idiota, a última coisa que queria era se conter. – Acorda!


Ele abriu os olhos e parecia tão confuso quanto ela.


- Hermione... – ele a encarou com o cenho franzido – O que aconteceu? O que estamos fazendo aqui?


Ela cruzou os braços e o encarou.


- E você vem perguntar isso pra mim? Por acaso foi o meu pai que nos mandou pra cá???


Ele se levantou vacilante e a encarou.


- Sei que está com raiva mas...


- COM RAIVA? – gritou – RAIVA É EUFEMISMO PERTO DO QUE EU ESTOU SENTIMENTO, MALFOY!


- Eu sinto muito... – ele disse, inutilmente e percebendo o quanto soou ridículo assim que aquilo saiu da sua boca.


- Você não sabe dizer outra coisa? – perguntou ela – Por que você não tenta me explicar porque motivo mentiu pra mim, pra variar?


- A culpa não é minha! – ele exclamou.


- Mesmo? – perguntou sarcástica - Porque eu não vejo jeito de isso não ser sua culpa, Malfoy!


- Ele colocou um feitiço em mim! – se apressou em dizer – Quando eu era pequeno!


- Seu pai colocou um feitiço em você? – perguntou um pouco mais calma. Só um pouco.


- É... – afirmou ele, feliz em ver que ela parecia disposta a ouvir – Ele sempre disse que a pior coisa que pode acontecer na vida de um homem é ele se apaixonar porque o faz ficar vulnerável. Sempre disse que seria a perdição pra qualquer plano, qualquer objetivo que esse homem vinhesse a ter. Então ele colocou esse feitiço em mim e...


- Você não pode amar? – ela o interrompeu chocada.


- Não romanticamente. – falou – Posso amar... amigos, minha mãe... Mas nunca uma garota... Não desse jeito...


Aquilo era demais pra ela. Era loucura. Que tipo de pai privava seu filho do amor? Hermione levou a mão a cabeça pensando em quão doido e absurdo tudo aquilo soava.


- Entende agora? – ele se aproximou dela – É só por isso...


Mas isso não mudava os fatos. E o fato é que ela tinha sido enganada.


- Não, eu não entendo! – ela se afastou dele e saiu andando - Você mentiu pra mim! Como pôde fazer isso comigo? Como teve coragem de me manter próxima quando não sentia nada por mim?


- Não diga isso. – disse indo atrás dela - Eu sinto muitas coisas por você... Eu gosto de estar perto de você... Gosto de te beijar...


Ela parou e o encarou.


- Mas não me ama... E você disse que amava!


- Se não fosse esse feitiço, eu tenho certeza que eu amaria! – ele gritou.


- Se não fosse esse feitiço, você poderia amar qualquer uma! – ela gritou de volta.


- Isso não é verdade... – ele respirou fundo, precisava fazê-la entender de qualquer jeito - Você não tem noção do que me faz sentir...


- E você tem noção do que me faz sentir agora? Você me torturou esse tempo todo fazendo questão de se manter por perto e não sair da minha vida quando o verão acabou, me fazendo te amar quando você sabia que nunca ia poder me amar também?


- Eu...


- Não. – ela fez sinal pra ele parar – Não fala mais nada.


Ela saiu andando de novo e ele fez menção de ir atrás dela mas...


- Não vem atrás de mim! – o tom dela o fez recuar no mesmo instante.


- Aonde você vai? – ele gritou para se fazer ouvir já que ela tinha se afastado bastante – É perigoso ficar por aí sozinha! Você não conhece esse lugar...


- Como se você se importasse... – ela gritou de volta, sem parar.


Tudo que Draco queria naquele momento é que ela soubesse o quanto ele se importava.


***


Draco soube que essa coisa de ser mandado para ilha era um plano do seu pai quando encontrou, não muito longe da onde estava, uma barraca velha com uma mesa e um colchão dentro.


Apesar de se sentir aliviado por não ter que dormir na areia, se sentiu em pânico por saber que aquilo era realmente um plano. Então havia alguma coisa de errada com aquela ilha. Algum monstro que ia matá-los ou alguma coisa pior.


Hermione não voltou desde a briga deles e ele temia por ela sozinha na ilha, mas também sabia que ela ia odiá-lo mais – se aquilo ainda fosse possível - se ele fosse atrás dela, então achou melhor deixá-la, apesar de tudo.


A varinha não funcionava ali, o calor era infeliz e não havia comida na barraca. Então ele saiu para arrumar alguma coisa para comer. Achou uma mangueira e uma bananeira, então abasteceu a barraca de frutas. Como tinha passado sua infância indo para acampamentos de verão, sabia pescar e agradeceu por isso. Imaginou se seu pai já pensava em lhe mandar para alguma ilha deserta quando ele tinha sete anos e lhe mandou para o acampamento aqueles anos só para se certificar que ele sobreviveria a uma temporada longe da civilização. Conhecendo Lúcio como Draco conhecia, não era impossível.


O dia passou e á noite, ele fez uma fogueira á lá homem das cavernas para assar o peixe.


Foi só mais tarde que Hermione apareceu.


Ela estava totalmente diferente da garota furiosa que largou ele falando sozinho mais cedo. Por um momento ele até se perguntou se haveria outra garota perdida naquela ilha, mas ela era mesmo. Draco não pôde deixar de perceber que talvez nunca tivesse visto Hermione tão linda quanto aquele momento. Ou ele estava se sentindo tão mal e com tanto medo de ela nunca mais olhar pra cara dele, que seu cérebro estava inventando coisas.


Ela aparentemente tinha rasgado a calça jeans, tranformando-a em um short, tinha se livrado do tênis e seu cabelo, que estava preso num rabo de cavalo, agora estava solto descendo em ondas até a cintura. Ela também tinha se bronzeado, resultado de andar o dia inteiro no sol.


Ela passou por ele sem falar nada e entrou na cabana batendo o pé.


Draco suspirou.


Pegou um pedaço de peixe e entrou na barraca também.


Ela estava sentada na mesa com a cabeça deitada na madeira, mas a levantou quando Draco se sentou á sua frente.


- Toma. – ele empurrou o peixe pra ela – De fome nós não vamos morrer.


- Talvez não de fome. – ela encarou o peixe – Mas quem sabe o que tem nesse peixe? Melhor passar fome, não?


Ele revirou os olhos.


- Eu não coloquei veneno aí. – ele disse – Posso ser um mentiroso, assassino não.


- Hum. Quem me garante?


- Eu garanto.


- E quem me garante que não está mentindo? – ela empurrou o peixe de volta pra ele – Não importa. Eu comi umas frutas, não estou com fome.


Um relâmpego clareou o céu.


Hermione olhou pra Draco.


- Como vamos fazer pra sair daqui? – ela perguntou.


Ele se surpreendeu com o fato de ela estar falando com ele sem o tom de sarcasmo ou ironia que ela parecia ter pegado o hábito de usar como forma de defesa mas achou que ela decidiu ser madura o bastante pra unir forças e arrumar um jeito de dar o fora dali.


- Não sei. – respondeu – Não se pode fazer magia aqui.


- Eu sei. Eles têm um plano.


- É. Eles têm.


Começara a chover.


Pela primeira vez, os olhos de Draco bateram no braço de Hermione e percebeu que ela sangrava. Se perguntou como não tinha reparado naquilo antes.


- O que é isso?


Ela seguiu o olhar dele e deu de ombros.


- Não é nada...


- Está sangrando.


- Eu caí na floresta.


- Está muito feio. – ele esticou a mão para tocar o machucado mas ela se afastou.


- Não. Me. Toque. – disse pausadamente.


- Não seja ridícula, Hermione. – ele revirou os olhos – Só quero tentar ajudar.


- Você é medi-bruxo, por acaso?


- Não. Mas sei que posso ajudar. Não quero te ver machucada.


- Então deveria ter imaginado que mentir pra mim iria machucar muito mais do que um simples ferimento.


- Pensei que já estivesse acostumada. – ele disse arrogantemente, já cansado daquilo – Potter não faz isso com você o tempo todo e você não continua que nem uma cachorrinha atrás dele?


Hermione pestanejou e uma lágrima solitária rolou pela sua face.


Draco se arrependeu instantaneamente.


- Hermione, me desculpe...


- E em pensar que eu achei que você tinha mudado. Como pude me enganar tanto com alguém? – e então se corrigiu – Melhor, como pude me enganar tanto com você? Pansy tinha razão. Nunca deveria ter confiado em você. Felizmente, desse mal eu não sofro mais. Assim que conseguirmos sair daqui, eu pretendo nunca mais dirigir uma palavra a você.


- Não vou desistir de você. – ele disse convicto.


- Para! – ela fez uma cara de nojo tão verdadeira que fez Draco se sentir a pior pessoa no mundo – Para de agir como se pudesse...


- Pudesse o quê? – ele questionou.


- Pudesse sentir. – ela completou.


Ela finalmente o atingiu em cheio. Era tudo que queria. Fazê-lo sentir pelo menos metade do que ela estava sentindo.


Ele apenas se levantou e saiu da cabana batendo a porta de madeira.


***


Draco não voltou.


O que era até bom porque assim eles não precisariam brigar pela cama. Porque, sinceramente? Hermione não estava nem um pouco afim de mais uma briga.


O problema era que mesmo sabendo que Malfoy não valia nada, ela não deixou de se preocupar com a droga daquele garoto andando sozinho por aquela ilha, no meio de uma tempestade.


A chuva não queria cessar e o machucado de Hermione não parava de sangrar apesar de ela ter estancado o sangue com um pedaço da blusa, o pano estava encharcado. Ela já estava se sentindo fraca. Foi quando um estrondo lhe foi ouvido. Tudo que ela viu antes de desmaiar foi um clarão branco.


***


Draco estava sentado na areia da praia, sem se importar com a chuva, pensando no quanto Hermione podia ser inconveniente quando queria. Será que ela não podia ver que ele só tinha mentido porque queria ficar perto dela? Porque estava fazendo tão grande caso disso? Ele teve boas razões! Se pudesse, tinha certeza que a amaria!


Ainda estava pensando nisso quando ouviu um estouro. Ele não viu nada acontecer, foi tudo num piscar de olhos principalmente porque estava de costas para a cabana. Quando se virou ela estava lá, destruída.


- HERMIONE!


Ele se levantou e teria corrido até lá mais rápido se não sentisse que iria desmaiar a qualquer minuto. O lugar estava todo queimado e o teto tinha caído, Hermione estava na cama destruída, desmaiada.


- Hermione... – ele chegou até ela cambaleando.


Por incrível que pareça, a garota não estava morta. Mas seu rosto e corpo estava cheio de pequenos ferimentos. Com muita dificuldade devido á sua súbita fraqueza, Draco a arrastou para fora da cabana. A chuva continuava forte e ele começou a arrastá-la pela ilha, procurando um lugar em que pudessem se abrigar da chuva. Não pensava direito, sua cabeça parecia que ia explodir. Em um certo ponto, não aguentou mais e caiu na areia da praia junto com Hermione.


Draco desmaiou.


***


O ar em Hogwarts era pesado depois de que Draco e Hermione desapareceram. Os professores tentavam acalmar á todos e dar as aulas normalmente mas ficava complicado com todos tão agitados.


Gina estava no salão comunal da grifinória, furiosa.


Tinha acabado de vir do dormitório do Harry.


Foi até lá com a intenção de namorar um pouco, mas o idiota do seu namorado só conseguia ficar falando e pensando na Hermione. Não que Gina não se preocupasse com a amiga. Se preocupava até mais do que queria, pra falar a verdade. Mas... fala sério, Malfoy não ia deixar nada acontecer com ela, ia? Ele podia ser um idiota, mas todo mundo naquela escola já tinha visto o jeito que ele olhava para Hermione, como ele parecia se importar com ela. E se ela tivesse mesmo morrido, por que não tinham achado o corpo dela? Sua mãe sempre dizia que notícia ruim chegava fácil.


Por falar no garoto-que-sobreviveu, lá estava o dito cujo passando pelo salão comunal como se não visse nada na frente.


- Harry? – ela foi atrás dele – Aonde você vai?


- Dar uma volta, Gina. – respondeu apaticamente, sem olhá-la.


- Pra quê? Pra ficar se martirizando pela Hermione? Harry, não há nada que você possa fazer.


Harry parou e se virou. Suspirou, tentando se acalmar.


- Gina, não tá mais dando certo.


A ruiva ficou confusa.


- O quê?


- A gente. – ele falou – Acho que a gente devia terminar.


- Não! – ela falou, seu coração acelerando no mesmo instante – Claro que não! Eu te amo!


- Eu também te amo, Gina... – ele encolheu os ombros - Mas como uma irmã... Desculpa se eu confundi as coisas.


- Não pode terminar comigo assim! – seus olhos começaram a marejar.


- Sinto muito, Gi... – ele se aproximou e beijou sua testa – Vai achar alguém um dia que vai te merecer mais do que eu.


E então ele se afastou, deixando uma ruiva dislacerada pra trás.


***


Pansy não tinha conseguido dormir bem nos últimos dias, então naquela noite ela nem foi para a cama. Ficou no salão comunal e permaneceu lá até todos irem dormir e ela ficar completamente sozinha. Se cobriu com um cobertor deitada em um dos sofás. Sem Draco e sem – por incrível que pareça – Hermione, ela ficava completamente só. Lucas agora estava namorando com a idiota da Miller e não dava a mínima atenção para ela. Draco sempre esteve ao seu lado. Achava que isso mudaria quando ele começou a se interessar por Hermione mas foi o contrário, Hermione e ela se tornaram... amigas.


Já era bem tarde quando Lucas entrou pelo salão comunal e encontrou Pansy deitada no sofá. A garota tinha pego no sono, mas Lucas podia perceber que ela esteve chorando porque seu rosto estava úmido. Se sentiu mal.


- Pansy...


Pelo fato de ter sono leve, ela logo acordou e deu de cara com Lucas abaixado ao seu lado.


- O que foi? – murmurou ela se sobressaltando – Alguma notícia?


- Não. – ele respondeu com um sorriso triste - Por que não vai pro dormitório?


Ela se sentou lentamente.


- Estou preocupada demais para dormir direito.


- Eles vão ficar bem. Draco sabe se cuidar. Eles não fariam nada com ele.


- E Hermione?


Ele parecia sem palavras.


- Sabemos que pra ela é mais complicado... Ela é sangue-ruim...


Pansy suspirou.


- Gosta dela, não é? – ele perguntou.


- Nunca pensei que diria isso mas ela é... minha única amiga... Eu sinto como se pudesse contar qualquer coisa... – ela sorriu – Nunca vou contar isso pra ela, claro.


Lucas riu.


- Mas... você pode me contar qualquer coisa também, Pansy... Sou seu amigo também.


Ela o olhou querendo mesmo lhe contar tudo... mas sem poder.


- Esse é o tipo de momento em que garotas precisam de garotas para conversar.


- Bom, estou vendo que fui dispensado. – brincou.


- É...


Ele a abraçou.


- Vai ficar tudo bem, Pansy.


Ela não falou mais nada. Só aproveitou o momento.


***


No dia seguinte, era bem cedo quando McGonagall se dirigiu a torre da grifinória. Harry e Rony estavam no salão comunal da grifinória quando a diretora da casa apareceu.


- Sr. Potter, Sr. Weasley... – ela disse a eles - Acho que vão querer me acompanhar.


Os dois a seguiram com um sentimento de dèja vu. Não foi com grande surpresa mas com certeza com grande ansiedade que eles se dirigiram á Ala Hospitalar.


Assim que entraram, deram de cara com a Parkinson e o Mason. Eles estavam do lado da cama onde Malfoy estava, mas Pansy olhava para Hermione preocupada. Os dois se dirigiram a amiga:


- Mione... – Rony segurou a mão fria e machucada da amiga. Não era apenas a mão de Hermione que estava machucada... cada parte do seu corpo estava coberto de pequenos ferimentos. Nenhum dos dois tinha visto a menina parecer tão indefesa quanto naquele momento.


- Nós os encontramos nos terrenos do castelo há uma hora. – Minerva contou - Não sabemos o que os trouxe até aqui. Feitiço ou chave de portal... Não temos idéia.


- Ela vai ficar bem? – perguntou Harry, com a voz fraca. No momento, era tudo que queria saber.


McGonagal suspirou.


- Só o tempo vai dizer...


***


Assim que Draco abriu os olhos, deu de cara com Lucas.


- E o belo adormecido acorda... – falou o sonserino.


- Lucas? – perguntou se sentindo meio tonto.


- Dois dias longe e já esquece dos amigos? – Lucas riu da própria piada – Como está?


- Só uma dor de cabeça... Onde está Hermione?


Lucas apontou com a cabeça para a garota desacordada na cama ao lado.


- Madame Pomfrey disse que você ia acordar logo... mas não tem previsões pra ela... Ela estava muito mais machucada que você.


- Mas ela vai ficar bem?


- Acho que sim. – falou incerto - Mas o que aconteceu exatamente?


- Um raio caiu na cabana onde ela estava. – respondeu ainda olhando para a grifinória.


- E onde você estava?


- Do lado de fora, nós tínhamos brigado.


- Sorte sua. – Draco o olhou irritado – Quero dizer...


- Preferiria mil vezes que aquele raio tivesse caído em mim. – Draco suspirou, voltando os seus olhos para Hermione – Algo me diz que era pra mim.


***


Mesmo já estando bem pra sair da Ala Hospitalar, Draco arrumou desculpas para continuar ali. Precisava ficar perto de Hermione, cuidar pra que ficasse bem. E mesmo assim, não aguentaria seguir normalmente sabendo que ela estava na Ala Hospitalar, desacordada.


Quando aconteceu, Draco não estava esperando. Hermione acordou sentindo um aperto na sua mão e uma dor forte na cabeça. Ainda estava tudo embaçado, então ela esfregou os olhos com a outra mão. Essa doeu assim como seus olhos, que arderam.


A primeira coisa que viu foi o cabelo dele. Estava deitado com a cabeça na cama, sentado numa poltrona ao lado. O aperto na sua mão vinha da mão dele.


Por um momento, achou aquilo lindo e tentou sorrir. Mas é claro, seu rosto doeu. Na verdade, todo doía.


Então o motivo para toda aquela dor lhe veio na cabeça, assim como tudo que aconteceu antes e onde aconteceu. Puxou sua mão rápido para longe dele – essa doeu -, que acordou assustado.


- Hermione... – ele disse com os olhos arregalados, apesar de um pequeno sorriso começar a brotar na sua face – Você acordou! Graças a Merlin! Eu estava tão preocupado!


Ele a abraçou mas não a sentiu corresponder ao abraço.


- O que você ainda tá fazendo aqui, Malfoy?


Ele se afastou e a olhou.


- Como assim? – ele parecia confuso – Eu estava aqui, preocupado com você...


Hermione sentia cada parte do seu corpo doer. Lágrimas começaram a rolar pela sua face machucada, mas ela decidiu ser forte. Tudo aquilo começou quando ela começou a se envolver com o Malfoy. Aquilo acabaria assim que ela deixasse claro que não queria mais nada com ele. Ou pelo menos ficaria mais fácil de lidar com ele longe. Só queria acabar logo com aquilo.


- Pensei que eu já tinha deixado claro que não ia mais aceitar suas mentiras. Será que você pode parar de fingir? Você não se importa!


- É claro que eu me importo, Hermione! – ele disse numa voz meio desesperada. Precisava fazê-la entender – O fato de eu não te amar, não significa que eu não goste de você, que eu não queira o seu bem...


- E sabe o que eu quero? – falou ela em meio ao choro – Que você vá embora!


- Não vou fazer isso.


- Se você realmente quer meu bem, você nunca mais vai falar comigo, Malfoy. Você nunca mais vai sequer olhar pra mim. Essa é a melhor coisa que você pode fazer por mim.


- Não... Você não vê? Nós precisamos um do outro.


Ela balançava a cabeça negativamente.


- Não... Nós não precisamos.


- Precisamos sim!


- Não! Nós nunca precisamos! Nós vivemos dezessete anos sem precisar um do outro. Mais que isso, nos odiando! E foi só parar de te odiar pra eu ser machucada como eu nunca fui. Nem pelo Harry. Nós forçamos a convivência e a simpatia e tudo virou uma bagunça. Nós lutamos contra o curso natural das coisas e está tudo um desastre. Quer prova maior de que, independente de você ter mentido, nós estamos melhor separados?


- Eu não vou estar melhor separado de você.


- Mas eu vou. Então...


Draco sentiu uma fúria lhe invadir. Então ele tinha esperado dias pra ela acordar, pra isso?


- Vai se arrepender disso, Granger. – falou com raiva.


- Duvido muito, Malfoy.


Ele saiu da Ala Hospitalar e Hermione se permitiu chorar com vontade, sem vergonha.


Tudo estava como era antes.


***


- Que bom que acordou, Mione! – dizia Rony – Não sabia o quanto a gente estava preocupado.


- Tem que prometer que nunca mais vai fazer isso! – disse Harry.


- Promessa de grifinória! – ela sorriu – Gina, algum problema?


A amiga estava calada e parecia ter chorado muito. Algo dizia pra Hermione que não era de saudade.


- Harry e ela terminaram. – contou Rony.


- Ah... – Hermione se sentiu apática mas tinha que demonstrar um sentimento – Eu sinto muito.


- Tudo bem, - disse Harry, tranquilo. O oposto de Gina – foi pra melhor.


- É. – confirmou a ruiva, mas seu rosto dizia exatamente o contrário – Agora se me permitem, eu tenho que falar com a Luna.


Ela se aproximou e abraçou Hermione, falando em seu ouvido:


- Depois conversamos.


Os outros observaram ela sair como uma tempestade.


- Tem que nos contar tudo que aconteceu. – disse Harry logo depois.


Hermione começou a relatar as coisas que aconteceram na ilha.


***


Pansy entrou na ala hospitalar e foi até a cama de Hermione hesitante. Nunca foi boa em momentos como aqueles.


Ficou um tempo olhando a amiga até que viu que ela sorria, meio convencida.


Pansy revirou os olhos enquanto ela acordava.


- Aposto que sentiu minha falta, vadia... – falou Hermione baixo, por ainda estar muito fraca.


- Como se você não tivesse sentido a minha, sangue ruim.


A grifinória ficou séria.


- Até que enfim você veio me ver!


- Estava tomando coragem... E despistando o Draco, claro. Você brigou feio com ele, pelo que eu entendi. Isso se estende pra mim também?


- Não, Pansy... Você tentou me avisar... Você tinha razão o tempo todo, nunca deveria ter acreditado no Malfoy. Você disse que ele poderia me machucar muito mais que Harry e eu não levei a sério... mas naquela época eu não sabia o que ser machucada. O que Harry “fez” parece um arranhão comparado ao que Malfoy fez. Só não entendo porque ele não disse a verdade desde o começo...


- Porque você é a garota que faz os sentimentos dele mais se aproximarem de amor. Por isso ele quer você por perto. Pra saber que ainda pode sentir... Sei que está chateada por ele ter mentido pra você... Mas deveria saber que ele realmente se importa. Eu acho que nunca vi ele se importar tanto assim com alguém. Quando você não acordava, ele estava um caco.


- Não importa. O que importa é que ele mentiu. E mesmo que eu pudesse perdoar a mentira, eu não poderia ficar com alguém e amar alguém que não me amasse.


Pansy assentiu.


- Esse foi o motivo pelo qual Draco e eu terminamos.


Hermione deu um sorriso triste e as duas ficaram em silêncio por um tempo.


- Espero que ainda possamos ser amigas... – disse Hermione.


- Como se você tivesse outra pessoa pra se lamentar... – disse Pansy irônica.


- Ah, tá. Sem mim, quem te ouviria chorar pelo Mason?


A sonserina se aproximou e abraçou a amiga.


- Obrigada por ser minha amiga, sangue-ruim.


- Obrigada por ser minha amiga, vadia.


***


Quando Pansy voltou para a sonserina, levou um grande susto. Tocava uma música alta no salão comunal, todos os sonserinos estavam ali e havia uma faixa enorme na parede:


“Bem Vindo De Volta, Draco”


Ela suspirou.


- Como eu não previ isso? – perguntou para si mesma.


Lucas se aproximou dela.


- Gostou?


- Aposto que foi idéia sua. – disse ela, se virando pra ele.


- Foi. E Draco adorou.


- Lucas, Draco está chateado, triste e com raiva. Uma bebedeira só vai piorar as coisas.


- Eles quis, Pansy. Deixa o cara. Ninguém mandou a Granger dar o fora nele.


- Ele sabe muito bem que está errado. E isso só vai piorar as coisas!


Pansy se afastou e foi até Draco que estava no bar montado, tomando wisky de fogo.


- Draco. – ela se sentou ao lado dele – Você tá bem?


- Só preciso ficar bêbado – disse tomando mais um gole – que eu vou ficar ótimo!


- Olha, sei que está se sentindo mal... Mas beber só vai piorar as coisas.


- Eu não estou mal, Pansy. Quem te disse isso? Pelo contrário, eu estou tão bem como há muito tempo não estive. Hermione tinha razão, nós ficamos muito melhores separados.


Ele se levantou e foi conversar com algumas garotas.


Pansy apenas suspirou. Como os dois estavam errados...


***


Uma hora depois, Draco estava deitado no sofá da sonserina com umas cinco garotas em volta.


- Então ela terminou comigo... – contava ele, bêbado – Só porque eu não a amava.


- Ah, coitadinho... – disse uma das garotas acariciando o cabelo dele.


A garota se curvou e o beijou, Draco correspondeu á altura.


- Ah, Draquinho... – outra se aproximou – Você vai nos deixar na mão também?


Pansy chegou quando a outra tinha começado a beijá-lo também.


- Ah, por favor! – ela fez cara de nojo – Dêem o fora todas vocês!


- Pansy, não seja idiota! – brigou Draco enquanto as garotas a olhavam com um olhar superior.


Ela tirou a varinha do bolso.


- Quero vocês fora, ou transformo o cabelo tingido de vocês em palha!


Elas não pensaram duas vezes.


Quando elas se afastaram, Pansy guardou a varinha e encarou Draco.


- O que você tá fazendo?


- O que você quer que eu faça?


- Draco... – ela se sentou ao lado dele – Nenhuma delas é Hermione. E eu sei que é ela que você quer.


Ele desviou o olhar, prendendo o maxilar com raiva. Não de Pansy, mas dele mesmo por saber que aquilo era a mais pura verdade e, talvez,  de Hermione por não perdoá-lo.


- Não é assim que vai conseguir esquecê-la.


Ele suspirou e se levantou, saindo em direção aos dormitórios.


***


Hermione estava sem sono, por isso, em vez de dormir ficou lendo um livro na Ala Hospitalar. Se assustou com o barulho da porta se abrindo, e franziu o cenho ao ver que ninguém passara.


- Harry? – ela chamou.


Ele apareceu do seu lado com a capa de invisibilidade na mão.


Ela estava confusa.


- Tá tarde...


Ele apenas balançou a cabeça.


- Tem alguma coisa errada?


- Não sei.


- Harry... Tá me assustando. Fala o que houve.


- Você... – ele hesitou - ainda está com o Malfoy?


- Por que tá perguntando isso?


- Me responde. – pediu – Por favor.


- Não... – ela desviou o olhar – Acabou.


Ele se aproximou mais e segurou sua mão.


- Você me ama?


O coração de Hermione deu um pulo.


- Claro que eu te amo. – ela falou – Você é meu amigo.


- Não. Do outro jeito.


Ela apenas olhou naquelas duas esmeraldas por alguns segundos.


- Harry... eu não tô entendendo...


Ele suspirou, como se estivesse prestes a falar algo muito difícil.


- Quando eu vi que você estava trocando a gente pelos sonserinos, eu me senti muito mais encomodado do que um amigo... – Hermione prendeu a respiração e lágrimas começaram a brotar nos seus olhos - E quando a gente não sabia onde ou como você estava, só sabíamos que estava com Malfoy, eu nem conseguia dormir. Precisava saber se você sentia o mesmo... porque eu acho que eu estou totalmente apaixonado por você.


As lágrimas começaram a rolar pelo rosto da garota. Será que estava sonhando? Com certeza tinha sonhado por muito tempo com aquilo.


- Eu... – ela respirou fundo para conseguir falar em meio ao choro – Eu sempre fui apaixonada por você.


Ele pareceu surpreso, mas não perdeu tempo.


Se aproximou e a beijou.


Hermione não sabia dizer o que sentiu, mas com certeza foi a melhor coisa do mundo. O beijo de Harry era muito melhor do que podia imaginar. Era indescritível, era impecável, era... mágico.



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Notas finais do capítulo

N/A: Olá pessoal!

Não me matem por esse final! Ele foi necessário! :D

Bom, tá aí... Quem chutou que Hermione não ia gostar nem um pouco do Draco ter mentido para ela, acertou. Ele não foi sincero com medo de perdê-la e acabou perdendo do mesmo jeito.

Continuem comentando, dando palpites, dizendo o que estão achando... Enfim, é muito importante pra mim. Mesmo. Então comentem. Por favor. Por favor. Por favor.

BjuX



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