The Woman That I Loved escrita por ari_maknae


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Essa é uma história idealizada por mim e por uma amiga minha. Espero que goste ^-^



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Eu poderia ter encontrado muitas razões para explicar o porquê dela ter se tornado a única que eu realmente amei, mas isso seria como dar desculpas para o nosso relacionamento tão peculiar. Ela era como um cavalo selvagem: indomada e livre. Não existe um dia que eu passe sem pensar no seu modo de andar, tão intenso e provocativo; no jeito como jogava seu cabelo para trás quando estava aborrecida, mas tentava parecer inabalada; o jeito como ela conseguia me cativar apenas com um olhar e como eu completamente me rendia a ela com apenas um gesto. Em um dia ela estava ali e no outro não estava mais. Alguns a chamavam de volúvel e controladora, mas realmente a mulher que eu amei não podia ser compreendida pelas pessoas ao seu redor.

O modo como nos conhecemos foi realmente uma ironia do destino. Foi por volta dos meus vinte anos, num final de semana de uma estação qualquer. Parei o carro em frente à uma mansão que ocupava quase um quarteirão completo. Existem pessoas que não tem mais onde gastar seu dinheiro e então constroem ‘monumentos’ para chamar de lar. Lembro-me de estar um pouco ansioso esse dia quando bati na porta da residência. Uma mulher baixinha e vestindo um uniforme de empregada, que parecia ter saído de um filme norte americano, abriu a porta e me perguntou quem eu era.

- Jay! – Uma garota de uns dezoitos anos veio correndo de dentro de casa e se jogou em meus braços. Acho que isso poupou introduções.

- Alex.

- Venha, meus pais estão nos esperando.

Ela segurou minha mão e me conduziu por aquilo que mais parecia um museu, onde só havia vasos, quadros e tapetes aparentemente caríssimos. Engraçado que não vi nenhuma foto sequer da família e tinha plena certeza de que o motivo para isso com certeza não era porque não gostavam de fotos. Pela varanda da sala de jantar, havia uma escada em espiral que levava ao quintal da casa, onde havia uma enorme piscina olímpica e várias cadeiras de praias. Um homem estava sentado em uma delas e se levantou quando nos avistou. Bem, eu diria que aquele era o pai, se tivessem me perguntado. Não somente pela camisa pólo impecável, a bermuda grafite e os óculos escuros de grife, tudo lhe dando um ar de ricaço, mas também pelo modo como ele baixou os óculos para me analisar, passando os olhos dos pés à minha cabeça e então para minha mão, que segurava a de Alex.

- Você deve ser o tão famoso James. – Ele me estendeu sua mão e eu a apertei com firmeza. Me ensinaram que o aperto de mão de um homem diz muitas coisas a seu respeito. Com certeza o que eu podia tirar do aperto de mão dele era que ele não era de brincar e que gostava de impor sua autoridade.

- Imagino que sou ele mesmo, senhor.

- Sente-se. Logo minha mulher se juntará à nós.      

Acomodei-me em uma das cadeiras enquanto Alex foi entrar na piscina. Realmente ela era muito bonita. Considero-me um homem com bom gosto para mulheres. Mesmo sendo mais nova que eu, ela havia conseguido me conquistar com seu jeito tão presente e sua felicidade sempre tão radiante. Nos conhecemos há uns três meses, no dia de meu aniversário, quando meus amigos decidiram dar uma festa surpresa completamente entendiante. Ela tinha o seu cabelo liso e negro preso pela metade, mas ainda sim, batia quase na metade das costas. Usava uma blusa com um decote discreto e uma saia rodada. Para completar, não poderiam faltar as sandálias de salto alto, um item muito essencial para deixar uma mulher bonita. Nem percebi quando ela se aproximou de mim. Eu estava sozinho num canto da casa, bebendo distraído de tudo que acontecia ali. Ela se juntou à mim na bebida e começamos a conversar. Depois de umas duas horas de muita conversa, já estávamos bêbados o suficiente para sermos mais irresponsáveis e foi quando ela me beijou. Éramos dois desconhecidos numa noite sem ter que provar nada a ninguém. Só usamos o acaso em nosso favor e foi assim que acabamos no caminho para o meu quarto. Dou completo direito a vocês de julgar-me: eu não me interessava muito com o nome da pessoa, desde que me desse uma boa noite e não me procurasse no dia seguinte. Se eu me interessasse, a última coisa que teria feito na primeira noite era levá-la para o quarto. Principalmente o meu quarto, meu santuário onde eu posso brincar de deus.

Eu não a procurei novamente, mas ela me encontrou. Ela sempre me encontrava. Nunca me pediu nada, nunca cobrou nada. Ela sempre estava lá me esperando. Eu poderia ter mandado ela embora e ter tirado ela da minha vida, mas ela era como um novo quadro na decoração de uma sala. No principio, destoa do ambiente e a primeira coisa que repara é no novo adereço. Mas com o passar do tempo, se torna parte integrante da casa e a falta dele é a única coisa que é notada. Ela se tornara um adereço na minha casa. Fiquei acostumado à tê-la ali comigo. Quando me dei conta, já estávamos envolvidos. Todos nossos amigos já sabiam do nosso relacionamento e nosso dia se resumia a ir para as aulas, passear durante a tarde e acordar com ela em minha cama novamente no dia seguinte. 

Realmente já era rotineira aquela relação. Ela não me pedia nada, apenas se dava a mim por completo. Embora fosse muito cômodo, eu sabia que precisava fazer algo. Foi esse o motivo que me levava agora a estar naquela casa, com aqueles olhares ferozes do pai dela sobre mim. Devo confessar que não passo muita segurança a um pai, não tenho o visual de um cara certinho e a quem um pai gostaria de entregar sua filha. Pareço mais o tipo que rouba a filha deles e quebra o coração delas depois, o tipo de homem contra quem os pais advertem as garotas.

- Então, James – O modo como ele disse meu nome era como se fosse um insulto – Quais suas intenções com minha filha?

- Querido, não deveria interrogar o rapaz desse jeito. Ele vai acabar fugindo.

Quando me virei para trás para ver quem estava falando, tive que me segurar para não demonstrar tudo que senti naquele momento. Uma mulher realmente linda estava descendo a escada em espiral e vindo se juntar à nós. Os cabelos eram uma mistura de cacheados com ondulados, a pele era um tanto bronzeada, os olhos cobertos por óculos de sol. Ela usava um vestido longo com um decote bem acentuado na frente e as costas completamente nuas. Ela beijou o pai de Alex e foi se sentar numa cadeira atrás dele, pegando uma revista para ler. Pareceram vários minutos que fiquei olhando para ela, quando na verdade, foram apenas segundos. Espero que não me julguem errado, embora eu preste atenção nas mulheres, sempre fui fiel às minhas poucas namoradas, mas aquela mulher tinha uma presença fora do comum. O jeito como folhava a revista e como jogava o cabelo para trás, parecia uma daquelas esposas dos poderosos da máfia. Talvez se encaixasse bem esse título à ela. Parecia ter no máximo 35 anos, então imaginei que não devia ser a mãe de Alex, além da óbvia diferença física entre elas.

Desviei minha atenção dessa dama tão formosa para tentar me concentrar no marido dela, que aparentemente já não havia gostado de mim, não precisava dar-lhe motivos concretos para isso agora.

- Com certeza as melhores das intenções, senhor. Tudo que quero é que ela seja feliz.

- E acha que pode dar isso à ela?

- Ela acha. É o que importa, não?

Ele se ajeitou na cadeira. Parece que minha resposta não lhe agradou muito. Deveria mentir? Era a verdade, oras. Haviam me ensinado a não mentir. Mas se mentisse, que mentisse muito bem então. Existem situações que nos levam ao limite. Momentos em que você pode deixar tudo de lado só para fazer uma loucura. Mas aquele não era o momento. Ainda.

Alex saiu da piscina, colocando um roupão e veio se sentar ao meu lado, segurando minha mãe e entrelaçando nossos dedos. Olhei para ela. Estava com o cabelo negro pingando e tinha a pele toda molhada. Sem dúvida me sentia muito bem de chamar aquela garota de minha namorada, mas não podia mentir e dizer que não havia outra que me chamara muito a minha atenção. A misteriosa dama permaneceu entretida com sua revista o tempo todo e nem sequer olhou para mim uma única vez. Isso me desapontou um pouco, talvez ferisse um pouco meu ego.

- Eu o amo, pai. E é com ele que quero ficar. Sei que quer minha felicidade. Pois ela está junto do Jay. – Alex sorriu para mim e eu devolvi o sorriso.

-Creio que não posso impedir isso, então. Seja merecedor da minha menina, James. Bem, vamos receber alguns amigos daqui a pouco e quero que fiquem aqui.

Ambos consentimos. Alex me puxou pela mão até seu quarto. Acho que não preciso entrar em muitos detalhes do que passamos quase duas horas fazendo lá, certo? Apesar do que a maioria deve estar pensando não ficamos as duas horas completas fazendo ‘coisas indevidas’, também ficamos conversando. Eu gostava de ouvi-la contar as coisas que ela queria que eu soubesse. Foi nesse dia que ela revelou para mim que era virgem quando me conheceu. Lembro de ter ficado um pouco irritado na hora, ela deveria ter me dito, afinal, a primeira vez dela foi como se ela fosse uma qualquer para mim. Mas ela me disse que ela queria que eu fosse o primeiro homem dela. Já havia me visto muitas outras vezes e tudo que ela queria era ter a mim. Bem, depois de um comentário desses, com certeza meu ego ficou muito mais inflamado. Como homem, isso era uma realização.  Deixei-a só enquanto ela tomava um banho e se arrumava para ir cumprimentar os amigos de seu pai. Saí do quarto, tentando encontrar o caminho para a piscina novamente, mas aquela casa era tão grande que precisaria de um mapa para não me perder. Virei uns três corredores e não encontrei a enorme escada por onde havia subido com Alex. Ouvi murmúrios vindos de um dos cômodos que passei. Parei para ouvir mais atentamente. Eram sons realmente perturbadores de tão reconhecíveis. Cheguei mais perto para ver de quem pertenciam as vozes. Aparentemente o pai de Alex não se contentava em ter sua dama magnífica, ele precisava ter outra. Dei alguns passos para trás, realmente não precisava presenciar aquilo, mas dei de encontro alguém. Estava meio escuro, então não reconheci de imediato. Senti ela por a mão sobre minha boca, pedindo silêncio e me puxando para longe dali, até uma varanda que dava para a frente da casa.

- Está tudo bem, sra. Brown?

-Por favor, não me chame assim. Me sinto mais velha do que já sou. Me chame de Charlize, por favor.

A voz dela preencheu o lugar. Era um tom sedutor e envolvente. Me senti preso no olhar que ela me lançou. Era como se ela conseguisse me enfeitiçar por completo e eu nem ao menos tinha chance de lutar contra isso. Não devo ter sido o primeiro a cair tão completamente por uma mulher como ela, mas o que senti por aquela mulher era um desejo tão ardente que eu podia ser consumido em chamas. Era algo além do desejo carnal e físico.

- Realmente acha que é a primeira vez que aquilo acontece? Parece que nunca fui suficiente para meu marido. Bem, ele nunca foi suficiente para mim, se me entende. – Ela riu brevemente, me lançando um olhar cúmplice. Sim, eu entendia.

-Alex sabe?

- Realmente se importa com ela, James?

- Ela é importante para mim. Se não o fosse, com certeza eu não estaria aqui, assumindo um compromisso com ela.

- Até onde iria por ela?

O olhar dela era desafiador. Como se ela achasse que eu cometeria alguma loucura e quisesse me provar que eu estava errado em dizer que me importava com ela. Acho que ela mesma não se importava com Alex. Percebi ela deslizar a mão em minha direção, pelo corrimão do parapeito onde nos apoiávamos.

- O que quer saber com isso?- Podia sentir que eu estava ficando tenso.

- A curiosidade é uma praga da raça humana, não acha?- Ela se aproximou de mim lentamente, deixando seu rosto perto do meu – Talvez meu maior defeito seja querer tudo que não posso ter. Mas eu sempre consigo o que quero, James.

Ela riu, acho que esse jogo estava inflando seu ego feminino. Vi ela se afastar aos poucos, fazendo o trajeto de volta novamente, enquanto eu fiquei parado na sacada, sem reação por mais algum tempo. Eu deveria estar perdendo a cabeça. Ela estava me provocando ao extremo. Que tipo de homem ela pensava que eu era? Obviamente o tipo que cairia por ela. Droga, por que ela tinha que estar certa a respeito disso? Por mais que eu sentisse minhas pernas tremerem perto dela e que a presença dela me causasse tais efeitos, esse desdém com que ela me tratou; o modo como ela deu a entender que seria tão fácil assim para ela conseguir ‘o que queria’ – e é claro que eu imaginava estar inserido nesse contexto – me deixou com raiva. Sim, eu a desejava como nunca desejei alguém. Mas não iria me render aos joguinhos de sedução dela. Iria fazê-la sofrer com o próprio veneno, ou seria com o seu pior defeito? Tomem seus lugares, senhores, porque o jogo está para começar. Devo avisar, meu maior defeito é que eu nunca perco.


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Notas finais do capítulo

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