As Aventuras Secretas de Harry Potter

Parte II

Hermione vestiu uma camiseta de alças finas sorrindo enormemente. “Tenho que ligar pra Ginny!” pensou, vendo o pedaço visível do celular sobre a mesa de cabeceira, debaixo da camisa de Rony, tirada com pressa na noite anterior. A garota riu, sapeca, pegou a camisa, olhando furtivamente para a porta do banheiro onde um chuveiro estava ligado. Apanhou o telefone, se largando de bruços na cama abraçada à camisa do namorado.

“Alô?” disse uma voz sonolenta do outro lado da linha.

“Ginny!”

“Ah, oi Mione... Tudo bem?”

Hermione estranhou o tom da amiga; apesar de ainda ser cedo, Ginny não costumava estar tão desanimada de manhã.

“To ótima, e você?”

“Bem...” ela ouviu uma risadinha e pensou ter ouvido uma voz atrás da garota. “Mas então, o que você tem pra contar de tão importante? É sábado, você não costuma ligar antes das dez...”

“É, bem...” Mione não conseguiu evitar o sorriso, mas descobriu que não sabia como dizer aquilo. “Eu queria contar pra você uma coisa, mas não queria que fosse por telefone, queria ver a sua reação. Recebeu aqueles espelhos gêmeos que eu te mandei?”

“Recebi, e adorei. Não sabia que ainda vendiam deles no Beco Diagonal.”

“Ah, foi realmente um achado!” ela disse, ouvindo o chuveiro ser desligado. “Encontrei eles numa loja perto do Olivaras, é bem em frente. Mas então, está com o seu por aí?”

“Aah...” Ginny hesitou. “Ele está meio longe agora, Mione...”

“Está na sala, na cozinha, no escritório...?”

“Está lá em casa.” Ginny disse em tom de confissão.

“Lá em casa?” a garota perguntou, sorrindo marota.

Rony saiu do banheiro, sem camisa, enxugando o cabelo numa toalha. Hermione se virou, sorrindo pra ele, e mordeu o lábio inferior, provocando-o. Ele riu rouco e se virou, pegando um pente em cima da penteadeira.

“Ah, na verdade, Mione...” respondeu Ginny, meio nervosa. “Eu não to em casa.”

“Ta na casa da sua mãe?”

“Não.”

Ron deitou-se ao lado de Mione e começou a beijá-la a parte nua das costas, subindo em direção ao pescoço. Ele sabia que isso causava muitos arrepios na namorada.

“Como assim não – Páre, Rony!”

“Rony?” ela ouviu do outro lado Ginny com um tom divertido na voz.

“Ah, bom...” disse a morena, sentindo que estava corando. “É, o... seu irmão ta aqui... Tá mandando um beijo.” continuou muito rápido, disfarçando.

Ginny virou-se para uma outra pessoa, que respondeu.

“Harry ta mandando outro.”

“Como assim ‘Harry ta mandando outro’?” perguntou, desconfiada. “Ele ta aí?”

Ginny não respondeu de imediato. Mas Rony parou de chofre no meio do caminho de um beijo no ombro da morena.

“Harry?” ele perguntou. “Com quem está falando, Mi?”

“Com a Ginny.” Ela respondeu sem pensar, tampando o bocal do telefone. Então arregalou os olhos e deixou o braço cair, vendo o que tinha feito ao perceber a expressão no rosto do namorado.

“É, eu passei aqui hoje, mas depois vou pro trabalho.” Ginny respondeu, disfarçando alguma coisa na voz, mas Hermione nem pareceu ouvir a garota.

“Eu vou matar aquele desgraçado!”

“Não vai não!”

“O quê, Mione?” Ginny perguntou, confusa.

“Ah, não é nada Ginny, não é com você.”

“Meu irmão ta bravo?”

“Na verdade, não” disse, ela, olhando feio para Ron. “Ele nem ta pensando nada, não é Ronald?”

Ron deu um muxoxo, muito sério.

“Ah, que bom... Mas você ta, não ta, Mione?”

“O que?”

“Pensando... coisas. Não ta?”

“Claro que não, Ginny! Ora, se eu ia –“

“Teria razão se tivesse.”

Mione não respondeu de imediato também.

“Sério?” perguntou, olhando furtivamente para Ron, mas ele não estava prestando atenção.

“É, estou na casa dele, na verdade. Passei a noite aqui...”

“Que... que bom, Ginny, é...” Hermione continuava tomando cuidado com Rony. “...emocionante.”

“Emocionante, Mione?”

“É... muito.”

Silêncio.

“Quer falar com ele?”

“Ah, não precisa, Ginny, realmente não precisa...”

Hermione ouviu um barulho que indicava que a amiga tinha colocado a ligação no viva-voz.

“Oi, Mione!”

“Ah, oi...” ela disse, sem graça. “Que coisa, não?” Harry riu do outro lado da linha.

“Pois é... Quem vê a Ginny tão quietinha não imagina o furacão que é essa menina!”

Hermione corou violentamente.

“Harry, você disse que não ia falar nada constrangedor!”

“Mas eu não disse nada! Disse, Mione?”

“Absolutamente...” disse Mione, desconversando. Ron voltara a beijar seu ombro, totalmente alheio ao rumo que a conversa tinha tomado.

“Viu, ela concorda comigo.”

“Muito bem, mas agora seja um bom menino e fique quietinho”

“Mas você gostou tanto do eu mau ontem...”

Mione corou novamente.

“Convencido...”

Barulho de cochichos, barulho de beijos.

“Gente, eu ainda to aqui...”

Silêncio. Barulho resultante da queda do telefone. Barulho de uma pessoa dando tapas no telefone, tentando pega-lo. Barulho de ligação sendo encerrada.

“Tu, tu, tu...”

“Ahn... ok, amiga. Te ligo mais tarde. Se cuida.”

Ela desligou o telefone e Ron capturou seus olhos. De repente ele pulou sobre ela, sentindo um sorriso crescer nos lábios dela sob os seus.

***