Rony estava sentado à uma mesa no salão comunal da Grifinória, tentando em vão pelo que lhe parecia a milésima vez, terminar o dever de Transformação.

- Arg! Nunca vou conseguir terminar isso! – disse irritado para Hermione, que lia um livro intitulado Invenções Trouxas e Como Utiliza-las encolhida em uma poltrona próxima. A garota viu o amigo jogar a pena sobre a mesa, irritado, enquanto passava a mão nos cabelos em sinal de nervosismo.

- Se não tivesse faltado a todas aquelas aulas com a Brown, teria tido até muita facilidade com esse dever. Eu mesma o fiz há uma semana! – disse a morena, levantando as sobrancelhas. Viu Rony fazer sua melhor cara de cachorro abandonado e abrir a boca, mas interrompeu-o antes mesmo que pudesse começar a falar. – E não, Rony, pela décima quarta vez, eu não vou lhe emprestar meu dever!

Rony fechou a boca e a cara, aborrecido.

- Está contando? – perguntou o garoto, parecendo curioso e irritado.

- São apenas estatísticas. – disse a morena, encolhendo-se novamente na poltrona, com as bochechas levemente coradas.

Nesse momento, Rony tentava se concentrar em seu dever e Hermione voltara à sua leitura. Um baque surdo e um estrondo vindos do dormitório masculino fizeram os dois olharem-se temerosos. Harry estava lá. Sozinho.

Rony deu uma boa olhada no salão, vasculhando o ocupante de cada sofá ou poltrona. Gina também não estava lá.

- Cadê a minha irmã? – perguntou o menino, parecendo um tanto desesperado.

- Ela tava aqui há dois minutos! – exclamou a amiga, também verificando não-presença de Gina no salão.

Rony não esperou nem Hermione acabar de falar para avançar a toda em direção a escada do próprio dormitório. A garota ia em seu encalço, e segurou-o firme quando os dois chegaram à porta do quarto e o menino ameaçou abri-la de supetão.

- Não, Rony! – disse a menina, cochichando enquanto segurava o braço do amigo. – Apenas ouça, eles não devem estar fazendo nada demais... – completou ela, que agora, com o garoto, ouvia fortes gargalhadas vindas de dentro do cômodo.

- Opa, Harry, quebramos a cama do meu irmão... – disse a voz de Gina, ainda entre altos risos.

- Aposto que ele não vai se importar quando souber o que estamos fazendo... – respondeu Harry. As orelhas de Rony começaram a ficar vermelhas e o garoto deixou o queixo cair.

- Éer... – concordou Gina. Depois de uma pequena pausa ela recomeçou. – Quarenta segundos, Potter? Não pode fazer melhor não? – Agora era o queixo de Hermione que caía, com a voz provocante da amiga soando detrás da porta.

Um barulho de madeira batendo uma contra a outra informou que a cama de Rony estava inteira novamente. Apenas sua cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento.

- Muito bem, então, Wealey. – ouviram Harry dizer. Sua voz agora era apenas um sussurro. Um sussurro alto, mas um sussurro. – Está pronta? – perguntou – No três: um... dois... três! – exclamou ele por trás da porta, não fazendo idéia do estado do amigo através dela. Rony tentou se desvencilhar de Hermione e entrar no quarto, mas ela o ameaçou com a varinha. Rony jamais se atreveria a enfrentar Hermione com uma varinha.

Um gemido que parecia de Gina foi ouvido e Rony parecia se contorcer por dentro.

- Quase lá, quase lá... – Harry dizia, quase inaudível para os amigos atrás da porta.

“Ele está sussurrando no ouvido dela, aquele desgraçado!” pensava Rony, sentindo um ódio imenso do amigo e imaginando toda aquela cena. Harry e Gina... Na sua cama...

De repente, um baque e novo estrondo. “Será que quebraram a cama novamente?!” pensou incrédula Hermione, ainda segurando o amigo. “Uau.”

- Harry, sua vassoura! – exclamou a voz de Gina. – Quebrou? – perguntou a garota, parecendo um pouco aflita.

- Não se preocupe, não está quebrada. A culpa foi minha, não devia ter avançado pra parede daquele jeito...

Rony parecia uma bomba, de tão vermelho e nervoso. Hermione estava corada até a raiz dos cabelos e a surpresa e constrangimento atingira-a por inteiro. Acabou afrouxando um pouco as mãos sobre o braço de Rony e este aproveitou a oportunidade. Quando a garota deu por si, estava sozinha na escada enquanto o amigo abria a porta com violência, a varinha em punho. Mas quando Hermione viu que Rony estacara na porta e não sentiu sinal de movimento algum no quarto, achou que algo estava definitivamente errado. Ou não.

Aprumou-se no degrau que ficava diretamente em frente à porta escancarada e viu a cena que Rony via. Harry estava deitado no chão, a Firebolt do lado, esfregando um possível galo que lhe nascia na testa. Gina estava ajoelhada ao seu lado, com um cronômetro na mão e o rosto vermelho. Ambos estavam perfeitamente vestidos.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou pausadamente Rony, a varinha ainda na mão apontada para os dois. Hermione surgiu atrás do amigo, extremamente corada e curiosa. – Eu e a Mione ouvimos tudo por trás da porta! Explique-se, Potter.

O sobrenome pegou Harry desprevenido. Rony nunca o chamara pelo sobrenome.

- Eu e a Gina estávamos treinando apanhar o pomo. – Harry falava calmamente encarando o amigo. Ergueu uma pequena bolinha macia e amarela da mão esquerda, que parecia estar meio roxa. – Gina enfeitiçou essa bolinha e estávamos soltando-a pelo quarto. O desafio era eu pega-la em mais tempo. – disse o garoto com simplicidade.

- Estavam treinando quadribol? – perguntou Rony, abaixando a varinha e parecendo realmente confuso. Hermione desatara a rir ao seu lado. Estava escorada no ombro do amigo para não rolar a escada enquanto se dobrava de rir. – Estavam treinando quadribol?? – ele agora parecia indignado. – Mas e a cama? E os gemidos? Eu ouvi você gemer, Gina Weasley! – acusou o menino, apontando a irmã.

- Rony! – exclamou a garota, corando violentamente enquanto o namorado ria de forma divertida. Não estávamos fazendo nada demais! De onde você começou a ouvir? – perguntou a menina, se acalmando e se levantando.

- Desde que... desde que a cama do Rony caiu! – disse com dificuldade Hermione, que ainda se acabava de rir, apoiada no ombro do amigo. Este se encontrava parado na porta, como se fosse muito para absorver de uma vez só.

Flashback on

“Harry voava atrás da bolinha amarela que imitava um pomo de ouro. A bolinha mergulhou em alta velocidade em direção à Gina, sentada na cama de Rony com o cronômetro que marcava quanto tempo Harry já estava no ar. O garoto mergulhou atrás do objeto, pegando-o dois segundos antes de afundar com toda a força na cama do amigo. Ao levantar-se e ver que Gina estava vermelha, ofegante e descabelada, Harry desatou a rir, levando a menina junto.

- Opa, Harry, quebramos a cama do meu irmão... – disse a menina, ainda rindo.

- Aposto que ele não vai se importar quando souber o que estamos fazendo... – respondeu Harry, mirando a bolinha amarela, segura entre seus dedos.

- Éer... – concordou Gina. Olhou no pequeno cronômetro e viu que o namorado não tinha superado a marca da menina. – Quarenta segundos, Potter? Não pode fazer melhor não?

- Muito bem, então, Wealey. – Harry respondeu, sorrindo de lado. Sua voz agora era apenas um sussurro. Um sussurro alto, mas um sussurro. – Está pronta? – perguntou – No três: um... dois... três! – e lançou a bolinha no ar, dando alguns segundos para lançar-se atrás dela pelo quarto.

A marca de Gina era de impressionantes 27 segundos. Quando o cronômetro marcou vinte, Harry estava com a mão apenas a centímetros da bolinha. Gina gemeu enquanto via a cena, sentindo que teria seu recorde finalmente quebrado.

- Quase lá, quase lá... – Harry dizia, a mão parecia a milímetros do pontinho amarelo. Nem percebeu quando foi direto contra a parede para alcança-lo, fechando seus dedos sobre ele exatamente quando sua mão, juntamente com a vassoura, batiam violentamente contra a parede.

Gina parou o cronômetro e correu até o namorado para socorre-lo. Teria se machcado? Teria quebrado a vassoura? Tudo por causa daquele desafio bobo que a garota tinha perdido.

- Harry, sua vassoura! – exclamou Gina. – Quebrou? – perguntou a garota, um tanto aflita.

- Não se preocupe, não está quebrada. A culpa foi minha, não devia ter avançado pra parede daquele jeito... – respondeu o garoto, com simplicidade, pronto para perguntar a menina quantos segundos demorara para apanhar a bolinha. Neste momento, Rony entrou no quarto, vermelho como um pimentão, varinha em punho, escancarando a porta do cômodo.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou o garoto.”

Flashback off.

- Foi isso o que aconteceu, Ron, o que passou pela sua cabeça? – perguntou Harry sorrindo, enquanto dava palmadinha no ombro do amigo.

Hermione ria, sentada na cama do amigo, amparada por Gina, que ria com ela. Hermione contara-lhe a cena de Rony no corredor e a menina estava rindo a beça.

- Prefiro não dizer... – falou o menino, corado até a raiz dos cabelos e sorrindo totalmente constrangido.