O Diário de Samantha Queiroz escrita por AnaAlice


Capítulo 18
Segunda feira, 31 de maio.




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Falei com a Marina e ela topou ir comigo e com a Lulu no zoológico. Ela falou pra gente chamar a Carmem (até aí, tudo bem) e a Joana pra ir também, e eu disse: “Tá louca?! Só se for pra apresentá-la os seus parentes, as serpentes.” Ela mandou um foi mal e disse que tinha esquecido que a gente se odiava. Humpft! O dia em que eu gostar de respirar o mesmo ar que a Joana Melvensh vai ser o fim do mundo! Marca aí no calendário: dia 30 de fevereiro vou ser amiga ou pelo menos suportar a Joana Melvensh (sebosa!).

A Elisabeth falou comigo no intervalo. Estava precisando de ajuda em história e, como eu tirei 10 na última prova, ela veio pedir minha ajuda. Ela disse que pediu ajuda pro meio-irmão dela, mas a letra dele é horrível e ele não tem muito talento pra explicar. Por mais que eu não gostasse dela tinha que manter o foco e continuar sendo amigável. Usei todo o meu talento pro teatro e falei, como se eu pelo menos suportasse ela:

- Empresta aqui que eu sou ótima pra decodificar letras indecodificáveis. Eu tinha um amigo que a letra dele era horrível, mas eu quebrei o braço e tive que pegar a matéria perdida com ele. Então, eu fui obrigada a aprender essa “arte”.

 Elisabeth riu e eu peguei o livro. “Engraçado. Tem uma certa semelhança entre a letra do meio-irmão dela com a letra do Cristiano” pensei. Cristiano era o amigo com letra horrível que me emprestou o caderno na quinta série. Será que...

 - Elisabeth, qual o nome do seu meio-irmão? – quis saber.

- Pode me chamar de Lisa. É assim que o Cristiano me chama... O meu meio-irmão.

Cristiano?! O Cristiano é meio-irmão dela?

Agora tudo faz sentido. Por isso que o Cris se mudou pra Poços de Caldas. Por causa da Elisabeth. Caramba... Eu me lembro dele falando da sua irmãzinha Lisa... Parece que eu não tenho a menor razão em odiá-la. Pelo que eu me lembro dele ter falado, a mãe dela e seu padrasto morreram num acidente de carro e ela não tinha mais ninguém no mundo além da família do Cris. Eles se mudaram pra lá por causa da guarda da Liza. Como eu não me lembrava disso?! O Cris tinha me falado! Ele me explicou tudo... Falou que voltava algum dia e prometeu que aprenderia novas brincadeiras pra quando voltasse. Acho que eu não suportava a idéia de que ele iria pra algum lugar muito longe de mim. Não importava o quanto era importante pra ele estar lá. Sempre fui egoísta. Achava que não tinham desculpas para ele ir e me deixar aqui e por isso apaguei essa parte importante da história da minha memória.

Sou mesmo uma pessoa horrível em pensar que a Elisabeth queria acabar com minha vida. Na verdade, ela só quer sobreviver a sua...

Percebi que estava em estado de choque com tanta coisa passando pela minha cabeça e me recompus. Elisabeth ficou com cara de “o que eu fiz de errado?”

- Cristiano Mendes é seu meio-irmão?! – Finalmente falei.

- É sim. – disse ela com cara de confusa – Você conhece o Cris?

Respirei fundo relembrando o quanto sou idiota.

- Conheço. Ele era meu vizinho. Se mudou pra Poços de Caldas quatro anos atrás... E...

- Vizinho?! Então você é a Sam que era vizinha do Cris!?  Nossa! O Cris vai gostar de saber disso! Vou avisá-lo quando eu chegar em casa...

- Ele está de volta?! Que bom! Então ele vai voltar a estudar aqui?

- É... Provavelmente sim. – Ela fez uma cara de quem tinha algo a esconder...

Elisabeth não parecia tão convicta de que ele voltaria ou então ela só estava com dor de barriga. Ela realmente era meio parecida com o Cris de perfil. E ele só fazia aquela cara quando estava mentindo ou com dor em algum lugar.

- Que mundo pequeno, não é? Ele achava que nunca mais te veria de novo. E aqui estamos nós!

- Por que ele não veio hoje então?

A Elisabeth desviou o olhar e parecia estar com a mente longe.

- É uma longa história... Melhor ele mesmo te contar. Vem comigo lá pra casa depois da escola?

Ver Cristiano?! Depois de todo esse tempo? Era o que eu mais queria!

- Tudo bem. – finalmente respondi.

O sinal tocou.

- Te vejo depois da aula, então?

Eu gesticulei que sim com a cabeça. Com a confusão e incredulidade visíveis em meu olhar. E, com um sorriso, ela sumiu no meio da multidão.

- Tchau. – Eu disse, mesmo sabendo que ela não estava mais lá.

Logo depois, lembrei que tinha prometido ir com Lucia e Marina ao zoológico. Perguntei-me o que faria e constatei: queria mais ver Cristiano do que qualquer outra coisa...


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